Capitulo 8 - Owen
Sindria
segurou Kalem que ia pular nele quando a tela de comunicação ascendeu mostrando
um rosto que fez Andrew sorrir.
Na tela grande Andrew via o rosto
sério de Owen, seu sobrinho e filho mais velho de Valdi, Frey e Gwidion.
— Olá tio – disse ele olhando feio
para o outro – O que o senhor está fazendo aqui?
— Um tio não pode sentir saudades de
seu sobrinho?
Owen revirou os olhos. Agora era um
homem alto, com cabelos ruivos estavam amarrados em um rabo de cavalo alto, os
olhos azuis brilhavam frios, mas as sardas que pontilhavam seu rosto pálido
pareciam torná-lo mais vulnerável que sua postura queria dizer.
— O senhor não dá um ponto sem nó tio
– disse ele.
— Tá certo Owen – Andrew olhou sério
para o rapaz – Eu sempre gostei do seu modo direto e sem rodeios. Quero chegar
até Taurinis e essa banheira velha parece que vai despedaçar, preciso de uma
carona.
— Banheira velha? – Kalem ficou
vermelha e trincou os dentes – Você ainda me paga idiota.
— Tio o senhor fugiu?
— Não – Andrew olhou as unhas – Deixei
um bilhete para Tiol dizendo que ia buscar o meu filho.
Owen deu um suspiro dramático.
— O senhor fugiu e tenho certeza que
tio Tiol vai por metade da galáxia atrás de você!
— Por isso mesmo eu preciso de sua
ajuda – Andrew deu seu melhor sorriso – Uma hora dessas eles devem saber que
aluguei a nave saltadora, mas não vão saber se você me der carona.
— Como sabia que eu fico aqui?
— Como conseguiu a nave?
— O senhor tem um espião aqui dentro,
não é?
— Acha mesmo que eu ia deixar o meu
sobrinho sozinho galáxia a fora? Lamento Owen, mas eu amo vocês, mesmo que
tenha pais como Frey e Gwidion, apesar deles terem melhorados de uns tempos
para cá.
— Ta bom tio, vamos conversar aqui
dentro. Vou puxar a nave para atracar dentro da Esperanto.
— Obrigado.
Owen desligou balançando a cabeça.
— Foi por isso que você quis parar
aqui! – Kalem estava a ponto de matar Andrew e Sindria não ia fazer nada para
impedir.
— Desculpem – Andrew estava sério
olhando as duas por cima dos dedos cruzados à sua frente – Mas eu preciso
chegar até Taurinis e não podia me dar o luxo da Patrulha nos parar em algum
lugar e isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Com a nave de Owen isso vai
ficar um pouco mais difícil.
— Mas eles são piratas! – Sindria
disse olhando interrogativa para eles.
— Não, não são. A nave é um velho
despojo que comprei bem barato. Na região de Procyon o símbolo dos piratas não
diz muito. Owen é um comerciante de minérios daquela região.
— Já ouvi falar de Procyon – disse Sindria
pensativa – É uma área da galáxia, perto do centro onde os humanos colonizaram a
quinhentos anos, tão velho que é emancipado, mas eles não são considerados
humanos interiores por serem mestiços.
— Isso mesmo. A região de Procyon tem
cerca de trinta sistemas planetários habitados por um povo de cabelos vermelhos
e pele marrom. Eles são a miscigenação com uma raça que vivia em um dos
sistemas. São comerciantes natos, mas não tem aptidão para a guerra. Não
pertencem a nem uma federação por isso são alvos fáceis para qualquer raça. Com
isso contratam serviços de outros para proteger os seus sistemas e Owen tem uma
nave que, alem de transportar minérios é boa na arte da guerra e ele também é
bom nisso.
— Obrigada pela aula de história –
disse Kalem ácida – Mas já que a sua carona veio pode dando o fora da minha
nave e me pagando!
— Lamento Kalem, mas você tem que vir
comigo. Não posso me dar o luxo de vocês sendo pegas por Tiol antes de
conversar com ele. Meu marido não pensa direito quando está de cabeça quente.
— Mas nem fodendo! – gritou a outra
vermelha – Isso é seqüestro e vou dar parte de você na federação da Terra!
— Ainda vão ter o pagamento, mas em
Taurinis.
— Sindria não podemos deixar isso! –
Kalem virou-se para a esposa que olhava fixamente para Andrew.
— Calma Kalem – ela segurou a mão da
outra com carinho – Ele está certo. Se ficarmos voando pela galáxia vão nos
descobrir e ai passaremos bastante tempo em uma sala de interrogatório por ai,
afinal estamos diante de um príncipe aurifense.
— Isso!
— Ei! – gritou o outro – Eu não sou
“isso”!
