Minha lista de blogs

domingo, 2 de setembro de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo XXX





Minhas desculpas pela demora em postar.
beijos




Capitulo XXX


Conforme andavam pela estrada de pedra Paul podia ver, mesmo na escuridão, que um bosque se formava ao longe. Desceram da encosta da montanha para lá e a estrada descia cada vez mais. As árvores não eram muito altas, mas tinham folhas finas e galhos retorcidos. Em algum lugar havia um rumorejar de água escorrendo.

Kallil conversava com Atrenhre sobre a sua família enquanto Paul ficava obstinadamente quieto. Tinha tanta coisa dentro de si que ele não sabia se o que sentia era bom ou ruim.

Estava grávido e agora descobria que era um desses seres enigmáticos, além de tudo sua vida não era o que ele imaginava, era apenas uma mentira feita por uma série de coincidências.

Se ele nunca conhecesse Mathew ele nunca saberia de tudo, sua vida continuaria sendo a mesma e ele seguiria em frente com a sua família. Mas ele estava feliz assim? Era feliz não sabendo da verdade?

Às vezes uma verdade pode ser mais terrível que uma mentira. Viver na mentira...

O que ele estava pensando? Ele nunca aceitara mentiras dos seus filhos, ensinando a eles que a verdade, mesmo as mais dolorosas, deveriam ser dita, e agora ele estava ali com medo e raiva da verdade sobre ele?

Finalmente ele sabia quem ele era e sabia que isso ia mudar toda a sua vida e que toda a mudança é assustador, mas quando as coisas não mudam, elas estagnam e morrem. Tudo à sua volta evolui, as plantas crescem, os animais têm seus filhotes, a própria terra muda ao longo dos anos. Mudar talvez não seja o mais complicado, mas como lidar com as mudanças era o que fazia sua cabeça dar voltas.  

Sabia que tinha dois caminhos a seguir: ou aceitava o que acontecia e procurava lidar do melhor modo possível ou simplesmente negava tudo e desaparecia esquecendo aquela loucura.

Ele não era covarde, nunca fora. Criara seus filhos, lutara por sua vida cada dia sem esmorecer e agora ameaçava desmoronar porque descobrira a sua família?

Ele estava diante da família que ele sonhara na adolescência. Sabia que tinha pais que o amaram e agora tinha um tio e um irmão e mais! Ele ia ter mais um filho! A pequena vida crescia dentro do seu ventre e ele parecia ser dar conta disso agora!

— Paul você está bem? – Kallil havia parado como todos os outros um pouco à frente porque o outro havia ficado para trás divagando.

— Acho que estou ótimo Kallil! – ele deu uma risada – Eu achei a minha família e vou ter um filho!

— Você parece estar vencendo o choque Kiamyen – disse seu tio.

Paul foi até ele e o abraçou de repente sentindo nesse ato que de algum modo ele conhecia aqueles braços e aquele cheiro de sol e flores que vinha do homem do clã.

— Eu tenho um tio – ele afastou-se com a mão no ombro de Atrenhre – Eu estava tão assustado com tudo que estava me fechando dentro de mim mesmo, mas felizmente eu tive tempo para pensar e vi a sorte que tive – olhou Kallil – Meu irmão...

Kallil sorriu tremulo para ele e abraçou feliz que Paul estivesse superando o choque.

— A vila vai ficar feliz por receber vocês dois – disse seu tio – Cada vida é preciosa para nós.

— Em outras circunstancias eu também ia querer muito conhecer a todos do clã tio – disse Paul – Mas estamos fugindo de uma tribo no deserto e eu preciso achar meu filho.

Enquanto andavam pelo bosque, Paul contou tudo para seu tio e os outros que os cercavam.

— Acredito que Kallil está certo – disse Atrenhre – Os dgim são espíritos ligados a Kotem e aos dragões. Mas não se preocupe Kia, os grandes animais jamais fariam mal a um elfo e semi elfo. Eles são muito ligados a essa raça.

— Eu sei tio, mas só vou ficar calmo quando ver meu menino.

Acima deles o vento uivava, mas a muralha mantinha toda a região protegida das areias do deserto.

Chegaram a uma casa grande de três andares feita de pedra e com um guarda na porta de madeira. Jardins cercavam a casa e podia-se sentir o perfume das flores. Das casas ao lado pessoas conversavam e riam e o cheiro de comida mostrou o quanto Paul estava faminto.

