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terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Escravo - Capitulo 33 - A Hora Final

Capitulo 33 – A Hora Final


A hora havia chegado! Em menos de vinte e quatro horas o golpe final seria desferido e a guerra teria o seu fim.

As pessoas a minha volta estavam eufóricas com isso, mas eu tinha um pressentimento ruim e isso não me deixava ficar quieto. Andei de um lado para outro na base de operações até que Tiol me segurou.

— Andrew o que você tem?

— Eu não sei – esfreguei o meu rosto – Estou com medo de todas as coisas estarem dando certo. Nada que vem fácil é bom.

— Calma – ele sorriu para mim – O que estamos fazendo há semanas não foi fácil. Sacrificamos-nos muito para ter tudo pronto, pessoas morreram para que tudo estivesse no patamar que está. Nada disse foi sequer perto de fácil.

— Desculpa – o abracei sentindo que a minha barriga começava a ficar grande demais para isso – Acho que apenas estou cansado.

Tiol olhou-me preocupado e tocou em meu rosto procurando algum indicio de febre, mas eu não estava exatamente doente. Meu corpo não havia sido feito para uma gestação e eu estava me afogando em hormônios que não conseguia lidar.

— Porque não se deita enquanto terminamos aqui? Em algumas horas vamos abandonar Belém rumo à base de Tranalow.

— Acha que Yaci vai conseguir chegar aqui?

— Bem, as naves negras estão tendo um tempo difícil com as naves da federação. Valdi acabou de mandar uma mensagem que estão escondidos na lua Arilien.

— A lua do seu tio – olhei para o príncipe – Eu nunca entendi porque ele simplesmente se manteve em cima do muro todo esse tempo.

— Valdi me disse que ele não está mais lá – havia desprezo na voz dele – Ele fugiu para algum lugar do universo quando as coisas começaram a ficar complicadas.

— Covarde desgraçado – xinguei.

— O que importa é que a lua está bem e pode nos ajudar nesse momento. Valdi já montou um plano de ajuda a Aurifen junto com o novo governador de Arilien que Yaci deu posse.

— Quem é o novo governador?
— Gwidion.

Sai dos braços dele e olhei sem acreditar que Yaci tinha feito a sandice de colocar um pirata governando um mundo inteiro.

— Seu irmão está maluco? Ficou demente no espaço? Colocou um pirata no comando de um mundo?

— Andrew Valdi é o novo príncipe e foi ele quem deu a ideia de Gwidion ser o novo governador.

— Você pode explicar o quanto quiser – resmunguei – Eu nunca vou entender, mas eu prefiro não ter nem um contato com eles ou vou esquecer que são casados com Valdi!

— Você é teimoso quando quer heim?

— Eu?... – pensei em retrucar bem sem educação quando uma alta sirene se fez ouvir em toda a cidade – o que é isso?

— Estamos sendo invadidos! – gritou alguém na sala que observava as câmeras de segurança – São soldados do governo!

— Porcaria! – esbravejou Tiol – Como nos acharam? – ele gritou para todos na sala – Temos que evacuar a cidade!

A sirene lá fora começou a soar de forma diferente como sinal claro de evacuação para os túneis laterais, feitos pela população para casos como aquele.

Eu peguei uma mochila que sempre carregava e que por ordem de Tiol todos na cidade carregavam de um lado para o outro. Ali tinha uma arma, rações de emergência, lanternas, remédios e uma garrafa de água. Um mapa eletrônico da rede de túneis fora codificado por mim nos comunicadores que todos usavam.

Tiol me arrastou para fora onde as pessoas corriam junto com suas famílias seguindo um plano previamente traçado nas simulações que havíamos feito para caso aquilo ocorresse, mas eu nunca acreditei que seriamos descobertos.

Meu coração batia forte no peito, depois de ter sido capturado uma vez eu não queria nunca mais ter aquela experiência e acredito que se Adamas nos pegasse agora era para matar.

Corremos com a multidão para as saídas de emergência quando as porta principais foram abertas com uma grande explosão que fez todo o abrigo estremecer. As pessoas à nossa volta gritavam em pânico enquanto os guardas atacavam.

Tiol retirou a arma que carregava na cintura.

— Andrew vá para a saída. Eu preciso ajudar eles.

