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domingo, 17 de março de 2013

O Escravo II - Capitulo 07 Shai'd

                                                                              Shai'd Baraden





Capitulo 07 – Shai’d




Ao sul da cidade de Shams, capital do estado de Layeti e capital de planeta Ghalib, ficavam os grandes desertos do planeta. Uma extensão de terras de cinco mil quilômetros indo do mar Asten até o outro oceano. Ali não havia leis do governo, apenas as tribos governavam os desertos.

Por muito tempo os governos ghal tentaram a todo custo dominar as areias, mas elas mostravam que eram indomadas. As maquinas paravam de funcionar e os soldados desapareciam nas areias escaldantes.

A tribo da família Akreb era muito influente no deserto e dominavam boa parte dele.

O shai’d era o patriarca, o chefe da família e da religião da sua tribo.

O shai’d da família Akreb era Baraden Akreb. Baraden era considerado um líder nato, alguém que subira ao posto de shai’d na tenra idade de vinte anos e desde então comanda a família com sabedoria.

Durante as grandes guerras das tribos a família deixou de ser nômade para reivindicar para si um grande oasis. Era um local cheio de palmeiras e árvores frutífera com água em abundancia vinda das grutas que cercavam o local e de um grande lago formado por águas subterrâneas.

Como quase nunca chovia, as pessoas viviam em tendas coloridas instaladas perto das grutas e deixavam o centro do oasis para as culturas que se estendiam coloridas por quilômetros.

A tenda do shai’d era a maior que existia e a mais rica ficando a oeste.

— Meu senhor shai’d – um rapaz postou-se diante da cadeira onde estava Baraden.

Baraden era um homem feito agora. Alto e com a pele morena os olhos azuis sobressaiam no seu rosto expressivo. Seus cabelos negros estavam trançados caindo por um ombro e, ao contrario dos outros shai’ds ele não usava barba.

— Me disseram que tem noticias da capital para nós Bashir.

— Sim meu senhor – disse o rapaz ficando ereto sabendo o quanto o shai’d não gostava de demonstrações exageradas – Soubemos que o Príncipe Guerreiro será deposto por um golpe de estado pela Liga dos Costumes Antigos.

— Não é tão simples derrubar um príncipe – comento Baraden esfregando o queixo.

— Soubemos que ele foi alertado pelo serviço secreto, mas o príncipe esta muito estranho.

— Estranho? – Baraden franziu as sobrancelhas para o seu informante que engoliu em seco diante do olhar frio do shai’d.

— Meu senhor o Príncipe seqüestrou seres de outros mundos para o seu harém e que quase os maltratou até a morte.

— O que está havendo? – Baraden levantou-se andando pela tenda – Kafen nunca foi disso – olhou Bashir – Bashir vá até a capital, não quero coisas de segunda mão e veja o que pode me trazer de informações.

— Sim meu senhor shai’d – o rapaz inclinou-se e saiu.

— Acha que é verdade? – Baraden olhou para alguém que até aquele momento estivera nas sombras.

— Acho – Máriqui olhou para Baraden, mas seus olhos eram de um tom pálido de azul, mostrando que era cego.

Seu corpo era delicado, pequeno, mas com bons músculos. Seus cabelos longos desciam até a cintura e ele tinha um véu cobrindo-os mostrando a todos o seu status de casado. Vestia uma túnica comprida de mangas longas branca que ia até os pés e seu véu caia pelas costas até sua canela.

Baraden segurou a mão de Mariqui e sentou com ele no colo em sua cadeira.

Outras das coisas que diferenciava o shai’d Baraden era o fato dele deixar e incentivar que os submissos trabalhassem fora de casa. A maioria das tribos aceitava bem esse fato que nas cidades era considerado uma heresia, mas o companheiro do shai’d era sempre alguém muito preservado e por vezes ficava enclausurado até a morte; todavia Baraden nunca faria isso ao seu delicado esposo e o convidara para ser seu conselheiro já que ele tinha algumas habilidades muito boas.

— Eu li nas mentes de alguns peregrinos que passaram por aqui que o príncipe não está mais como antes. O poder o esta destruindo.

