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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O Escravo II - Capitulo 10 Fuga no Deserto

Kamar

Capitulo 10 – Fuga no Deserto


Logo eles estavam longe da capital Shams indo rumo ao norte. Eles resolveram não andar pelas estradas mais movimentadas indo pelas secundárias.

Inicialmente eles passaram por campos cobertos de culturas irrigadas, bosques e casas de fazendas. Viram algumas pessoas olhando para o céu de forma curiosa, mas logo a paisagem começou a mudar. Sentiram as pedras substituindo a terra e a grama sobre os seus pés e os bosques por cerrado.

Andaram até que o céu começou a clarear e eles chegaram ao pé de algumas montanhas cobertas de rochas, cactos e arbustos. O ar estava mais seco, mas perfumado pela quantidade de flores nos arbustos.

Eles pararam em uma caverna que não era muito fundo, o chão coberto por uma areia fina e clara, o ar ali era um pouco mais úmido. A entrada era pequena e escondida por alguns arbustos o que tornava o esconderijo perfeito.

— Eu costumava ficar nessa caverna quando passava por essa região – disse Kamar colocando sua no chão – É um lugar seguro para descansarmos. Viajar durante o dia é perigoso.

— Estou morto! – gemeu Raqsa jogando-se no chão.

Gael estava pálido e colocou a sua mochila em um canto e deitou.

— Precisamos nos hidratar – disse Kamar indo até os fundos da caverna e puxando uma pedra revelou um espaço onde um filete de água escorria até uma bacia de pedra e o excesso escorria para um buraco na parede – Bebam e comam as barras de energia. Vamos voltar a caminhar ao entardecer.

— Essas barras de energia não têm gosto de nada – disse Raqsa mostrando a língua com nojo.

Kamar riu e sentou perto do companheiro passando o braço pelo ombro dele.

— Depois de amanhã, se os deuses quiserem, estaremos com a minha tribo e você vai ter comida de verdade novamente.

— Eu não vejo a hora – Raqsa deu um pequeno beijo nos lábios de Kamar.

Itieu foi até a fonte com um copo e bebeu da água percebendo que ela era fresca e limpa. Levou um copo para Gael que estava encolhido no chão.

— Vamos Gael você precisa beber.

O humano sentou e segurou o copo bebendo a água fresca.

— Como você está? – perguntou Itieu preocupado com o outro.

— Meu corpo ainda não se recuperou para esse tipo de coisa – respondeu ele deitando novamente e usando a mochila de travesseiro.

— Descanse que você vai se sentir melhor – disse o aurifense também sentando perto dele e olhando para Kamar e Raqsa – O que faremos?

— Você diz depois que chegarmos às tribos? Acredito que iremos à guerra. É hora de limparmos o nosso mundo da imundice da Liga de Costumes Antigos.

— Eu já vi uma guerra – Itieu tocou no canto do olho esquerdo – Já vi pessoas matando seus animais de estimação para comer, de outros comendo os cadáveres das pessoas que conheciam pelo desespero da fome, vi cidades inteiras serem exterminadas por doenças. Meu mundo nunca mais foi o mesmo depois disso.

— Já vi muita coisa aqui também Itieu – disse Kamar acariciando os cabelos de Raqsa – Não como você descreve, mas Ghalib é um mundo brutal se compararmos com outros mundos e é isso que estamos tentando mudar.

— Estou pensando nos meus pais – ele deu um sorriso torto – Se eu bem Andrew conheço esse planeta vai ter mais problemas com ele do que com uma guerra.

— Seu pai é Andrew Tha Gaol? – os olhos de Raqsa brilharam – Eu não acredito! Eu li sobre ele nos jornais. Ele é um dos heróis da revolução de Aurifen.

— Esse é o meu papa – Itieu deu um sorriso saudoso – Ele não queria que eu viesse, fez um grande show quando disse que viria para Taurinis estagiar como diplomata. Acho que ele estava certo, eu queria ter ficado em Aurifen. Ver outra guerra... – ele balançou a cabeça.

