Minha lista de blogs

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Escravo - Capitulo 4 O Harém do Principe

Capitulo 4 – O Harém do Rei




A Grogan entrou na atmosfera do planeta e se dirigiu para o estado de Layeli onde ficava a capital do império dos ghals. Nas telas da nave se via a capital Shams, brilhando imensa perto na região das águas. A capital foi construída em um grande entroncamento de rios e assim havia água por toda a parte assim como jardins e bosques. Em todo o lugar havia algo verde ou colorido. A leste da cidade ficava o espaço porto imenso onde as naves militares da frota ghal.

— Vai ficar de bico o tempo todo? – perguntou Kafen para Hafiz que estava sentado do lado dele em duas poltronas perto de uma grande tela panorâmica.

— Sabe que ainda estou preocupado com o que fez Kafen, mas agora estou contrariado por ter tratado eles daquele modo. Fez o aurifense desmaiar?

Kafen olhou feio para o irmão. Ele era o Príncipe Guerreiro e não devia explicações de sua vida para ninguém, mas Hafiz era sua família e ele respeitava muito isso.

— São meus escravos agora Hafiz, devem me dar prazer.

— Eu sei – o príncipe se admirou ao ver a dor nas palavras do irmão – Sabe eu olhei para aquele povo estranho e vi que não tinham escravos.

— Será que pode dizer logo o que esta entalado em sua garganta?

— Ta certo! Eu estive pensando se o que fazemos esta certo.

— E o que fazemos?

— Escravizar e maltratar os mais fracos.   

— Nós não maltratamos as pessoas Hafiz – ele já estava ficando contrariado com aquilo.

— Não? O que fez agora pouco?

— Olha eu posso ter me excedido Hafiz, mas logo eles vão também ter prazer como todos dos nosso harém.

— São pessoas de mundos diferente Kafen. Tome cuidado. O aurifense é muito resistente, mas viu como são os humanos. Quebram fácil.

Kafen virou o rosto contrariado para a tela onde eles desciam para o espaço porto onde linhas gravitacionais foram instaladas para suportar o peso da nave e ela não afundar no solo com seus milhões de toneladas.

— Finalmente em casa – disse ele feliz e aliviado.

— Preciso voltar para Mizmar – disse Hafiz se levantando com ele.

— Não ficara nem uns dias?
— Não posso. Estamos com problemas com aqueles benditos beduínos do deserto. Estive tentando um encontro com os chefes das tribos e só consegui silencio.

— Use o meu nome, acho que isso vai surtir algum efeito.

— Naqueles velhos? – Hafiz sorriu para o irmão enquanto o acompanhava para sair da nave.  

Eles desceram os elevadores rumo à saída da nave e desceram a rampa junto com outros oficiais que cumprimentavam eles com respeito. Dois guardas desciam arrastando Itieu e Gael, nus e presos em correntes nos pulsos, tornozelos e agora ambos tinham as coleiras de prata dos escravos.

— Precisava disso? – resmungou Hafiz para Kafen – Eles tinham que ser humilhados desse modo?

— É o melhor modo de saberem o seu lugar – disse Kafen desviando os olhos dos escravos e descendo a rampa para o carro oficial que esperava por eles.

~~***~~

Itieu e Gael foram empurrados para a carroceria de um caminhão sem janelas. O aurifense aterrissou com um baque no chão metálico assim como o humano que ficou quieto e mole no chão.

Ele se arrastou para Gael percebendo que ele não estava bem.

— Gael?

O outro não respondeu e Itieu tocou na testa quente dele percebendo sua febre, alem de tudo o humano parecia em choque ele mesmo se sentia dolorido por tudo e cheio de uma raiva surda por ter sido estuprado por aquele ghal maldito, mas a maior humilhação foi terem colocado uma coleira nele e o obrigado a desceu nu em meio às pessoas.

As portas foram fechadas e eles ficaram na escuridão da carroceria e sacolejaram por muito tempo até que o veiculo parou e alguém abriu a porta com tudo.

— Saiam logo – resmungou um guarda mal humorado.

— Gael? – Itieu segurou o braço do rapaz e o ajudou a sair da carroceria.

Haviam mais guardas lá fora. Estavam em um pátio largo e ladrilhado por pedras escuras e onde havia um grande portão de madeira todo trabalhado com flores esculpidas. O guarda segurou suas correntes e deu um puxão forte derrubando Gael no chão.

