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domingo, 27 de janeiro de 2013

O Escravo II - Capitulo 3 Capturado

Capitulo 3 – Capturado




Itieu olhava para a tela onde se podia ver na atmosfera uma imensa nave esférica. A Grogan era realmente uma maravilha da tecnologia, mas o aurifense achava que era muita ostentação para um povo que não tinha inimigos ou estava em guerra.

O que ele sabia sobre o povo de Ghalib? Eram guerreiros e admiravam a honra e o poder. Seu governo era monárquico e havia uma assembléia de anciões que ajudava no governo. Seu status vinha com a posse de escravos em haréns e seu planeta era bastante seco, mas tinham áreas de floresta principalmente no sul.

Não tinha muito informação mais já que não deixavam ninguém ir ao seu planeta natal, já que o consideravam sagrado.

Voltou a olhar para a tela vendo uma nave menor deixar à grande e rumar para Nébula.

— Essa gente – Sherman resmungava perto dele – São uns povões orgulhosos e tivemos que ficar pedindo para esse povo de merda para manter a base aqui, como se ele fossem grande coisa.

O aurifense franziu as sobrancelhas assim como outros que estavam na sala de estar do prédio da administração onde os visitantes iam ser recepcionados.

Havia dois diplomatas da Terra e um político que olhava Sherman com evidente desagrado. O homem falava demais.

Itieu ia apenas observar junto com os diplomatas, mas podia conversar com a delegação se assim o quisesse.

Logo a pequena nave esférica pousou no porto espacial e pessoas começaram a sair delas. Eram cerca de dez pessoas sendo que oito delas vestiam igual com que parecia um uniforme militar azul, mas dois vestiam roupas estranhas para Itieu. Eram calças largas feitas de um tecido leve e esvoaçante, camisas do mesmo tecido com o peito à mostra. Tinham colares e pulseiras e um deles tinha o cabelo muito longo. Era um homem de porte altivo e olhar frio que se podia ver mesmo pelas câmeras.

— Kafen Esam, príncipe guerreiro de Ghalib – disse um dos diplomatas perto dele.

Itieu olhou mais detidamente para aquele homem. Sua pele morena chamava a atenção, era como alguns humanos... como era a expressão? Ele era um mulato, seria classificado assim na Terra. Era um homem bonito e Itieu se viu olhando com desejo para o homem e logo revirando os olhos.

“Foco Itieu! Trabalho!” E era bom que ele lembrasse disso ou seu pai ia surtar.

Logo a comitiva chegou até a recepção e os outros se adiantaram para cumprimentar os recém chagados de outro mundo. O aurifense ficou de lado enquanto conversavam, mas logo o general foi até ele com um grande sorriso falso.

— Alteza este é o príncipe Itieu Tha Gaol, de Aurifen. Esta aqui como estudante.

Vermelho de raiva por Sherman ter usado seu nome completo e titulo ele fez uma reverencia para o homem à sua frente sem olhar para ele.

— Príncipe Kafen é um prazer conhecê-lo – disse com educação e depois de se levantar deparou com os mais intensos olhos verdes que já vira na vida.

Havia um estranho brilho ali, algo que fez Itieu ter arrepios.

— Parece que ambos somos da realeza príncipe Itieu.

— Por favor, aqui sou apenas um estudante sem titulo, sou apenas Itieu.

Ele sorriu e agora parecia um belo predador pronto para dar o seu bote o que fez os instintos do aurifense dispararem, mas o príncipe logo seguiu para cumprimentar os outros e todos foram para um salão onde haveria uma recepção.

~~***~~~

Enquanto bebia o excelente vinho da Terra, Kafen não deixava de observam o aurifense. Ele era quase da sua altura, talvez uns dez centímetros a menos, o que o tornava mais alto que todos os humanos. Ele se destacava com seus olhos vermelhos e cabelos brancos. O corpo era levemente musculoso e magro, do jeito com que ele gostava.

— Sabe que isso vai te deixar na maior encrenca da sua vida, não é? – Hafiz foi até ele segurando uma taça de um vinho espumante.

— Está tudo preparado – disse Kafen com um sorriso – Aquele general é um idiota, mas com o dinheiro certo pude conseguir tudo pronto para hoje. Alem disso o político sabe que só vou assinar pelo preço que coloquei.

— Kafen ele é um príncipe! Tem uma família em Aurifen. Eles vão dar por falta dele!

