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terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Escravo - Capitulo 33 - A Hora Final

Capitulo 33 – A Hora Final


A hora havia chegado! Em menos de vinte e quatro horas o golpe final seria desferido e a guerra teria o seu fim.

As pessoas a minha volta estavam eufóricas com isso, mas eu tinha um pressentimento ruim e isso não me deixava ficar quieto. Andei de um lado para outro na base de operações até que Tiol me segurou.

— Andrew o que você tem?

— Eu não sei – esfreguei o meu rosto – Estou com medo de todas as coisas estarem dando certo. Nada que vem fácil é bom.

— Calma – ele sorriu para mim – O que estamos fazendo há semanas não foi fácil. Sacrificamos-nos muito para ter tudo pronto, pessoas morreram para que tudo estivesse no patamar que está. Nada disse foi sequer perto de fácil.

— Desculpa – o abracei sentindo que a minha barriga começava a ficar grande demais para isso – Acho que apenas estou cansado.

Tiol olhou-me preocupado e tocou em meu rosto procurando algum indicio de febre, mas eu não estava exatamente doente. Meu corpo não havia sido feito para uma gestação e eu estava me afogando em hormônios que não conseguia lidar.

— Porque não se deita enquanto terminamos aqui? Em algumas horas vamos abandonar Belém rumo à base de Tranalow.

— Acha que Yaci vai conseguir chegar aqui?

— Bem, as naves negras estão tendo um tempo difícil com as naves da federação. Valdi acabou de mandar uma mensagem que estão escondidos na lua Arilien.

— A lua do seu tio – olhei para o príncipe – Eu nunca entendi porque ele simplesmente se manteve em cima do muro todo esse tempo.

— Valdi me disse que ele não está mais lá – havia desprezo na voz dele – Ele fugiu para algum lugar do universo quando as coisas começaram a ficar complicadas.

— Covarde desgraçado – xinguei.

— O que importa é que a lua está bem e pode nos ajudar nesse momento. Valdi já montou um plano de ajuda a Aurifen junto com o novo governador de Arilien que Yaci deu posse.

— Quem é o novo governador?
— Gwidion.

Sai dos braços dele e olhei sem acreditar que Yaci tinha feito a sandice de colocar um pirata governando um mundo inteiro.

— Seu irmão está maluco? Ficou demente no espaço? Colocou um pirata no comando de um mundo?

— Andrew Valdi é o novo príncipe e foi ele quem deu a ideia de Gwidion ser o novo governador.

— Você pode explicar o quanto quiser – resmunguei – Eu nunca vou entender, mas eu prefiro não ter nem um contato com eles ou vou esquecer que são casados com Valdi!

— Você é teimoso quando quer heim?

— Eu?... – pensei em retrucar bem sem educação quando uma alta sirene se fez ouvir em toda a cidade – o que é isso?

— Estamos sendo invadidos! – gritou alguém na sala que observava as câmeras de segurança – São soldados do governo!

— Porcaria! – esbravejou Tiol – Como nos acharam? – ele gritou para todos na sala – Temos que evacuar a cidade!

A sirene lá fora começou a soar de forma diferente como sinal claro de evacuação para os túneis laterais, feitos pela população para casos como aquele.

Eu peguei uma mochila que sempre carregava e que por ordem de Tiol todos na cidade carregavam de um lado para o outro. Ali tinha uma arma, rações de emergência, lanternas, remédios e uma garrafa de água. Um mapa eletrônico da rede de túneis fora codificado por mim nos comunicadores que todos usavam.

Tiol me arrastou para fora onde as pessoas corriam junto com suas famílias seguindo um plano previamente traçado nas simulações que havíamos feito para caso aquilo ocorresse, mas eu nunca acreditei que seriamos descobertos.

Meu coração batia forte no peito, depois de ter sido capturado uma vez eu não queria nunca mais ter aquela experiência e acredito que se Adamas nos pegasse agora era para matar.

Corremos com a multidão para as saídas de emergência quando as porta principais foram abertas com uma grande explosão que fez todo o abrigo estremecer. As pessoas à nossa volta gritavam em pânico enquanto os guardas atacavam.

Tiol retirou a arma que carregava na cintura.

— Andrew vá para a saída. Eu preciso ajudar eles.

— Não! Eu não vou ti deixar para trás! – gritei para ele em meio ao desespero e ao som de disparos.

— Andrew – Tiol segurou os meus ombros com força – Eu também não quero isso, mas não podemos expor o nosso filho desse modo e eu não posso correr enquanto as pessoas estão sendo mortas.

— Jure pra mim que vai voltar – gritei – Jure pra mim! – eu comecei a chorar e tremer.

— Eu juro – ele me deu um pequeno beijo nos lábios e disse no meu ouvido – Amo você e vou amar por toda a eternidade.

