Minhas desculpas pela demora em postar.
beijos
Capitulo XXX
Conforme andavam pela estrada de
pedra Paul podia ver, mesmo na escuridão, que um bosque se formava ao longe.
Desceram da encosta da montanha para lá e a estrada descia cada vez mais. As
árvores não eram muito altas, mas tinham folhas finas e galhos retorcidos. Em
algum lugar havia um rumorejar de água escorrendo.
Kallil conversava com Atrenhre
sobre a sua família enquanto Paul ficava obstinadamente quieto. Tinha tanta
coisa dentro de si que ele não sabia se o que sentia era bom ou ruim.
Estava grávido e agora descobria
que era um desses seres enigmáticos, além de tudo sua vida não era o que ele
imaginava, era apenas uma mentira feita por uma série de coincidências.
Se ele nunca conhecesse Mathew
ele nunca saberia de tudo, sua vida continuaria sendo a mesma e ele seguiria em
frente com a sua família. Mas ele estava feliz assim? Era feliz não sabendo da
verdade?
Às vezes uma verdade pode ser
mais terrível que uma mentira. Viver na mentira...
O que ele estava pensando? Ele
nunca aceitara mentiras dos seus filhos, ensinando a eles que a verdade, mesmo
as mais dolorosas, deveriam ser dita, e agora ele estava ali com medo e raiva
da verdade sobre ele?
Finalmente ele sabia quem ele era
e sabia que isso ia mudar toda a sua vida e que toda a mudança é assustador,
mas quando as coisas não mudam, elas estagnam e morrem. Tudo à sua volta
evolui, as plantas crescem, os animais têm seus filhotes, a própria terra muda
ao longo dos anos. Mudar talvez não seja o mais complicado, mas como lidar com
as mudanças era o que fazia sua cabeça dar voltas.
Sabia que tinha dois caminhos a
seguir: ou aceitava o que acontecia e procurava lidar do melhor modo possível
ou simplesmente negava tudo e desaparecia esquecendo aquela loucura.
Ele não era covarde, nunca fora.
Criara seus filhos, lutara por sua vida cada dia sem esmorecer e agora ameaçava
desmoronar porque descobrira a sua família?
Ele estava diante da família que
ele sonhara na adolescência. Sabia que tinha pais que o amaram e agora tinha um
tio e um irmão e mais! Ele ia ter mais um filho! A pequena vida crescia dentro
do seu ventre e ele parecia ser dar conta disso agora!
— Paul você está bem? – Kallil
havia parado como todos os outros um pouco à frente porque o outro havia ficado
para trás divagando.
— Acho que estou ótimo Kallil! –
ele deu uma risada – Eu achei a minha família e vou ter um filho!
— Você parece estar vencendo o
choque Kiamyen – disse seu tio.
Paul foi até ele e o abraçou de
repente sentindo nesse ato que de algum modo ele conhecia aqueles braços e
aquele cheiro de sol e flores que vinha do homem do clã.
— Eu tenho um tio – ele
afastou-se com a mão no ombro de Atrenhre – Eu estava tão assustado com tudo
que estava me fechando dentro de mim mesmo, mas felizmente eu tive tempo para
pensar e vi a sorte que tive – olhou Kallil – Meu irmão...
Kallil sorriu tremulo para ele e
abraçou feliz que Paul estivesse superando o choque.
— A vila vai ficar feliz por
receber vocês dois – disse seu tio – Cada vida é preciosa para nós.
— Em outras circunstancias eu
também ia querer muito conhecer a todos do clã tio – disse Paul – Mas estamos
fugindo de uma tribo no deserto e eu preciso achar meu filho.
Enquanto andavam pelo bosque,
Paul contou tudo para seu tio e os outros que os cercavam.
— Acredito que Kallil está certo
– disse Atrenhre – Os dgim são espíritos ligados a Kotem e aos dragões. Mas não
se preocupe Kia, os grandes animais jamais fariam mal a um elfo e semi elfo.
Eles são muito ligados a essa raça.
— Eu sei tio, mas só vou ficar
calmo quando ver meu menino.
Acima deles o vento uivava, mas a
muralha mantinha toda a região protegida das areias do deserto.
Chegaram a uma casa grande de
três andares feita de pedra e com um guarda na porta de madeira. Jardins
cercavam a casa e podia-se sentir o perfume das flores. Das casas ao lado
pessoas conversavam e riam e o cheiro de comida mostrou o quanto Paul estava
faminto.