— Andrew Tha Gaol, marido de Tiol,
irmão do imperador de Aurifen e uma lenda na galáxia. De escravo a príncipe.
— Assim você me deixa sem graça.
— Já ouvi isso – Kalem fez cara feia –
Uns anos atrás quando ainda vivia na Terra, os jornais fizeram o maios alarido
e os humanos interiores ti odeiam – havia uma nota de satisfação na voz dela –
Você acabou com seu comercio de escravos e colocou a Terra contra eles.
— Isso sim me deixa feliz – disse Andrew
sorrindo ao lembrar-se de como conseguira com poder e influencia fazer os
humanos interiores pagarem pelo que faziam aos seus os vendendo com escravos –
Nunca pensei duas vezes em fazê-lo pelo bem da população pobre dos humanos
interiores.
— Eu admiro você pelo que fez – disse
Sindria – Meu avô foi um escravo resgatado pela força espacial da Terra há
muito tempo. Ainda lembro do que ele falava conosco sobre a crueldade dos seus
donos.
— Ele é uma gracinha – disse Kalem
cheia de ciúmes de novo – Mas voltemos ao tempo presente e com o problema que
essa merda colocou em cima de nós. Eu não seqüestrei ninguém! Eu estou sendo
paga para ir de um ponto ao outro na galáxia e é bom que isso fique claro para
todos, seu principezinho de merda, porque não quero ir presa ou ter a minha
licença caçada!
— Baixa a crista Kalem – disse Andrew
ficando irritado com a outra – Eu vou conversar pessoalmente com todos quando
chegarmos à Taurinis e tenho certeza que nada vai acontecer.
Kalem bufou para ele, mas Sindria
acenou com a cabeça concordando. Confiaria no príncipe aurifense para isso.
A nave teve um solavanco e logo estava
sendo puxada para dentro do grande hangar da nave redonda.
~~***~~
Tiol estava olhando fixamente para a
parede a sua frente. Seus pensamentos erráticos iam e vinham e ele tentava se
concentrar em qualquer coisa menos no que acontecia com ele.
Perguntou-se como o seu papa havia
sobrevivido ao cativeiro, mas ele conhecia Andrew o suficiente para saber que
ele deveria ter se alimentado da raiva e de sua determinação, duas coisas que
faltavam a ele, se bem que a raiva estava ali dentro dele, borbulhando a ponto
de explodir de um modo como ele nunca julgava capaz.
Queria matar Kafen do modo mais cruel
possível, fazê-lo pagar por toda dor e humilhação que ele estava passando.
— Está pensando demais – disse Gael na
cama perto dele sentado encolhido de encontro ao encosto da cama.
— É o que faço de melhor ao que
parece.
— Vai começar a sentir pena de si
mesmo?
— Lamento que isso fira a sua grande
sensibilidade humano, mas saiba que cada raça reage de um modo as coisas.
— Não acho que a sua raça se encolha
em uma canto e fique remoendo as dores passadas.
— Não, ela não faz, mas se você tem as
respostas Gael me diga o que faço agora? – olhou para o rapaz humano – Devo
deixar tudo isso para trás?
— Acha que brigar comigo quando
deveria estar brigando com Kafen vai mudar algo? Parece que você está com medo
de se mostrar. O que você tem sob a pela aurifense?
— Eu não sei humano, nunca deixei
sair. Você conhece as borboletas do seu mundo não?
— Claro – Gael não estava entendendo
onde ele queria chegar.
— Bem é assim que eu me sinto. Acho
que quando eu trocar de pele deixe de ser eu mesmo para me tornar algo como as
pessoas que provocaram a guerra no meu mundo, que no fundo sou tão irracional
como alguns aurifenses.
— Bem, não vai saber se não tentar,
não é? E se não gostar do que se tornou mude, recomece. Afinal você não é nem
uma borboleta que não possa tirar algo que ti desagrade.
— Porque começamos com essa filosofia
toda?
— Porque estamos perdidos nesse
bendito mundo nas mãos de um louco e tentando achar um modo de fugir.
— Já pensou em todas as variáveis?
— Já, e sabe o que mais? Não achei
saída.
— Bem eu acredito em algo – gemendo de
dor ele sentou olhando Gael – Meu papa e meu pai não vão acreditar seja no que
for que contarem a eles em Nébula. Aurifenses tem uma ligação forte com suas
crias, sabem quando elas morrem.
— Eu não acredito nessas coisas. Um
pai pode ter uma ligação de afeto com seu filho, mas saber se ele está vivo ou
morto por milhares de anos luz? Isso é loucura!
— Você é ateu Gael?
— O que isso vem ao caso?
— Poucas raças no universo têm membros
sem religião e a raça humana é uma delas. O problema com elas é que estão preocupadas
demais em entender o mundo através das ciências empíricas que esquecem que há outro
lado, inexplicável.