Antes que eu pudesse responder ele me empurrou para o meio de fluxo grande de pessoas que fugiam e fui praticamente arrastado por elas para dentro do túnel mal iluminado.

“É bom que você viva seu desgraçado! Ou eu vou até o inferno atrás de você!” corri junto com as pessoas tremulo e tropeçando e logo havia tantas ramificações que as pessoas começaram a se perderem umas das outras e quando vi estava correndo sozinho em uma caverna que ia ficando sem iluminação.

— Merda – xinguei abrindo a mochila e retirando a lanterna.

Olhei para a arma ali dentro e estremeci de nojo. Eu não ia matar mais ninguém! Jurei isso quando matei os guardas depois de terem atirado em Erant, mas eu devia ter bom senso; não estava só e uma vida dependia de mim para me entregar aqueles escrúpulos.

Segurei a arma e girei o cano ouvindo um clique, sinal que havia mudado ela para o modo de atordoar. Era o que eu podia fazer.

Colocando a mochila nas costas peguei o comunicador no bolso. Era um aparelho não mais de dez por cinco centímetros com tela sensível ao toque e que podia projetar um mapa tridimensional no ar. Liguei-o percebendo que estava em um túnel antigo de manutenção que ia desembocar em uma porta para a superfície.

Desligando voltei a caminhar.


~~***~~

Frey estava monitorando as redes de informação dentro do planeta. Ele conseguia fazer isso já que Andrew havia lhe dado as senhas do computador central da Sede de Informações do Governo, não sem antes o xingar.

Diabos! O menino não sabia perdoar e não adiantava ele ter pedido desculpas falando que não sabia que carregavam escravos até o contrato ser firmado.

Depois daquilo era mais fácil ser fora da lei, pelo menos eles sabiam o que estavam roubando.

Não fora uma vida fácil e ele às vezes se perguntava o que estava fazendo e se era aquilo que queria deixar para os seus filhos, mas desde que Valdi chegara tudo mudou.

Agora a nave estava a serviço de Aurifen e Gwidion era governador de uma lua, um mundo lindo cheio de vales com florestas e campos floridos. Era um lugar de agricultores, mas com cidades de porte médio onde o mercado já florescia. A lua tinha potencial para ser um entreposto comercial sem que isso interferisse em Aurifen.

Aquele sistema ficava a meio caminho do exterior da galáxia e do seu centro. Sabia que havia planetas interessados em comerciar ali, mas sem a perspectiva de uma base de apoio.

Ao ver aquela lua essa fora à primeira ideia de Gwidion aprovada por Yaci e que havia rendido um beijo apaixonado de Valdi.

Estava perdido em suas contemplações para o futuro que quase deixou algo passar, mas se deteve e percebeu a seriedade do que estava vendo.

— Yaci – gritou para o príncipe que estava ali perto conversando com Abrahan – A cidade de Belém está sendo invadida!

— O que?! Como eles descobriam? – ele correu para um dos computadores da nave tentando falar com Tranalow.

— Nós captamos a ordem agora pouco – disse o comandante de revolução assim que apareceu na tela – Não temos mais tempo a perder meu príncipe.

— Iniciem a operação!

— Meu imperador! – Tranalow bateu continência colocando a mão direita em cima do coração – Por Aurifen!

O ataque final teve inicio.

~~***~~

Porque tinha que ser tão longe? E porque aquela barriga tinha que pesar tanto?

Meu filho me deu um chute dolorido.

— Desculpa! Eu não estou reclamando de você, mas acho que eu ando precisando fazer exercícios e pretendo fazer assim que você nascer.

Era bom ter alguém para conversar naquele local, principalmente agora que havia me dado o luxo de começar a ficar claustrofóbico. Parecia que não havia ar suficiente naquele lugar para mim e o fato de estar ficando ofegante não ajudava em nada.

O túnel onde estava era baixo, mas eu também era baixinho o que ajudava.

O chão sob o meu pé estremeceu e todo o túnel ficou tomado por uma fina nuvem de pó. Segurei-me na parede assustado e recomecei a andar com mais ímpeto com medo de que eles tivessem a boa ideia de jogar uma bomba de fusão ali. Sabia que se fizessem isso eu não tinha chance nem uma de escapar.

Sai para uma galeria mais ampla e cimentada com pequenas luzes. Devia fazer parte dos abrigos anti-atômicos e eu tinha que sair para um túnel lateral, mas eu estava com medo demais para raciocinar e comecei a correr por ali mesmo sem nem consultar o mapa que tinha.

Bem a gente acaba sempre fazendo bobagens na vida, mas saibam que em caso de guerra isso pode custar a sua vida.

Todos os túneis sempre desembocam em grandes galerias e aquele não era diferente. Corri sem pensar por uma delas e quando me dei conta algo bateu em minhas costas com toda a força e eu cai esparramado no chão tentando de algum modo proteger a minha barriga.