— O que eles poderão provar? Nada. Tudo foi pensado há semanas quando pedi escravos e Sherman me mostrou a foto dele e do humano. Serão dois seres exóticos no meu harém e me garantira bastante status entra os nobres do nosso povo.

— E desde quando você está ai para os nobres do nosso mundo? O status é apenas para o seu prazer, mas eu quero ver você domar uma pessoa como ele. Os aurifenses sentem prazer com a dor, são resistentes e muito fortes.

— Acho que eu sei lidar com um garoto Hafiz – disse ele contrariado com as palavras do irmão.

— Eu só queria por um pouco de juízo na sua cabeça, mas vejo que o seu desejo é mais forte que o bom senso!

— Você mesmo queria escravos humanos Hafiz!

— Claro que quero, mas quero escravos de contrato, escravos cuja família me venda eles e não seqüestro. Os humanos interiores têm bons mercados de escravos de acordo com Sherman, podemos ir até lá.

— Eu já me decidi!

— Está bem, nem uma palavra mais eu irei dizer. Espero que os deuses cuidem de nós de agora em diante.

— Clama irmão, vai dar tudo certo.

— Era exatamente isso que você me falava antes de fazermos arte e nossa mãe nos arrastar pelas orelhas para dentro de casa.

O príncipe deu uma risada lembrando daquela época, quando a sua família era unida e havia uma felicidade simples entre eles.

Lembrou do seu outro irmão que havia se afastado da família agora fazia agitação popular para liberdade dos escravos e para que as leis no casamento fossem mudadas.

Sabia que havia coisas que precisavam de uma mudança, coisas que ele mesmo tentava sem sucesso passar pelo conselho como impedir agressões no casamento e prender os dominantes em caso de estupro, mas ele nada conseguira até agora. A tradição ainda falava mais alto que a justiça.

O político humano foi até ele e começou a falar do tal tratado e Kafen teve vontade de bocejar. Ele ia assinar a bendita coisa depois que lera que os humanos não iam passar de Taurinis e que seriam os patrulheiros para impedir que povos hostis de se aproximarem daquela região. Com o tratado os humanos não podiam ir até o planeta deles sem que o conselho assim autorizasse e caso o contrato fosse quebrado eles teriam que devolver Taurinis para ele.

Voltou a olhar o aurifense que o olhava com intensidade e quando se viu pilhado ao observá-lo ficou vermelho e se afastou. Kafen riu consigo mesmo saboreando o momento de tê-lo em seus braços.

~~***~~

Itieu foi para o seu quarto depois da meia noite cansado de ter escutado as reclamações de Sherman o tempo todo e de ficar olhando para o ghal. Ele devia estar lá para ajudar nas negociações, mas nem mesmo isso houve. O príncipe assinou o contrato sem reclamar e voltou para a sua nave com sua comitiva para partir no dia seguinte sedo.

Ele estava com muito sono. Não entendia de onde vinha todo aquele cansaço. Tivera uma boa noite de sono e estava acostumado a dormir tarde.

Culpou a atmosfera quente e úmida do planeta a caiu na cama de roupa e tudo praticamente desmaiando.

Teve estranhos sonhos de ser carregado, depois de estar flutuando e por fim de ouvir alguém lhe falar em uma língua melodiosa e estranha.

Acordou com um sobressalto, a cabeça explodindo e os cabelos nos olhos. Sua mente estava confusa e quando deu por si estava nu, deitado de modo estranho. Com o coração saltando ele percebeu que fora preso a um bloco de ferro de modo a ficar ajoelhado e com o peito encostado no bloco. Tentou se mover e viu que estava preso por cordas ásperas e muito grossas nas mãos e pernas que estavam bem afastadas. Tentou falar, mas na sua boca tinha uma mordaça.

O que diabos estava acontecendo? Puxou as cordas, mas elas eram muito fortes.

— Espero que esteja melhor príncipe – disse uma voz com um sotaque carregado.

Quando o homem se abaixou Itieu soltou uma exclamação raivosa. Era Kafen com um grande sorriso e a luxuria brilhando nos olhos verdes.   

— Lamento que tenha que ser desse modo Itieu, mas de agora em diante você é parte de meu harém, é meu escravo.

Ele se debateu tomado de raiva. Ele não era escravo de ninguém e aquele imbecil ia descobrir do que a sua família era capaz quando soubesse que ele o seqüestrou.

