Capitulo 11
Fabian olhou para o freezer se
perguntando o que fazer e de decidiu por algo mais simples como filé de frango
grelhado, creme de milho e arroz branco. Como sobremesa uma torta de morango
com chantili.
Gabriel estava no bebê conforto em
cima da mesa resmungando em sua língua de murmúrios enquanto o pai resmungava
no que havia dado em sua cabeça para fazer aquele jantar. Claro que ele queria
ser gentil com o homem por ele ter lhe dado em emprego, mas...
— A droga! – Fabian os morangos – Que seja!
Isso ta me deixando doido!
Gabriel deu uma risada dele. A bem da
verdade o que estava deixando ele doido era um fazendeiro sexi que andava para
cima com aquele jeans justo deixando pouco para a imaginação e ele estava na
seca há tento tempo...
— Meu Deus eu estou precisando de juízo
isso sim. Tenho um filho e isso não é hora para pensar nisso.
Mas ele era um ser humano macho
saudável com sua libido intacta.
Suspirando parou um momento de cortar
as frutas e ficou olhando o sol se por em meio a um grande espetáculo vermelho
e dourado, era como ter pó de ouro no ar e as poucas nuvens eram cor de rosa. O
ar esfriava e tinha cheiro de terra e mato, cheiro de liberdade e Fabian sorriu
um pouco lembrando que estava recomeçando, que tinha deixado aquela vida para trás
e que tinha uma nova vida e se seu novo patrão o atraia paciência, mesmo ele
não sendo para o seu bico olhar e desejar não era pecado e quem sabe na solidão
da noite ele podia ter algumas fantasias com...
— Saco! – a faca desceu sobre o pobre
morando que se despedaçou.
~~***~~
— Acha que isso é uma boa coisa? – Jon
perguntou para Regina.
Os dois estavam no quarto dela
enquanto a menina tentava achar alguma roupa no armário bagunçado.
— Cê fala do Fabian ter convidado a
gente para jantar? – ela tirou uma saia amarrotada e jogou de lado procurando
outra – Acho que seria mais promissor se eles tivessem um jantar romântico às
sós.
— Acho que isso seria muito adiantado.
— Você é um romântico Jon – respondeu ela
de dentro do armário – Eu sou mais de ação.
— Regina até parece que você já partiu
para a ação alguma vez na vida? – resmungou o outro.
— Não – ela saiu do armário com uma
bermuda e uma camisa de mangas longas – Eu queria experimentar Jon, mas acho
que é cedo para transar com alguém.
O menino ficou vermelho e ela caiu na
risada.
— Jon você tem que vencer essa sua
timidez ou o Luis nunca vai cair na sua rede.
— O que? Gina ta doida? Eu e o Luis
não temos nada!
— Vamos lá irmãozinho – Regina começou
a se trocar sem pudor nem um em frente ao irmão gêmeo – Sei que você gosta
dele.
— É uma merda ter uma irmã gêmea. Você
anda lendo os meus pensamentos?
— Não – ela sentou perto dele – Mas de
algum modo somos parte um do outro e sei o que você sente.
— Tá certo, mas sabe que ele é...
— Um baita galinha.
— Gina!!
— Qual é? É a verdade. O cara pega
todos e isso é em relação a homens e mulheres. Luis é um cara lindo e
inteligente, mas eu sei que você quer um namorado e não um ficante.
— Eu não sei se... – ele respirou
fundo – Você vê o que acontece com os gays Gina.
— Você está com medo da sua opção
sexual?
— Estou – olhou para ela sério – Se você
fosse gay também teria.
— O pai não tem medo.
— O pai é bissexual Gina. Ele teve a
nossa mãe...
— E agora a gente ta tentando casar
ele com um rapaz. Olha sei que o mundo lá fora não é fácil e por vezes vai
ser... como é a palavra... hostil, mas se esconder e viver de acordo como os
outros querem não vai ti fazer feliz. As coisas não são fáceis nem para homo
nem para heteros, saiba disso.
— Quando foi que você ficou
inteligente?
— Ei! – ela deu um tapa na cabeça dele
– Eu sou extremamente inteligente!
— Olha essa sua mão pesada Regina! –
resmungou o irmão massageando o local do tapa.
— Cê vai ver a mão pesada!