— Não dizem que roedores sempre caem em armadilhas? – disse uma voz zombeteira acima de mim.

Atordoado percebi que estava diante de um soldado que me olhava com desprezo.

Maldição!

Rolei para longe de sua bota que foi em direção ao meu filho e puxei a arma da minha calça e atirei sem nem mesmo fazer pontaria. O soldado caiu como um monte de roupa suja.

— Desgraçado! – chutei ele nas costelas e voltei a correr, mas parecia que o soldadinho de chumbo tinha amigos e eles apareceram dos outros túneis apontando a arma para mim.

Com raiva de mim e deles joguei a arma.

— Nos encontramos de novo Andrew! – aquela voz...

O imperador apareceu detrás dos seus homens com um sorriso no rosto. Vestido todo de preto ele estava pálido e com olheiras profundas. Seus olhos vermelhos não sorriam, pareciam cheios de uma raiva descomunal.

— Espero que você esteja péssimo imperador – disse com azedume.

— Você é sempre tão engraçado Andrew Drake.

Fiquei rígido ao ouvir meu nome completo. Já fazia tanto tempo que eu não o usava que eu o tinha esquecido e era melhor assim. A família Drake eram uns filhos da mãe que deviam ser jogados no canto mais fedorento da galáxia pelo que fizeram a mim por causa do dinheiro.

— Andei procurando informações de você e veja que descobri o quanto bom você é com computadores.

— Então você usou a cabeça? Que milagre!

— Você invadiu a minha central de informações e passou informações erradas – ele andou em volta de mim – Ainda me deixou um brinde, um vírus muito bem escondido. Mas encontrei alguns técnicos que deram um jeito nele sem que você percebesse meu gênio da informática.

Tive vontade de me chutar. Eu estava tão certo que eles eram uns idiotas com relação à tecnologia que havia deixado brechas e isso tinha sido a nossa ruína.

— O que vai fazer agora imperador? Me matar? Anda logo com isso!

Eu queria ser corajoso, mas estava tremendo e com a mão na minha barriga. Meu filho não tinha culpa de toda aquela merda e agora ele ia morrer sem nem mesmo ter tido a chance de vir ao mundo.

— Não tão fácil garoto – ele riu fazendo um som oco – Estou esperando...

Eu ia retrucar quando algo foi jogado dentro da sala e eu ofeguei ao ver Tiol. Estava desacordado e com um filete de sangue saindo de sua testa.

— Tiol! – corri para ele temendo o pior, mas ele estava vivo.

— O idiota estava ajudando um punhado de vermes a fugir – Adamas ria – Ele não tem a capacidade nem para salvar a própria vida.

— Ele é muito melhor que você seu projeto de imperador! – gritei para ele – Ele tem mais coragem correndo em suas veias do que em alguém como você Adamas.

O imperador me olhou rígido ao ver a minha omissão do eu titulo.

— Não me falto com o respeito humano!

— Você não tem respeito Adamas! Respeito se conquista e o único que merece o título de imperador é Yaci! Ele é o imperador de Aurifen!

Qual é mesmo o ditado antigo da Terra? Não se cutuca onça com vara curta? Bem, assim que terminei o meu discurso inflamado recebi um soco do imperador que me jogou ao chão e me fez ver tudo embaçado à minha volta.

Uma sombra passou por mim e ouvi gritos, quando pude ver percebi que Tiol tinha acordado e visto o que Adamas havia feito comigo. O príncipe, tomado de raiva, havia pulado no pai e o socado, mas os guardas o seguravam agora enquanto o imperador limpava o sangue do rosto rindo.

— Ola filho!

— Se tocar nele de novo eu ti mato! – quatro soldados o seguravam.

— Sempre tão idiota. Não sei por que não matei vocês ao nascerem. Teriam me poupado muitos problemas.

— Você está louco pai! Olha o que você fez com o nosso planeta!

— Eu apenas o limpei da escória.

— Ele está destruído! Tem pessoas mortas por todo o lado, as cidades estão em ruínas. Aurifen não existe mais e tudo isso é culpa do senhor. Um déspota louco.

— Acho que está na hora de voltar a minha sanidade – disse Adamas pegando a arma – Vou me livrar de cada um de você e ter o poder total nas mãos.

Tiol levantou o queixo ante o cano da arma.

— Tiol! – eu gritei ao ouvir um tiro.   





2 comentários:

  1. Incrível, toda vez que eu lia achava que não poderia ficar melhor, mas me enganei, e estou enlouquecendo de curiosidade, e muito temerosa para saber o que você planejou para o destino de Tiol e Andrew, e dos outros, está de parabéns...;)>

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  2. ai meu Deus, realmente to tendo um ataque cardiaco, ta demais a historia, a curiosidade ta me matando, rsrsrsrsrs

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