Os guardas os deixaram e apenas
Paul, Kallil e Atrenhre entraram na mansão iluminada por lamparinas e velas. A
sala era grande com sofás confortáveis por toda a parte, pequenas mesas de chá
com vasos de flores, cristaleiras e uma grande escadaria de pedra subia para o
andar superior.
— Aten? – um delicado rapaz
apareceu de uma porta lateral vestindo um avental sujo de farinha com os longos
cabelos trançados caindo pelas costas, seu corpo sem pelos mostrava que era um
duo.
— Findrelin venha aqui – o rosto
do outro se iluminou para o rapaz que devia ser um pouco mais velho que Paul.
Os olhos azuis de Findrelin
observaram os recém chegados com curiosidade.
— Irmãozinho esses são Paul e
Kallil, nossos sobrinhos.
— Sobr... – Findrelin pareceu ter
entendido e sorriu chegando perto deles – Esse é meu irmão Findrelin, era um
garoto quando vocês desapareceram.
— Sempre nos perguntamos o que
tinha acontecido a vocês – disse ele com a sua voz doce – É incrível como de
repente conseguimos nos encontrar. Que tal se formos para a cozinha e me
contarem tudo?
A cozinha era um grande cômodo
muito limpo com uma mesa de madeira no centro, armários nas paredes, um grande
fogão a lenha onde panelas borbulhavam uma pia de pedra e panelas em um estrado
que brilhavam de limpas.
Em cima da mesa haviam grandes
pães ainda quentes que deixaram Paul e Kallil com água na boca.
— Devem estar com fome – disse
Find – Que tal comer uma sopa de carne com esse pão que acabei de assar?
Logo estavam os quatro comendo e
contando as suas vidas.
Aten contou que eles tinham
grandes extensões de terras dentro das muralhas e três vilas. Haviam dois rios
e um grande numero de córregos que sempre pareciam brotar das rochas e
desaguavam em uma mina subterrânea que ninguém sabia onde ia dar, talvez para
um rio maior fora das muralhas. Procuravam plantar tudo que precisavam e suas
colheitas aconteciam o ano todo graças à irrigação. O clima ali era ameno e não
haviam areais e chovia mais que em outras partes de Altair. O Clã tinha um
chefe que morava na vila sul e era conhecido como o rei das Rosas.
— De onde vem esse nome? –
perguntou Kallil colocando a mão na sua tatuagem – Porque temos isso conosco?
— Nosso povo veio das Terras
Antigas, Kallil – respondeu Find – Eram cinqüenta pessoas fugindo do
preconceito que é muito forte no império de Roma. Na sua maioria eram duos. Ele
emigraram para mais ao norte ainda e encontraram uma tribo de elfos, cerca de
cem que viviam em uma terra devastada por uma praga que havia matado muitos
deles. Acontece que os viajantes tinham algumas ervas que vinham das Terras
Antigas e que ajudaram na peste e os elfos ficaram muito agradecidos por isso
dando aos seus novos amigos uma parte de sua magia. Eram seres ligadas a terra
e por isso mesmo seus poderes não eram nada grandiosos. Podiam fazer nascer
quase que qualquer coisa, tudo florescia em suas mãos. Os animais sempre os
amavam.
— Eles resolveram ir junto com os
outros porque queriam ficar longe da terra marcada pela morte dos seus –
continuou Aten – E vieram para as terras de Altair. Semanas no deserto e eles
finalmente encontraram esse lugar, uma vale imenso verde e com muita água. Aqui
eles fixaram residência – olhou Kallil – A tatuagem é algo que nos legou os
elfos dos quais somos descendentes, é parte da magia que nos segue.
— Uau! – Kallil estava encantado
em fazer parte de tal história.
— Durante as eras nossa raça
miscigenou – disse Find – Tanto que não há mulheres entre nós, apenas duos.
— Eu adorei esse lugar! – Kallil
quase pulava na cadeira – Imagina Paul! Temos família e um povo que não nos
olha como aberrações ou moeda de troca.
— Parece um bom lugar para se
criar os filhos, mas apesar de tudo eu amo o reino de Haven e minha família
mora ali.
— Eu tinha esperanças que vocês
quisessem ficar com a família – disse Aten parecendo infeliz.
— Eu preciso voltar para a minha
família tio, mas isso não quer dizer que eu não volte para visitá-lo um dia,
mas agora eu preciso mesmo achar meu filho, preciso ir para Kotem.
— Eu entendi Kia... Paul, mas não
posso deixar vocês andarem por esse deserto sós. Eu irei com vocês até Kotem.
— Obrigado – Paul agradeceu
segurando a mão dele.
