Capitulo 32 - Verdade
— Vamos
ver quem é você! – resmunguei feliz apertando o “enter” e quase desmaiei ao ver
o que era o sinal – Deus do céu!
Os códigos foram se revelando à minha frente
formando padrões complexos e por fim eu estava diante da central de comunicação
de uma nave e o rosto sorridente de Gwidion.
— Olá Andrew!
— Gwidion?! – eu estava em choque.
O pirata havia sobrevivido? Mas e os outros/
— Andrew – Abrahan apareceu na tela com o
rosto cheio de machucados que estavam cicatrizando – Graças a Deus você está
bem.
— Co... como? Eu... Como?
— Está faixa é segura? – Valdi resmungou atrás
do companheiro.
— Claro que não – respondi com sarcasmo –
Acha mesmo que eu ia conseguir entrar na comunicação da nave por um rádio simples?
Eu estou usando os satélites de defesa do planeta.
Arregalaram os olhos admirados e não pude
deixar de me sentir vaidoso, mas era hora de saber da verdade e logo.
— Podem ir contando tudo! O que aconteceu com
vocês enquanto eu e Tiol enfrentávamos o inferno nas mãos daquele imperador
desgraçado? Onde vocês estavam enquanto estamos tentando juntar toda e
revolução para destruir Adamas?
— Andrew calma...
Sabia que eu devia estar feliz por ver algum
deles, mas a verdade era que o nosso mundo estava se esfacelando e eles não
fizeram nada enquanto eu, Tiol e todos os outros enfrentavam a guerra.
— Andrew – Yaci entrou no foco da câmera
mostrando um rosto cansado e marcado – Nos perdoe, por favor. As bombas cairão
perto da porta e estávamos junto à parede, Tiol estava indo buscar. Você e ele
foram jogados longe enquanto nós ficamos soterrados junto à parede e quando saímos
de lá os procuramos, mas apenas Ian estava...
Sua voz quebrou e eu temi pelo pior.
— Yaci! – eu levantei tremulo da cadeira –
Ele...
— Está em coma – havia uma dor indescritível em
seus olhos vermelhos – Ele e nosso filho lutam diariamente pela vida, mas as
chances são muito poucas.
Sem que eu percebesse estava chorando. Lagrimas
desciam pelo meu rosto e eu não fazia nada para enxugá-las.
— Sobrevivemos com alguns arranhões, mas
quando fomos à procura de vocês o imperador chegou e tivemos que nos retirar
para a nave de Valdi que afundou no oceano para despistar o governo. Conseguimos
voar para o espaço na tentativa de salvar Ian, mas depois tivemos uma desagradável
surpresa, naves negras estão patrulhando o espaço em volta de Aurifen.
— As naves dos Intis – disse com desprezo.
Os Intis eram uma raça de guerreiros
parecidos com lagartos com duas pernas, pele verde e língua bifurcada. Adoravam
uma boa briga e era o maior problema da galáxia, pois estavam sempre prontos
para vender seus serviços a quem pagasse melhor.
— Se a Terra descobre...
— Era isso que estávamos fazendo a pouco –
disse Valdi – Conseguimos falar com a Federação que a luz do que esta
acontecendo vai intervir, mas apenas com as naves negras. Eles não podem fazer
nada com relação à política interna de Aurifen.
— Melhor assim – disse com firmeza – Vamos acabar
com o imperador juntos! Estamos juntando todos para o ataque final e sabemos
que as forças do governo estão bem fragilizadas. Preciso que vocês fiquem na
linha eu vou trazer Tiol.
Sai correndo da sala onde me fora destinado. Havíamos
montado a base em uma casa vazia e Tiol estava com Bairon no andar debaixo
estudando um mapa holográfico do planeta onde as informações sobre o que
acontecia chegavam e assim mudava o que se via no mapa.
— Tiol! – gritei correndo pela escada.
Tiol me olhou assustado e correu para mim
quando eu tropecei e quase cai da escada.
— Ta maluco Andrew! Você podia ter se
machucado.
— Venha! Vamos!
Eu comecei a arrastar ele para o andar de
cima.
— O que você tem?
— Eu preciso que você veja algo – puxei-o para
dentro da sala.