Os guardas os deixaram e apenas Paul, Kallil e Atrenhre entraram na mansão iluminada por lamparinas e velas. A sala era grande com sofás confortáveis por toda a parte, pequenas mesas de chá com vasos de flores, cristaleiras e uma grande escadaria de pedra subia para o andar superior.

— Aten? – um delicado rapaz apareceu de uma porta lateral vestindo um avental sujo de farinha com os longos cabelos trançados caindo pelas costas, seu corpo sem pelos mostrava que era um duo.

— Findrelin venha aqui – o rosto do outro se iluminou para o rapaz que devia ser um pouco mais velho que Paul.

Os olhos azuis de Findrelin observaram os recém chegados com curiosidade.

— Irmãozinho esses são Paul e Kallil, nossos sobrinhos.

— Sobr... – Findrelin pareceu ter entendido e sorriu chegando perto deles – Esse é meu irmão Findrelin, era um garoto quando vocês desapareceram.

— Sempre nos perguntamos o que tinha acontecido a vocês – disse ele com a sua voz doce – É incrível como de repente conseguimos nos encontrar. Que tal se formos para a cozinha e me contarem tudo?

A cozinha era um grande cômodo muito limpo com uma mesa de madeira no centro, armários nas paredes, um grande fogão a lenha onde panelas borbulhavam uma pia de pedra e panelas em um estrado que brilhavam de limpas.

Em cima da mesa haviam grandes pães ainda quentes que deixaram Paul e Kallil com água na boca.

— Devem estar com fome – disse Find – Que tal comer uma sopa de carne com esse pão que acabei de assar?

Logo estavam os quatro comendo e contando as suas vidas.

Aten contou que eles tinham grandes extensões de terras dentro das muralhas e três vilas. Haviam dois rios e um grande numero de córregos que sempre pareciam brotar das rochas e desaguavam em uma mina subterrânea que ninguém sabia onde ia dar, talvez para um rio maior fora das muralhas. Procuravam plantar tudo que precisavam e suas colheitas aconteciam o ano todo graças à irrigação. O clima ali era ameno e não haviam areais e chovia mais que em outras partes de Altair. O Clã tinha um chefe que morava na vila sul e era conhecido como o rei das Rosas.

— De onde vem esse nome? – perguntou Kallil colocando a mão na sua tatuagem – Porque temos isso conosco?

— Nosso povo veio das Terras Antigas, Kallil – respondeu Find – Eram cinqüenta pessoas fugindo do preconceito que é muito forte no império de Roma. Na sua maioria eram duos. Ele emigraram para mais ao norte ainda e encontraram uma tribo de elfos, cerca de cem que viviam em uma terra devastada por uma praga que havia matado muitos deles. Acontece que os viajantes tinham algumas ervas que vinham das Terras Antigas e que ajudaram na peste e os elfos ficaram muito agradecidos por isso dando aos seus novos amigos uma parte de sua magia. Eram seres ligadas a terra e por isso mesmo seus poderes não eram nada grandiosos. Podiam fazer nascer quase que qualquer coisa, tudo florescia em suas mãos. Os animais sempre os amavam.

— Eles resolveram ir junto com os outros porque queriam ficar longe da terra marcada pela morte dos seus – continuou Aten – E vieram para as terras de Altair. Semanas no deserto e eles finalmente encontraram esse lugar, uma vale imenso verde e com muita água. Aqui eles fixaram residência – olhou Kallil – A tatuagem é algo que nos legou os elfos dos quais somos descendentes, é parte da magia que nos segue.

— Uau! – Kallil estava encantado em fazer parte de tal história.

— Durante as eras nossa raça miscigenou – disse Find – Tanto que não há mulheres entre nós, apenas duos.

— Eu adorei esse lugar! – Kallil quase pulava na cadeira – Imagina Paul! Temos família e um povo que não nos olha como aberrações ou moeda de troca.

— Parece um bom lugar para se criar os filhos, mas apesar de tudo eu amo o reino de Haven e minha família mora ali.

— Eu tinha esperanças que vocês quisessem ficar com a família – disse Aten parecendo infeliz.

— Eu preciso voltar para a minha família tio, mas isso não quer dizer que eu não volte para visitá-lo um dia, mas agora eu preciso mesmo achar meu filho, preciso ir para Kotem.

— Eu entendi Kia... Paul, mas não posso deixar vocês andarem por esse deserto sós. Eu irei com vocês até Kotem.

— Obrigado – Paul agradeceu segurando a mão dele.


