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domingo, 5 de agosto de 2012

O Escravo - Capitulo 19 E Com o Fogo Eu Ti Purificarei

Capitulo 19 – E Com o Fogo Eu Ti Purificarei


Yaci manobrou a nave em busca de uma saída. Naves militares viam de todos os lados e ele havia preferido voar baixo e não partir para a atmosfera como vira Tiol fazer, mas o irmão era um grande piloto e ele pilotava melhor na atmosfera. Ele não vira por onde Abrahan fora e seu coração doía em pensar que podia perder mais uma pessoa da sua família, aliais, que podia acabar perder todos eles por causa da sandice do imperador. Não conseguia ainda pensar em Erant como morto.

— Mestre – Ian murmurou no banco de trás e ele percebeu o medo na voz dele.

— Vai ficar tudo bem Ian. Vamos sair dessa.

Ian estava assustado, mas também cheio de raiva com o que acontecera a Erant, ao risonho irmão de Yaci. Como um pai podia pensar em fazer aquilo com seu filho? Ele tocou em sua barriga lisa pensando no que ele carregava e mesmo sendo um choque no inicio a possibilidade de ter um filho do seu mestre era tão maravilhosa que ele nem ligava ter sido parte de uma experiência por um doido.

A nave deu uma brusca guinada para a direita e aquela velocidade estavam saindo do continente indo para o mar com muitas naves atrás deles. Deveriam estar em cerca de cinco vezes a velocidade do som cortando o céu deixando um rastro de condensação atrás de si como uma calda branca.

As naves dispararam, mas Yaci manobrava de modo que a nave estava sempre em movimento para cima ou baixo, direito ou esquerdo e Ian não sabia como ele não perdia o controle com aquelas manobras.

Outro continente apareceu abaixo deles com o sol se pondo e tudo envolto em uma estranha luz cor de rosa deixando as matas à que subiam e desciam suaves morros em um tom verde esmeralda.

— Não tem outro jeito – suspirou Yaci que manobrou a nave para atacar os perseguidores.

O príncipe não queria mais morte, sabia que muitos daqueles militares o encaravam e sua família como traidores do império, traidores de sua crença e estavam arriscando as suas vidas por isso. Pensou em Erant que também havia arriscado a sua vida por um ideal, por sua família.

“Irmão!”

Uma lágrima rolou por seu rosto enquanto com sua habilidade ele abatia uma a uma das naves vendo aliviado, os pilotos ejetarem as cabines salva-vidas. Ele podia atirar neles, estavam desprotegidos; ele podia se vingar pelo irmão.

— Mestre – Ian colocou a mão no ombro dele do banco de trás como se lembrando ao príncipe que ele não era o imperador e não podia se tornar um ou tudo pelo que estava lutando era em vão.

— Tudo bem pequeno. Eu ainda estou com os pés no chão.

Deixando os destroços para trás Yaci olhou para o radar que mostrava que estavam sendo rastreados e em segundos haveria um enxame de naves em cima deles.

— Temos que ficar aqui ou não vamos escapar Ian, segure-se!

Ele ejetou a cabine deixando a nave voar no piloto automático rumo ao oeste enquanto eles desciam para uma região coberta de matas.

A cabine pousou suavemente em meio a um amontoado de arvores que lembravam pinheiros.

— Ian atrás do seu banco tem uma mochila de sobrevivência. Pegue ele e vamos descer e tentar colocar distancia da cabine.

Yaci levantou a cúpula de nave deixando o ar da tarde perfumado entrar na cabina da nave. Ele e Ian pegaram cada um suas mochilas e desceram da nave que agora não passava de um casulo sem serventia.

— Ian – Yaci olhou sério para ele – Precisamos tirar o chip de você ou seremos localizados.

— Eu tinha me esquecido dele – Ian ergueu a manga da blusa olhando para o ponto onde ele fora colocado há anos atrás.

— Me desculpe – Yaci estava com uma faca – Não tem como fazer isso de outro modo.

— Isso é apenas uma pequena – ele segurou o rosto atormentado de Yaci que beijou a sua mão.

Com os dedos apalpou o local onde ele imaginava ficar o chip do tamanho de um grão de arroz e logo sentiu um ponto duro. Usando a ponta da faca ele começou a cortar a epiderme e depois afundou mais em sua pele chegando à derme onde ficava o chip e usando a ponta da faca empurrou o dispositivo para fora não o quebrando. Colocou um lenço em cima do pequeno corte e olhou Ian que sorria para ele.

— Vamos Ian – segurou a mão do outro e se embrenharam na mata que estava escurecendo.