— Lamento que tenha conhecido o nosso mundo desse modo – disse Raqsa – Eu não conheço outro lugar que não seja esse mundo e eu gosto dele quando um punhado de idiotas não estão brincando com as pessoas.

— Na verdade temos outro problema – disse Kamar – Estamos indo para uma região que, mesmo que seja mais liberal que as cidades, ainda têm costumes que são seguidos à risca e um deles é o perigo de se viajar solteiro. Talvez você não seja tão visível Itieu, mas Gael parece um submisso e isso vai trazer problemas.

— Submisso? – Itieu não sabia se tinha entendido.

— O nosso povo se casa desse modo – responde Raqsa por Kamar – Sempre um submisso e um dominante, não importa se é homem ou mulher, o que importa é a força e por vezes a constituição física. Gael se for visto como solteiro e sem pais, pode ser preso e dado a casamento sem que ele diga nada.

— As tribos são bem antiquadas nesse fato.

— Vocês têm alguma ideia então?

— Tenho – disse Kamar – Você será o companheiro dominante de Gael.

~~***~~

A Esperanto, a nave de Owen, saiu do ultraverso perto dos sistemas Taurinis, há cerca de dois anos luz de Nébula.

Como os sistemas eram coordenados pela Federação da Terra, era necessário que fosse dado a permissão para se aproximar dos mundos.

O rapaz olhou contrariado para Andrew que sentava calmamente em sua cadeira de capitão.

— O senhor acha mesmo que vão dar permissão para entrarmos tio? Isso não é muita ingenuidade?

— Homem de pouca fé – riu Andrew – Não preciso de permissão se tenho acesso ao sistema. Aurifen é parte da federação da Terra e todos da família real tem direito a uma senha de acesso aos mundos da federação, você saberia isso se não estivesse mais preocupado em brigar com seus pais.

Owen bufou para ele ao ouvir sua tripulação rir. Lançou um olhar frio para eles que ficaram quietos.

— Então insira a sua senha mágica – debochou ele apontando para o computador na frente de Andrew.

O outro revirou os olhos e digitou um código que foi transmitido para a central de comando avançado ali perto, uma base em uma lua estéril que marcava a entrada da região de Taurinis.

— Nave KZ 452 Esperanto, procedência Aurifen. Permissão para os sistemas de Taurinis concedida – disse uma voz no comunicador – Príncipe Andrew qual o objetivo de sua viagem.

— Diplomática rumo à Nébula.

— Tenha uma boa viagem senhor.

Andrew deu um sorriso de superioridade para Owen, mas ele ainda achava que tudo fora fácil demais e ele não acreditava em coisas fáceis.

— Eu vou entrar e fim de papo! – uma briga na porta da sala de comando chamou a atenção deles.

Kalem deu um empurrão em um guardas que tentava impedir ela de entrar e avançou para Andrew com os olhos azuis cheios de raiva.

— Quero o meu dinheiro! Você já está nesse bendito sistema Taurinis! Me paga e libera a minha nave!

— Em Nébula – respondeu Andrew de modo determinado – Não vou deixar nada me impedir de chagar ao meu filho.

— Mas que diabos! Já estamos na porta de entrada seu maldito idiota. Eu tenho eu trabalhar ao contrario de um boa vida mimado como você!

— Acho que você já esta passando do limite! – gritou Andrew se levantando e perdendo a paciência com ela – Você não sabe nada sobre mim para ficar fazendo julgamentos!

— O que eu sei é o que eu estou vendo! Um cara que dobra os outros a sua vontade porque esta mais preocupado olhando para o próprio umbigo que para os outros!

— Você não sabe o que eu já sacrifiquei nessa vida pelos outros Kalem! Vê se cala essa boca!      

Eles estavam a ponto de se estapear quando o radar da nave deu sinal que outra espaçonave saia do ultraverso e apenas mil quilômetros da Esperanto.