— Imbecil! – xingou Itieu cheio de raiva para o guarda que o olhou rindo e apertou algo em sua mão e imediatamente a sua coleira vibrou e seu corpo foi sacudido por um choque que o pôs de joelhos.

— O que pensa que esta fazendo? – um rapaz vestido com uma calça larga de seda e uma camisa do mesmo tecido havia aberto o portão e tomava o controle do guarda com raiva – Que direito tem de aplicar disciplina aos escravos do príncipe quando você não é nada?

— Cale a boca escravo – rosnou o guarda.

— Vocês tem suas ordens! Tirem as corrente e saiam daqui!

O guarda parecia que ia retrucar, mas um homem alto e forte saiu do portão. Ele se vestia como os guardas, com uma calça de tecido grosso, botas de cano alto pretas e jaqueta, mas enquanto as dos guardas que vieram com eles do espaço porto eram azuis as roupas daquele homem eram brancas.

Eles foram soltos e o rapaz correu para ele perguntando:

— Tudo bem?

Itieu deu um pulo para trás com medo do que podia acontecer com ele, mas nos olhos negros do rapaz ele apenas viu bondade.

— Esta tudo bem – ele levantou as mãos – Meu nome é Raqsa e eu vou cuidar de vocês – olhou o guarda – Kamar pegue o outro, ele parece doente.

O grande homem acenou com a cabeça e pegou Gael que estava no chão tremendo e pálido.

Itieu olhou em volta vendo que não havia saída. Do outro lado do pátio havia outro portão ainda mais alto que aquele e com dois outros guardas e alem de tudo aonde ele iria naquele mundo.

Aceitou a ajuda de Raqsa para se levantar.

O rapaz era da altura de Gael com a pele morena, os cabelos em cachos emolduravam um belo rosto onde se destacavam olhos verdes e inteligentes.

— Venha.

Eles entraram em um jardim. Era muito grande, como um parque, mas cercado de muros de mais de dez metros de altura. Haviam muitas árvores, canteiros e pequenos córregos por todo o lado. Uma grande construção branca e cheia de arcos chamou a atenção de Itieu por sua beleza arquitetônica. Eles foram para lá e ele percebeu que estava cheio de rapazes em vários níveis de nudeza espalhados em poltronas e almofadas, nadando em piscinas de pedra ou simplesmente ao sol em posições languidas.

Ele já havia ouvido falar de lugares como aqueles e percebeu que estava em um harém.

— Venha – Raqsa o puxava para a construção onde ele pode ver a construção melhor.

Haviam uma larga e arejada varanda em volta de toda ela. O piso era de uma pedra rosa muito polido e as paredes brancas cobertas de quadros de paisagens e guerreiros. Haviam divãs por todo o lado com muitas almofadas e mantas. Dentro havia uma grande sala onde pode ver uma televisão de tela plana cobrindo parte de uma parede e muitos sofás e pequenas mesas com tampo de vidro e cadeiras de ferro fundido. Havia um corredor que lavava aos quartos e eles entraram por eles indo até o fim onde o rapaz abriu a porta e ele pode ver que era um quarto grande e arejado com duas camas, poltronas perto da janela que dava para um jardim e uma fonte, uma mesa com duas cadeiras e outra porta onde Raqsa mostrou o grande banheiro em mármore azul muito comum naquele planeta.

— Deixe-o ai – disse ele para o taciturno guarda que colocou delicadamente Gael em uma cama, acenou para Itieu e fez um carinho em Raqsa antes de sair.

— Apenas Kamar pode ficar aqui – disse o rapaz sentando perto do humano e tocando a sua testa – O príncipe sabe que ele é um homem discreto e fiel, não toca nos seus escravos.

— Mas...

— Ele é meu marido – ele deu uma risada – Meu príncipe me libertou para que pudesse ficar com ele desde que continuasse a cuidar do harém, sou muito grato a ele.

— Grato? – Itieu colocou toda a sua raiva e nojo naquela palavra – Ele é um seqüestrador nojento e um estuprador desgraçado. Olhe o que fez a ele!

— Lamento por você e seu amigo, mas eu era um prostituto de rua quando ele me pegou e colocou no harém. Foi gentil e me deu muito, eu sou grato a ele – olhou Gael – Mas ele não é de fazer isso.