Baraden bufou apertando Mariqui nos braços acalmando seu coração ao sentir o cheiro delicioso dele, algo como sol e as flores das palmeiras bergon que cresciam como uma praga nas cercanias do oasis.

— Eu tinha esperença com Kafen. Ele foi um de nós, cresceu entre tribos e sabe como cuidar dos seus sentimentos.

— Kafen pode ter sido alguém das tribos Baraden, mas ele nunca aceitou nem uma doutrina. Sempre esteve mais interessado em status que qualquer outra coisa. Pode ter feito algumas boas mudanças, mas a corte o corrompeu.

— Bem ele vai enfrentar as conseqüências para os seus atos. Se acontecer mesmo um golpe de estado ele será morto.

— O que menos precisamos é alguém da Liga de Costumes Antigos no poder – Mariqui balançou a cabeça – Sabe que eles são fanáticos.

— O que eles não sabem é que um golpe de estado não é tão fácil – havia um sorriso frio no rosto do outro – Existem mecanismos que podem fazer eles enfrentarem o inferno ao querer o poder.

— Você está falando da barreira de Eoin?

— Dela e do juramento dos generais. Sei que mais da metade pode não estar com Kafen, mas vai seguir outro.

— Hafiz.

— Sim. Hafiz é o que chamamos de Fiel do Príncipe e os generais juram lutar junto a ele na falta do príncipe ou em um golpe de estado.

— Ora – Mariqui riu – Acho que a nossa querida Liga vai ter um tempo ruim, não é?      

— Tempo suficiente para reunirmos as tribos do planeta e resolvermos isso de uma vez por todas. Chegou a hora do nosso mundo ter um governo forte e se abrir para o resto da galáxia. Os humanos estão chegando e se instalando naqueles sistemas aqui perto e acho que podemos ganhar muito comerciando com eles.

Mariqui ronronou e se esfregou no marido.

— Sabe o quanto você me excita quando banca o grande shai’d do planeta? – murmurou ele no ouvido de Baraden.

O shai’d serpenteou a mão dentro da longa túnica gemendo ao ver que o esposo não vestia calça ou nem mesmo roupa intima.

— Você esteve assim o tempo todo? – os olhos dele escureceram de luxuria.

— Eu queria você hoje cedo, mas você já tinha ido – Mariqui mexeu-se no colo dele colocando uma perna de cada lado do marido fazendo a túnica se erguer – Eu estou louco de tesão, afinal você me castigou ontem e não pode gozar.

— Você é um menino mal que precisa de disciplina – disse Baraden com a voz dura, mas ao apertar as nádegas redondas do outro gemeu ao ver que ele tinha um grande dildo de aço – Você esteve o dia todo com ele dentro de você? Merda, vou te castigar mais e mais.

— Me castigue mestre – gemia Mariqui ao sentir que o marido mexia no grande pênis de metal que ele tinha dentro.

Fora presente de casamento do marido e o usara em toda e cerimônia ficando de pau duro o tempo todo.

Como os casamentos nas tribos o submisso ficava nu o tempo todo, sua ereção era considerada uma dádiva ao noivo que mostrava o quanto ele o queria.

Baraden era um homem viril e ver o marido daquela forma durante horas e horas fora mais do que ele podia suportar e jogara Mariqui em cima da mesa de banquete e o fodera ali, em frente a toda a família.

Até hoje aquilo era comentado nas tribos e o seria por muitos anos.

O vento levantava a entrada da tenda feito de um tecido esvoaçante e os guardas ficaram vermelhos ao ver o casal.

— Eles estão observando – disse Baraden para o marido que gemia despudorado enquanto o marido o fodia com o dildo.

— Isso me deixa ainda mais excitado.

Baraden riu erguendo a túnica de Mariqui mostrando a longa ereção do esposo e com um sorriso sacana abocanhou o membro como alguém morto de fome e começou a sugar com vontade. Mariqui jogou a cabeça para trás gemendo alto ao sentir seu membro dentro da boca quente e molhada do outro enquanto o aparelho continuava a ser movido dentro dele.

O shai’d passou a língua ao logo do membro e lambeu a ranhura na ponta sentindo o sabor amargo e salgado do pré gozo que saia da ponta como pequenas pérolas.

— Você quer gozar, meu pequeno garoto mal?

