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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O Escravo II - Capitulo 11 O Oasis



Capitulo 11 – O Oasis


Tanto a Esperanto quando a nave imperial Trienil pousaram no espaço porto de Nébula depois ter recebido autorização da base em terra para isso.

Andrew olhou para a tela vendo um intempestivo Tiol marchando da outra nave para a sua. Seu rosto estava contorcido de raiva e seu porte era rígido.

— O senhor só está adiando o inevitável – disse Owen perto dele.

O rapaz sorria e o olhava de braços cruzados.

— Está certo caro sobrinho – disse ele levantando – Vamos!

— Como assim vamos? – o outro ficou pálido.

— Você vai vir comigo cumprimentar seu tio e não haverá discussões.

O capitão da Esperanto engoliu em seco e seguiu o tio, conhecia o suficiente de Andrew para saber como ele era se contrariado.

Eles desceram para a porta do hangar cuja escada desceu para o piso de cimento do espaço porto.

Lá fora o ar era úmido e pesado e grandes nuvens de tempestade podiam serem vistas ao longe e Andrew também pode vir Tiol que estava cada vez mais próximo.

Owen observou que o tio não mudara nada. Ainda era o mesmo homem alto, com os olhos vermelhos brilhantes e os longos cabelos brancos presos em um rabo de cavalo alto. Ao lado dele havia guardas da família real que sempre acompanhavam os príncipes quando saiam de Aurifen.

— Oi amor! – havia um sorriso inocente no rosto de Andrew que fez Owen morder as bochechas por dentro para não rir.

— Amor?! – Tiol bufou – Em nome de tudo o que é mais sagrado no universo o que você fez Andrew!

— Eu fiz algo que você – apontou para o marido que tinha um brilho perigoso no olhar – na sua lentidão infinita não ia fazer nunca. Eu vim atrás do meu filho!

— E você nem pensou que eu as crianças não estávamos preocupados? Você sempre faz tudo o que quer e nunca pensa nas consequências!

— Você está me chamando de irresponsável? É isso mesmo que escutei?

— Eu não uso meias palavras como você Andrew! Irresponsável!

Tanto os guardas quanto Owen se afastaram temendo o que podia acontecer de agora em diante.

— Desde quando salvar meu filho é ser irresponsável? – perguntou Andrew entre dentes.

— Pare de usar essa desculpa o tempo todo! Eu também estou preocupado com Itieu, também sou o pai dele! Acha que eu queria que ele viesse para cá? Mesmo sabendo que era sonho dele? Acontece que eu respeito à opinião dele como o homem que é, e você o trata como um bebê ainda!

— Vamos discutir o modo como eu crio os meus filhos aqui? A milhares de anos luz de casa? Você já pensou nisso Tiol? Porque será? Não será porque você nunca está em casa? Sempre tem alguma coisa mais importante que nós, a sua família. Eu tomei a atitude que tomei porque era necessário, PORQUE VOCE NÃO ME OUVE!   

— Vocês estão dando um show – disse uma voz atrás deles.

Owen quase engasgou ao se ver diante o seu pai Valdi.

Valdi estava olhando para o irmão e Andrew e ainda não tinha visto o filho, mas quando o rapaz tentou voltar para adentro da nave o aurifense o viu.

— Owen?!

— Pai!

— Está virando uma bela reunião de família – disse Andrew com sarcasmo fazendo Tiol bufar.

~~***~~

Eles caminharam por toda a noite em meio à areia e pedras até que o sol começou a se levantar no horizonte, todavia ao longe eles puderam ver uma imagem difusa, quase que como uma miragem.

— O oasis de Tiiren – disse Kamar – Vamos conseguir transporte lá – ele se voltou para Itieu e Gael – Agora algo que devem saber. Itieu, Gael é sua responsabilidade, se alguém mexer com ele ou o tocar você deve responder a altura. Creio que com a sua força logo vão ti respeitar.

Gael bufou e quase mandou Kamar se ferrar, mas Itieu olhou para ele sorrindo e Gael quase lhe deu um soco.

— Vamos la.

Desceram em direção a uma depressão do terreno para uma região mais rochosa e quase sem areia.

Logo estavam diante de um grande amontoado de barracas e casas feitas de pedra, mas com caminhos de pedra entre elas como se fossem ruas.

Algumas barracas eram mercados com frutas e legumes, outras tinham tecidos e armas, parecendo tudo uma grande feira medieval.

— Parece que estou de volta ao passado da Terra – comentou Gael olhando tudo com curiosidade.

— Também me lembra a história de Aurifen.