~~***~~
Era tarde da noite quando Mimir
chegou com os cavalos e o pequeno dragão verde que só faltava babar nele. A
amazona não sabia o porquê daqueles dragões gostarem tanto do seu povo, mas ela
devia admitir que gostava daqueles seres inteligentes e corajosos.
Ela amarrou os cavalos em alguns
arbustos e entrou na caverna de Sanet onde, em volta da fogueira, estavam
reunidos Arkan, Fliyn, Maleah, Sara, Gabe e um dragãozinho vermelho sentado no
colo de Gabe. O chefe dos dragões estava mais afastado roncando alto como uma
chuva de granizo.
— Ola Mimir! – Sara sorriu para
ela com o rosto sujo de raiz da batata roxa – Esse lugar é demais, espere até
ver as histórias que os dragões sabem!
— Ola Sara – ele sorriu para a
menina que tinha conquistado o seu respeito e afeição.
— Boa noite senhorita Greal –
Arkan disse se levantando – Gostaria de apresentar o meu filho Flyn, meu
sobrinho Maleah, Gabe irmão de Sara e o dragão Tildo.
Tildo saltitou até ela olhando-a
com curiosidade.
— Porque você é dessa cor? Eu nunca
vi humanos assim! Sabe que é muito bonita para um ser humano. Eu ouvia os
dragões verdes falarem de vocês, mas eu nunca tinha visto. É verdade que as fêmeas
do seu grupo são quem lutam? Legal! As nossas também, mas as elfas e as humanos
não lutam...
— Tildo cala a boca – resmungou
Sanet do outro lado da caverna com fumaça saindo pelo nariz.
O dragão vermelho nem pareceu
ligar, mas se calou e voltou para o colo de Gabe.
— Boa noite a todos – disse ele
rindo do comportamento do outro – Amazona Mimir Greal – olhou Gabe que tremeu
ante o olhar frio dele – Então você é o causador de tudo isso?
— O que essa marmota andou
falando com você? – Gabe olhou Sara que ficou vermelha.
— Quem você ta chamando de
marmota seu projeto de homem!
— Acho que o único projeto aqui é
você, se achando uma grande mulher por ter chegado aqui!
— Você fez o favor de trazer a
mãe sabe Deus para onde e ainda se acha?!
— Se disserem mais uma única coisa
eu torro vocês! – gritou Sanet fazendo chover terra do teto da caverna.
Os dois ficaram quietos enquanto
Mimir sentava perto dos elfos e começava a conversar com eles. Arkan lhe serviu
um pouco de carne e raiz que ele comeu com avidez.
— Se o dgim não o trouxe aqui o
melhor mesmo é voltar para Haven e tentar um grupo de busca mais organizado –
disse Mimir sobre Paul – Ficar andando por ai não vai resolver nada e acho que
os outros devem saber que pelo menos Maleah e Gabe estão bem, sem contar que
devem estar preocupados com Sara.
— Amanhã deixo você perto da
fronteira, não posso ir mais longe – disse Sanet e olhou a amazona – O que quer
fazer amazona? Infelizmente não vai dar para transportar os cavalos e pode
seguir viagem daqui para o norte, os meus podem escoltá-la.
Mimir olhou para as pessoas que
tinha conhecido e pela primeira vez na vida sentiu que não queria pegar a
estrada, que gostaria muito de continuar a participar da vida deles. Olhou para
Arkan que ficou vermelho e entendeu bem a sua relutância.
— Posso também cuidar do cavalo e
deixá-lo com os seus compatriotas, há manadas ao sul e eu podia pedir o favor
que aceitassem os dois em suas fileiras.
— Eu não queria que você fosse
embora – Sara estava de cabeça baixa brincando com a barra da camisa que usava –
Eu gosto de você.
— Eu também gosto de você Sara e
vou aceitar a sua oferta Sanet, cuide dos meus cavalos e eu continuo com eles.
Sara deu um gritinho e pulou no
colo dela, mas os olhos castanhos da amazona não deixavam o elfo mais velho.
Amazonas se união apenas uma vez
em suas vidas. Podiam até ter muitos parceiros sexuais, mas amor só acontecia
uma vez. Algo naquele elfo dizia a ela que ele era o seu companheiro e ela
havia aprendido a respeitar os desejos da Deusa, ela era sabia.
Depois disso foram arrumar seus
locais para dormir e Flyn ficou perto de Maleah para conversar.
— Como você está? – ele perguntou
tocando na testa do primo que tinha o olhar perdido.
