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segunda-feira, 11 de março de 2013

Rumo ao Paraiso - Capitulo 12







Capitulo 12



Laércio empurrou o cachorro que já havia coberto ele de baba e agora latia sem cessar para Miriam que fazia força para não rir, mas estava falhando lamentavelmente.

— Jonantan nós vamos ter uma longa conversa sobre esse cachorro – resmungou o fazendeiro olhando para a cara amarrada do filho e depois para Fabian que estava abraçado ao bebê conforto.

— Ele quase pulou em cima de mim e do Gabriel – disse Kauan de cara feia para Jon – Ele podia ter machucado ele!

— Isso é verdade? – ele perguntou para o filho mais velho que balançou a cabeça – Jon percebeu o quanto isso é perigoso?

— Ele não sabe disso, ele gosta de brincar.

— Eu lamento, mas Anúbis está ficando fora de casa enquanto não souber obedecer.

— E você vai deixar a gata da Gina? – ele gritou para o pai que franziu as sobrancelhas.

— Olhe o tom de voz comigo mocinho!

— Você nunca é justo comigo pai! – ele gritou correndo para dentro e subindo as escadas correndo.

Laércio esfregou a testa e olhou para a convidada com um pedido mudo de desculpas.

— Esta tudo bem – ela disse sorrindo – Oi meninos.

— Oi tia Miriam – disse Samara que preferira ficar longe da discussão do pai – Estava com saudades de você.

— Eu também.

Eles entraram e Gina e Kauan foram abraçar a moça contando coisas ao mesmo tempo sobre sua vidas fazendo rir.

— Desculpe não ter avisado que ia trazer uma convidada – disse Laércio para Fabian que parecia constrangido com a presença da moça.

— Sem problemas, eu fiz bastante. Vou arrumar a mesa, mas acho que levo o Gabriel comigo para a cozinha.

— Aquele cachorro psicótico não fez nada com ele, não é?

— Não esta tudo bem – olhou para Regina – Regina, por favor, cate as coisas espalhadas pela sala.

— Fabian gostaria de apresentar Miriam Siqueira, ela é engenheira florestal e esta me ajudando a reflorestar algumas áreas da fazenda. Miriam esse é Fabian é o babá que eu falei.

— Muito prazer – disse ela sorrindo e estendendo a mão – Não sabe o quanto fiquei curiosa ao saber que Laércio contratou um homem para cuidar das crianças.

— É melhor eu terminar o almoço – disse olhando para Regina.

A menina nem mesmo resmungou e com a ajuda dos mais novos foi pegando tudo que fora derrubado e ele foi para a cozinha com o bebê que agora dormia.

Enquanto arrumava a salada e a carne em uma travessa Fabian pensava na visitante.   

Então ele era o babá apenas. Bem não era isso mesmo? Ele era um empregado e estava na hora de se por no seu lugar.

Deixou Gabriel em cima do balcão e arrumou a mesa de jantar com uma toalha colocando os talheres e travessas de carne assada, salada de batata, salada verde, arroz, feijão e uma jarra de suco de limão.

— O cheiro ta tão bom – disse Kauan olhando para a mesa e esfregando o estomago.

— Bem já esta tudo pronto – disse ele de forma carinhosa para o menino e avisou Laércio de que o almoço estava na mesa e voltou para a cozinha pegando o bebê conforto.

Ia para casa dar um banho no menino e tirar sua hora de folga já que Laércio ficaria em casa por duas horas e ele podia dar de mamar para o menino que já estava resmungando.

— Não almoça conosco? – Regina colocou a cabeça pela porta da cozinha.

— Obrigado Gina, mas o mocinho aqui precisa de um banho e mamadeira.

— Tá – ela voltou para a sala onde havia uma conversa animada.

Ele deixou a musse de uva em cima da mesa da cozinha e saiu pela porta dos fundos. O dia agora estava nevoento com o céu cor de chumbo e fazia calor atípico para aquela época de inverno. As rajadas de vento continuavam a varrer as terras e agora uma nuvem de poeira encobria tudo.

— Fabian! – Jon correu até ele.

Seus olhos estavam vermelhos e ele fungava.

— Desculpa pelo que o Anúbis fez. Ele não é um mau cachorro.

— Eu sei que não Jon – ele sorriu para o menino – Mas acho que ele pode aprender a obedecer e assim não destruir mais nada ou machucar alguém.

— Eu só não sei o que fazer com ele; às vezes ele me obedece, mas na maioria das vezes ele é incontrolável com um trem sem freios.  

