Minha lista de blogs

sábado, 10 de novembro de 2012

O Escravo - Capitulo 31 - Ataque!

Capitulo 31- Ataque


O melhor horário para invadir a Sede de Informações do governo era à tarde quando há a troca da guarda. Bairon acabou descobrindo que estava havendo muita movimentação das tropas do governo rumo ao norte onde uma grande cidade de nome Sorde estava causando problemas ao governo, mas qual era o problema não sabíamos, já que as informações estavam muito desencontradas.

Havia velhos túneis de abrigos anti-atômicos por toda a cidade e usamos eles para chegar cada vez mais perto da sede.

Um pequeno carro elétrico nos levou pelos vários quilômetros de túneis rumo ao centro da cidade.

Estava sentado do lado de Tiol com um pequeno computador no colo terminando o programa. Eu não contara vantagem ontem, sabia bem o que fazer com um sistema de defesa e Aurifen ainda era bem subdesenvolvido nessa parte, afinal eram um povo relativamente novo, nada como os muitos milhares de anos da raça humana.

— Sabe mesmo o que está fazendo? – Tiol me perguntou com uma sobrancelha levantada em dúvida.

— Claro – resmunguei fechando o computador e olhando para ele com certo ar de superioridade – Meu povo é bem mais avançado que o seu.

— Com certeza – havia sarcasmo em sua voz – Afinal vocês vendem a si mesmos como escravos.

— Eu acho que não é hora para discussões – disse Bairon que dirigia o carro – Assim que sairmos para a superfície estaremos em terreno inimigo e se começarmos a nos desentendermos isso vai acabar com as nossas vidas.

Fiz um bico, mas fiquei quieto e Tiol balançou a cabeça concordando e passando a mão na leve protuberância da minha barriga e nosso filho mexeu-se alegre.

Olhei para o príncipe que sorriu para mim. Afinal nós éramos assim, em pé de guerra e seria tão chato se fosse diferente.

— Chegamos – disse Bairon parando o carro.

Descemos e eu percebi que estávamos dentro de um grande salão de aço com uma porta dupla do mesmo metal e com linhas de ferrugem.

— Acha que isso abre? – perguntou Tiol em dúvida, mas Bairon balançou a cabeça.

— Estivemos aqui semana passada e conseguimos fazer o sistema funcionar, precisamos ter várias rotas de fuga para o caso de sermos achados.

Ele foi até o painel de controle na lateral direita.

— Aaran deve estar furioso – disse apertando o computador e lembrando da briga do mestiço que queria vir conosco e Bairon não deixou.

Eu estaria arquitetando uma vingança terrível, mas acho que Aaran vai aliviado quando voltarmos inteiros.

— Eu lido com ele depois – resmungou o outro.

As portas se abriram e parecia que estávamos em um depósito bastante empoeirado com caixas empilhadas do chão ao teto.

— É um velho depósito de uma loja abandonada perto da sede – disse Bairon.

Nossas lanternas iluminaram as caixas de papelão e eu engoli em seco para não gritar quando uma coisa peluda correu por ali.

Subimos as escadas para a superfície, mas a loja abandonada já não existia mais e sim uma grande ruína com apenas uma parede de pé e escombros por todo o lado. O céu acima de nós estava em um tom vermelho sangue e as poucas nuvens eram roxas, a luz mortiça iluminava a capital, ou o que restara dela.

Ao longe vimos esqueletos dos prédios e fumaça que saia deles. Na rua tinham montanhas de entulhos e carros amassados por todo o lado e... meu Deus! Havia cadáveres caídos por ali, apodrecendo e deixando o ar quase irrespirável.

Virei para o lado e vomitei todo o meu café da manhã. Nada na minha vida havia me preparada para um cenário de guerra assim, para o descaso de deixar aquelas pessoas apodreceram ao ar livre e serem comidas pelos animais.    

— Calma – Tiol acariciou as minhas costas quando acabei de vomitar.

Minha vontade era correr para o túnel e ficar lá embaixo para sempre, mas eu não ia ser tão covarde, eu não podia deixar aquele povo à mercê daquele louco imperador.

— Vamos! – eu disse me endireitando e olhando para Tiol que estava pálido e com lagrimas nos olhos – Temos que acabar com isso!

O príncipe assentiu e segurou a minha mão. Usamos as montanhas de entulho como esconderijo para ir rumo à zona de bloqueio onde os militares estavam era a única área inteira da cidade que, fora o barulho dos aviões que vez por outra passavam sobre nós, estava submersa em um silêncio pesado.

Avistamos o prédio cercado de barricadas e tanques de guerra, com patrulhas por todo o lado armados até os dentes.

— Como a gente vai entrar ai? – sibilei em voz baixa para os dois.

— Shii – Bairon sorria – Olhe!