Ela começou a fazer cócegas nele
sabendo o quanto Jon odiava.
— Para! – ela ria rolando na cama
enquanto a irmã não lhe dava trégua.
— Quem é a melhor heim?
— Vai ti catar!
— Irmão idiota!
— Irmã boba!
Samara e Kauan que passavam pelo
corredor balançaram a cabeça.
— Coitado do Jon – disse o menino –
Ela pegou ele.
— Ele tem minhas orações – disse a
menina que mancava levemente – Mas eu não entro ali nem pelo melhor vídeo game
do mundo.
Eles desceram para a sala onde o pai
estava com o notebook sentado em sua poltrona.
— Nossa pai cê caiu em um tambor de
perfume? – perguntou Samara cheirando o ar.
— Será que exagerei? – Laércio cheirou
a roupa.
Laércio havia tomado banho os cachos
dourados ainda úmidos e a barba feita. Vestia uma calça jeans desbotada, botas de
couro, camisa preta aberta no peito onde podia-se ver uma corrente de prata com
um singelo crucifixo.
— A Samara é uma tonta exagerada pai –
disse Kauan – Não to sentindo nada.
— Isso é porque você não cheira nem
mesmo uma vaca morta debaixo do seu nariz e tonta é...
— Samara! – chamou a atenção do pai.
— ... o seu rato – ela completou para
o desespero do pai.
— Quico não tem nada de tonto! Ele é
mais inteligente que aquele cachorro doido e aquela gata nojenta!
— Para! – Jon desceu correndo as
escadas com Regina atrás dele rindo.
— Cuidado com as escadas...
Mas nem deles ouviu. Jon correu para trás
da poltrona onde ele estava e Regina foi atrás com um sorriso perigoso. Mara e
Kauan ainda discutiam quem era o animal mais inteligente da casa e ele estava
desistindo de olhar as flutuações da bolsa de Tóquio onde o índice Nikkei
estava em alta.
Do nada apareceu Anúbis correndo atrás
de Sekmet e o caos se instalou.
Ele gritou para o cachorro parar, mas
ele nunca o escutava e ele derrapou no tapete pulando em cima de Laércio
virando a poltrona com o seu peso. Ele e o pobre notebook foram ao chão em meio
a um monte de pernas de cachorro que se levantou para voltar a correr atrás da
gata agora com Gina e Jon atrás aos gritos.
— Viu o que ti falei? – Kauan dizia
para Samara aos berros por causa dos latidos e da discussão dos irmãos – Esses dois
são uns bobos.
— Isso – resmungava Laércio no chão
olhando para o computador de cabeça para baixo – Não se preocupem comigo eu
estou ótimo!
Levantou-se tirando a baba do rosto e
olhando para os pelos de cachorro na camisa.
— Maravilha!
Algo quebrou na cozinha e Laércio
pediu paciência aos deuses quando Anúbis apareceu carregando um pão na boca com
Regina atrás dele com uma colher de pau.
— Seu cachorro imprestável! Eu vou ti
ensinar a pegar as coisas da minha mão!
O cachorro pulou por cima de uma
mesinha de centro derrubando tudo e se escondeu atrás da cortina enquanto Gina
corria atrás dele e Jon resmungava para ela deixar o seu cachorro.
Sekmet lambia as patas saindo da
cozinha que Laércio nem queria ver como tinha ficado.
— Chega! – gritou Laércio – Jon coloque
o Anúbis pra fora! Gina volte para a cozinha e guarde essa colher e arrume a
bagunça.
Finalmente as crianças deram uma
parada e obedeceram. Ele se perguntou como era fácil com a Aninha, com ele
tinha que ser aos berros.
Assim que conseguiu que tudo estivesse
no lugar pegou a garrafa de vinho na geladeira e arrebanhou sua cambada até a
casa de Márcio. A noite estava bem fria e com o céu limpo com as estrelas
piscando.
Chegaram a casa com Kauan e Mara
correndo na frente. A varanda estava com as luzes acesas iluminando o jardim.
Laércio bateu na porta e Márcio
atendeu.
— Tio Márcio! – Samara pulou nos
braços do rapaz que caiu na risada e levantou a menina.
— Ola princesa!
— Boa noite Márcio – disse Laércio
entrando com o restante dos meninos.