— A gente vai dar um jeito certo? – ele fez um carinho no ombro do outro que era quase da sua altura – Podemos conversar com um veterinário, que tal? Seu pai deve ter um e talvez ele tenha uma ideia de como podemos fazer Anúbis nos obedecer, nem que seja um pouco.

— Posso ir com você? Não estou com vontade de conversar com meu pai.

— Não vai almoçar?

— Como qualquer coisa depois – respondeu ele dando de ombros.

— Venha – Fabian fez um gesto com a cabeça para sua casa – Eu tenho uma torta de palmito pra gente, mas Jon se esconder do seu pai não é a melhor coisa. Devia conversar com ele, falar do veterinário e da ideia que tivemos. Às vezes nossa cabeça está tão cheia de coisas que precisamos da ajuda dos outros. Quando deixamos de lado e não conversamos qualquer assunto que podia ter se solucionado rápido vai crescer até ficar tão grande que não teremos mais como resolver.

— Bem... – ele coçou a testa de um modo muito parecido com o pai – Você está me dizendo que não falar e deixar de lado é pior do que conversar e tentar resolver?

— Isso mesmo.

— Sabe vocês adultos falam de um modo muito complicado, mas eu gosto das suas complicações Fabian.

O mais velho ria enquanto subiam para a varanda e entravam na casa.

~~***~~

Márcio preferia estar no Iraque, em um vulcão, em Marte, qualquer lugar era melhor do que aquele que seu patrão havia mandado ir. Dessa vez não adiantou os resmungos dele, Laércio mandou ele ir até a fazenda vizinha e conversar com a nova dona sobre as cercas que não paravam de serem cortadas e do canavial que ficava do lado da fazenda dela que do dia para a noite apareceu deitado como se um rolo compressor tivesse passado por ele.

— Eu preferia estar com os doidos que caçam ETs – resmungava ele enquanto descia da caminhonete – Deve ter sido um OVNI mesmo e eu caço o ET, mas eu tinha que vir aqui.

— O que você está fazendo aqui?

Márcio olhou para o céu pedindo paciência para Deus, Buda, Alah e todas as divindades que por ventura existam no universo e depois olhou para a moça.

Ele não podia deixar de notar o quanto ela era bonita com seus longos cabelos loiros e os olhos verdes cheios de raiva olhando para ele.

Vestia um jeans velho e desbotado com uma camisa xadrez que não escondia o belo par de seios que ela tinha.

— Pode apostar moça que estou aqui obrigado.

— Então acho que você pode voltar pela estrada de onde veio!

— Olha aqui meu patrão me mandou aqui para conversarmos sobre as cercas que vivem cortadas do seu lado e das suas vacas que invadem os nossos canaviais.

— Que? Eu não tenho culpa se algum maluco corta a sua cerca! E alem disso as minhas vacas não estão naquele pasto! É bom você procurar outro motivo idiota para estar aqui!

— A pode apostar, são os ETs que estão cortando as cercas porque querem deixar uma mensagem na cana de açúcar porque é mais caro fazer isso na Inglaterra nos campos de trigo.

— Sabe que eu posso te dar o telefone de um excelente psiquiatra – disse ela de forma pausada e tentando fazer uma expressão preocupada.

— Sabe onde você pode mandar esse psiquiatra?

— Olha a sua boca!

— A minha boca é problema meu!

— Não quando ela e você todo está na minha propriedade falando asneiras!

— Asneiras? Eu venho aqui falar um assunto serio e você me ataca? Nem mesmo quer ouvir o que eu tenho para dizer!

— Bem até agora eu só ouvi uma conversa maluca sobre ETs e OVNIs o que me levou a crer que você é algum tipo de louco que acredita que vê extraterrestres ou acredita que os outros vejam eles.

Márcio crispou as mãos possesso. Como aquele mulher podia tirar ele do serio daquela maneira era um mistério para ele.

— Lara filha esse não é jeito de tratar visita – disse uma senhora gordinha, com cabelos negros e olhos azuis que brilhavam por trás de óculo e que o olhavam com ar de riso.

— Ele não é visita Maria e já esta indo embora!

— Meu nome é Márcio senhora – disse ele dando o seu melhor sorriso galã novela das nove e estendeu a mão para a senhora.

— Maria do Rosário garoto e se não fosse casa e mais nova podia pensar que está jogando charme pra mim.

Márcio ficou vermelho como uma beterraba e Lara dobrou-se de tanto rir.