Era uma nave esférica, com o símbolo da realeza de Aurifen na fuselagem.

E o rosto nada feliz de Tiol apareceu nas telas.

— Andrew quando eu por as minhas mãos em você eu juro pelos deuses que vou ti matar!

— Ola para você também Tiol.

— Seu idiota irresponsável! – o rosto do príncipe estava vermelho de raiva – Você foge sem nem mesmo pensar em seus filhos!

— Você tem a sensibilidade de uma pedra Tiol! – gritou Andrew para a tela – Nem mesmo percebeu que nosso filho esta com problemas!

— E a sua resposta para isso é fugir e colocar toda a família atrás de você!

— Eu vou até Nébula, Tiol e você não vai me impedir!

— Se você ao fosse tão louco Andrew, nós teríamos vindo juntos – respondeu Tiol sério – Desde o seu desaparecimento não consigo falar com Itieu.

~~***~~

Kamar acordou quando o sol começava a se por. Saiu da caverna olhando em volta, mas tudo estava quieto e só.

Ao longe ele avistou uma raposa amarela do deserto enfiando o focinho entre as pedras, o longo e peludo rabo balançando como se estivesse se divertindo com a caça. As flores vermelhas dos arbustos de izul que floresciam ao entardecer deixavam o ar cheirando a mel e uma multidão de abelhas zuniam por todo o lado. Aquela era uma região onde as fazendas de mel ocupavam o lugar de destaque. Eram povos que deixaram de ser nômades do deserto para serem fazendeiros colhendo mel e irrigando culturas com os abundantes rios subterrâneos dali.

Ele havia sentido falta de tudo aquilo e do povo do deserto, tão diferente das pessoas da cidade que estavam mais preocupados com as vidas dos outros do que com as suas próprias.

— Eu ainda não tinha vindo para os desertos – disse Raqsa parando perto dele - Fui vendido cedo pelo meu pai.

— Você nunca quis me contar como era sua vida entes de ser escravo – comentou Kamar apertando o marido nos braços e esfregando o rosto em seus cabelos.

— A verdade é que não há muito para contar – ele olhou ao longe – Minha família era grande e vivia em dificuldades. Um feitor de escravos estava passando pela cidade comprando escravos quando me viu procurando comida no lixo e me seguiu até em casa. Conversou com meu pai a antes que eu visse estava sendo arrastado para a traseira de um caminhão com mais dez outros garotos amontoados. Depois fui treinado.

Kamar estremeceu apertando mais ele nos braços, ele sabia bem como era o treinamento de um escravo sexual, brutal e doloroso, poucos sobreviviam.

— Vamos ter fé que isso vai acabar um dia Raqsa. As pessoas não podem ser tratadas desse modo. Nossos submissos são para serem mimados e cuidados, não para serem vendidos como mercadorias para os ricos.

— Que a Grande Alma Criadora ti ouça.

— Nem pensar! – escutaram o grito vindo dos fundos da caverna.

Eles voltaram para dentro e viram Gael de rosto vermelho olhando para Itieu que revirava os olhos.

— É apenas um disfarce Gael!

— Eu tenho cara de submisso por acaso?

— Isso é realmente necessário – disse Kamar – Vai ser perigoso viajar solteiro Gael.

— E porque eu tenho que ser o submisso? – o humano ficou ainda mais vermelho.

— Ele é um aurifense e alem de tudo tem uma constituição física maior que a sua – disse Kamar de modo calmo.

— É nisso que reside o casamento de vocês? O mais forte em cima do mais fraco? Onde fica o amor e o companheirismo em tudo isso?

— Gael – Itieu tentava ficar calmo – outros povos, outros costumes.

— Eu não sou submisso! – Gael apontou para Itieu que estreitou os olhos vermelhos e antes que qualquer um percebesse o aurifense havia jogado o humano no chão de areia e segurava o braço de encontro ao pescoço dele o imobilizando.