— O que? Conseguiu alguma coisa sobre os
soldados do norte? Estamos tentando entrar em contato com desertores.
— Não! Olhe!
Apontei para a tela do computador onde Valdi,
Yaci e Abrahan sorriam para ele.
— Como...? – ele começou a respirar
ruidosamente – Pai? Yaci, Valdi...
— E ai irmãozinho? – o mais velho sorriu para
ele – Soube que está fazendo um bom trabalho.
Tiol tremulo colocou a mão na tela como se
assim pudesse tocar em seus entes queridos tão distantes.
— Pelos deuses eu achei que tinha perdido
cada um de vocês.
— A gente ainda vai ti assombrar muito.
— Tiol! Tiol! – uma voz fina se fez ouvir e
Yaci levantou Itieu para nos mostrar – Eu tava com saudades.
Ele tinha curativos na testa e um olho com um
tampão.
— Itieu – eu sorri para ele – Como você está.
— O Pin o morreu – seus olhos ficaram logo
cheios de lagrimas – Meu olho está doendo e eu quero ficar com vocês!
Ele começou a chorar no ombro de Yaci e eu me
peguei tremendo de raiva. O menino já havia perdido tanto a agora seu bichinho
também.
— Logo e gente vai estar junto Itieu – disse Tiol
tentando tranquilizar.
— Que tal vir com o vovô – disse Abrahan
pegando o menino – Logo vamos ver seus pais.
Vovô? Pais?
O menino foi chorando com Abrahan.
— O
que houve com o olho dele? – perguntei preocupado.
— Foi ferido no desmoronamento – disse Yaci –
Mas os médicos da nave conseguiram salvá-lo, infelizmente ele vai perder boa
parte da visão que terá que ser corrigida com lentes.
— Isso não importa – disse Tiol – Ele está
vivo assim como vocês e juntos daremos um jeito no que vier.
~~***~~
Depois de algumas horas de conversa com Tiol
e Andrew, Yaci sabia o que estava acontecendo em seu planeta e no bom trabalho
que aqueles dois estavam fazendo. Ele sentia que era a reta final, era tudo ou
nada agora e mesmo tudo apontando para uma vitória da revolução algo dentro
dele estava quebrado.
Seguindo a passos lentos para a ala da
enfermaria, uma estrada já muito conhecida sua, entrou no quarto privado onde
Ian estava em como preso a vários aparelhos que mantinham a sua vida.
Os médicos haviam dito que talvez ele pudesse
ser mantido vivo até o nascimento da criança, mas depois não acreditavam que ele
sobreviveria.
Sentou na cadeira ao lado da cama olhando
para o rosto pálido de Ian. Segurou a sua mão inerte e a encostou na testa
tentando sentir algum calor de vida no ex escravo.
Droga! Se tivesse conhecido Ian antes! Se
tivesse sido ele a comprá-lo...
Não! O melhor mesmo era se Ian nunca tivesse
sido vendido, se tivesse feliz em seu mundo, mas ele jurara que ia acabar com
isso. Sabia que ia ser uma grande luta impedir a escravidão, mas estava
disposto a ir contra tudo e contra todos para ver essas pessoas livres e lhes
dar um futuro.
— Queria que estivesse aqui Ian.
Ele não queria chorar, era hora de ser forte
por todos eles, por Aurifen, mas seu coração estava quebrando aos poucos. Tudo a
sua volta era um frio vazio sem ele e não conseguia nem mesmo imaginar como
seria o futuro sem Ian do seu lado.
— Yaci – Abrahan entrou no quarto ajoelhando
em frente ao filho mais velho – Precisa descansar filho. Você não dorme há dias.
— Eu me sinto melhor quando estou com ele
papa – disse Yaci sem soltar a mão de Ian ou olhar para o pai.
— Filho olhe para mim – Abrahan segurou o
queixo dele vendo os olhos marejados das lágrimas que ele segurava – Yaci ponha
tudo para fora. Se guardar dentro de você essa dor ela vai crescer e tomar
conta de você como fez com seu pai.
— Dói! Pai dói como nada que eu já senti na
vida.