— Sim mestre – gemeu ele segurando no ombro de Baraden quando este empurrou ainda mais fundo o dildo fazendo-o estremecer.

— Implore – disse Baraden olhar para ele com o seu melhor olhar de mestre.

— Por favor – Mariqui inclinou-se para ele dando um beijo em seus lábios – Deixe eu gozar mestre.

Mantendo a sua expressão dura, Baraden retirou o pênis de metal e voltou a empurrá-lo dentro do esposo com força fazendo Mariqui gritar e conseguir segurar seu gozo a muito custo. O submisso estava ofegante e suor escorria por seu rosto colando a túnica no corpo.

O shai’d colocou as mãos dentro da túnica e começou a esfregar os mamilos duros dele sentindo os anéis de ouro que o esposo colocara ali apenas para o prazer de Baraden.

Mariqui não conseguia parar de se mexer no colo do outro e seus gemidos eram cada vez mais alto e desesperados graças a tortura do outro que por fim rasgou sua túnica com ferocidade e abocanhou um dos mamilos puxando a argola de ouro no processo enquanto brincava com a outra argola com a outra mão.

— Deuses – gemia Mariqui quase no seu limite.

Baraden retirou o dildo e o jogou longo, abril o zíper da calça expondo o longo e grosso pênis fazendo o esposo lamber os lábios. O shai’d ergueu ele pela cintura e o fez sentar em cima de seu pênis fezendo o longo membro entrar com tudo dentro do esposo. Mariqui gritou quando teve sua próstata esfregada e trincou os dentes sabendo que estava tão perto do deixar sua semente sair.

— Goze pra mim meu escravo – disse Baraden no ouvido de Mariqui que não pode mais resistir e sujou a roupa de ambos com seu gozo enquanto caia mola nos braços de Baraden que o fodia sem piedade até que ele sentiu o sêmen quente do marido encher seu canal.

Ficaram os dois ofegantes na cadeira. Baraden fazia um carinho nas costas de Mariqui em meio as roupas arruinadas.

— Sabia que é a minha quinta túnica este mês – murmurou ele sem forças para falar alto ou deixar o marido, ainda sentia o membro do outro dentro de si semi-duro.  

— Você tem muitas delas para isso.

— Demos outro show, não?

— Ninguém aqui é inocente que não saiba o que é sexo, alem do mais eu gosto de mostrar o quando eu amo o meu marido.

— Bobo, eu tambem ti amo.

— Vamos ter tempos difíceis por ai – disse Baraden o abraçando ainda mais forte.

— Os deuses sabem o que fazem Baraden e eles estão do nosso lado. Vamos vencer e mudar Ghalib para sempre.

— Como você ao meu lado eu venço qualquer coisa, meu Mariqui.

Os dois voltaram e se beijar.

~~***~~


O duque Al’alaha Then Ubrakren é um nome de muito prestigio por todo o planeta Ghalib. Dito como um milionário excêntrico por ajudar entidades de caridade em muitos continentes era o ultimo nome que alguém pensaria para a famigerada Liga dos Costumes Antigos.

Por trás da casca de revolucionário e bem feitor ele era um ultra conservador que odiava com toda as forças o governo fraco de Kafen e desde o começo tramava se livrar de um homem que não podia governar o mundo.

Ele custeou a Liga de longe, colocando no poder seus homens mais fiéis, que estavam prontos a dar a vida por ele.

O duque aprendeu que pessoas presas a fanatismos são fracas e fáceis de manobrar e que estavam dispostas a morrer sem dó nem piedade por seus ideais, não se preocupando quem matariam no processo; fanáticos era o que não faltava no planeta.

Nos últimos tempos ele vira os sinais de depravação do príncipe e sabia que o poder tinha corrompido ele, transformando Kafen em um adolescente mimado que fazia o possível para ter tudo que queria desagradando a realeza, o seqüestro de dois alienígenas fora a gota d’água.

Chegara a hora do poder estar nas mãos certas, as deles e seria naquela noite, noite que Kafen ia mostrar seus escravos para a sociedade e assim conseguir status.

Al’alaha sorriu olhando o copo de bebida em sua mão saboreando a vitória que ele sabia que viria.

~~***~~

Yaci olhou para o irmão fazendo força para não rir ao vê-lo bufar cheio de raiva.