— Saiba que será menos doloroso se me obedecer, se bem me disseram vocês gostam da dor.

Ele levantou e foi para as costas no seu novo escravo olhando para as belas nádegas dele, do seu buraco rosado e só esperando pelo seu pênis que latejava de necessidade.

— Você vai ser bem tratado Itieu – ele apertou o dedo indicador no anus do rapaz – Será tratado como o príncipe que é se me obedecer e me der o prazer que quero ou pode ser espancado e trancado, isso é decisão sua.

O outro se debatia e resmungava, mas alem das cordas o sedativo que havia no suco do príncipe o deixava fraco o suficiente para Kafen fazer o que quiser com ele.

Com um tranco ele enfiou o dedo na entrada quente de Itieu que gritou de encontro à mordaça quando a queimação de ser invadido sem preparo roubou a sua respiração.

— Isso, geme para mim – ele entrava e saia com o dedo conforme a entrada de Itieu se alargava, mas ele sabia que teria que ficar bem mais larga para caber ele.

Levantou e foi até uma mesa onde alguns brinquedos foram enfileirados e escolheu o maior pênis feito de uma borracha dura e preto. Com satisfação voltou para junto do escravo que continuava a lutar contra as restrições.

Começou a introduzir o objeto sem lubrificante de forma brusca para ser o mais doloroso possível.

— Se for bonzinho escravo, eu paro e coloco o lubrificante – disse Kafen com apenas a ponta do pênis dentro dele, mas Itieu chorava de uma dor excruciante.

Ao ouvir as palavras do outro seu corpo retesou e ele foi tomado de raiva. Não ia se submeter a ele e para mostrar isso puxou as cordas com força.

— Foi escolha sua escravo – Kafen empurrou com tudo o pênis de borracha para dentro do outro.

Nada na vida tinha preparado Itieu para aquela dor. Era como estar sendo partido em dois. Seu corpo inteiro retesou e ele deu um grito mudo e ficou caído, meio desacordado no bloco onde fora amarrado.

— Muito bom – Kafen mexeu com o dildo dentro dele – Enquanto você é esticado vou me divertir com um conhecido seu.

Com um grande esforço Itieu levantou a cabeça e só então percebeu que na sala obscura onde estava havia outra pessoa presa em correntes que desciam do teto e com os pés firmemente presos no chão e as pernas afastadas. O aurifense arregalou os olhos ao ver Gael ali ainda desacordado.

— Um belo espécie humano, não acha? – perguntou Kafen segurando o queixo de Gael e erguendo o rosto do humano – Eles são menos resistentes a dor e isso os torna tão atrativos como escravos.

Kafen foi até a mesa pegando um chicote de varias pontas e voltou para o desacordado humano e sem piedade começou a surrá-lo e com isso Gael acordou assustado e com o coração disparado.

— O...

— Ola meu belo escravo – disse Kafen sem largar o flagelo.

— Pare! – ele gritou – O que você esta fazendo? Me deixe em paz!

— Você agora é meu humano – disse Kafen segurando com força o rosto do soldado.

— Quem diabos você pensa que é para dizer isso? Eu sou um humano livre e não um brinquedo de um idiota mimado.

— Tenha respeito – disse Kafen dando um tapa no rosto de Gael que deixou uma marca vermelha – Sou seu mestre agora.

— VÁ SE FERRA! – ele gritou mostrando toda a raiva nos olhos negros.

— Vai ser um prazer treinar você para ser um bom submisso. Você e o pequeno príncipe.

Só então Gael pode olhar em volta e viu assustado Itieu naquela posição, o rosto muito pálido pela dor.

— Que tipo de pessoa é você? – ele gritou para o ghal – Quem ti da o direito de nos maltratar e seqüestrar? Seu idiota louco!

— Cale a boca!

O chicote voou em direção aos testículos de Gael. O soldado fez força para não mostrar a sua dor, mas logo gemia e ofegava tentando escapar fazendo barulho com as correntes ao sentir cada chibatada de encontro ao seu pênis e bolas.

Quando acabou Kafen olhou para o escravo vermelho de surra e ofegante.

— Lindo, é assim que eu quero você.