Avistamos ao longe quando um tanque perdeu o controle e bateu em outro causando uma grande confusão. Os dois pilotos saíram dos veículos pesados e começaram a gritar um com o outro enquanto os guardas paravam a sua patrulha e iam ver o que estavam acontecendo.

— Vamos!

Eu não tive tempo de perguntar mais nada, corremos passando por cima de barricadas feitas com sacos de areia e no meio de veiculo do exercito rumo à porta lateral do prédio.

Tiol digitou rapidamente o código e a porte destravou. Pulamos para dentro e fechamos esta com o coração aos pulos.

— Você conseguiu a distração? – perguntei para Bairon.

— São conhecidos meus. Até mesmo entre o exercito o imperador tem inimigos.

— Temos que ter cuidado – disse Tiol – Os corredores rumo ao servido tem câmeras.

— Eu preciso de uma entrada USB – disse puxando um fio do bolso da minha calça.

Nas colônias usávamos sistemas sem fios, mas ali eles ainda eram escravos de uma grande afiação.

Tiol me mostrou o painel perto da porta onde havia três portas para entrar no sistema. Conectei o cabo USB ali e depois ao computador que carregava. Os sistemas deles eram mais desprotegidos do que eu imaginava e em alguns segundos eu conseguia invadir as câmeras e congelas a imagem.

— Pronto – disse puxando o fio e fechando o computador – Não sei quanto tempo eles vão demorar para notar que a imagem está congelada.

— Então vamos depressa – disse Tiol tomando a frente e sacando uma arma assim como Bairon, eu havia me recusado a sequer tocar em uma.

Eu havia matado uma vez e me recusava a fazer novamente. Era a pior das sensações que se podia sentir, tirar a vida de algo vivente.

Subimos por escadas até o vigésimo piso aonde chegamos ofegantes. Abrimos a porta com cautela e vimos que a entrada do computador central era guardada por um guarda que cochilava. Bairon ajustou a arma girando o bocal e antes que notasse, ele havia lançado um fino raio na cabeça do outro o matando instantaneamente. Era uma arma mortal e silenciosa.

Os ombros de Tiol endureceram ao olhar para o guarda que não passava de um menino, agora morto. Ele abriu a porta e fomos recebidos pelo ar gelado da sala de computadores.

Era imensa com grandes colunas que zuniam por todo o lado. Ali estavam os mais modernos computadores de Aurifen e eles ainda não haviam descoberto que tamanho não era documento quando se falava em tecnologia. Nas colônias uma sala daquela coordenaria os sistema de informações de toda a federação de planetas e não só de um.

Corri até a mesa de controle conectando meu computador ao servidor central e comecei a introduzir o meu vírus. Depois cheguei até o satélite e, usando as coordenadas que tínhamos, ajustei para que pudéssemos chegar a uma célula de revolução.

— Mas o que diabos! – alguém xingou ao ver a frequência ser invadida – Quem é você!

— A238G254WK – disse Tiol para o microfone.

— O que?! – a tela do meu computador abriu uma pequena janela onde um aurifense apareceu. Ele tinha a testa ferida e o olhar feroz – Príncipe Tiol??

— Ola Tranalow.

Tiz Tranalow era comandante dos revolucionários do sul e Tiol o conhecera em um vídeo conferencia quando ainda estavam na base principal da revolução.

— Todos achamos que estavam mortos! – o revolucionário parecia aliviado – Então o imperador está contando vantagem apenas?

— A verdade é que não sabemos dos outros – disse Tiol – Eu e Andrew conseguimos fugir, mas não temos noticias do restante.

O outro socou o painel a ponto da imagem tremer.

— Merda!

— Tranalow, por favor, me conte resumidamente o que está acontecendo.

— Estamos sob fogo cerrado, mas parece que no norte não há mais exército, todavia não temos como ter certeza, nosso sistema de comunicação é detectável.

— O satélite é nosso – eu disse para ele – Não vai ter como o governo usar e antes que eles descubram vocês podem se comunicar.

— Precisamos coordenar todas as células – disse Tiol – Temos que atacar o governo de uma só vez enquanto ele ainda está vulnerável.

— Se pudermos usar o satélite eu posso fazer isso. Estou mandando as informações para o computador de vocês. Temos naves prontas para partir e se conseguirmos com o norte teremos uma frota considerável.

— Bem – digitei informações no computador – Estou codificando os dados de vocês e mesmo que sejamos pegos ou rastreados eles não poderão ter acesso a elas.  

— Usaremos o código Terra Tranalow – disse Tiol – Precisamos instalar uma zona de comando aqui em Mailt.

— Na antiga fabrica de tecidos fora da cidade – disse o comandante – Vamos mandar uma nave ali.

— Certo.

— Meu comandante – Tranalow inclinou a cabeça – Por Aurifen!