— Não é engraçado Yaci – esbravejou Tiol vermelho – Andrew não tem um pingo de juízo naquela cabeça humana! Eu devia ter colocado uma coleira nele.

— Não deixe ele ouvir isso – disse Abrahan entrando no escritório de Yaci onde estavam reunidos – No mínimo a coleira ia para você.

— Papa aquele imbecil está perdido na galáxia e você faz piadas!

— Desculpa filho – Abrahan sentou perto de Tiol colocando a mão em seu ombro.

Abrahan tinha algumas rugas em volta dos olhos, mas fora isso ele parecia o mesmo de quando a revolução tinha tomado o poder e Yaci matado o pai.

— Sabemos que Andrew foi até o espaço porto de Aurilien e não o vimos mais – disse Valdi relembrando os fatos.

— Bem se ele quer ir atrás de Itieu só tem um caminho – disse Ian para eles – As naves dos saltadores.

— Ele não teria coragem – Tiol trincava os dentes pensando no marido perdido no espaço dentro de uma nave desconhecida, o que podia estar acontecendo a ele?

~~***~~

Andrew pegou uma ferramenta consertando um dos monitores para que a neve pudesse ter uma visão de 360º. Do modo como estava eles podiam esbarrar em uma estrela e nem ver.

Talvez ele devesse ter escolhido uma nave que não estivesse caindo aos pedaços.

— Vamos ligue!

Kalem revirou os olhos. Estava cansada de ser mandada por aquele homem, mas havia algo que a levava o obedecer sem pestanejar e as vezes sua vontade era jogar ele porta a fora para servir de comida aos seres de energia que estavam acompanhando eles.

A tela piscou a ascendeu dando uma visão da traseira da nave de dos milhares de pontos de luz diáfano que eram estranhos seres vivos que viviam nas regiões remotas da galáxia.

Conhecidos como seres de energia eram basicamente feitos disso e sugavam a energia que saiam dos motores nas naves como uma esponja suga água.

Estranhamente eles não viviam perto de sóis que podiam lhe dar energia e ficavam acompanhando as naves sedentos por sua energia, mas as perdiam quando as naves entravam no ultraverso.

— Prontinho – disse Andrew cheio de si batendo na roupa ao se levantar do chão – Pelo menos não estamos cegos.

— Nós não estávamos cegos! – resmungou Kalem.

— Pare de reclamar Kalem – disse Sindria entrando com uma bandeja com tres xícaras de café e alguns pedaços de bolo – Ele está ajudando.

— Ele devia estar no quarto dele e não me atazanando! – disse Kalem cheia de ciúmes.

— Café! – Andrew pegou a xícara e sentiu o aroma encorpado da bebida – É tão difícil encontrar um bom café. Eu tentei plantar ele em Aurifen, mas a maldita planta não gostou e agora eu só consigo do importado que custa mais caro que as pedras preciosas do planeta – olhou Kalem – e Kalem eu prefiro pênis, assim não tenho nem nunca vou ter nada com a sua mulher.

Sindria revirou os olhos e Kalem rosnou.

— Deixa eu jogar ele lá fora pelo amor de Deus!

— Chega vocês dois ou jogo os dois para fora da nave – disse Sindria sentando na cadeira de piloto – Precisamos entrar no ultraverso e sair perto do sistema Arkan 4 e dali para Taurinis.

— Finalmente – disse Andrew sentando em uma poltrona – Não querendo ser indelicado, mas a nave de você precisa urgentemente ir para um ferro velho espacial.

— Eu mato ele agora!

Kalem levantou-se, mas não deu um passo. O alarma começou a tocar e uma nave se materializou perto deles. Sindria xingou ao ver a marca dos piratas na fuselagem.

— Era tudo que estava faltando na minha vida! – gritou Kalem contrariada.

— Não sei por que se preocupa – disse Andrew tomando café calmamente – Essa nave ta tão feia que no mínimo vão achar que somos o resto do lixo de alguma nave maior.

Sindria segurou Kalem que ia pular nele quando a tela de comunicação ascendeu mostrando um rosto que fez Andrew sorrir.








segunda-feira, 11 de março de 2013

Rumo ao Paraiso - Capitulo 12







Capitulo 12



Laércio empurrou o cachorro que já havia coberto ele de baba e agora latia sem cessar para Miriam que fazia força para não rir, mas estava falhando lamentavelmente.