O ar frio cheirava a mato e pinho e o barulho de pássaros grasnando no alto das arvores estavam presentes. Suas botas esmagavam folhas e galhos mortos com plantas rasteiras nascendo em meio a toda a vegetação e aos grandes troncos caídos. O terreno subia lentamente e eles toparam com um pequeno rio que gorgolejava por entre pedras cheias de limo.

Yaci pegou um galho seco e colocou o chip e Ian nele deixando que ele seguisse o curso do rio ladeira abaixo.

Ian deu uma risada ao ver que eles iam ficar procurando por eles por muito tempo se seguissem o seu chip.

Yaci olhou para ele também sorrindo, mas logo ficou sério fazendo um carinho apressado na cabeça dele e voltaram a caminhar.

— Estamos no continente de Delanios, ao norte. É uma região selvagem com um povo que não é muito amigo do meu pai. As pessoas daqui são grandes guerreiros e honradas, foram os primeiros a se levantarem contra Adamas.

— Acha que eles nos ajudaram? – perguntou Ian.

— Eu espero que sim, mas devemos ter cuidado com quem pedimos ajuda, pois há traidores em todos os lados.

A noite caiu e eles seguiram viagem na luz da lanterna. Estavam cercados por uma aura verde que pertencia ao aparelho de anti localização que ia impedir que eles fossem encontrados pelas naves que sobrevoavam toda a área.

Eram cerca de três da manhã quando Ian tropeçou caindo e deixando a sua lanterna cair. Estava tão cansado que as suas pernas dobravam sozinhas. Seu corpo doía e ele sentia uma dorzinha incomoda no abdômen.

— Ian?! – Yaci segurou seu baço ajudando ele a se levantar, mas suas pernas pareciam serem feitas de gelatina.

 — Desculpe mestre – gemeu o rapaz – Eu não consigo mais – ele ofegava.

— Temos que parar, mas não dá para ser ao ar livre. Vamos tentar achar uma caverna, apóie-se em mim.

Eles iniciaram a busca por um local para ficar, mas parecia que não iam achar nada e Ian já estava a ponto de desmaiar quando acharam uma rocha chata e abaixo dela um canto seco coberto de areia com três lados cercados por pedras e uma pequena entrada que Yaci tapou com um punhado de galhos.

Ian sentou não tendo forças nem mesmo para tirar a mochila das costas.

O príncipe fez isso para ele e preparou uma cama com um colchão fino como um tecido, mas que enchia de ar ficando com dez centímetros de altura e confortável.

— Vamos pequeno – disse ele ajudando o rapaz a deitar no colchão de ar.

Ian dormiu imediatamente, mas Yaci ainda tinha que impedir que eles fossem localizados e colocou na rocha acima da cabeça deles um aparelho do tamanho de uma noz que ia bloquear os localizadores. Outro foi colocado na entrada cheia de galhos e ia avisar se algo entrasse. Finalmente pode retirar a jaqueta e deitar no colchão do lado de Ian e cobri-los com um cobertor térmico.

Enquanto abraçava o rapaz humano que se aconchegou a ele sua mente foi para Valdi, Tiol, Andrew, Abrahan e... Erant e pela primeira vez em sua vida chorou sem medo ou vergonha, chorou por sua família e por todas as famílias de Aurifen e jurou a si mesmo que faria o possível para que essa guerra acabasse logo e ele pudesse ajudar seu povo a se erguer.

Cansado e cheio de uma tristeza que parecia que ia sufocá-lo fechou os olhos tentando achar consolo no filho que crescia na barriga do Ian.


~~***~~~


O dia amanheceu cinzento e frio. O dia ameaçava chuva e Yaci rastejou para fora da pequena caverna olhando em volta ainda ouvindo o barulho das naves acima dele e ao longe o som de acanhoes atirando em algo. A guerra parecia estar se desenrolando ao longe e isso o preocupava. Se os conflitos estivessem muito acirrados seria difícil chegar perto de uma cidade.

Ao leste ficava a vila de Ralas onde ficava um dos comandos dos revolucionários e era lá que ele queria chegar. Precisava saber o que estava acontecendo e até que ponto a perda da base central havia interferido em seus planos.

Não sabia se vinha ajuda de Valdi, mas esperava que o irmão estivesse bem. Havia decidido ao acordar que a única forma de acabar com tudo aquilo seria chagar até seu pai e matá-lo, mas não podia fazer isso de forma velada, tinha que ser em frente ao povo em frente às câmeras para provar a todos os seus planos.

Matar seu pai não era o que ele queria desde o inicio. Queria que Adamas tivesse um julgamento e fosse punido por seus crimes, mas se insistisse nessa ideia o que ia acarretar eram mais mortes. Ele precisava fazer algo e era essa a sua chance. Teria que entrar no castelo, um dos lugares mais bem guardados de Aurifen, mas ele conhecia a construção como a palma da sua mão.