Ele retirou a roupa mostrando o longo e escuro pênis ereto. Segurou Gael pelo quadril e empurrou o buraco dele de encontro ao seu longo pau e entrou com uma forte estocada dentro do escravo que começou a gritar esquecendo todo o orgulho, a dor era muita para sua sanidade.

Kafen estocava fundo e forte levantando ele do chão e repuxando as restrições dos seus pés.

— Delicioso – disse Kafen cada vez mais forte e rápido, mas ele logo se retirou de dentro dele – Mas não posso deixar de dar atenção ao nosso príncipe aurifense.

Itieu retesou de medo quando Kafen foi até ele e puxou o pênis de borracha o que lhe deu um alivio momentâneo já que o ghal enfiou com força o grande pedaço de carne que tinha entre as pernas nele.

O corpo de Itieu não estava recuperado das drogas e todo o sofrimento fez ele desmaiar assim que Kafen gozou dentro dele com um rugido de prazer.

— Maravilhoso – disse ele sorrindo e acariciando os cabelos dele – Foi um bom negócio como tinha previsto.

 



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A Busca da Felicidade - Capitulo 8

                                                                    Dante e Dayno


Capitulo 8



As mãos de Heitor entraram pela blusa de Mauro chegando até seus mamilos apertando-os fazendo o rapaz gemer, mas de repente os dois pararam de chofre ao ouvirem pessoas conversando. Ambos sentaram na coberta com os rostos afogueados ao verem que dois rapazes saiam de uma trilha, um deles reclamava.

— Essa não é a minha ideia de programa de domingo Dante!

— Pois depois de tanto trabalho é a minha.

Os dois pararam ao verem Mauro e Heitor.

— Ei ola! – acenou aquele que se chamava Dante – Desculpa a gente não queria assustar vocês, nosso tio disse que aqui era um lindo lugar para passar o dia.

— Vocês devem ser os sobrinhos do seu Alonzo – disse Heitor sorrindo – Ele já me mostrou fotos de vocês.

Os dois rapazes foram até eles e os dois levantaram.

— Meu nome é Heitor e esse é Mauro. Trabalho para o seu tio de vez em quando e ele me deu a chave para quando eu quisesse vir.

— Eu sou Dante e esse é Dayno – muito prazer.

Apertaram as mãos apesar de Dayno estar lançando um olhar critico para os dois.

— Vocês são namorados? – Dayno perguntou levantando uma sobrancelha.

— Dayno! – o irmão gêmeo o olhou contrariado.

— Isso mesmo! – Heitor nem mesmo ficou vermelho ao contrario de Mauro que ficou cor de beterraba – Querem ficar conosco?

— Não queremos atrapalhar... – Dante ia falando, mas Dayno passou per eles com sua sacola térmica.

— Obrigado, estou morrendo de fome.

— Está tudo bem – disse Heitor sorrindo.

Mauro ainda se sentia cheio de desejo e calor, mas achava que teria sido uma loucura deles fazer sexo ao ar livre. Todavia a declaração de Heitor de que eles eram namorados havia varrido tudo o mais de sua mente. Ele estava se sentindo flutuar de felicidade.

Eles sentaram com os irmãos no cobertor e cada um retirou as coisas que trouxeram. Dante trouxera suas cervejas, mas o restante preferiam refrigerante e sucos com sanduíches, tortas e salada de batata que Heitor trouxera.

— Eu nunca estive em São Paulo – comentou Mauro depois que Dante contara que vieram de lá enquanto Dayno deitado perto do irmão olhava o vento bater nos galhos das árvores – Na realidade eu nunca estive em uma cidade com mais de vinte mil pessoas.

— Não perdeu nada – responde Dayno olhando para ele com os olhos cheios de magoas.

— Enfrentamos muitos problemas ali – disse Dante fazendo um carinho nos cabelos do irmão que o olhou feio, mas isso não intimidou o outro – Há alguns anos não só a violência urbana aumentou, mas tambem enfrentamos muita violência pelo preconceito.

— Na Avenida Paulista – Dayno olhou para as folhagens novamente – Eu estava com um amigo meu e fomos espancados – olhou para os rapazes – tudo isso porque cometemos o pecado de sermos gays. Meu amigo esta morto agora – ele virou as costas para eles e Dante continuou o carinho nos cabelos dele.