— Jonantan nós vamos ter uma longa conversa sobre esse cachorro – resmungou o fazendeiro olhando para a cara amarrada do filho e depois para Fabian que estava abraçado ao bebê conforto.

— Ele quase pulou em cima de mim e do Gabriel – disse Kauan de cara feia para Jon – Ele podia ter machucado ele!

— Isso é verdade? – ele perguntou para o filho mais velho que balançou a cabeça – Jon percebeu o quanto isso é perigoso?

— Ele não sabe disso, ele gosta de brincar.

— Eu lamento, mas Anúbis está ficando fora de casa enquanto não souber obedecer.

— E você vai deixar a gata da Gina? – ele gritou para o pai que franziu as sobrancelhas.

— Olhe o tom de voz comigo mocinho!

— Você nunca é justo comigo pai! – ele gritou correndo para dentro e subindo as escadas correndo.

Laércio esfregou a testa e olhou para a convidada com um pedido mudo de desculpas.

— Esta tudo bem – ela disse sorrindo – Oi meninos.

— Oi tia Miriam – disse Samara que preferira ficar longe da discussão do pai – Estava com saudades de você.

— Eu também.

Eles entraram e Gina e Kauan foram abraçar a moça contando coisas ao mesmo tempo sobre sua vidas fazendo rir.

— Desculpe não ter avisado que ia trazer uma convidada – disse Laércio para Fabian que parecia constrangido com a presença da moça.

— Sem problemas, eu fiz bastante. Vou arrumar a mesa, mas acho que levo o Gabriel comigo para a cozinha.

— Aquele cachorro psicótico não fez nada com ele, não é?

— Não esta tudo bem – olhou para Regina – Regina, por favor, cate as coisas espalhadas pela sala.

— Fabian gostaria de apresentar Miriam Siqueira, ela é engenheira florestal e esta me ajudando a reflorestar algumas áreas da fazenda. Miriam esse é Fabian é o babá que eu falei.

— Muito prazer – disse ela sorrindo e estendendo a mão – Não sabe o quanto fiquei curiosa ao saber que Laércio contratou um homem para cuidar das crianças.

— É melhor eu terminar o almoço – disse olhando para Regina.

A menina nem mesmo resmungou e com a ajuda dos mais novos foi pegando tudo que fora derrubado e ele foi para a cozinha com o bebê que agora dormia.

Enquanto arrumava a salada e a carne em uma travessa Fabian pensava na visitante.   

Então ele era o babá apenas. Bem não era isso mesmo? Ele era um empregado e estava na hora de se por no seu lugar.

Deixou Gabriel em cima do balcão e arrumou a mesa de jantar com uma toalha colocando os talheres e travessas de carne assada, salada de batata, salada verde, arroz, feijão e uma jarra de suco de limão.

— O cheiro ta tão bom – disse Kauan olhando para a mesa e esfregando o estomago.

— Bem já esta tudo pronto – disse ele de forma carinhosa para o menino e avisou Laércio de que o almoço estava na mesa e voltou para a cozinha pegando o bebê conforto.

Ia para casa dar um banho no menino e tirar sua hora de folga já que Laércio ficaria em casa por duas horas e ele podia dar de mamar para o menino que já estava resmungando.

— Não almoça conosco? – Regina colocou a cabeça pela porta da cozinha.

— Obrigado Gina, mas o mocinho aqui precisa de um banho e mamadeira.

— Tá – ela voltou para a sala onde havia uma conversa animada.

Ele deixou a musse de uva em cima da mesa da cozinha e saiu pela porta dos fundos. O dia agora estava nevoento com o céu cor de chumbo e fazia calor atípico para aquela época de inverno. As rajadas de vento continuavam a varrer as terras e agora uma nuvem de poeira encobria tudo.

— Fabian! – Jon correu até ele.

Seus olhos estavam vermelhos e ele fungava.

— Desculpa pelo que o Anúbis fez. Ele não é um mau cachorro.