Voltou a entrar na caverna escura retirando de dentro da mochila uma barrinha de ração. Não tinha o melhor sabor, mas era rica em açúcar e carboidratos e eles precisavam de energia. Foi até Ian que ainda dormia e colocou a mão em seu ombro tentando acordá-lo de forma calma, mas o rapaz deu um pulo ao ser tocado.

— Calma pequeno, sou eu.

— Desculpe mestre. Eu ainda acho que estou na casa do conde sendo acordado por ele e... – Ian passou a mão na testa parecendo pálido e mais cansado que na noite anterior.

— Ian? – Yaci tocou em sua testa percebendo que ele estava com febre – Você está sentindo alguma coisa?

—Eu estou bem mestre.

— Ian! Precisamos ser sinceros uns com os outros aqui para que possamos sobreviver. Agora vou perguntar novamente e quero uma resposta sincera. Está sentindo alguma coisa?

— Perdoe-me mestre – ele inclinou a cabeça – Eu tenho dores no corpo e o pé da minha barriga dói. Acho que estou gripado.

— Sua barriga? – Yaci tocou no abdômen dele e deu um leve aperto no local fazendo o menino gemer.

— Precisamos chegar a uma vila ou algo assim com um médico, mas você não tem condições de andar.

— Não podemos ficar aqui. Estamos sendo procurados.

— Esperemos que você melhore Ian.

— Yaci – pela primeira vez ele disse espontaneamente o nome do príncipe – Eu consigo ti acompanhar. Não dá para ficarmos para trás enquanto meio mundo nos busca. Quando mais cedo chegarmos a um lugar seguro mais cedo vamos achar um médico.

— Você sabe que essa dor na barriga não é coisa boa Ian!

— Eu sei disso e é por isso que temos que partir. Ficar aqui vai acabar nos lavando para as mãos do seu pai. Imagina o que ele fará com o nosso filho Yaci?

— Eu sei – Yaci segurou o rosto dele com delicadeza – Rezo para que tudo isso termine e você tenha um filho saudável em um mundo de paz.

— Amén!

— Que palavra é essa?

— Pertence a uma língua da Terra que não é falada há milhares de anos e quer dizer que assim seja.

Eles se beijaram, mas foi um beijo doce e delicado como se cada um estivesse com medo de machucar o outro com isso.

Sabendo que não tinham mais tempo, desmontaram acampamento e voltaram a caminhar por entre as arvores da floresta que parecia não ter fim.

Durante todo o dia ouviram estrondos que ficavam mais próximos a cada minuto.

Com o correr do dia Ian estava ficando cada vez mais cansado e pálido. Pararam a cada hora por cinco minutos, mas quando a noite chegou Yaci praticamente carregava o menino que agora gemia com uma dor agonizante em sua barriga.

— Só mais um pouco – Yaci tentava animá-lo – Do outro lado do morro fica a vila e você vai poder descansar.

Ian tentou dar um sorriso, mas se transformou em um esgar de dor. Estavam chegando ao alto do morro e no horizonte havia uma grande luz como se estivessem chagando perto de alguma capital e não de uma vila de interior. Quando emergiram do outro lado puderam ver com horror o porquê da luz.

A vila queimava lá embaixo, toda ela em uma grande fogueira vermelha. Flutuando no ar os gritos chegaram até eles e o cheiro de queimado fez Ian vomitar o pouco que tinha nos estomago.

Yaci olhava estático aquilo. Aquela carnificina sem sentido e percebeu que se não chegasse logo ao seu pai esse era o destino de toda Aurifen.  




PS: PESSOAL ESTOU VOLTANDO PARA A FACULDADE NESTA SEMANA E AGORA POSTAR MAIS CAPITULOS SÓ NOS FINS DE SEMANA, MAS QUANDO EU TIVER UM TEMPINHO EU JURO QUE POSTO PARA VOCÊS. SAIBA QUE ESCRAVO PARA CADA UM DOS MEUS LEITORES COM O MAIOR GOSTO E QUE ADORO CADA UM DE VOCÊS. OBRIGADA POR LEREM E COMENTAREAM, VOCÊS SÃO INCRÍVEIS!
BEIJOS! 

2 comentários:

  1. Cara Dalla32!
    Bom retorno às atividades academicas. Continuaremos seguindo com ansiedade e carinho cada uma das suas narrativas. Abraços. Klavius.

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  2. DALLAS32 que tenha un maravilhoso regresso a faculdade que estude muito.
    Esperaremos ansioso por la continuação da historia, que esta emocionante.
    beijos e abraços.

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