Desconectei com ele, mas mantive o computador ligado.

— O que vai fazer Andrew? – perguntou Tiol.

— Vou mandar uma informação errada para o comando e esperar que com isso eles se afastem para que possamos chegar aos revolucionários.

— Rápido gente! – Bairon ficara na porta.

Comecei a digitar com velocidade e logo consegui o que queria e esperava que eles pegassem a isca, mas um segundo antes de desligar eu fiquei intrigado com um fraco sinal, mas Tiol fechou o computador e me puxou.

— Vamos! Não temos mais tempo!

Corremos pelas escadas. Havia gritos por todo o lado e rezamos para que eles não usassem as escadas. Chegamos ao corredor por onde entramos e Tiol abriu a porta, só que do outro lado haviam guardas, mas o príncipe atirou neles em segundos e pulamos sobre seus cadáveres logo.

Corremos por entre os tanques e carros de guerra, mas havia tanta confusão lá fora que passamos despercebidos até sairmos da zona de bloqueio. Corremos por entre os destroços e acima de nós caças cortavam o céu noturno com um rugido.

Chegamos até a loja e corremos para as escadas quando o bombardeiro começou à nossa volta. Lascas de pedra e metal retorcido voaram para cima de nós enquanto descíamos as escadas correndo. O porão estremeceu e corremos em direção a porte de aço ruma à segurança dos túneis quando uma bomba explodiu bem onde estávamos.

Fomos empurrados em direção a câmara de onde estava o carro elétrico.

Eu havia batido a cabeça no chão e estava atordoado sem entender o que passava à minha frente. Tudo ficou confuso e por fim eu desmaiei.

~~***~~

Acordei com uma baita dor de cabeça no quarto da casa de Bairon. Tiol estava dormindo em uma poltrona perto de mim. Sua expressão era cansada e ele tinha um pequeno corte na bochecha. Sentei na cama com um gemido e ele acordou com um pulo.

— Andrew! – ele me abraçou a começou a beijar o meu rosto.

— Tiol calma! – ele estava me sufocando.

— Você quase me mata de susto! – ele gritou comigo.

— Você é bipolar ou o que?

— Sabe que tem hora que tenho vontade de te esganar?

— Pensei que você tivesse essa vontade o tempo todo.

Bem, achei que ele ia mesmo me esganar, mas acho que o fato de estar grávido pesou. Coloquei a mão na minha barriga preocupada, mas eu podia sentir ele ali dentro.

— Sabia que você podia ter perdido ele? – Tiol voltara para a poltrona com cara de poucos amigos.

— Eu sabia Tiol, mas sabia também que nem ele, ou eu, teremos alguma chance de vida em um mundo comandado pelo imperador. O que fiz não foi por teimosia e sim por nós, por cada um de nós. Lembra das ruas de Mailt? Adamas vai transformar cada cidade de Aurifen naquilo! Temos que lutar!

— Ah! Deus! – Tiol escondeu o rosto na mão – Acha que posso esquecer o que vi lá em cima? Nunca na minha vida eu vou tirar aquilo da minha cabeça.

— Então vamos em frente se sem brigas – disse para ele segurando a sua mão e puxando ele para a cama onde o abracei forte – Por Aurifen.

~~***~~

Usando uma antena que Bairon colocou na superfície consegui que estivéssemos conectados ao que acontecia ao exercito.

Eles sabiam que alguém tinha entrado na Sede de Informações, mas não acreditavam que não tinham mexido nos computadores, isso mostrava que o meu vírus estava bem escondido.

Assim conseguimos nos comunicar com Tranalow mais vezes e soubemos que naves a revolução pousaram em segredo nas cercanias de Mailt e que muitas outras estavam se reunindo no norte para o golpe final.

Todos nós trabalhamos dia à noite para isso. Eu coordenava as informações e as codificava para que não pudessem ser rastreadas, Tiol junto com Bairon e Tranalow montavam o plano que não podia ter falhas, era a nossa ultima chance.

Exausto eu quase havia dormido em cima do computador no sexto dia quando observei novamente um fraco sinal no mapa virtual de informações que eu estava usando.

Intrigado eu tentei entrar no sinal e descobri que ele tinha uma configuração muito avançada.

— O que você é? – resmunguei atacando as defesas, mas sem sucesso.

Era muito fraco e podia ser de alguma velha nave mercante que ainda tivesse um radio sub espacial funcionando, mas eu estava curioso e preocupado. E se o imperador estivesse se comunicando com alguém de fora? E se ele estivesse pedindo ajuda?

Com mais empenho voltei ao ataque e por fim derrubei as defesas.

— Vamos ver quem é você! – resmunguei feliz apertando o “enter” e quase desmaiei ao ver o que era o sinal.

— Deus do céu!    

2 comentários: