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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O Escravo II - Capitulo 9 O Golpe









Capitulo 9 – O Golpe


Uma comoção na porta chamou a sua atenção e todas as suas preocupações foram varridas pela visão de seus dois novos escravos entrando no salão.

Ambos eram uma visão exótica, que arrancou suspiros de inveja de muitos aristocratas. Itieu, mesmo cheio de contusões, estava lindo vestindo uma túnica larga e comprida até os pés, mas a túnica era transparente e ele podia ver o todo o corpo nu do escravo coberto com as jóias que mandara. Os cabelos dela eram prateados e caiam até o ombro e seus olhos vermelhos brilhavam de ódio.

Gael era mais baixo que Itieu, mas seu corpo era bem moldado. Ele vestia uma calça transparente e Kafen podia ver as jóias pesadas dependuradas em seu pênis e bolas.

— Parabéns Kafen – disse o barão Al’halib – Fio uma ótima escolha.

Os escravos foram empurrados para perto de Kafen e obrigados a se ajoelharem perto da cadeira onde ele estava.

— Vocês me deixam orgulhoso com a sua beleza – disse Kafen sorrindo para eles.

— Vai se ferrar! – rosnou Gael e Kafen ficou vermelho de raiva.

— Se me fizer passar vergonha em frente ao meu povo escrevo, eu arranco seu couro com você ainda vivo.

Itieu segurou a mão de Gael. Pelo que ele sabia Kafen bem podia fazer isso.

Olhou o salão vendo que aquilo parecia um gigantesco salão de jogos, como os salões de jogos de prazer de Aurifen, mas lá tanto mestre como escravo tinham prazer, mas pelo que via ali o que dava prazer aos amos era a dor de seus escravos. Havia muito gemido e gritos de gozo por todo o lado.

Viu uma mulher com o olhar perdido sendo violada por dois homens, um a penetrava pela vagina e outro pelo ânus em um grande frenesi.

Haviam escravos caídos pelo chão como que desacordados e As’ah era um deles. Outros eram passados de mão em mão para serem penetrados com violência.

O cheiro de sexo e sangue enchia tudo dando ânsias de vomito em Itieu.

— Senhores – Kafen levantou sorrindo – Chegou a hora de eu como anfitrião lhes dar um pouco de diversão.

Ele fez um aceno para dois guardas que seguraram Gael e Itieu levantando eles do chão e arrastando para uma parede onde havia restrições para pés e braços. Entre suas pernas foi colocado um afastador empurrando elas quase ao seu limite. Vendas foram colocadas em seus olhos.

Gael tremia de raiva e medo, ele odiava não saber o que estava acontecendo à sua volta; se ia ser estuprado novamente ele pelo menos queria ver o rosto do desgraçado para poder matar quando pudesse, e ele jurou para si que faria isso.

Itieu havia retesado seu corpo e estava pronto para o que ia acontecer, ele tinha certeza que ia ser violado por todos naquela sala.

De repente ele ouviu gritos e gemidos muito diferentes dos que escutara até aqui. Havia também barulho de coisas se quebrando e ao longe ela achou ter ouvido um tiro. Ele tentou retirar a venda, mas eles estava bem amarrada, mas de repente ele sentiu alguém do seu lago.

— Calma – era Raqsa do seu lado retirando a sua venda e abrindo as algemas, mas tudo estava em um tom vermelho das luzes de emergência.

— O que está acontecendo? – perguntou Itieu olhando para as pessoas correndo, pela janela ele podia ver clarões por todo o lado.

— É a revolução – o escravo finalmente o deixou livre e foi para Gael – A capital está sendo tomada pelas forças revolucionarias. O serviço secreto arrastou Kafen para longe, mas eu ouvi mandando alguém voltar para pegar vocês. Temos que ser rápidos!

Itieu segurou no braço de Gael que o olhou com medo e esperança e correram com Raqsa para uma saída lateral que dava nas cozinhas onde reinava o verdadeiro caos de pessoas correndo de um lado para outro.

— Por aqui! – Raqsa abriu a porta dos fundos e deram com Kamar parado ao lado de um carro velho – Entrem! Rápido!

Havia urgência na voz de Raqsa e Itieu entendeu o porquê, já que ele podia ouvir sons de bombas por todo o lado.

— Fiquem abaixados até sairmos do centro! – gritou Kamar para eles e Raqsa jogou um cobertor em cima deles para que ficassem escondidos.

— Acha que isso vai dar certo? – Gael tinha medo de ter esperanças.

— Vamos rezar para que sim.

E pela primeira vez, Gael teve vontade de rezar a um deus.

Enquanto isso podiam ouvir a conversa de Kamar e Raqsa.

— Foi tudo muito rápido – disse Raqsa para o marido olhando as pessoas nas rua correndo como baratas tontas – Ninguém esta preparado.