— Raqsa deve haver um modo de fugir daqui! – Itieu se aproximou dele com urgência na voz.

— Como se chama? – perguntou o ghal com sua voz calma.

— Me desculpe, sou Itieu Tha Gaol de Aurifen.

— Prazer Itieu. Respondendo a sua pergunta, pode ser que consiga sair do palácio, mas enquanto estiver com a coleira pode ser localizado em qualquer lugar e alem disso as naves de Ghalib tem uma assinatura genética, se não for ghal não poderá ligá-la.

— Não preciso ligá-la – disse ele cheio de raiva – Preciso apenas de um radio e meus pais vão saber. Quero ver Kafen manter a sua empáfia com a frota da federação na sua porta.

— Você tem o direito de querer a liberdade Itieu – Raqsa se levantou – Mas já pensou no povo do meu mundo? Eles não têm culpa de tudo isso e a federação não vai pensar desse modo. No final nós é que sofreremos.  

— Eu não quero isso Raqsa!

— Desculpe – ele ficou vermelho – Eu acabei usando o meu povo para ti assustar. Se eu pudesse ti ajudar eu faria. Todos nós aqui estamos por contrato, cada um de nós aceita ser escravo de um harém e ser paparicado, é um estranho precedente um escravo seqüestrado.

— Ah! – Itieu estava cansado e por isso acabou sentando – Acho que o que quero agora é um banho e vestir algo.

— Olha o que faremos você pode tomar um banho enquanto chamo um médico para seu companheiro. Há roupas nos armários e você pode usar.

Itieu olhou para o rosto vermelho de Gael e aceitou indo para o banho desanimado.

Raqsa fez um carinho em Gael e saiu do quarto, no corredor Kamar esperava por ele com os braços cruzados e a expressão fechada.

— Vou pedir para o doutor Meride olhe um deles.

— Isso vai trazer problemas Raqsa. Eles não são como nós.

— Eu sei quem um deles é, ele é um príncipe. Vi na TV um dia contando a história daquele mundo distante.

— Ficar contra a Terra não é um bom negócio, mesmo com a frota que temos a federação nos esmagaria em segundos.

— Temos que ter cuidado – olhou o corredor – Há muitas orelhas por ai. Mesmo que Kafen seja o nosso melhor príncipe há um complô para que ele seja destituído e a antiga ordem volte.

Kamar tocou no rosto de Raqsa.

— Que a Grande Alma cuide de nós se isso acontecer. O antigo regime nos separaria e mataria você por ter casado comigo.

— Eu ouvi dentro do palácio e ouvi Hamdu falar que ia ter uma conversa com o príncipe hoje – ele abraço Kamar encostando a cabeça no largo peito do guarda sentindo as batidas firmes do coração dele.

— Hamdu Asef? Do serviço secreto?

— Ele e Kafen são amigos há anos e o príncipe confia nele como nem um outro. Ele precisa saber o que o conselho esta fazendo – Raqsa esfregou o rosto no peito dele sentindo o cheiro de canela que o marido tinha.

— Pare assim vou me esquecer que estamos trabalhando e ti encosto nessa parede e faço amor com você!

— Ora estamos em um harém – Raqsa mexeu as sobrancelhas sorrindo e Kamar riu dando um beijinho na ponta do seu nariz.

— Pare com isso.

— O que pensam que estão fazendo? – disse uma voz desagradável atrás deles e Raqsa revirou os olhos – Isso não é lugar para dois empregadinhos ficarem se agarrando!

— Porque não vai se queimar no sol até virar cinzas As’ah!

Ele se virou olhando para o escravo. Era um rapaz de pele cor de cobre, olhos de um verde claro translúcido, cabelos lisos até os quadris e rosto fino e atraente. Seu corpo era esguio, mas com alguns músculos. Era do norte e um dos mais belos escravos do príncipe.

As’ah era um rapaz cheio de si, desagradável e que tratava todos com descaso graças ao seu titulo de preferido do príncipe. Gostava de espezinhar os outros escravos e transformar a sua vida em um inferno.

Suas roupas eram sempre transparentes mostrando todo seu corpo e ele usava apenas uma calça folgada onde se podia ver claramente o pênis e bolas onde um fio de ouro e diamantes estava enrolado mostrando seu status.  