— Não! Eu não vou ti deixar para trás! – gritei para ele em meio ao desespero e ao som de disparos.

— Andrew – Tiol segurou os meus ombros com força – Eu também não quero isso, mas não podemos expor o nosso filho desse modo e eu não posso correr enquanto as pessoas estão sendo mortas.

— Jure pra mim que vai voltar – gritei – Jure pra mim! – eu comecei a chorar e tremer.

— Eu juro – ele me deu um pequeno beijo nos lábios e disse no meu ouvido – Amo você e vou amar por toda a eternidade.

Antes que eu pudesse responder ele me empurrou para o meio de fluxo grande de pessoas que fugiam e fui praticamente arrastado por elas para dentro do túnel mal iluminado.

“É bom que você viva seu desgraçado! Ou eu vou até o inferno atrás de você!” corri junto com as pessoas tremulo e tropeçando e logo havia tantas ramificações que as pessoas começaram a se perderem umas das outras e quando vi estava correndo sozinho em uma caverna que ia ficando sem iluminação.

— Merda – xinguei abrindo a mochila e retirando a lanterna.

Olhei para a arma ali dentro e estremeci de nojo. Eu não ia matar mais ninguém! Jurei isso quando matei os guardas depois de terem atirado em Erant, mas eu devia ter bom senso; não estava só e uma vida dependia de mim para me entregar aqueles escrúpulos.

Segurei a arma e girei o cano ouvindo um clique, sinal que havia mudado ela para o modo de atordoar. Era o que eu podia fazer.

Colocando a mochila nas costas peguei o comunicador no bolso. Era um aparelho não mais de dez por cinco centímetros com tela sensível ao toque e que podia projetar um mapa tridimensional no ar. Liguei-o percebendo que estava em um túnel antigo de manutenção que ia desembocar em uma porta para a superfície.

Desligando voltei a caminhar.


~~***~~

Frey estava monitorando as redes de informação dentro do planeta. Ele conseguia fazer isso já que Andrew havia lhe dado as senhas do computador central da Sede de Informações do Governo, não sem antes o xingar.

Diabos! O menino não sabia perdoar e não adiantava ele ter pedido desculpas falando que não sabia que carregavam escravos até o contrato ser firmado.

Depois daquilo era mais fácil ser fora da lei, pelo menos eles sabiam o que estavam roubando.

Não fora uma vida fácil e ele às vezes se perguntava o que estava fazendo e se era aquilo que queria deixar para os seus filhos, mas desde que Valdi chegara tudo mudou.

Agora a nave estava a serviço de Aurifen e Gwidion era governador de uma lua, um mundo lindo cheio de vales com florestas e campos floridos. Era um lugar de agricultores, mas com cidades de porte médio onde o mercado já florescia. A lua tinha potencial para ser um entreposto comercial sem que isso interferisse em Aurifen.

Aquele sistema ficava a meio caminho do exterior da galáxia e do seu centro. Sabia que havia planetas interessados em comerciar ali, mas sem a perspectiva de uma base de apoio.

Ao ver aquela lua essa fora à primeira ideia de Gwidion aprovada por Yaci e que havia rendido um beijo apaixonado de Valdi.

Estava perdido em suas contemplações para o futuro que quase deixou algo passar, mas se deteve e percebeu a seriedade do que estava vendo.

— Yaci – gritou para o príncipe que estava ali perto conversando com Abrahan – A cidade de Belém está sendo invadida!

— O que?! Como eles descobriam? – ele correu para um dos computadores da nave tentando falar com Tranalow.

— Nós captamos a ordem agora pouco – disse o comandante de revolução assim que apareceu na tela – Não temos mais tempo a perder meu príncipe.

— Iniciem a operação!

— Meu imperador! – Tranalow bateu continência colocando a mão direita em cima do coração – Por Aurifen!

O ataque final teve inicio.

~~***~~

Porque tinha que ser tão longe? E porque aquela barriga tinha que pesar tanto?

Meu filho me deu um chute dolorido.

— Desculpa! Eu não estou reclamando de você, mas acho que eu ando precisando fazer exercícios e pretendo fazer assim que você nascer.

Era bom ter alguém para conversar naquele local, principalmente agora que havia me dado o luxo de começar a ficar claustrofóbico. Parecia que não havia ar suficiente naquele lugar para mim e o fato de estar ficando ofegante não ajudava em nada.