— Não ligue para mim ou para Lara menino – ela riu – Venha tomar um café e quem sabe o humor de vocês dois melhora.

Lara olhou feio para ele intimando-o com os olhos a recusar, mas ela não precisava fazer isso, ele estava mais do que pronto para ir embora.

— Agradeço dona Maria, mas tenho que voltar ao trabalho – acenou para ela e ignorou Lara que tinha um bico de um quilometro e seus olhos verdes brilharam cheios de desaforos para ele que não podia externar com a amiga ali.

— É um belo homem – disse Maria olhando para ela depois que Márcio sumiu na estrada.

— Nem vem! Eu prefiro namorar um porco a chegar perto dessa coisa grossa!

Ela saiu pisando duro e Maria a olhou por cima dos óculos como se soubesse algo que ela ignorasse.

~~***~~

Laércio notou a ausência do filho mais velho no almoço, mas não disse nada ficando observando os filhos conversarem com Miriam, principalmente Samara e Regina que contavam para ela sobre as cores da moda e perfumes.

Sabia que as filhas sentiam falta de uma presença feminina. A Aninha já era uma senhora e mais parecia uma avó, não era como alguém mais jovem como Miriam que podia falar com elas sobre o ator mais bonito ou o cantor do momento.

Talvez fosse hora de ele arranjar uma namorada, alguém que gostasse dos seus filhos e pudesse cuidar deles, alguém que respeitasse ele ser bissexual e suportasse viver na fazenda.

Olhou novamente Miriam rir de algo que Samara dissera e percebeu que tinha uma candidata perfeita. Mesmo que ele não pretendesse ter uma companheira mulher achou que não era hora de pensar nele, mas em seus filhos, mesmo que ele gostava de Miriam e achou que era hora de pensar com a cabeça de cima.

Com o final do almoça e de se empanturrarem com a sobremesa, Miriam chamou Mara e Gina para a cozinha para lavar os pratos e deixar tudo limpo para Fabian, Laércio ficou na sala com seu notebook olhando os jornais e as bolsas de valores.

Dali ele podia ouvir as risadas de suas filhas e pensou o quanto estava com saudades disso.

Kauan desenhava ali perto e vivia, como sempre, no seu mundinho.

Logo as três estavam de volta, molhadas e descabelas rindo de se acabar.

— Juro que a cozinha está limpa – disse Miriam rindo e sentando perto dele enquanto as meninas subiam as escadas dando risada – Mas estou preocupada com Jon, ele não quis almoçar.

— Isso é birra por causa do cachorro – disse ele colocando o computador de lado – Adolescência não é uma fase fácil, tudo é muito grande e muito complicado.

— A gente já passou por isso Laércio, lembra? Se não fizéssemos as coisas naquele momento tinha a impressão de que nunca mais íamos fazer e os nossos pais sempre chamando a nossa atenção e a gente cheio de raiva deles porque eles não entendiam que tínhamos que ir naquela festa ou ter aquela coisa.

— Parece que foi há um milhão de anos atrás – disse o fazendeiro rindo – Acho que só percebemos o quanto somos idiotas quando somos adolescentes quando temos filhos adolescentes.

— Bem – ela colocou a mão em sua coxa e se levantou – Tenho que pegar a estrada. Nosso compromisso para sábado esta de pé?

— Com certeza vou estar lá e vamos nos divertir para valer.

— Vou cobrar.

Ele acompanhou ela até a pampa e deu um leve beijo em seus lábios. Miriam o olhou sorrindo e retribuiu o beijo com mais intensidade.

— Espero você no sábado.

— Vou estar lá.

Ele entrou e sentou na poltrona com um suspiro pensando se o que estava fazendo era certo, mas ao lembrar dos risos das suas filhas percebeu que sim, valia a pena.  


2 comentários:

  1. ola Dalla!
    Fiquei tenso e meio em dúvida... rsrsr e agora? para quem eu faço uma corrente de fé? Mirian ou Fabian? rsrsrsrs
    Cada dia mais excelente a sua narrativa. Felicidades em seus projetos de vida. Abraços.

    P.S. Você tem noticias daquele pessoal que morava lá pras bandas de um deserto, perto de uma vila, junto de um grande reinado? O Paul, Matt, Sara... aquele pessoal? Se os encontrar... diga-lhes que morro de saudades deles. Me são muito queridos. Foram eles que me apresentara a Você.
    Abraços.

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  2. Se descobrir por onde andam, venha correndo me contar!!
    Bjinhos

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