— O povo do deserto nunca estava ligado à tecnologia, acreditavam que interferia com os espíritos do deserto e com o equilíbrio que mantinham – disse Kamar olhando em volta como se procurasse algo – Eu esperava encontrar algum conhecido, mas não estou tendo sorte.

Eles chegaram ao outro extremo do oasis onde ficavam os estábulos com cavalos que Gael julgou no mínimo estranhos.

Para começar eram tinham seis pernas, eram altos, com pelo longo e marrom que arrastava no chão. Sua cabeça lembrava um cavalo, mas eles tinha grandes orelhas como um coelho e seu rabo era curto. Parecia o cruzamento de uma lhama com um cavalo.

— A procura de montarias jovens senhores? – perguntou um senhor chegando perto deles.

Era um homem baixo, com o rosto marcado por velhas cicatrizes e vestia túnicas rotas e sujas.

— Ora um visitante de terras distantes – disse ele olhando para Itieu com os olhos claros brilhando.

— E isso lhe diz respeito mercador? – Kamar levantou em toda a sua altura olhando frio para o homem – Não queremos nada com você.

— Preço melhor não vão achar.

— Eu quero qualidade e não comprar um animal que vai morrer em poucas horas.

— Já está dando uma de espertinho Dib? – um rapaz saiu de detrás de uma casa de pedra e olhou para Kamar sorrindo – Mas acho que não será fácil enganar o velho Kamar.

— Quem é velho aqui! – Kamar riu para o outro – Ola Aziz.

— Velho amigo – ele inclinou-se para Kamar olhando curioso para o restante – Que tal conversarmos em minha casa junto a um copo de chá gelado?

Deixaram Dib para trás que os olhava com visível raiva.

— Sejam bem vindos a minha casa – disse Aziz abrindo a porta.

— Que a sua casa seja sempre hospitaleira – responde Kamar entrando junto com os outros.

O piso as casa era de pedra polida e as paredes pintadas de branco. Entraram no que deveria ser a sala, com poltronas de couro e tecido em volta de uma mesa baixa da madeira escura. Havia mais quatro portas e uma estava aberta mostrando uma cozinha pequena. Tudo era muito simples, mas estava limpo e cheirava a flores que estavam dentro de um vaso de barro em cima de um aparador perto de uma janela aberta que dava para um quintal cercado por muros de pedras. Era um local onde brotava uma fonte que formava um pequeno lago. Nas beiradas do muro cresciam flores brancas de longos caules que caiam em cachos, mas o restante do terreno era uma grande horta com legumes, verduras e ervas.

— Fiquem a vontade – disse Aziz apontando para as poltronas e indo para a cozinha onde voltou com uma bandeja com copos e uma jarra com um liquido âmbar e gelado.

— Como vocês conseguem esfriar algo aqui? – Itieu não conteve a curiosidade.

— Eu não sou tão puritano com a tecnologia riu Aziz – Eu tenho um gerador e uma geladeira.

— Como eles podem funcionar com a Barreira de Eoin? – perguntou Raqsa que até aquele momento ficara quieto.

— Sendo tão velho quanto é – disse o outro sorrindo – A barreira não deixa nada com um chip funcionar, mas velhas maquinas ainda podem ser acionadas.

— Acha que podem reativar velhas maquinas? – Itieu olhou para Kamar.

— A Liga de Costumes Antigos? – havia sarcasmo na voz de Kamar – Eles não sabem fazer nada sem computadores, nem uma de suas tecnologias vão funcionar.

— Kamar está voltando para casa? – Aziz inclinou-se para frente olhando o outro nos olhos e depois para Itieu e para Gael – Isso pode ser um pouco complicado com estrangeiros.

— São meus amigos Aziz, pessoas que foram sequestradas de seu mundo e não merecem passar por tudo o que lhes aconteceu.

— Eu sei como você é amigo – o outro sorriu – Tenho alguns cavalos melhores que os de Dib.

— Como bom comerciante tenho dinheiro.

— Então fazemos negocio! – riu Aziz.

Ele voltou a olhar Gael que também o encarou cheio de raiva.

— E você coisinha linda?

— É melhor ter mais respeito – disse Itieu antes que Gael falasse algo – O humano é meu companheiro.

— Desculpa! – Aziz colocou as mãos para o alto – Eu não sabia disso, afinal seus cabelos não estão cobertos.

— Ele é humano Aziz, na Terra as coisas são diferentes.

— Mas estamos em Ghalib e as coisas AQUI são diferentes.

— Cobrir meus cabelos? – Gael não pode deixar de resmungar – O que diabos meus cabelos tem a ver com isso?

— Gosto de homens que um pouco de atitude – Aziz ronronou, mas de repente ele engasgou.

Itieu havia se levantado em uma velocidade sobre humana e agora levantava o outro pala gola da blusa.