O túnel onde estava era baixo, mas eu também era baixinho o que ajudava.

O chão sob o meu pé estremeceu e todo o túnel ficou tomado por uma fina nuvem de pó. Segurei-me na parede assustado e recomecei a andar com mais ímpeto com medo de que eles tivessem a boa ideia de jogar uma bomba de fusão ali. Sabia que se fizessem isso eu não tinha chance nem uma de escapar.

Sai para uma galeria mais ampla e cimentada com pequenas luzes. Devia fazer parte dos abrigos anti-atômicos e eu tinha que sair para um túnel lateral, mas eu estava com medo demais para raciocinar e comecei a correr por ali mesmo sem nem consultar o mapa que tinha.

Bem a gente acaba sempre fazendo bobagens na vida, mas saibam que em caso de guerra isso pode custar a sua vida.

Todos os túneis sempre desembocam em grandes galerias e aquele não era diferente. Corri sem pensar por uma delas e quando me dei conta algo bateu em minhas costas com toda a força e eu cai esparramado no chão tentando de algum modo proteger a minha barriga.

— Não dizem que roedores sempre caem em armadilhas? – disse uma voz zombeteira acima de mim.

Atordoado percebi que estava diante de um soldado que me olhava com desprezo.

Maldição!

Rolei para longe de sua bota que foi em direção ao meu filho e puxei a arma da minha calça e atirei sem nem mesmo fazer pontaria. O soldado caiu como um monte de roupa suja.

— Desgraçado! – chutei ele nas costelas e voltei a correr, mas parecia que o soldadinho de chumbo tinha amigos e eles apareceram dos outros túneis apontando a arma para mim.

Com raiva de mim e deles joguei a arma.

— Nos encontramos de novo Andrew! – aquela voz...

O imperador apareceu detrás dos seus homens com um sorriso no rosto. Vestido todo de preto ele estava pálido e com olheiras profundas. Seus olhos vermelhos não sorriam, pareciam cheios de uma raiva descomunal.

— Espero que você esteja péssimo imperador – disse com azedume.

— Você é sempre tão engraçado Andrew Drake.

Fiquei rígido ao ouvir meu nome completo. Já fazia tanto tempo que eu não o usava que eu o tinha esquecido e era melhor assim. A família Drake eram uns filhos da mãe que deviam ser jogados no canto mais fedorento da galáxia pelo que fizeram a mim por causa do dinheiro.

— Andei procurando informações de você e veja que descobri o quanto bom você é com computadores.

— Então você usou a cabeça? Que milagre!

— Você invadiu a minha central de informações e passou informações erradas – ele andou em volta de mim – Ainda me deixou um brinde, um vírus muito bem escondido. Mas encontrei alguns técnicos que deram um jeito nele sem que você percebesse meu gênio da informática.

Tive vontade de me chutar. Eu estava tão certo que eles eram uns idiotas com relação à tecnologia que havia deixado brechas e isso tinha sido a nossa ruína.

— O que vai fazer agora imperador? Me matar? Anda logo com isso!

Eu queria ser corajoso, mas estava tremendo e com a mão na minha barriga. Meu filho não tinha culpa de toda aquela merda e agora ele ia morrer sem nem mesmo ter tido a chance de vir ao mundo.

— Não tão fácil garoto – ele riu fazendo um som oco – Estou esperando...

Eu ia retrucar quando algo foi jogado dentro da sala e eu ofeguei ao ver Tiol. Estava desacordado e com um filete de sangue saindo de sua testa.

— Tiol! – corri para ele temendo o pior, mas ele estava vivo.

— O idiota estava ajudando um punhado de vermes a fugir – Adamas ria – Ele não tem a capacidade nem para salvar a própria vida.

— Ele é muito melhor que você seu projeto de imperador! – gritei para ele – Ele tem mais coragem correndo em suas veias do que em alguém como você Adamas.

O imperador me olhou rígido ao ver a minha omissão do eu titulo.

— Não me falto com o respeito humano!

— Você não tem respeito Adamas! Respeito se conquista e o único que merece o título de imperador é Yaci! Ele é o imperador de Aurifen!

Qual é mesmo o ditado antigo da Terra? Não se cutuca onça com vara curta? Bem, assim que terminei o meu discurso inflamado recebi um soco do imperador que me jogou ao chão e me fez ver tudo embaçado à minha volta.