— Eu sei que não Jon – ele sorriu para o menino – Mas acho que ele pode aprender a obedecer e assim não destruir mais nada ou machucar alguém.

— Eu só não sei o que fazer com ele; às vezes ele me obedece, mas na maioria das vezes ele é incontrolável com um trem sem freios.  

— A gente vai dar um jeito certo? – ele fez um carinho no ombro do outro que era quase da sua altura – Podemos conversar com um veterinário, que tal? Seu pai deve ter um e talvez ele tenha uma ideia de como podemos fazer Anúbis nos obedecer, nem que seja um pouco.

— Posso ir com você? Não estou com vontade de conversar com meu pai.

— Não vai almoçar?

— Como qualquer coisa depois – respondeu ele dando de ombros.

— Venha – Fabian fez um gesto com a cabeça para sua casa – Eu tenho uma torta de palmito pra gente, mas Jon se esconder do seu pai não é a melhor coisa. Devia conversar com ele, falar do veterinário e da ideia que tivemos. Às vezes nossa cabeça está tão cheia de coisas que precisamos da ajuda dos outros. Quando deixamos de lado e não conversamos qualquer assunto que podia ter se solucionado rápido vai crescer até ficar tão grande que não teremos mais como resolver.

— Bem... – ele coçou a testa de um modo muito parecido com o pai – Você está me dizendo que não falar e deixar de lado é pior do que conversar e tentar resolver?

— Isso mesmo.

— Sabe vocês adultos falam de um modo muito complicado, mas eu gosto das suas complicações Fabian.

O mais velho ria enquanto subiam para a varanda e entravam na casa.

~~***~~

Márcio preferia estar no Iraque, em um vulcão, em Marte, qualquer lugar era melhor do que aquele que seu patrão havia mandado ir. Dessa vez não adiantou os resmungos dele, Laércio mandou ele ir até a fazenda vizinha e conversar com a nova dona sobre as cercas que não paravam de serem cortadas e do canavial que ficava do lado da fazenda dela que do dia para a noite apareceu deitado como se um rolo compressor tivesse passado por ele.

— Eu preferia estar com os doidos que caçam ETs – resmungava ele enquanto descia da caminhonete – Deve ter sido um OVNI mesmo e eu caço o ET, mas eu tinha que vir aqui.

— O que você está fazendo aqui?

Márcio olhou para o céu pedindo paciência para Deus, Buda, Alah e todas as divindades que por ventura existam no universo e depois olhou para a moça.

Ele não podia deixar de notar o quanto ela era bonita com seus longos cabelos loiros e os olhos verdes cheios de raiva olhando para ele.

Vestia um jeans velho e desbotado com uma camisa xadrez que não escondia o belo par de seios que ela tinha.

— Pode apostar moça que estou aqui obrigado.

— Então acho que você pode voltar pela estrada de onde veio!

— Olha aqui meu patrão me mandou aqui para conversarmos sobre as cercas que vivem cortadas do seu lado e das suas vacas que invadem os nossos canaviais.

— Que? Eu não tenho culpa se algum maluco corta a sua cerca! E alem disso as minhas vacas não estão naquele pasto! É bom você procurar outro motivo idiota para estar aqui!

— A pode apostar, são os ETs que estão cortando as cercas porque querem deixar uma mensagem na cana de açúcar porque é mais caro fazer isso na Inglaterra nos campos de trigo.

— Sabe que eu posso te dar o telefone de um excelente psiquiatra – disse ela de forma pausada e tentando fazer uma expressão preocupada.

— Sabe onde você pode mandar esse psiquiatra?

— Olha a sua boca!

— A minha boca é problema meu!

— Não quando ela e você todo está na minha propriedade falando asneiras!

— Asneiras? Eu venho aqui falar um assunto serio e você me ataca? Nem mesmo quer ouvir o que eu tenho para dizer!

— Bem até agora eu só ouvi uma conversa maluca sobre ETs e OVNIs o que me levou a crer que você é algum tipo de louco que acredita que vê extraterrestres ou acredita que os outros vejam eles.

Márcio crispou as mãos possesso. Como aquele mulher podia tirar ele do serio daquela maneira era um mistério para ele.

— Lara filha esse não é jeito de tratar visita – disse uma senhora gordinha, com cabelos negros e olhos azuis que brilhavam por trás de óculo e que o olhavam com ar de riso.