— Ninguém nunca estava Raqsa – respondeu Kamar fazendo uma curva fechada em alta velocidade ao ver carros de patrulha indo na direção deles – Mas o golpe de estado esta muito bem organizado. Pelo que ouvi no radio todas as grande cidades estão sendo tomadas.

— Quem são eles Kamar?

— Tradicionalistas, por isso devemos chegar ao deserto e ao meu povo logo. Lá vamos estar seguros, mesmo que logo o nosso mundo esteja mergulhado em um caos maior ainda que a guerra.

— O que pode ser pior que a guerra? – Raqsa ficou pálido.    

— Logo vamos ver, no céu e você vai entender.

Eles continuaram a correr pelas ruas da capital indo para a periferia que estava mais calma, mas era uma calma enganadora. Passaram por grandes mansões até chegarem à parte pobre da cidade e pegarem uma estrada rural que cortava algumas fazendas.

No norte o céu ficava cada vez mais vermelho como se uma floresta estivesse em chamas.

— Será que colocaram fogo em uma cidade? – Raqsa apertava a mão no peito.

— Esta começando – Kamal retirou a cobertor de Gael e Itieu que levantaram para ele piscando os olhos – Vocês tem roupas ai atrás e uma mochila cada um. Troquem, eu e Raqsa esperamos lá fora.

Ambos saíram para olhar as luzes da capital ao sul e o estranho brilho vermelho que levantava ao norte como se um sol vermelho fosse nascer a qualquer momento.

Gael e Itieu juntaram-se a eles. Ambos vestiam roupas pesadas e escuras sendo uma calça e uma camisa de lã e uma longa e larga túnica. Havia também um turbante que nem um dos dois soube colocar.

— Uma tela?! – Itieu olhava o norte com assombro.

— A barreira de Eoin – resmungou Kamar – Durante muito tempo acharam que era idiotice construir algo assim, mas pelo visto vai ser útil.

— O que é isso afinal? – perguntou Raqsa curioso.

— Tudo que for eletrônico não vai funcionar – foi Itieu que respondeu – O pulso eletromagnético vai torras tudo quanto é chip que existe no planeta e mesmo que tentem construir outros, não será possível enquanto a barreira estiver funcionando.

— Essa barreira deveria aparecer apenas se o Príncipe Guerreiro estiver morto ou desaparecido.

— Espero que eles tenha sido morto com requintes de crueldade – disse Gael com a voz cheia de raiva e rancor.

— Kafen pode ter se mostrado um idiota com seus escravos humano, mas ele era um bom líder. O nosso mundo nas mãos da Liga de Costumes Antigos vai mergulhar esse planeta em completo caos. Vocês nem tem ideia de como era a nossa vida quando essa gente nos comandava.

Raqsa estremeceu e se aproximou de Kamar.

O brilho vermelho passou por cima deles e puderam ver um padrão de grades que cobria todo o céu. Quando a barreira passou por eles as luzes do carro piscaram e apagaram e a cidade ao longe ficou as escuras, mesmo as bombas cessaram. Tudo foi seguido de um silencio tenebroso.

— O nosso mundo vai mudar para sempre – Raqsa chorava.

— Temos que ir para o deserto. Os povos de lá não usam tecnologia e se tem alguém que vai sobreviver a esse caos são eles – Kamar olhou Gael e Itieu – Vocês podem vir conosco ou ficar, a decisão é de vocês.

Itieu olhou Gael.

— Por hora nem mesmo uma comunicação vai sair daqui, eu prefiro ir com eles.

— Acredito que também seja o melhor.

— Então vamos – ele pegou a mochila dele e de Raqsa – O caminho é longo e quanto mais longe ficarmos das cidades melhor.

~~***~~

O shai’d Baraden olhava para o céu assim como toda a sua tribo, vendo pasmos a grade vermelho sangue no céu. Algumas pessoas murmuravam que era uma maldição, mas o shai’d achou melhor intervir para evitar pânico.

— Povo de Akreb o que vocês estão vendo é chamado de barreira de Eoin. É feito pela tecnologia da capital. Com essa barreira acima de nós nem uma maquina eletrônica vai funcionar. Essa barreira só aparece por dois motivos e ambos são muito sérios: ou o Príncipe Guerreiro está morto por um golpe de estado ou esta desaparecido. Tive informações de que a Liga de Costumes Antigos estava se programando para um golpe no futuro, mas pelo que vejo o futuro é hoje.

— O que isso muda para nós shai’d? – perguntou um senhor idoso.

— Tudo – ele olhou o seu povo – A Liga nos odeia, odeia a maioria dos povos do deserto por sermos mais liberais. Quando estiverem no poder viram para cima de nós para nos destruir sem dó ou piedade.

— Teremos guerra – resmungou uma senhora balançando a cabeça coberta de cabelos brancos – A guerra nunca é boa, mas o povo de Ghalib deve encontrar o seu rumo – olhou Baraden – Um verdadeiro príncipe deve tomar o poder.