Uma sombra passou por mim e ouvi gritos, quando pude ver percebi que Tiol tinha acordado e visto o que Adamas havia feito comigo. O príncipe, tomado de raiva, havia pulado no pai e o socado, mas os guardas o seguravam agora enquanto o imperador limpava o sangue do rosto rindo.

— Ola filho!

— Se tocar nele de novo eu ti mato! – quatro soldados o seguravam.

— Sempre tão idiota. Não sei por que não matei vocês ao nascerem. Teriam me poupado muitos problemas.

— Você está louco pai! Olha o que você fez com o nosso planeta!

— Eu apenas o limpei da escória.

— Ele está destruído! Tem pessoas mortas por todo o lado, as cidades estão em ruínas. Aurifen não existe mais e tudo isso é culpa do senhor. Um déspota louco.

— Acho que está na hora de voltar a minha sanidade – disse Adamas pegando a arma – Vou me livrar de cada um de você e ter o poder total nas mãos.

Tiol levantou o queixo ante o cano da arma.

— Tiol! – eu gritei ao ouvir um tiro.   





sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Escravo - Capitulo 31 - Verdades

Capitulo 32 - Verdade


— Vamos ver quem é você! – resmunguei feliz apertando o “enter” e quase desmaiei ao ver o que era o sinal – Deus do céu!

Os códigos foram se revelando à minha frente formando padrões complexos e por fim eu estava diante da central de comunicação de uma nave e o rosto sorridente de Gwidion.

— Olá Andrew!

— Gwidion?! – eu estava em choque.

O pirata havia sobrevivido? Mas e os outros/

— Andrew – Abrahan apareceu na tela com o rosto cheio de machucados que estavam cicatrizando – Graças a Deus você está bem.

— Co... como? Eu... Como?

— Está faixa é segura? – Valdi resmungou atrás do companheiro.

— Claro que não – respondi com sarcasmo – Acha mesmo que eu ia conseguir entrar na comunicação da nave por um rádio simples? Eu estou usando os satélites de defesa do planeta.

Arregalaram os olhos admirados e não pude deixar de me sentir vaidoso, mas era hora de saber da verdade e logo.

— Podem ir contando tudo! O que aconteceu com vocês enquanto eu e Tiol enfrentávamos o inferno nas mãos daquele imperador desgraçado? Onde vocês estavam enquanto estamos tentando juntar toda e revolução para destruir Adamas?

— Andrew calma...

Sabia que eu devia estar feliz por ver algum deles, mas a verdade era que o nosso mundo estava se esfacelando e eles não fizeram nada enquanto eu, Tiol e todos os outros enfrentavam a guerra.

— Andrew – Yaci entrou no foco da câmera mostrando um rosto cansado e marcado – Nos perdoe, por favor. As bombas cairão perto da porta e estávamos junto à parede, Tiol estava indo buscar. Você e ele foram jogados longe enquanto nós ficamos soterrados junto à parede e quando saímos de lá os procuramos, mas apenas Ian estava...

Sua voz quebrou e eu temi pelo pior.

— Yaci! – eu levantei tremulo da cadeira – Ele...

— Está em coma – havia uma dor indescritível em seus olhos vermelhos – Ele e nosso filho lutam diariamente pela vida, mas as chances são muito poucas.

Sem que eu percebesse estava chorando. Lagrimas desciam pelo meu rosto e eu não fazia nada para enxugá-las.

— Sobrevivemos com alguns arranhões, mas quando fomos à procura de vocês o imperador chegou e tivemos que nos retirar para a nave de Valdi que afundou no oceano para despistar o governo. Conseguimos voar para o espaço na tentativa de salvar Ian, mas depois tivemos uma desagradável surpresa, naves negras estão patrulhando o espaço em volta de Aurifen.

— As naves dos Intis – disse com desprezo.

Os Intis eram uma raça de guerreiros parecidos com lagartos com duas pernas, pele verde e língua bifurcada. Adoravam uma boa briga e era o maior problema da galáxia, pois estavam sempre prontos para vender seus serviços a quem pagasse melhor.

— Se a Terra descobre...

