Capitulo 4 – O Harém
do Rei
A Grogan entrou na atmosfera do
planeta e se dirigiu para o estado de Layeli onde ficava a capital do império
dos ghals. Nas telas da nave se via a capital Shams, brilhando imensa perto na
região das águas. A capital foi construída em um grande entroncamento de rios e
assim havia água por toda a parte assim como jardins e bosques. Em todo o lugar
havia algo verde ou colorido. A leste da cidade ficava o espaço porto imenso
onde as naves militares da frota ghal.
— Vai ficar de bico o tempo todo?
– perguntou Kafen para Hafiz que estava sentado do lado dele em duas poltronas
perto de uma grande tela panorâmica.
— Sabe que ainda estou preocupado
com o que fez Kafen, mas agora estou contrariado por ter tratado eles daquele
modo. Fez o aurifense desmaiar?
Kafen olhou feio para o irmão.
Ele era o Príncipe Guerreiro e não devia explicações de sua vida para ninguém,
mas Hafiz era sua família e ele respeitava muito isso.
— São meus escravos agora Hafiz,
devem me dar prazer.
— Eu sei – o príncipe se admirou
ao ver a dor nas palavras do irmão – Sabe eu olhei para aquele povo estranho e
vi que não tinham escravos.
— Será que pode dizer logo o que
esta entalado em sua garganta?
— Ta certo! Eu estive pensando se
o que fazemos esta certo.
— E o que fazemos?
— Escravizar e maltratar os mais
fracos.
— Nós não maltratamos as pessoas
Hafiz – ele já estava ficando contrariado com aquilo.
— Não? O que fez agora pouco?
— Olha eu posso ter me excedido
Hafiz, mas logo eles vão também ter prazer como todos dos nosso harém.
— São pessoas de mundos diferente
Kafen. Tome cuidado. O aurifense é muito resistente, mas viu como são os
humanos. Quebram fácil.
Kafen virou o rosto contrariado
para a tela onde eles desciam para o espaço porto onde linhas gravitacionais
foram instaladas para suportar o peso da nave e ela não afundar no solo com
seus milhões de toneladas.
— Finalmente em casa – disse ele
feliz e aliviado.
— Preciso voltar para Mizmar –
disse Hafiz se levantando com ele.
— Não ficara nem uns dias?
— Não posso. Estamos com
problemas com aqueles benditos beduínos do deserto. Estive tentando um encontro
com os chefes das tribos e só consegui silencio.
— Use o meu nome, acho que isso
vai surtir algum efeito.
— Naqueles velhos? – Hafiz sorriu
para o irmão enquanto o acompanhava para sair da nave.
Eles desceram os elevadores rumo
à saída da nave e desceram a rampa junto com outros oficiais que cumprimentavam
eles com respeito. Dois guardas desciam arrastando Itieu e Gael, nus e presos
em correntes nos pulsos, tornozelos e agora ambos tinham as coleiras de prata
dos escravos.
— Precisava disso? – resmungou
Hafiz para Kafen – Eles tinham que ser humilhados desse modo?
— É o melhor modo de saberem o
seu lugar – disse Kafen desviando os olhos dos escravos e descendo a rampa para
o carro oficial que esperava por eles.
~~***~~
Itieu e Gael foram empurrados
para a carroceria de um caminhão sem janelas. O aurifense aterrissou com um
baque no chão metálico assim como o humano que ficou quieto e mole no chão.
Ele se arrastou para Gael
percebendo que ele não estava bem.
— Gael?
O outro não respondeu e Itieu
tocou na testa quente dele percebendo sua febre, alem de tudo o humano parecia
em choque ele mesmo se sentia dolorido por tudo e cheio de uma raiva surda por
ter sido estuprado por aquele ghal maldito, mas a maior humilhação foi terem
colocado uma coleira nele e o obrigado a desceu nu em meio às pessoas.
As portas foram fechadas e eles
ficaram na escuridão da carroceria e sacolejaram por muito tempo até que o
veiculo parou e alguém abriu a porta com tudo.
— Saiam logo – resmungou um
guarda mal humorado.
— Gael? – Itieu segurou o braço
do rapaz e o ajudou a sair da carroceria.
Haviam mais guardas lá fora.
Estavam em um pátio largo e ladrilhado por pedras escuras e onde havia um
grande portão de madeira todo trabalhado com flores esculpidas. O guarda
segurou suas correntes e deu um puxão forte derrubando Gael no chão.