— Perder aqueles que amamos dói filho –
Abrahan levantou abraçando o filho – Mas Ian esta vivo e lutando e ele é um
lutador. Sobreviveu a anos de escravidão e vai sobreviver a isso.
Yaci já não podia esconder a sua dor e chorou
de encontro à barriga do pai enquanto este acariciava os seus cabelos.
Valdi olhava a cena e resolveu não entrar
ante a dor tão profunda do irmão.
Andou sem rumo pelos corredores sendo
cumprimentado pelos tripulantes da nave com educação. Todos sabiam que ele era
o companheiro do comandante e como tal merecia respeito. Ninguém falava do que
acontece quando Valdi chegara ali, do estupro que fora transmitido ao vivo pela
nave e ele agradecia aos deuses.
Entrou em uma sala de descanso e sentou perto
de uma janela panorâmica feita com um tipo de metal transparente como vidro, só
que tão forte quanto o aço da nave.
Ele sentou em uma poltrona olhando para as
estrelas que podia ver dali.
Durante sua vida ele nunca tivera muito tempo
para olhar para elas e quando fazia isso era para pensar nos povos que viviam
ali, mas ali, naquele momento, ele só queria olhar e deixar com que seus
pensamentos vagassem sem destino como se isso pudesse aliviar a sua mente de
tudo que lhe acontecera.
— Valdi? – Gwidion e Frey haviam aberto a
porta sem que ele percebesse – Está tudo bem?
— Sim – ele voltou para as estrelas – Eu fui
até a enfermaria, mas Yaci não estava muito bem.
Frey sentou perto dele e segurou sua mão. Desde
aquela noite Frey tentava de algum modo se aproximar dele, mas Valdi ainda
tinha medo, medo do que acontecera e isso o enchia de vergonha.
— Valdi eu tento me desculpar todos os dias e
o que vejo é você cada vez mais se afastando.
— Eu não posso me afastar – disse o príncipe com
desgosto – Esqueceu que estamos ligados para toda a vida?
— Nós não esquecemos e você sabe com esse
vinculo o quanto dói em nós o que fizemos – disse Gwidion sentado no braço da
poltrona perto dele.
— E vocês sabem que eu tenho medo e
vergonha... – Valdi tremeu e tentou não chorar, ele não podia fazer isso na
frente deles.
— Lamento tanto – Frey o abraçou apesar do
corpo de Valdi ter ficado rígido – Eu faria qualquer coisa para mudar o que
fizemos.
Não havia nada que podia mudar aquilo, mas
ele podia tentar conseguir outras lembranças para soterrar aquelas que estavam
com ele.
— Me ajudem a esquecer então – olhou para os
maridos – Por favor, me ajudem a esquecer para que possamos viver a nossa vida.
Ambos o olharam e Frey finalmente tocou no
seu rosto com carinho e beijou seus lábios tentando colocar nesse beijo todo
arrependimento que sentia.
— Ora eu também quero beijo – Gwidion fez um
enorme bico e os dois acabaram caindo na risada.
— Então venha meu pirata – disse Valdi
oferecendo a ele os lábios.
Foi um beijo pequeno, apenas um roçar de lábios,
mas foi o bastante para acalmar Valdi.
— Gosto de você – disse Frey o abraçando por trás
e cheirando o pescoço dele – Desde o momento em que vi você ali enfrentando uma
nave inteira eu tenho você dentro do meu coração.
— Frey – Valdi segurou a mão dele em cima do
seu coração – Queiram os deuses que um dia eu possa retribuir.
— Não se preocupe Valdi – Gwidion ficou
ajoelhado na frente dele – Nós vamos fazer você se apaixonar por nós, isso é um
promessa.
Valdi sorriu para eles.
— Você é uma gracinha quando sorri!
— Frey! – Valdi havia ficado vermelho com o
elogio.
— E ele cora! – Gwidion se aproximou mais e
tocou na ereção de Valdi evidente na roupa – E está excitado.
— Gwi... – Valdi gemeu ao ter o falo apertado
por ele.
— Acho que o nosso príncipe precisa de uma
ajuda – disse Frey colocando a mão por baixo da blusa do aurifense indo até os
mamilos dele.
— Hum! – Valdi gemeu arqueando o corpo de
encontro a Frey que apertava a puxava.