— Era isso que estávamos fazendo a pouco – disse Valdi – Conseguimos falar com a Federação que a luz do que esta acontecendo vai intervir, mas apenas com as naves negras. Eles não podem fazer nada com relação à política interna de Aurifen.

— Melhor assim – disse com firmeza – Vamos acabar com o imperador juntos! Estamos juntando todos para o ataque final e sabemos que as forças do governo estão bem fragilizadas. Preciso que vocês fiquem na linha eu vou trazer Tiol.

Sai correndo da sala onde me fora destinado. Havíamos montado a base em uma casa vazia e Tiol estava com Bairon no andar debaixo estudando um mapa holográfico do planeta onde as informações sobre o que acontecia chegavam e assim mudava o que se via no mapa.

— Tiol! – gritei correndo pela escada.

Tiol me olhou assustado e correu para mim quando eu tropecei e quase cai da escada.

— Ta maluco Andrew! Você podia ter se machucado.

— Venha! Vamos!

Eu comecei a arrastar ele para o andar de cima.

— O que você tem?

— Eu preciso que você veja algo – puxei-o para dentro da sala.

— O que? Conseguiu alguma coisa sobre os soldados do norte? Estamos tentando entrar em contato com desertores.

— Não! Olhe!

Apontei para a tela do computador onde Valdi, Yaci e Abrahan sorriam para ele.

— Como...? – ele começou a respirar ruidosamente – Pai? Yaci, Valdi...

— E ai irmãozinho? – o mais velho sorriu para ele – Soube que está fazendo um bom trabalho.

Tiol tremulo colocou a mão na tela como se assim pudesse tocar em seus entes queridos tão distantes.

— Pelos deuses eu achei que tinha perdido cada um de vocês.

— A gente ainda vai ti assombrar muito.

— Tiol! Tiol! – uma voz fina se fez ouvir e Yaci levantou Itieu para nos mostrar – Eu tava com saudades.

Ele tinha curativos na testa e um olho com um tampão.

— Itieu – eu sorri para ele – Como você está.

— O Pin o morreu – seus olhos ficaram logo cheios de lagrimas – Meu olho está doendo e eu quero ficar com vocês!

Ele começou a chorar no ombro de Yaci e eu me peguei tremendo de raiva. O menino já havia perdido tanto a agora seu bichinho também.

— Logo e gente vai estar junto Itieu – disse Tiol tentando tranquilizar.

— Que tal vir com o vovô – disse Abrahan pegando o menino – Logo vamos ver seus pais.

Vovô? Pais?

O menino foi chorando com Abrahan.

 — O que houve com o olho dele? – perguntei preocupado.

— Foi ferido no desmoronamento – disse Yaci – Mas os médicos da nave conseguiram salvá-lo, infelizmente ele vai perder boa parte da visão que terá que ser corrigida com lentes.

— Isso não importa – disse Tiol – Ele está vivo assim como vocês e juntos daremos um jeito no que vier.

~~***~~

Depois de algumas horas de conversa com Tiol e Andrew, Yaci sabia o que estava acontecendo em seu planeta e no bom trabalho que aqueles dois estavam fazendo. Ele sentia que era a reta final, era tudo ou nada agora e mesmo tudo apontando para uma vitória da revolução algo dentro dele estava quebrado.

Seguindo a passos lentos para a ala da enfermaria, uma estrada já muito conhecida sua, entrou no quarto privado onde Ian estava em como preso a vários aparelhos que mantinham a sua vida.

Os médicos haviam dito que talvez ele pudesse ser mantido vivo até o nascimento da criança, mas depois não acreditavam que ele sobreviveria.   

Sentou na cadeira ao lado da cama olhando para o rosto pálido de Ian. Segurou a sua mão inerte e a encostou na testa tentando sentir algum calor de vida no ex escravo.

Droga! Se tivesse conhecido Ian antes! Se tivesse sido ele a comprá-lo...

Não! O melhor mesmo era se Ian nunca tivesse sido vendido, se tivesse feliz em seu mundo, mas ele jurara que ia acabar com isso. Sabia que ia ser uma grande luta impedir a escravidão, mas estava disposto a ir contra tudo e contra todos para ver essas pessoas livres e lhes dar um futuro.

— Queria que estivesse aqui Ian.