— Imbecil! – xingou Itieu cheio
de raiva para o guarda que o olhou rindo e apertou algo em sua mão e
imediatamente a sua coleira vibrou e seu corpo foi sacudido por um choque que o
pôs de joelhos.
— O que pensa que esta fazendo? –
um rapaz vestido com uma calça larga de seda e uma camisa do mesmo tecido havia
aberto o portão e tomava o controle do guarda com raiva – Que direito tem de
aplicar disciplina aos escravos do príncipe quando você não é nada?
— Cale a boca escravo – rosnou o
guarda.
— Vocês tem suas ordens! Tirem as
corrente e saiam daqui!
O guarda parecia que ia retrucar,
mas um homem alto e forte saiu do portão. Ele se vestia como os guardas, com
uma calça de tecido grosso, botas de cano alto pretas e jaqueta, mas enquanto
as dos guardas que vieram com eles do espaço porto eram azuis as roupas daquele
homem eram brancas.
Eles foram soltos e o rapaz
correu para ele perguntando:
— Tudo bem?
Itieu deu um pulo para trás com
medo do que podia acontecer com ele, mas nos olhos negros do rapaz ele apenas
viu bondade.
— Esta tudo bem – ele levantou as
mãos – Meu nome é Raqsa e eu vou cuidar de vocês – olhou o guarda – Kamar pegue
o outro, ele parece doente.
O grande homem acenou com a
cabeça e pegou Gael que estava no chão tremendo e pálido.
Itieu olhou em volta vendo que
não havia saída. Do outro lado do pátio havia outro portão ainda mais alto que
aquele e com dois outros guardas e alem de tudo aonde ele iria naquele mundo.
Aceitou a ajuda de Raqsa para se
levantar.
O rapaz era da altura de Gael com
a pele morena, os cabelos em cachos emolduravam um belo rosto onde se
destacavam olhos verdes e inteligentes.
— Venha.
Eles entraram em um jardim. Era
muito grande, como um parque, mas cercado de muros de mais de dez metros de
altura. Haviam muitas árvores, canteiros e pequenos córregos por todo o lado.
Uma grande construção branca e cheia de arcos chamou a atenção de Itieu por sua
beleza arquitetônica. Eles foram para lá e ele percebeu que estava cheio de
rapazes em vários níveis de nudeza espalhados em poltronas e almofadas, nadando
em piscinas de pedra ou simplesmente ao sol em posições languidas.
Ele já havia ouvido falar de
lugares como aqueles e percebeu que estava em um harém.
— Venha – Raqsa o puxava para a
construção onde ele pode ver a construção melhor.
Haviam uma larga e arejada
varanda em volta de toda ela. O piso era de uma pedra rosa muito polido e as
paredes brancas cobertas de quadros de paisagens e guerreiros. Haviam divãs por
todo o lado com muitas almofadas e mantas. Dentro havia uma grande sala onde
pode ver uma televisão de tela plana cobrindo parte de uma parede e muitos sofás
e pequenas mesas com tampo de vidro e cadeiras de ferro fundido. Havia um
corredor que lavava aos quartos e eles entraram por eles indo até o fim onde o
rapaz abriu a porta e ele pode ver que era um quarto grande e arejado com duas
camas, poltronas perto da janela que dava para um jardim e uma fonte, uma mesa
com duas cadeiras e outra porta onde Raqsa mostrou o grande banheiro em mármore
azul muito comum naquele planeta.
— Deixe-o ai – disse ele para o
taciturno guarda que colocou delicadamente Gael em uma cama, acenou para Itieu
e fez um carinho em Raqsa antes de sair.
— Apenas Kamar pode ficar aqui –
disse o rapaz sentando perto do humano e tocando a sua testa – O príncipe sabe
que ele é um homem discreto e fiel, não toca nos seus escravos.
— Mas...
— Ele é meu marido – ele deu uma
risada – Meu príncipe me libertou para que pudesse ficar com ele desde que
continuasse a cuidar do harém, sou muito grato a ele.
— Grato? – Itieu colocou toda a
sua raiva e nojo naquela palavra – Ele é um seqüestrador nojento e um estuprador
desgraçado. Olhe o que fez a ele!
— Lamento por você e seu amigo,
mas eu era um prostituto de rua quando ele me pegou e colocou no harém. Foi gentil
e me deu muito, eu sou grato a ele – olhou Gael – Mas ele não é de fazer isso.