— Morda a língua escravo de casa. Eu estou muito acima de um resto como você!

— Claro que sim – Raqsa passou por ele esbarrando no seu ombro – Está tão cheio de si que esta subindo para o céu como um balão – olhou Kamar que estava com o rosto vermelho de raiva, seu marido não podia dirigir a palavra a nem um escravo – Kamar cuide da porta e não deixe nem um entrar.

Ele inclinou a cabeça enquanto As’ah olhava para ele com o desdém que se dá a algo sujo no chão e saiu pisando duro atrás do outro.

~~***~~

Kafen não estava nada feliz com o que Hamdu estava lhe contando e mesmo que confiasse a sua vida nele, achava que o seu chefe da inteligência estava enganado.

— Você não esta acreditando, não é? – frustrado Hamdu balançou a cabeça.

Hamdu Asef era da idade de Kafen e foram amigos de escola. Enquanto Hamdu foi para uma faculdade, Kafen foi para a cidades do norte viver com os nômades e lutar nas arenas, mesmo que legalmente elas fossem ilegais. Sua pela era clara, dourada, mostrando sua descendência do povo do sul. Os olhos verdes escuros eram frios e determinados, o corpo era musculoso e magro.

— Eu acredito em você Hamdu, mas acho que as informações que chegaram só podem estar erradas. Foi o conselho que me colocou no poder, porque agora ia conspirar para me tirar daqui?

— Porque achavam que você podia trazer o antigo regime de volta já que viveu por muito tempo entre os tradicionalistas nômades. Mas você não fez isso e na verdade esta mudando as leis em favor dos escravos e submissos, isso os deixa loucos.

— Certo – Kafen se levantou indo para a janela que dava para os jardins – Suponhamos que eles estejam querendo me derrubar. Quanto poder eles podem ter para isso? Acha que podem influenciar o exercito?

— Não, mas parte do alto escalão sim. Eu disse para você que eles deviam ser trocados Kafen. Eram leais as loucuras do antigo príncipe e agora estão querendo voltar para suas orgias regradas a assassinatos e torturas.

— É uma acusação pesada Hamdu.

O agente suspirou passando as mãos pelos cabelos curtos.

— Todo o relatório esta em seu computador pessoal. Leia e pense Kafen, enquanto isso temos outro assunto grave para tratar – olhou duro para ele – Você seqüestrou duas pessoas de raças diferentes?

— Eu não quero conversar sobre isso Hamdu!

— Kafen, são pessoas livres. Se as queria devia ter apresentado um contrato, não feito o que fez. Você sabe sobre a federação da Terra e sabe o poder que ela tem.

— A Terra não vai ter nada contra nós. Seus próprios soldados estão traficando e são bons para encobrir isso.

— Tudo bem, eles podem não descobrir, mas e nós? Se estamos tentando mudar o velho regime, como vamos fazer isso se agimos como eles?

— Hamdu eu lamento, mas isso não está em discussão! – Kafen foi duro – Os escravos são meus agora e fim de conversa. O que posso dizer é que não vou mais seqüestrar nem um estrangeiro, alem disso meu status frente aos nobres vai subir.

— E seu status frente ao povo Kafen?

Kafen endureceu o rosto teimosamente. ELE era o Príncipe Guerreiro! Ele sempre estava certo, mesmo que dentro de si uma pequena voz lhe perguntava o que diabos estava fazendo!   
  







Um comentário:

  1. Dalla, tudo bem?
    Eu vi sua resposta no meu blog. Desculpe a demora, mas é que estou entrando raramente na internet. Tenho estado ocupado. Mas enfim, eu enviei o e-mail para os dois endereços e confirmei que eles estão exatamente como você me passou. Que estranho eles não terem chegado... Mas enfim, não importa, não era nada importante, então fique tranquila. Agora, sobre o capítulo, ficou ótimo. Essa inspiração na cultura árabe trouxe um tempero especial pro clima da história. Ao que parece, essa temporada será mais voltada para intrigas palacianas e jogos políticos do que uma guerra violenta como a de Aurifen. Será que você não cria um personagem inspirado em mim, não?! hahahaahaa. É que as vezes nos transportamos pra dentro da história e nos imaginamos personagens dentro dela. Gostei bastante.
    Aguardo os demais capítulos!

    ResponderExcluir