— Será que não falei a sua língua com suficiente clareza ghal?

Os olhos do aurifense brilhavam vermelhos e Aziz estremeceu ao ver a força com que o outro o levantava como se não pesasse nada.

— Vamos ficar calmos aqui – Kamar não interferiu, na verdade ele quase parecia divertido com a cena – Acho que Aziz aprendeu sua lição.

Dando um rosnado para o outro, Itieu o largou de volta ao sofá.

— Deuses – comentou ele meio engasgado – Ela em uma arena ia ser um show.

— Mas ele não vai para um arena – disse Kamar agora contrariado – Vamos ver essas cavalos – voltou-se para Raqsa – Leve Gael e compre para ele um véu, por mais chato que Aziz seja ele está certo e não esqueça de comprar um para você também.

Tanto Raqsa quanto Gael fizeram cara feia para Kamar que olhou sério para o companheiro.

— Vamos Gael e deixar os grandes machos salvando o mundo.

Gael gostou do sarcasmo de Raqsa e o seguiu para fora da casa com um sorriso nos lábios.

— Sinceramente eu amo Kamar, mas esse negócio de grande macho às vezes me irrita.

— Eu não estou acostumado com esse tipo de tratamento, parecem os homens tratando as mulheres nos séculos antigos na Terra.

O ghal olhou para ele curioso.

— Como é seu mundo? Ele é tão distante que não temos muito sobre ele em jornais ou revistas.

— A Terra é um bom lugar para se viver. Houveram épocas em que estivemos perto da extinção, mas demos a volta por cima e conseguimos ir em frente e olha o que nos tornamos.

— Como era a sua vida?

— Boa eu acho – Gael olhou para as pessoas que passavam por eles – Meu pai foi militar e acho que foi um caminho claro para mim ao ir para a academia espacial – ele deu um sorriso – Acho que queria conhecer outros povos, outros lugares. Quando me formei meu pai ficou tão orgulhoso e acho que fiz uma escolha certa ao ver sua felicidade e foi por ele que aceitei escoltar alguns cientistas até aqui; ele esta doente e o tratamento era tão caro que se não fizesse isso ele acabaria morrendo. Mas agora estou aqui enquanto ele está na Terra, do outro lado da galáxia, lutando pela vida.

— Se ele for como você eu tenho certeza de que conseguira – disse o outro – Você é um homem forte e provou isso ao sobreviver a Kafen.

Gael ficou vermelho com o elogio e perguntou algo que ia por sua cabeça.

— O que vai acontecer agora? Acha mesmo que haverá uma guerra civil?

— Isso é mais do que certo. Kafen foi colocado no poder pelas tribos com a promessa de mudar as coisas no nosso mundo e no final ele foi uma grande decepção. As tribos e a Ligas de Costumes Antigos vão guerrear pelo poder isso é certo como o sol levantando a cada dia.

Eles chegaram ao mercado cheio de pessoas e Raqsa segurou a mão de Gael pedindo para ele tomar cuidado, pois aquele era um local cheio de idiotas e aproveitadores.

Rumaram para uma loja de roupas onde uma mulher mostrava alguns tecidos a homens e mulheres, todos com os cabelos cobertos por véus e algumas com o rosto.

— O que desejam senhores? – ela sorriu para eles – Tenho ótimos tecidos do norte, suaves como o toque de um amante.

Em volta deles houve algumas risadinhas e Gael olhou para eles curioso.

— Você não é daqui, não é? – perguntou uma moça com os cabelos escuros em uma trança que sobressaia um pouco do véu – Você tem a pele tão linda!

— Tem que tomar cuidado com uma pele assim – disse um senhor – O deserto vai estragar ela.

— Seu companheiro deve adorar ela – disse um rapaz com os olhos brilhando.

Parecia que eles estava no chá das cinco em meio a um monte de comadres que gostavam de fofocar.

— Tem um vendedor com um creme para o sol ótimo descendo a rua – disse a moça.

— Ele vende coisa falsificada – resmungou o senhor – A barraca de Lada é melhor e seus produtos têm procedência, para a pele não se compra qualquer porcaria. Meu companheiro sempre diz que eu tenho uma boa pele mesmo aos cento e dez anos.

Gael quase caiu de costas. Cento e dez anos? De jeito nem um? Mesmo na Terra uma pessoa com essa idade ia apresentar mais sinais, mesmo que ele só podia ver os olhos do senhor por trás do véu ele não podia ter mais de cinquenta.

— Agradecemos a dica – disse Raqsa rindo – O que precisamos agora é de véus.

— Eu tenho ótimos – disse a senhora da barraca toda sorrisos e começou a mostrar para eles tecidos diáfanos e suaves ao toque.