— Raqsa deve haver um modo de
fugir daqui! – Itieu se aproximou dele com urgência na voz.
— Como se chama? – perguntou o
ghal com sua voz calma.
— Me desculpe, sou Itieu Tha Gaol
de Aurifen.
— Prazer Itieu. Respondendo a sua
pergunta, pode ser que consiga sair do palácio, mas enquanto estiver com a
coleira pode ser localizado em qualquer lugar e alem disso as naves de Ghalib
tem uma assinatura genética, se não for ghal não poderá ligá-la.
— Não preciso ligá-la – disse ele
cheio de raiva – Preciso apenas de um radio e meus pais vão saber. Quero ver
Kafen manter a sua empáfia com a frota da federação na sua porta.
— Você tem o direito de querer a
liberdade Itieu – Raqsa se levantou – Mas já pensou no povo do meu mundo? Eles não
têm culpa de tudo isso e a federação não vai pensar desse modo. No final nós é
que sofreremos.
— Eu não quero isso Raqsa!
— Desculpe – ele ficou vermelho –
Eu acabei usando o meu povo para ti assustar. Se eu pudesse ti ajudar eu faria.
Todos nós aqui estamos por contrato, cada um de nós aceita ser escravo de um
harém e ser paparicado, é um estranho precedente um escravo seqüestrado.
— Ah! – Itieu estava cansado e
por isso acabou sentando – Acho que o que quero agora é um banho e vestir algo.
— Olha o que faremos você pode
tomar um banho enquanto chamo um médico para seu companheiro. Há roupas nos armários
e você pode usar.
Itieu olhou para o rosto vermelho
de Gael e aceitou indo para o banho desanimado.
Raqsa fez um carinho em Gael e
saiu do quarto, no corredor Kamar esperava por ele com os braços cruzados e a expressão
fechada.
— Vou pedir para o doutor Meride
olhe um deles.
— Isso vai trazer problemas
Raqsa. Eles não são como nós.
— Eu sei quem um deles é, ele é
um príncipe. Vi na TV um dia contando a história daquele mundo distante.
— Ficar contra a Terra não é um
bom negócio, mesmo com a frota que temos a federação nos esmagaria em segundos.
— Temos que ter cuidado – olhou o
corredor – Há muitas orelhas por ai. Mesmo que Kafen seja o nosso melhor príncipe
há um complô para que ele seja destituído e a antiga ordem volte.
Kamar tocou no rosto de Raqsa.
— Que a Grande Alma cuide de nós
se isso acontecer. O antigo regime nos separaria e mataria você por ter casado
comigo.
— Eu ouvi dentro do palácio e
ouvi Hamdu falar que ia ter uma conversa com o príncipe hoje – ele abraço Kamar
encostando a cabeça no largo peito do guarda sentindo as batidas firmes do
coração dele.
— Hamdu Asef? Do serviço secreto?
— Ele e Kafen são amigos há anos
e o príncipe confia nele como nem um outro. Ele precisa saber o que o conselho
esta fazendo – Raqsa esfregou o rosto no peito dele sentindo o cheiro de canela
que o marido tinha.
— Pare assim vou me esquecer que
estamos trabalhando e ti encosto nessa parede e faço amor com você!
— Ora estamos em um harém – Raqsa
mexeu as sobrancelhas sorrindo e Kamar riu dando um beijinho na ponta do seu
nariz.
— Pare com isso.
— O que pensam que estão fazendo?
– disse uma voz desagradável atrás deles e Raqsa revirou os olhos – Isso não é
lugar para dois empregadinhos ficarem se agarrando!
— Porque não vai se queimar no
sol até virar cinzas As’ah!
Ele se virou olhando para o
escravo. Era um rapaz de pele cor de cobre, olhos de um verde claro translúcido,
cabelos lisos até os quadris e rosto fino e atraente. Seu corpo era esguio, mas
com alguns músculos. Era do norte e um dos mais belos escravos do príncipe.
As’ah era um rapaz cheio de si, desagradável
e que tratava todos com descaso graças ao seu titulo de preferido do príncipe. Gostava
de espezinhar os outros escravos e transformar a sua vida em um inferno.
Suas roupas eram sempre
transparentes mostrando todo seu corpo e ele usava apenas uma calça folgada
onde se podia ver claramente o pênis e bolas onde um fio de ouro e diamantes
estava enrolado mostrando seu status.