— Inexplicável?! – Gael riu debochado
– Basta colocar uma equação no lugar certo que tudo se resolve. Deuses, Deus,
Deusa é apenas uma forma de enganação, uma maneira de controlar as mentes
fracas.
— É a sua opinião e eu respeito ela,
só acho que as pessoas crentes não tem a mente fraca, como você diz. É preciso
ser muito forte para ter fé, para acreditar naquilo que não pode ser provado.
— Você é algum tipo de pastor ou algo
assim? – perguntou Gael com nojo na voz.
— Pastor? – Itieu não entendia o que o
humano queria dizer – Como um trabalhador de fazenda?
— Não! Como um maldito pregador que
fica falando que você morrer no fogo do inferno pelos seus pecados.
— Acredito que você está falando de um
sacerdote da religião ou o equivalente no seu mundo. Parece que eles são bem
violentos nas suas pregações – ele riu – Eu me lembro de quando Andrew me levou
para ver o templo da Deusa de Aurifen. Eu nunca tinha participado de nem uma
religião e estava muito alegre por ir com meu papa. Ele mesmo ficou ali olhando
para o nosso templo perguntando onde estavam as cruzes e estatuetas. Precisou
muito para o cabeça dura entender que em Aurifen os templos são apenas um
caminho facilitador para entrarmos em contato com o nosso lado místico. Não
temos estatuas de deuses, mas alguns símbolos que tatuamos na pele – ele
levantou a blusa folgada que usava mostrando a pele contundida, mas havia uma
tatuagem ali, dois círculos circunscritos – Esse é o símbolo da família em
Aurifen e naquele dia eu pedi para que fosse tatuado em mim. Claro que o Andrew
conseguiu tatuar nele o mais extravagante que achou. Íamos sempre aos templos
com a nossa família e eram dias maravilhosos que estávamos todos juntos.
— Que imagem pitoresca – resmungou
Gael – Pra mim isso são bobagens! Meu pai está morrendo na Terra por uma doença
sem cura e o que Deus fez para ele? Nada! Esse seu Deus deve é estar achando
hilário o meu desespero.
Itieu olhou para o humano vendo toda a
dor dentro daqueles olhos negros, mas antes que falasse algo à porta abril e
Raqsa entrou com algumas roupas nos braços.
— Ola! – ele sorriu para os dois –
Vejo que estão melhores.
— Melhor? – Itieu virou-se cheio de raiva
para o outro – Eu nunca mais vou melhorar Raqsa, não depois de todas as
perversões que fizeram comigo!
— Eu sinto tanto – o rapaz sentou na
cama de Itieu e fez um carinho em seus cabelos – Ele nunca fez isso. Acredite
ou não Itieu ele era a esperança do nosso povo, era a esperança de mudança e de
liberdade. Dói pensar que ele não é um herói, ele é como todos nós. Também erra
também se corrompe.
— O que são essas roupas? – Gael
contorcia o rosto olhando para o tecido diáfano e transparente.
— O príncipe vai apresentar vocês à
sociedade essa noite. Ele mesmo mandou as vestimentas e as jóias. Se querem um
conselho não façam mais nada que o aborreça, castigos físicos nessas festas são
um tipo de atração.
— Pois ele vai ter que vir aqui e me
arrastar! – gritou Gael levantando e mancando até a janela – Ou ele me mata de
uma vez por todas!
— Ele não vai te matar Gael, mas você
vai querer que estivesse morto. Nossas torturas são para ferir, não para o
prazer. Ele pode dá-lo de presente ao convidado mais pervertido da sala para o
seu uso por uma noite e pode fazer muito pior.
— Você vai aceitar isso? – Gael
gritava para Itieu.
— Acha que eu quero algo assim depois
de ter sido estuprado por horas e horas Gael? Não, mas Kafen é um doido.
Torturar pode ser algo de menos com ele. Está pronto para morrer aos poucos nas
mãos de um sádico? Eu quero viver e me vingar de Kafen.
Gael olhou para Itieu e balançou a
cabeça. Ele também queria viver.
~~***~~
A sala de banquetes do castelo estava
toda decorada com bandeiras das famílias mais ricas de Ghalib. Era comum isso
acontecer em festas oficiais e assim homenagear aqueles que se destacavam na
sociedade.
As’ah estava sentado perto do Príncipe
Guerreiro esfregando-se nesse enquanto Kafen bebia copo após copo de bebida
alcoólica. O escravo estava apenas vestindo suas melhores jóias que adornavam
seu peito, pulsos e pênis que tilintavam quando ele se mexia.
— Vejo que continua com os mais lindos
escravos Kafen – o conde Meknes disse olhando ávido para As’ah.