Raqsa logo escolheu dois e mostrou para Gael como ele devia usar o que rendeu muitas caretas dele e risadas do outro que não ligava para isso.

— Vai ver como ajuda na poeira do deserto.

Eles estavam indo embora quando uma comoção chamou a atenção deles e pararam ao ver que as pessoas olhavam para um homem que arrastava um rapaz nu pela rua.

— Mas o que...? – Gael ia avançar no outro quando Raqsa o segurou.

— Não!

— Mas olhe o que ele está fazendo!

— Tenha calma, é um ato de submissão. O rapaz que está nu aceitou seu castigo antes de isso acontecer. Eu não vejo isso há muito tempo, mas o outro deve ter traído o marido e esse será seu castigo para que haja perdão, nas cidades a traição é punida com a morte na fogueira.

Aquilo era uma barbaridade! O outro mais velho jogou o rapaz no chão e disse em altos brados que ele era um traidor, e contou toda a sua traição, como fora e que ele ia ser punido ali a agora. Sua punição seria a humilhação de pertencer a outro ali mesmo na rua para todos verem suas impurezas. O rapaz gritou em desespero e segurou nas pernas de outro implorando perdão.

— Não podemos deixar isso Raqsa!

— Se pararmos o rapaz será morto de depois algum de nós. Ficarmos quietos é um modo de salvar a sua vida.

Gael apertou suas mãos em punhos, as unhas entrando na carne quando um homem apareceu. Ele era enorme, como uma grande braba e roupas sujas de areia. Ele disse que seria o primeiro a aplicar a punição.

O rapaz foi segurou pelo seu companheiro, mas ele devia ter percebido que não adiantava mais nada, ele parara de lutar.

O homem barbado se desfez das roupas sem pudor mostrando a grande ereção. O rapaz foi virado de bruços no chão de pedra da rua e o homem se ajoelhou abrindo as nádegas dele e penetrando com uma só estocada. O grito de dor do rapaz devia ter sido ouvido do outro lado do oasis.  

— Vamos embora – gemia Gael não podendo testemunhar aquilo.

— Sair agora vai chamar a atenção para nós – disse Raqsa olhando em volta vendo como alguns guardas olhavam as pessoas com desconfiança.

Gael olhou par ao chão, mas ele não podia deixar de ouvir os gritos do rapaz e os gemidos do homem que logo gozou urrando. Depois dele vieram outros, até que o rapaz não mais se mexia e por fim a punição foi encerrada e o outro arrastado dali em meio a sangue e sêmen e finalmente eles puderam sair da praça.

— Eu não consigo entender como pode aceitar isso! – a voz de Gael tremia ao conversar com Raqsa.

— Eu não aceito isso Gael! – respondeu o outro de modo sério – Foi por coisas como esta que as tribos colocaram um de nós no poder! O estupro, os castigos mesmo consentidos, tem que parar, mas agora estamos em meio a um mundo sem governo. O que vimos é apenas uma pequena amostra do que vai acontecer daqui em diante.

— Para onde estamos indo é diferente?

— Socialmente as tribos são mais avançadas. Eles não aceitam estupros ou humilham os submissos a esse ponto, mas não pense que será um mar de rosas. Tem que ter cuidado, qualquer deslize seu resultara em punição para Itieu e não para você.

— Porque isso?

— Porque ele é seu responsável, ele responde por você. Eu não conheço o povo de Kamar, mas ele sempre disse que eram boas pessoas, que não tratam os submissos como objetos e eu rezo aos deuses que assim seja.

Eles estavam chegando até a casa de Aziz quando Kamar e Itieu sairam na porta e os olhou sério.

— Devemos partir, parece que há uma tribo vindo invadir o oasis.

— Como sabem disso? – perguntou Raqsa assustado.

— Um amigo do sul – disse Aziz saindo com um rapaz.

— Bashir Al Araden – apresentou-se inclinando o corpo levemente – Venho da capital e vi quando uma grande divisão da tribo do sul atravessou o Grande Val indo em direção para cá.

— Com certeza eles vem pilhar e saquear.

— Temos que avisar a todos! – disse Gael.

— Devem escolher – disse Bashir com frieza – Se ficarem para dizer o que esta por vir a única coisa que conseguiram e serem presos e ficaram aqui, mas podem vir comigo e com Aziz e se salvarem. Eu não posso decidir por vocês.

Gael olhou para Itieu que parecia tão incomodado quanto ele, mas sabia que não podiam salvar aquelas pessoas.


— Vamos com você – disse Itieu.


Pessoal desculpem o atraso nas postagens, mas juro que estou sempre procurando fazer o meu melhor para vocês e vou tentar ser mais pontual. Beijos!