Gwidion com o olhar safado abriu o fecho da
calça de Valdi deixando o pênis ereto saltar para fora.
— Ora sem roupa intima – disse Gwidion
segurando o membro – Que safado.
— Você estava andando por ai sem nada por
baixo? – Frey falava de encontro ao seu ouvido enquanto continuava com a
tortura – Sabe como isso me excita.
— Quero ti provar – disse o outro pirata
engolindo seu pau.
Valdi estava mergulhada em meio a um
delicioso tormento de prazer que ele não queria que acabasse. A boca de Gwidion
era tão boa e quente e sua língua deslizava por toda a extensão do seu membro o
fazendoele enlouquecer.
Frey retirou a sua blusa e abocanhou os seus
mamilos com sede e começou a mamá-los com deleite enquanto Valdi gemia sem
parar.
Não suportando mais o príncipe gozou dentro
da deliciosa boca do pirata que engoliu toda a sua semente e ao retirar o pênis
flácido de sua boca deu um sorriso safado.
— Delicioso!
Valdi ofegava e sentia que o cansaço chegava
até ele depois que um pouco da tensão dentro dele tinha diminuído.
— Durma meu príncipe – disse Frey acariciando
seus cabelos – Cuidaremos de você.
~~***~~
Mesmo estando exausto eu não conseguia
dormir. Não querendo acordar Tiol por ficar me remexendo levantei e sentei em
uma cadeira perto da janela que dava para a rua onde ainda havia movimento
mesmo sendo duas da manhã.
A intensidade da iluminação fora diminuída a
ponto de ter que se andar com lanternas tentando simular a noite da superfície.
Eu me sentia aliviado e triste ao mesmo
tempo. Meus amigos estavam vivos, mas Ian estava muito mau e ao lembrar-se das
lagrimas de Itieu meu coração doía. Durante aqueles dias eu tentara esquecer
que eles podiam estar mortos e isso incluía o menino de doces olhos. Pensar que
ele podia estar morto era mais do que dava para aguentar.
Meu filho remexeu dentro de mim sentindo a
minha depressão.
“Tudo bem” comecei a acariciar o meu abdômen “Vai
tudo ficar bem”.
Era como um mantra que eu tinha que dizer
para acalmar nós dois. Mas dessa vez parecia não estar funcionando, pois ele
continuava a mandar sentimentos dolorosos para mim.
— Andrew? – Tiol havia acordado e procurava
por mim.
— Aqui – disse tremulo com a intensidade dos
sentimentos do bebê.
— O que há? – ele se levantou e tocou a minha
barriga acalmando o feto.
— Ele sentiu meu medo e minha dor – disse baixinho
– Isso doía nele também Tiol e eu não sabia o que fazer.
— Calma – ele continuava a me acariciar –
Vocês dois estão em uma fase delicada, estão cada vez mais ligados.
— Eu não quero que ele sinta isso! – disse tentando
parecer mais forte, mas a verdade é que eu estava um caco, cansado demais para
segurar os meus sentimentos desenfreados.
— Saiba que estarei aqui para vocês. Não sei
se isso é um grande consolo, mas eu prometo proteger vocês dois.
— Você é um príncipe chato e sádico, mas
saiba que não consigo imaginar minha vida sem brigar com você todos os dias.
— Como acha que seremos daqui a alguns anos? –
ele perguntou sorrindo e me pegando no colo.
— Ainda estaremos brigando por ai, mas espero
fazer isso no nosso quarto afinal não podemos traumatizar as crianças com um
pai assim.
— Assim!? – Tiol me largou na cama – Eu vou
ti mostrar o assim!
E ele começou a fazer cócegas em mim e jurei
que eia fazê-lo pagar por cada risada que dei! (Pagar no pior sentido, claro!)
Parabéns por mais um capítulo quem bem se poderia classificar como delicioso. Fiquei muito contente com a situação do trio começando a se resolver, apesar de ter odiado os dois piratas, mas enfim... Valdi merece ser feliz, mesmo quer tudo tenha começado do jeito que começou. Ah, por favor, se puder, salve o IAN.
ResponderExcluirMais uma vez, PARABÉNS e fique na PAZ!