O escravo odiava o conde. O homem
tinha os piores gostos que ele já ouvira falar, alem disso era um homem feio e
barbado e ele odiava barbas, ainda bem que seu dono não compartilhava...
— Gostaria de ficar um pouco com ele
Meknes? – disse Kafen com a voz fria.
— Mas é claro – olhou As’ah que tinha
os olhos azuis cheios de desprezo.
— Mas mestre...
— Não ouviu o que eu disse As’ah –
gritou Kafen – Vá!
Vermelho de raiva ele foi até o conde
que o arrastou para um grupo de poltronas onde alguns convidados já tinham
relações com seus escravos. Homens e mulheres gemendo e gozando.
Meknes sentou e mandou o outro
ajoelhar entre as suas pernas.
— Chupe escravo e se usar os dentes
arranco sangue de você.
Com nojo As’ah abril o zíper da calça
do outro e puxou um grande pênis ainda mole e começou a trabalhar chupando e
sugando sabendo o quanto o maldito homem era frio, mas não teve sucesso e o
membro do outro continuava mole.
— Incompetente! – o conde deu-lhe um
tapa fazendo cair sentado.
Empurrou As’ah de quatro e tateou seu
ânus e começou a empurrar os dedos dentro dele sem nem mesmo lubrificante e o
escravo gemia de dor tentando se afastar do agarre forte do outro.
— Bom – Meknes lambeu os lábios ao ver
a dor do outro e empurrou com mais força a mão dentro do escravo fazendo gritar
de dor.
— Isso me deixa excitado – gemia um
duque ali perto que penetrava com força dentro de sua escrava mesmo que ela já
tivesse um grande aparato de borracha dura dentro dela.
A moça chorava de dor.
— Bem podemos trocar. Sua escrava
parece que tem um bom limiar à dor.
— Me de ele. Quero foder essa bunda
gostosa.
Meknes retirou a mão com força de
dentro de As’ah que quase desmaiou de alivio, mas logo foi arrastado pelos
cabelos e jogado para o duque que o empurrou sentado o penetrando sem aviso.
O conde jogara a mulher no chão e
enfiava a mão em sua vagina enquanto empurrava com força à longa aste de
borracha dentro do ânus dela.
O duque por sua vez fazia As’ah
cavalgar nele de forma intensa e com força enquanto puxava as jóias de seu
pênis e bolas quase a ponto de cortá-los. O escravo estava quase sem voz de
gritar e sem forças de sair dali.
O duque gozou dentro dele com um
resmungo, mas não foi o fim de seu tormento. Foi empurrado para outros que
estavam nos sofás aproveitando o escravo do príncipe disponível.
Meknes havia gozado sem nem mesmo
penetrar a escrava, só de ver a dor dela e de As’ah fora o suficiente para ele
deixar o esperma sujar o chão.
Kafen nem mesmo percebia tudo isso.
Ele estava mais preocupado com os avisos que seu serviço secreto dera a ele
sobre uma revolução.
Ele não podia acreditar que isso era
verdade. Ele fizera de tudo para aquele povo para agora ter esse pagamento?
Tentara dar direitos aos submissos e dar alguma chance de liberdade aos escravos
mais velhos, alem de tudo fizera os gostos de muita gente passando por cima das
leis e agora queriam depô-lo? Isso só podia ser um engano.
Uma comoção na porta chamou a sua
atenção e todas as suas preocupações foram varridas pela visão de suas dois novos
escravos entrando no salão.
~~***~~
Owen estava no hangar quando Andrew
saiu da nave correndo e dando um grande abraço no sobrinho.
— Garoto estava com saudades.
— Tio meus pais sabem disso?
— Disso o que? De que você vive
perdido em um canto remoto da galáxia? Que fornece serviços de mercenários por
ai? Que nas suas horas vagas é um comerciante? Não!
— Não vai me dizer que é o espião
dentro da nave, não é?
— Não mesmo sobrinho – os olhos de
Andrew brilhavam – Achava mesmo que conseguiria sair de Aurifen e mesmo da
Federação tão fácil e sem ser localizado?
— O senhor armou tudo.
— Foi – Andrew não estava nem um pouco
envergonhado – Mas não vem ao caso agora. Vamos o mais rápido possível para
Taurinis.
— E quem disse que eu ia ti ajudar
tio? – Owen cruzou os braços de forma teimosa.
— Você vai me ajudar – os olhos do
outro tinham uma frieza e uma determinação que Owen só lembrava de ter visto em
tempos de guerra – E assim quem tudo isso tiver terminado vai entrar em contato
com seus pais. Acho que já teve tempo demais para pensar em por seus ideias no
lugar – ele começou a andar, mas se voltou para ele que engoliu em seco – Vamos
Owen, eu não tenho tempo a perder!