Ele não queria chorar, era hora de ser forte por todos eles, por Aurifen, mas seu coração estava quebrando aos poucos. Tudo a sua volta era um frio vazio sem ele e não conseguia nem mesmo imaginar como seria o futuro sem Ian do seu lado.

— Yaci – Abrahan entrou no quarto ajoelhando em frente ao filho mais velho – Precisa descansar filho. Você não dorme há dias.

— Eu me sinto melhor quando estou com ele papa – disse Yaci sem soltar a mão de Ian ou olhar para o pai.

— Filho olhe para mim – Abrahan segurou o queixo dele vendo os olhos marejados das lágrimas que ele segurava – Yaci ponha tudo para fora. Se guardar dentro de você essa dor ela vai crescer e tomar conta de você como fez com seu pai.

— Dói! Pai dói como nada que eu já senti na vida.

— Perder aqueles que amamos dói filho – Abrahan levantou abraçando o filho – Mas Ian esta vivo e lutando e ele é um lutador. Sobreviveu a anos de escravidão e vai sobreviver a isso.

Yaci já não podia esconder a sua dor e chorou de encontro à barriga do pai enquanto este acariciava os seus cabelos.

Valdi olhava a cena e resolveu não entrar ante a dor tão profunda do irmão.

Andou sem rumo pelos corredores sendo cumprimentado pelos tripulantes da nave com educação. Todos sabiam que ele era o companheiro do comandante e como tal merecia respeito. Ninguém falava do que acontece quando Valdi chegara ali, do estupro que fora transmitido ao vivo pela nave e ele agradecia aos deuses.

Entrou em uma sala de descanso e sentou perto de uma janela panorâmica feita com um tipo de metal transparente como vidro, só que tão forte quanto o aço da nave.

Ele sentou em uma poltrona olhando para as estrelas que podia ver dali.

Durante sua vida ele nunca tivera muito tempo para olhar para elas e quando fazia isso era para pensar nos povos que viviam ali, mas ali, naquele momento, ele só queria olhar e deixar com que seus pensamentos vagassem sem destino como se isso pudesse aliviar a sua mente de tudo que lhe acontecera.

— Valdi? – Gwidion e Frey haviam aberto a porta sem que ele percebesse – Está tudo bem?

— Sim – ele voltou para as estrelas – Eu fui até a enfermaria, mas Yaci não estava muito bem.

Frey sentou perto dele e segurou sua mão. Desde aquela noite Frey tentava de algum modo se aproximar dele, mas Valdi ainda tinha medo, medo do que acontecera e isso o enchia de vergonha.

— Valdi eu tento me desculpar todos os dias e o que vejo é você cada vez mais se afastando.

— Eu não posso me afastar – disse o príncipe com desgosto – Esqueceu que estamos ligados para toda a vida?

— Nós não esquecemos e você sabe com esse vinculo o quanto dói em nós o que fizemos – disse Gwidion sentado no braço da poltrona perto dele.

— E vocês sabem que eu tenho medo e vergonha... – Valdi tremeu e tentou não chorar, ele não podia fazer isso na frente deles.

— Lamento tanto – Frey o abraçou apesar do corpo de Valdi ter ficado rígido – Eu faria qualquer coisa para mudar o que fizemos.

Não havia nada que podia mudar aquilo, mas ele podia tentar conseguir outras lembranças para soterrar aquelas que estavam com ele.

— Me ajudem a esquecer então – olhou para os maridos – Por favor, me ajudem a esquecer para que possamos viver a nossa vida.

Ambos o olharam e Frey finalmente tocou no seu rosto com carinho e beijou seus lábios tentando colocar nesse beijo todo arrependimento que sentia.

— Ora eu também quero beijo – Gwidion fez um enorme bico e os dois acabaram caindo na risada.

— Então venha meu pirata – disse Valdi oferecendo a ele os lábios.

Foi um beijo pequeno, apenas um roçar de lábios, mas foi o bastante para acalmar Valdi.

— Gosto de você – disse Frey o abraçando por trás e cheirando o pescoço dele – Desde o momento em que vi você ali enfrentando uma nave inteira eu tenho você dentro do meu coração.

— Frey – Valdi segurou a mão dele em cima do seu coração – Queiram os deuses que um dia eu possa retribuir.

— Não se preocupe Valdi – Gwidion ficou ajoelhado na frente dele – Nós vamos fazer você se apaixonar por nós, isso é um promessa.