— Boa noite, ola crianças.
— Algo ta cheirando tão bem – disse Jon
farejando o ar.
— Ola – Fabian entrou na sala vindo da
cozinha sorrindo para eles.
Laércio quase gemeu ao ver ele com uma
camiseta e jeans azul emoldurando a cochas. Os cabelos castanhos haviam sido penteados
para trás, mas alguns fios já escapavam emoldurando o rostinho de anjo... Meus
Deus de onde ele havia tirado isso? Era bom que tivesse juízo, Márcio podia ser
seu amigo, mas ia acabar com a sua raça se fizesse algo ao seu irmãozinho.
— Fabian! – Regina beijou o seu rosto.
— Ola Regina.
Fabian havia se segurada para não
passar os lábios pelos lábios repentinamente secos ao ver o belo fazendeiro
naquele jeans desbotado e justo. A camisa preta deixava ver um pouco do tórax definido
e musculoso. Desviou logo sua atenção para as crianças que falavam sem parar
com ele.
— Que tal jantarmos? – ele chamou
todos para a mesa enquanto Márcio abria a garrafa de vinho.
Ele havia feito suco de uva para as
crianças e logo todos estavam em volta da mesa comendo com gosto toda a comida
que Fabian havia feito.
— Fabian ta muito bom – disse Samara
com a boca cheia.
— Cuidado para não engasgar – riu ele
ao pegar o guardanapo e limpar o rosto da menina.
— Tá certo – ela começou a comer mais
devagar e Laércio adorou que Fabian estivesse esse poder sobre os filhos, ele
ia precisar.
— Está mesmo muito bom – disse ele
para o rapaz que ficou vermelho constrangido.
— Obrigado, mas foi algo simples.
— Melhor que uma comida complicada –
disse Jon – Os amigos do papai tem mania de comer uns trecos, uma vez queriam
que comecemos lesma.
— Eca! – Kauan pôs a língua para fora.
— Era escargô Jon.
— É lesma do mesmo jeito pai e o
senhor parecia que ia vomitar quando colocaram aquilo no prato.
— Confesso, foi a coisa mais nojenta
que eu vi na vida.
Todo mundo caiu na risada.
Fabian bebericou um pouco do vinho
branco suave. Ele nunca fora de beber, mas era um ótimo vinho frizante e ele
havia adorada o sabor. Ficou pensando se o beijo de Laércio seria assim, suave,
sem deixar de ser marcante, fresco e intenso, com aroma de jasmim e sabor cítrico.
Meus Deus ele estava ficando duro em
uma mesa cheia de crianças! Estabanado quase derrubou o vinho, mas Laércio
segurou o copo sorrindo.
— Cuidado.
— Ah! Quem quer sobremesa? – perguntou
tentando esconder o embaraço.
As crianças gritaram alegres e Fabian
começou a tirar a mesa.
— Eu ajudo você – disse Laércio
ficando em pé e pegando os pratos.
— Não precisa!
— Tá tudo bem.
Eles entraram na cozinha e Márcio
ficou olhando as crianças que começaram a rir baixinho.
— O que vocês estão aprontando?
— Nada tio – disse Gina fazendo cara
de ofendida – A gente ta bem aqui, como pode ta aprontando algo?
— E eu não conheço vocês? Podem ir
falando!
— Tio o que acha deles casarem? –
disse Kauan de forma inocente.
— Kauan era segredo – disse Samara
contrariada.
— O que?!
— Quieto! – disse Jon olhando para a
porta da cozinha – A gente só acha que o Fabian é boa gente e que ele e o pai
vão se dar bem junto.
— Olha crianças, isso é com o pai de vocês
e com o Fabian. Vocês não podem ficar maquinando coisas sobre o coração das
pessoas. Nunca da certo.
— Mas a gente acha que eles se gostam!
– se defendeu Kauan.
— Pode até se Kauan, mas a gente não
manda no coração. Se for para acontecer o destino vai se encarregar disso, mas vocês
não podem ficar brincando com os sentimentos dos outros. Me prometam que vão
parar com isso.
Os meninos olharam uns para os outros
com os ombros caídos e balançaram as cabeças concordando, o que Márcio não viu
foram os dedos cruzados deles debaixo da mesa.
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