— Morda a língua escravo de casa.
Eu estou muito acima de um resto como você!
— Claro que sim – Raqsa passou
por ele esbarrando no seu ombro – Está tão cheio de si que esta subindo para o
céu como um balão – olhou Kamar que estava com o rosto vermelho de raiva, seu
marido não podia dirigir a palavra a nem um escravo – Kamar cuide da porta e
não deixe nem um entrar.
Ele inclinou a cabeça enquanto As’ah
olhava para ele com o desdém que se dá a algo sujo no chão e saiu pisando duro atrás
do outro.
~~***~~
Kafen não estava nada feliz com o
que Hamdu estava lhe contando e mesmo que confiasse a sua vida nele, achava que
o seu chefe da inteligência estava enganado.
— Você não esta acreditando, não
é? – frustrado Hamdu balançou a cabeça.
Hamdu Asef era da idade de Kafen
e foram amigos de escola. Enquanto Hamdu foi para uma faculdade, Kafen foi para
a cidades do norte viver com os nômades e lutar nas arenas, mesmo que
legalmente elas fossem ilegais. Sua pela era clara, dourada, mostrando sua descendência
do povo do sul. Os olhos verdes escuros eram frios e determinados, o corpo era
musculoso e magro.
— Eu acredito em você Hamdu, mas
acho que as informações que chegaram só podem estar erradas. Foi o conselho que
me colocou no poder, porque agora ia conspirar para me tirar daqui?
— Porque achavam que você podia
trazer o antigo regime de volta já que viveu por muito tempo entre os
tradicionalistas nômades. Mas você não fez isso e na verdade esta mudando as
leis em favor dos escravos e submissos, isso os deixa loucos.
— Certo – Kafen se levantou indo
para a janela que dava para os jardins – Suponhamos que eles estejam querendo
me derrubar. Quanto poder eles podem ter para isso? Acha que podem influenciar
o exercito?
— Não, mas parte do alto escalão
sim. Eu disse para você que eles deviam ser trocados Kafen. Eram leais as
loucuras do antigo príncipe e agora estão querendo voltar para suas orgias
regradas a assassinatos e torturas.
— É uma acusação pesada Hamdu.
O agente suspirou passando as
mãos pelos cabelos curtos.
— Todo o relatório esta em seu
computador pessoal. Leia e pense Kafen, enquanto isso temos outro assunto grave
para tratar – olhou duro para ele – Você seqüestrou duas pessoas de raças
diferentes?
— Eu não quero conversar sobre
isso Hamdu!
— Kafen, são pessoas livres. Se as
queria devia ter apresentado um contrato, não feito o que fez. Você sabe sobre
a federação da Terra e sabe o poder que ela tem.
— A Terra não vai ter nada contra
nós. Seus próprios soldados estão traficando e são bons para encobrir isso.
— Tudo bem, eles podem não descobrir,
mas e nós? Se estamos tentando mudar o velho regime, como vamos fazer isso se
agimos como eles?
— Hamdu eu lamento, mas isso não
está em discussão! – Kafen foi duro – Os escravos são meus agora e fim de
conversa. O que posso dizer é que não vou mais seqüestrar nem um estrangeiro,
alem disso meu status frente aos nobres vai subir.
— E seu status frente ao povo
Kafen?
Kafen endureceu o rosto teimosamente.
ELE era o Príncipe Guerreiro! Ele sempre estava certo, mesmo que dentro de si
uma pequena voz lhe perguntava o que diabos estava fazendo!
Dalla, tudo bem?
ResponderExcluirEu vi sua resposta no meu blog. Desculpe a demora, mas é que estou entrando raramente na internet. Tenho estado ocupado. Mas enfim, eu enviei o e-mail para os dois endereços e confirmei que eles estão exatamente como você me passou. Que estranho eles não terem chegado... Mas enfim, não importa, não era nada importante, então fique tranquila. Agora, sobre o capítulo, ficou ótimo. Essa inspiração na cultura árabe trouxe um tempero especial pro clima da história. Ao que parece, essa temporada será mais voltada para intrigas palacianas e jogos políticos do que uma guerra violenta como a de Aurifen. Será que você não cria um personagem inspirado em mim, não?! hahahaahaa. É que as vezes nos transportamos pra dentro da história e nos imaginamos personagens dentro dela. Gostei bastante.
Aguardo os demais capítulos!