— Ele não é visita Maria e já esta indo embora!

— Meu nome é Márcio senhora – disse ele dando o seu melhor sorriso galã novela das nove e estendeu a mão para a senhora.

— Maria do Rosário garoto e se não fosse casa e mais nova podia pensar que está jogando charme pra mim.

Márcio ficou vermelho como uma beterraba e Lara dobrou-se de tanto rir.

— Não ligue para mim ou para Lara menino – ela riu – Venha tomar um café e quem sabe o humor de vocês dois melhora.

Lara olhou feio para ele intimando-o com os olhos a recusar, mas ela não precisava fazer isso, ele estava mais do que pronto para ir embora.

— Agradeço dona Maria, mas tenho que voltar ao trabalho – acenou para ela e ignorou Lara que tinha um bico de um quilometro e seus olhos verdes brilharam cheios de desaforos para ele que não podia externar com a amiga ali.

— É um belo homem – disse Maria olhando para ela depois que Márcio sumiu na estrada.

— Nem vem! Eu prefiro namorar um porco a chegar perto dessa coisa grossa!

Ela saiu pisando duro e Maria a olhou por cima dos óculos como se soubesse algo que ela ignorasse.

~~***~~

Laércio notou a ausência do filho mais velho no almoço, mas não disse nada ficando observando os filhos conversarem com Miriam, principalmente Samara e Regina que contavam para ela sobre as cores da moda e perfumes.

Sabia que as filhas sentiam falta de uma presença feminina. A Aninha já era uma senhora e mais parecia uma avó, não era como alguém mais jovem como Miriam que podia falar com elas sobre o ator mais bonito ou o cantor do momento.

Talvez fosse hora de ele arranjar uma namorada, alguém que gostasse dos seus filhos e pudesse cuidar deles, alguém que respeitasse ele ser bissexual e suportasse viver na fazenda.

Olhou novamente Miriam rir de algo que Samara dissera e percebeu que tinha uma candidata perfeita. Mesmo que ele não pretendesse ter uma companheira mulher achou que não era hora de pensar nele, mas em seus filhos, mesmo que ele gostava de Miriam e achou que era hora de pensar com a cabeça de cima.

Com o final do almoça e de se empanturrarem com a sobremesa, Miriam chamou Mara e Gina para a cozinha para lavar os pratos e deixar tudo limpo para Fabian, Laércio ficou na sala com seu notebook olhando os jornais e as bolsas de valores.

Dali ele podia ouvir as risadas de suas filhas e pensou o quanto estava com saudades disso.

Kauan desenhava ali perto e vivia, como sempre, no seu mundinho.

Logo as três estavam de volta, molhadas e descabelas rindo de se acabar.

— Juro que a cozinha está limpa – disse Miriam rindo e sentando perto dele enquanto as meninas subiam as escadas dando risada – Mas estou preocupada com Jon, ele não quis almoçar.

— Isso é birra por causa do cachorro – disse ele colocando o computador de lado – Adolescência não é uma fase fácil, tudo é muito grande e muito complicado.

— A gente já passou por isso Laércio, lembra? Se não fizéssemos as coisas naquele momento tinha a impressão de que nunca mais íamos fazer e os nossos pais sempre chamando a nossa atenção e a gente cheio de raiva deles porque eles não entendiam que tínhamos que ir naquela festa ou ter aquela coisa.

— Parece que foi há um milhão de anos atrás – disse o fazendeiro rindo – Acho que só percebemos o quanto somos idiotas quando somos adolescentes quando temos filhos adolescentes.

— Bem – ela colocou a mão em sua coxa e se levantou – Tenho que pegar a estrada. Nosso compromisso para sábado esta de pé?

— Com certeza vou estar lá e vamos nos divertir para valer.

— Vou cobrar.

Ele acompanhou ela até a pampa e deu um leve beijo em seus lábios. Miriam o olhou sorrindo e retribuiu o beijo com mais intensidade.

— Espero você no sábado.

— Vou estar lá.

Ele entrou e sentou na poltrona com um suspiro pensando se o que estava fazendo era certo, mas ao lembrar dos risos das suas filhas percebeu que sim, valia a pena.