— Sabias palavras Anciã – respondeu ele – Acredito que um dia os povos livres ghal vão eleger seu próprio Príncipe Guerreiro. Por hora necessito que todos fiquem em alerta. Comida devem começar a serem estocadas nas cavernas ao norte para o caso de um ataque ao oasis. As cavernas devem estar preparadas para receber o nosso povo e resistir por muito tempo a um ataque.  

— Estaremos preparados shai’d – disse um rapaz cheio de entusiasmo.

“Você nunca viu a guerra menino” pensou Baraden “É a visão mais próxima do inferno que existe”.

Depois do comunicado, Baraden chamou seus conselheiros e entrou em sua tenda onde Mariqui esperava sentado em uma cadeira perto de uma mesa onde havia um mapa do planeta. A tenda era iluminada por candeeiros a óleo.

— Começou? – perguntou ele levantando os olhos cegos para Baraden.

— Sim meu amor – ele sentou dando um leve beijo nos lábios dele – A barreira está no céu.

— Não posso dizer que estou surpreso – disse Akeban A’lrid, segundo conselheiro de Baraden – Kafen tornou-se um aristocrata pomposo que não via um palmo diante do nariz.

Akeban era alto e musculoso. O cabelo negro era curto e os olhos verdes brilhavam cheios de energia.

— Mas achei que as noticias previam o golpe para daqui meses – disse Sars Teh, a terceira conselheira.  

Sars era uma mulher do oeste, onde as tribos tinham viviam em um estado matriarcal. Deixara sua terra em busca de aventuras e quando parara em Akreb para descansar nunca mais fora embora.

— Por algum motivo eles adiantaram o golpe e tenho medo que Kafen esteja morto.

— Nesse caso o fiel do príncipe deve subir ao poder – observou Mariqui.

— Tem noticias dele Kafen – Akeban olhou seu shai’d.

— No momento não. Tenho alguns homens de minha confiança com ele e se algo der errado eles tem ordens para sequestrá-lo e o trazer para Akreb.

— Está se envolvendo muito Baraden – Sars inclinou na mesa olhando o shai’d – Sabe que a Liga vai vir com a força toda quando souber disso.

— Sem a tecnologia a Liga é apenas um punhado de velhos perdidos, o que me incomoda são as tribos do leste. Elas nunca aceitaram o governo de Kafen e não aceitam o modo de vida do resto das tribos. Eles são bons guerreiros e se aluem na liga tiver um pouco de miolos vai usá-los para nos atacar.

— É melhor conversarmos com os outros shai’ds das tribos – disse Akeban – Quanto mais nos unirmos melhor.

— Deixo essa parte com você e Sars. São meus conselheiros, diplomatas e amigos, tenho certeza que vão se dar bem na missão.

— Deixe conosco shai’d – disse Sars – Iremos de tribo em tribo para contarmos sobre o que temos e tomaremos cuidado.

— Vocês sabem a quem devem avisar algumas das tribos não são confiáveis.

Ambos acenaram, levantaram de suas cadeiras e se inclinando para o shai’d saíram.

— Você esta quieto – murmurou Baraden colocando o esposo no colo e esfregando os rosto nos cabelos cobertos pelo véu.

— Eu odeio a guerra Baraden. Meus irmãos estão no tumulo agora por causa dessa maldição.

— Eu sei meu amor – havia dor nos olhos de Baraden – Eu também não quero isso, mas não fazer nada é um preço muito maior do que entramos no conflito. Faremos isso pelo nosso povo e por todo o povo ghal que vive oprimido por leis velhas e injustas.

— Eu espero que no final o preço não seja alto demais.

Mariqui foi acometido de um tremor e Baraden o apertou nos braços não querendo pensar no que o amanhã iria trazer.  


5 comentários:

  1. oi Dalla....
    que maravilha que vc esta de volta...
    gostaria de saber se vc pretente continuar a postar se nao estou enganada o caçador de olhos.... bjus da sua fã vivi

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    1. Oi Vill, obrigada por suas palavras, você não sabe o quanto me deixa feliz quando alguem lê e comenta as minhas histórias.
      Obrigada!

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  2. Oi, Dalla. Que bom que voltou! Vc faz falta, viu? Suas novelas são únicas. Diferente de tudo que eu leio, sempre.
    Agora estou acompanhando 'O Colecionador de Olhos', mas não achei o capítulo 3. Me ajuda?
    Bjinhos

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    1. Ola Nana! Obrigada por suas palavras, ela me deixa muito, mas muito feliz. São pessoas como você que me fazem continuar a escrever.
      O capitulo 3 do Colecionador de Olhos está no dia 11/07, é bem antigo. Se quiser eu ti mando por e-mail.
      Obrigada.

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  3. Olá Dalia, boa noite!!!!!!!!!
    Estou acompanhando o Escravo I e II e estou louca pelo final...tem previsão??????por favor...

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