— Eu estou melhor desde que seu
pai me obrigou a comer – ele deu um sorriso fraco para ele – Mas estou com
saudades de Capela e nem sei como vai ser esse casamento. Acho que ele me odeia
afinal meu próprio pai me odeia.
— Pare de falar bobagens! Seu pai
tem uma visão distorcida das coisas e não pode ser usado como exemplo de nada
Maleah. Eu e meu pai amamos você e tenho certeza que seu marido vai também quando
o conhecer melhor.
— Depois do que aconteceu acho
que a minha alto estima foi lá no chão.
— Olha – Flyn deitou do lado dele
colocando a cabeça do seu primo no seu peito – Logo vamos estar em Haven e ai
podemos pensar com calma sobre o futuro.
Maleah deixou-se levar pelo
cheiro e o calor reconfortante do primo que fazia carinhos em seus cabelos. Seria
tão mais fácil se seu marido fosse Flyn. Ele era doce e sempre o compreendia. Com
esses pensamentos acabou caindo no sono.
Arkan havia colocado as crianças
para dormir e arrumado Tildo para que não machucasse Gabe com suas asas. O dragão
agora não dormia em nem um outro lugar que não fosse com o menino.
Voltou para junto da fogueira
para terminar de arrumar tudo quando percebeu que a amazona havia colocado mais
lenha na fogueira e levado o lixo para fora.
— Obrigado – ele sorriu para ela.
— Você é bom com crianças.
— Adoro elas. É uma pena que
cresçam e enfrentem esse mundo – olhos o filho e o sobrinho que dormiam
abraçados.
— Meu povo ama a vida,
comemoramos ela a cada dia. Sei que está passando por momentos complicados, mas
acredito que o tempo é um bom remédio.
— Eu espero – ele sorriu para ela
ficando constrangido com a beleza daquela mulher.
Ela em nada lembrava uma elfa. Era
forte, decidida, de uma beleza fresca que fazia seu coração palpitar. Gostava e
pessoas assim, fossem homens ou mulheres.
— Você gosta de mim – disse ela e
não era uma pergunta.
— Eu... – ele se atrapalhou todo
com a pergunta.
Nossa! Ela era direta.
— Eu gosto de você Arkan. Posso,
à primeira vista, não ter sido das mais educadas, mas eu sou uma pessoa
desconfiada por natureza. Quando pude ti olhar com mais calma eu percebi que
gosto da sua calma, da sua voz doce.
— Eu... Mimir acho que não é o
melhor momento para isso. Eu não passo de um elfo em fuga e sem casa.
— Eu sou uma amazona Arkan! Eu ti
darei a casa que merece, eu cuidarei de você.
— Meu povo não vive assim Mimir.
— O meu sim. E é assim que eu
quero e é assim que as coisas vão ser – segurou o queixo do elfo – Eu gosto de
dominar Arkan, assim fui criada, mas também gosto de cuidar e vejo em seus
olhos que você esteve só por muito tempo. Deixe cuidar de você.
— Eu não sei. Eu sou um cuidador
e você agora vem me dizer que quer cuidar de mim e isso me soa tão...
impróprio.
— Não pense em impropriedade, mas
naquilo que você quer!
— Será que posso pensar Mimir? Estamos
ainda em uma jornada incerta e decidir algo assim não é uma boa ideia.
— Está bem belo elfo – ela abraçou
ele – Mas quero ti dar algo.
O beijo com Mimir era algo que
parecia refletir sua personalidade. Dominadora e doce. Era como o mais
delicioso dos vinhos, inebriante. A língua quente da amazona invadiu sua boca
com força e determinação deixando o gosto de mel e canela na sua. Só pararam o
beijo quando Arkan achou que morreria sem ar.
— Só até o fim dessa jornada
elfo, mas nunca esqueça uma coisa. Você é meu.
Havia tanta possessividade na voz
dela que ele não conseguiu prender um gemido de pura luxuria.
Nossa, que capitulo incrivel, to super ansiosa para ver os reencontros. Aiai tadinho do Arkan com a Mimir kkkkkkkkkkkkkkkk Adorooo
ResponderExcluirCara...eu venho ao site especialmente para ver o desfecho deste conto que eu achei ótimo ^^, cara achei o site por acaso procurando coisas sobre elfo e particularmente dei uma lidinha e adorei...pena q ta demorando pra ter uma continuação...
ResponderExcluirOláá!! Adoro suas histórias. Leio tudo que está disponível. Conheci seu blog através do blog do Kiko. E já sou fã. Torço pra que vc volte a se inspirar nesses personagens maravilhosos que criou e volte logo com mais pra nós.
ResponderExcluirBjinho