— Se quer sobreviver a isso Gael você vivera essa farsa que queira quer não. Eu sou muito mais forte que você ou qualquer um desse mundo quando não tenho restrições como àqueles malditos colares que nos colocaram. Em uma que de braço comigo você perdera!

Gael olhou cheio de raiva para Itieu. Ele aprendera na vida a não se mostrar fraco para ninguém, tinha que ser sempre forte e distante e assim as pessoas não podiam chegar perto dele, mas até ele tinha lógica suficiente para saber que ele teria que se submeter a essa humilhação.

— Eu já entendi! Saia de cima de mim seu aurifense idiota!

Itieu levantou e ofereceu a mão para Gael que lhe deu um tapa e levantou sozinho.

— Se já terminaram temos que ir – disse Kamar pegando a sua mochila – Acredito que chegaremos à cidade de Tumeri às três da manhã.

— Onde fica a sua tribo? – perguntou Itieu.

— Em um Oasis mais ao norte, em meio ao deserto de Acrit. Infelizmente para chegar teremos que ter um transporte ou não sobreviveremos ao deserto. Quando chegarmos à cidade vou ver se consigo cavalos do deserto. Vamos indo.

Ao saírem o sol já estava baixo no horizonte e uma brisa fresca soprava.

Uma estrada estreita cortava por entre as montanhas e por arbustos. Kamar disse que era um trilha antiga que quase não era mais usada.

A luz pálida da lua era o suficiente para eles verem o caminho e conforme a noite avançava focava cada vez mais frio.

— Como pode ser tão quente de dia e esse frio à noite? – Gael se encolheu nos seus trajes de deserto.

— A areia não retêm o calor do sol por isso esfria tanto à noite – respondeu Kamar.

Itieu olhou para cima. Será que alguma daquelas estrelas era o seu mundo? Como seus pais e irmãos estariam?

Ele não sabia que ia sentir tanta falta de sua família, de seus pais e irmãos, dos primos e tios e de seus avós. Ele sempre tivera muita gente em volta dele e agora estava se sentindo tão só que seu peito doía.

“Papa, pai, onde será que vocês estão?”


  

5 comentários:

  1. DALLA .... ADOREI ESTE CAPITULO...
    AMO O COLECIONADOR DE OLHOS DOIDINHA PRA LER MAIS, TMB A BUSCA DA FELICIDADE....
    BJUS E MUITO OBRIGADO POR SEUS CONTOS MARAVILHOSOS...
    KKKK NA VERDADE AMO TODOS ELES..PS. VOLTA LOGO COM MAIS KKK
    FICA COM DEUS QUERIDA DE SUA ADMIRADORA NUMERO 1

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    1. Ola Vill! Saiba que o Colecionador inicialmente não era um conto com personagens gays, mas eu estou adaptando ele e também estou lendo sobre assassinos em série para dar um tom à história. Como não sei como é o modus operante da policia no Brasil me desculpe os erros e as besteiras que por ventura escrever, mas essa é apenas uma história para nos divertimos; a realidade eu deixo para os telejornais.
      Abraços
      Dalla

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  2. Dalla,
    Estou sempre atenta ao blog. Estou aguardando com ansiedade os capítulos de A busca da felicidade, mas tbm gosto de todos os outros. Continue escrevendo.
    P.S.: Tentei acessar o link da Gangue dos Livros Homos e não consegui, sabe me explicar o que está acontecendo? Bjs

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    1. Oi Didi! Que bom que ainda acompanha meu blog apesar de eu não ser uma escritora muito pontual com os meus leitores a quem estou sempre pedindo desculpas pelos atrasos. Mas mesmo que eu atrase eu não sou de desistir. Quando falam para mim que eu não consigo algo ai é que eu estou pronta para ir até os confins do Universo para fazer. As vezes eu fico cansada e triste e ai lembro de uma frase que li um dia: "Avante, avante contra o impossível!"
      PS: Também estou tentando acessar a Gangue e não consigo. Não tenho noticias do que aconteceu e espero que seja apenas uma manutenção do site.
      Abraços
      Dalla

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