~~***~~


Era tarde da noite quando Mimir chegou com os cavalos e o pequeno dragão verde que só faltava babar nele. A amazona não sabia o porquê daqueles dragões gostarem tanto do seu povo, mas ela devia admitir que gostava daqueles seres inteligentes e corajosos.

Ela amarrou os cavalos em alguns arbustos e entrou na caverna de Sanet onde, em volta da fogueira, estavam reunidos Arkan, Fliyn, Maleah, Sara, Gabe e um dragãozinho vermelho sentado no colo de Gabe. O chefe dos dragões estava mais afastado roncando alto como uma chuva de granizo.

— Ola Mimir! – Sara sorriu para ela com o rosto sujo de raiz da batata roxa – Esse lugar é demais, espere até ver as histórias que os dragões sabem!

— Ola Sara – ele sorriu para a menina que tinha conquistado o seu respeito e afeição.

— Boa noite senhorita Greal – Arkan disse se levantando – Gostaria de apresentar o meu filho Flyn, meu sobrinho Maleah, Gabe irmão de Sara e o dragão Tildo.

Tildo saltitou até ela olhando-a com curiosidade.

— Porque você é dessa cor? Eu nunca vi humanos assim! Sabe que é muito bonita para um ser humano. Eu ouvia os dragões verdes falarem de vocês, mas eu nunca tinha visto. É verdade que as fêmeas do seu grupo são quem lutam? Legal! As nossas também, mas as elfas e as humanos não lutam...

— Tildo cala a boca – resmungou Sanet do outro lado da caverna com fumaça saindo pelo nariz.

O dragão vermelho nem pareceu ligar, mas se calou e voltou para o colo de Gabe.

— Boa noite a todos – disse ele rindo do comportamento do outro – Amazona Mimir Greal – olhou Gabe que tremeu ante o olhar frio dele – Então você é o causador de tudo isso?

— O que essa marmota andou falando com você? – Gabe olhou Sara que ficou vermelha.

— Quem você ta chamando de marmota seu projeto de homem!

— Acho que o único projeto aqui é você, se achando uma grande mulher por ter chegado aqui!

— Você fez o favor de trazer a mãe sabe Deus para onde e ainda se acha?!

— Se disserem mais uma única coisa eu torro vocês! – gritou Sanet fazendo chover terra do teto da caverna.

Os dois ficaram quietos enquanto Mimir sentava perto dos elfos e começava a conversar com eles. Arkan lhe serviu um pouco de carne e raiz que ele comeu com avidez.

— Se o dgim não o trouxe aqui o melhor mesmo é voltar para Haven e tentar um grupo de busca mais organizado – disse Mimir sobre Paul – Ficar andando por ai não vai resolver nada e acho que os outros devem saber que pelo menos Maleah e Gabe estão bem, sem contar que devem estar preocupados com Sara.

— Amanhã deixo você perto da fronteira, não posso ir mais longe – disse Sanet e olhou a amazona – O que quer fazer amazona? Infelizmente não vai dar para transportar os cavalos e pode seguir viagem daqui para o norte, os meus podem escoltá-la.

Mimir olhou para as pessoas que tinha conhecido e pela primeira vez na vida sentiu que não queria pegar a estrada, que gostaria muito de continuar a participar da vida deles. Olhou para Arkan que ficou vermelho e entendeu bem a sua relutância.

— Posso também cuidar do cavalo e deixá-lo com os seus compatriotas, há manadas ao sul e eu podia pedir o favor que aceitassem os dois em suas fileiras.

— Eu não queria que você fosse embora – Sara estava de cabeça baixa brincando com a barra da camisa que usava – Eu gosto de você.

— Eu também gosto de você Sara e vou aceitar a sua oferta Sanet, cuide dos meus cavalos e eu continuo com eles.

Sara deu um gritinho e pulou no colo dela, mas os olhos castanhos da amazona não deixavam o elfo mais velho.

Amazonas se união apenas uma vez em suas vidas. Podiam até ter muitos parceiros sexuais, mas amor só acontecia uma vez. Algo naquele elfo dizia a ela que ele era o seu companheiro e ela havia aprendido a respeitar os desejos da Deusa, ela era sabia.

Depois disso foram arrumar seus locais para dormir e Flyn ficou perto de Maleah para conversar.

— Como você está? – ele perguntou tocando na testa do primo que tinha o olhar perdido.

— Eu estou melhor desde que seu pai me obrigou a comer – ele deu um sorriso fraco para ele – Mas estou com saudades de Capela e nem sei como vai ser esse casamento. Acho que ele me odeia afinal meu próprio pai me odeia.