Valdi sorriu para eles.

— Você é uma gracinha quando sorri!

— Frey! – Valdi havia ficado vermelho com o elogio.

— E ele cora! – Gwidion se aproximou mais e tocou na ereção de Valdi evidente na roupa – E está excitado.

— Gwi... – Valdi gemeu ao ter o falo apertado por ele.

— Acho que o nosso príncipe precisa de uma ajuda – disse Frey colocando a mão por baixo da blusa do aurifense indo até os mamilos dele.

— Hum! – Valdi gemeu arqueando o corpo de encontro a Frey que apertava a puxava.

Gwidion com o olhar safado abriu o fecho da calça de Valdi deixando o pênis ereto saltar para fora.

— Ora sem roupa intima – disse Gwidion segurando o membro – Que safado.

— Você estava andando por ai sem nada por baixo? – Frey falava de encontro ao seu ouvido enquanto continuava com a tortura – Sabe como isso me excita.

— Quero ti provar – disse o outro pirata engolindo seu pau.

Valdi estava mergulhada em meio a um delicioso tormento de prazer que ele não queria que acabasse. A boca de Gwidion era tão boa e quente e sua língua deslizava por toda a extensão do seu membro o fazendoele enlouquecer.

Frey retirou a sua blusa e abocanhou os seus mamilos com sede e começou a mamá-los com deleite enquanto Valdi gemia sem parar.

Não suportando mais o príncipe gozou dentro da deliciosa boca do pirata que engoliu toda a sua semente e ao retirar o pênis flácido de sua boca deu um sorriso safado.

— Delicioso!   

Valdi ofegava e sentia que o cansaço chegava até ele depois que um pouco da tensão dentro dele tinha diminuído.

— Durma meu príncipe – disse Frey acariciando seus cabelos – Cuidaremos de você.

~~***~~

Mesmo estando exausto eu não conseguia dormir. Não querendo acordar Tiol por ficar me remexendo levantei e sentei em uma cadeira perto da janela que dava para a rua onde ainda havia movimento mesmo sendo duas da manhã.

A intensidade da iluminação fora diminuída a ponto de ter que se andar com lanternas tentando simular a noite da superfície.

Eu me sentia aliviado e triste ao mesmo tempo. Meus amigos estavam vivos, mas Ian estava muito mau e ao lembrar-se das lagrimas de Itieu meu coração doía. Durante aqueles dias eu tentara esquecer que eles podiam estar mortos e isso incluía o menino de doces olhos. Pensar que ele podia estar morto era mais do que dava para aguentar.

Meu filho remexeu dentro de mim sentindo a minha depressão.

“Tudo bem” comecei a acariciar o meu abdômen “Vai tudo ficar bem”.

Era como um mantra que eu tinha que dizer para acalmar nós dois. Mas dessa vez parecia não estar funcionando, pois ele continuava a mandar sentimentos dolorosos para mim.

— Andrew? – Tiol havia acordado e procurava por mim.

— Aqui – disse tremulo com a intensidade dos sentimentos do bebê.

— O que há? – ele se levantou e tocou a minha barriga acalmando o feto.

— Ele sentiu meu medo e minha dor – disse baixinho – Isso doía nele também Tiol e eu não sabia o que fazer.

— Calma – ele continuava a me acariciar – Vocês dois estão em uma fase delicada, estão cada vez mais ligados.

— Eu não quero que ele sinta isso! – disse tentando parecer mais forte, mas a verdade é que eu estava um caco, cansado demais para segurar os meus sentimentos desenfreados.

— Saiba que estarei aqui para vocês. Não sei se isso é um grande consolo, mas eu prometo proteger vocês dois.

— Você é um príncipe chato e sádico, mas saiba que não consigo imaginar minha vida sem brigar com você todos os dias.

— Como acha que seremos daqui a alguns anos? – ele perguntou sorrindo e me pegando no colo.

— Ainda estaremos brigando por ai, mas espero fazer isso no nosso quarto afinal não podemos traumatizar as crianças com um pai assim.

— Assim!? – Tiol me largou na cama – Eu vou ti mostrar o assim!

E ele começou a fazer cócegas em mim e jurei que eia fazê-lo pagar por cada risada que dei! (Pagar no pior sentido, claro!)