— Pare de falar bobagens! Seu pai tem uma visão distorcida das coisas e não pode ser usado como exemplo de nada Maleah. Eu e meu pai amamos você e tenho certeza que seu marido vai também quando o conhecer melhor.

— Depois do que aconteceu acho que a minha alto estima foi lá no chão.

— Olha – Flyn deitou do lado dele colocando a cabeça do seu primo no seu peito – Logo vamos estar em Haven e ai podemos pensar com calma sobre o futuro.

Maleah deixou-se levar pelo cheiro e o calor reconfortante do primo que fazia carinhos em seus cabelos. Seria tão mais fácil se seu marido fosse Flyn. Ele era doce e sempre o compreendia. Com esses pensamentos acabou caindo no sono.

Arkan havia colocado as crianças para dormir e arrumado Tildo para que não machucasse Gabe com suas asas. O dragão agora não dormia em nem um outro lugar que não fosse com o menino.

Voltou para junto da fogueira para terminar de arrumar tudo quando percebeu que a amazona havia colocado mais lenha na fogueira e levado o lixo para fora.

— Obrigado – ele sorriu para ela.

— Você é bom com crianças.

— Adoro elas. É uma pena que cresçam e enfrentem esse mundo – olhos o filho e o sobrinho que dormiam abraçados.

— Meu povo ama a vida, comemoramos ela a cada dia. Sei que está passando por momentos complicados, mas acredito que o tempo é um bom remédio.

— Eu espero – ele sorriu para ela ficando constrangido com a beleza daquela mulher.

Ela em nada lembrava uma elfa. Era forte, decidida, de uma beleza fresca que fazia seu coração palpitar. Gostava e pessoas assim, fossem homens ou mulheres.

— Você gosta de mim – disse ela e não era uma pergunta.

— Eu... – ele se atrapalhou todo com a pergunta.

Nossa! Ela era direta.

— Eu gosto de você Arkan. Posso, à primeira vista, não ter sido das mais educadas, mas eu sou uma pessoa desconfiada por natureza. Quando pude ti olhar com mais calma eu percebi que gosto da sua calma, da sua voz doce.

— Eu... Mimir acho que não é o melhor momento para isso. Eu não passo de um elfo em fuga e sem casa.

— Eu sou uma amazona Arkan! Eu ti darei a casa que merece, eu cuidarei de você.

— Meu povo não vive assim Mimir.

— O meu sim. E é assim que eu quero e é assim que as coisas vão ser – segurou o queixo do elfo – Eu gosto de dominar Arkan, assim fui criada, mas também gosto de cuidar e vejo em seus olhos que você esteve só por muito tempo. Deixe cuidar de você.

— Eu não sei. Eu sou um cuidador e você agora vem me dizer que quer cuidar de mim e isso me soa tão... impróprio.

— Não pense em impropriedade, mas naquilo que você quer!

— Será que posso pensar Mimir? Estamos ainda em uma jornada incerta e decidir algo assim não é uma boa ideia.

— Está bem belo elfo – ela abraçou ele – Mas quero ti dar algo.

O beijo com Mimir era algo que parecia refletir sua personalidade. Dominadora e doce. Era como o mais delicioso dos vinhos, inebriante. A língua quente da amazona invadiu sua boca com força e determinação deixando o gosto de mel e canela na sua. Só pararam o beijo quando Arkan achou que morreria sem ar.

— Só até o fim dessa jornada elfo, mas nunca esqueça uma coisa. Você é meu.

Havia tanta possessividade na voz dela que ele não conseguiu prender um gemido de pura luxuria.  


3 comentários:

  1. Nossa, que capitulo incrivel, to super ansiosa para ver os reencontros. Aiai tadinho do Arkan com a Mimir kkkkkkkkkkkkkkkk Adorooo

    ResponderExcluir
  2. Cara...eu venho ao site especialmente para ver o desfecho deste conto que eu achei ótimo ^^, cara achei o site por acaso procurando coisas sobre elfo e particularmente dei uma lidinha e adorei...pena q ta demorando pra ter uma continuação...

    ResponderExcluir
  3. Oláá!! Adoro suas histórias. Leio tudo que está disponível. Conheci seu blog através do blog do Kiko. E já sou fã. Torço pra que vc volte a se inspirar nesses personagens maravilhosos que criou e volte logo com mais pra nós.
    Bjinho

    ResponderExcluir