— Foi uma época complicada para nós dois. Eu não ligava que meus clientes me olhassem torto achando que era gay, apesar de não ser, mas me doía quando descarregavam seu veneno no meu irmão. Achei que podíamos superar isso, mas o ponto final aconteceu quando entraram em nossa casa para nos seqüestrar e Dayno acabou baleado e eu fui levado. Nunca mais quero passar por aquilo, ficar totalmente à mercê de uma pessoa maluca. Foi ai que decidimos mudar...

— Você decidiu – resmungou Dayno.

— Tudo bem – ele riu – Eu decidi e não me arrependo.

— Acredito que vão gostar daqui – disse Heitor – Mendes é uma cidade pequena, mas nunca tivemos ato de violência contra a população homoafetiva que sempre foi alta. Claro que há os idiotas por ai, mas o delegado nem é nem um pouco tolerante já que o filho é gay e os policiais tambem são boa gente.

— Uma utopia – escarneou Dayno – que belo!

Dante deu um tapa na cabeça dele.

— Pare com isso Dayno!

— E você pare de me bater!

— Se eu achasse que uma surra desse um jeito em você já tinha feito.

Eles olharam feio e Mauro não resistiu em rir.

— Vocês tem sorte de terem um ao outro. Eu nunca tive irmãos e quando vejo uma família eu fico cheio de inveja.

— Leva ele pra você – disse Dayno, mas havia um sorriso no rosto dele.

— Você me paga! – Dante pulou no irmão e começou a fazer cócegas nele e os dois rolaram pela coberta fazendo Heitor e Mauro cair na risada.

Enquanto os irmãos continuavam com a sua guerra Heitor puxou Mauro para os braços dele lhe dando um leve selinho nos lábios.

— Gostando?

— Muito, não sabe o quanto é bom estar com você aqui. Se o paraíso existe ele é bem parecido com aqui.

Heitor segurou seu queixo e puxou para um beijo apaixonado. Mauro colocou os braços no pescoço dele puxando-o para mais perto enquanto Heitor segurava sua mão e a colocava em cima do seu coração e o outro sentiu o quando ele estava acelerado.

Mauro queria que aquele beijo durasse para sempre, que o seu mundo pudesse se resumir aquele lugar, com aquele homem sentindo seus lábios de encontro aos seus, o vento roçando as suas pelas e o som das árvores ao longe.

Ao se separarem ficaram olhando um para o outro ofegantes e cheios de calor.

— Uau! – Dante estava deitado perto do irmão – Isso foi quente.

Todo mundo acabou rindo e voltaram para a comida e as bebidas.

Depois Dante dormiu cansado pela semana de mudança e Dayno adorou ao descobrir que o sinal de celular ali era ótimo e entrou no facebook. Heitor e Mauro foram passear pela margem do riacho cheio de pedras e areia branca, arvores e muitas bromélias. Mais à frente a água caia em uma cascata e formava um lago cercado de arbustos com pequenas flores brancas e em um canto um grande jatobá fazia sombra na água.

Heitor mostrou a ele como quebrar a casca dura da fruta do jatobá com uma pedra e comer a polpa que mais parecia um pó amarelo e de odor forte. Ele conseguiu se sujar todo do pó que no final tinha um gosto bom.

Andaram em meio às grandes Araucárias que se levantavam majestosas mais longe da lagoa. Mauro olhou curioso para o casco rugoso da imensa árvore que tinha mais de trinta metros de altura com sua copa em forma de cone.

Sentaram em uma pedra ouvindo o vento assoviar por entre os galhos.

— Vou conversar com meu pai sobre nós – disse Heitor segurando a sua mão – Isso incomoda você Mauro?

— Não – sorri para ele – Eu nunca tive um na morado e nem como agir – ele foi ficando vermelho.

— Sabe o que amo em você? – Heitor disse sorrindo.

— O que?

— Suas bochechinhas coradas! – e ele apertou suas bochechas.

— Idiota! – disse Mauro rindo fugindo dele e voltando para os outros. 

Dayno havia acordado e conversa com Dante.

— Foi um dia maravilhoso – disse Dante – Mas estamos na nossa hora, amanhã é o grande dia.

— Espero que de tudo certo para vocês – disse Heitor.

— Foi um prazer conhecê-los – disse Mauro.

Eles juntaram as coisas e de despediram prometendo marcar um novo encontro.

Já era tarde e Mauro sentia o ombro começar a incomodar novamente e Heitor deve ter notado e disse que era hora de irem ainda mais que o sol havia sumido em meio ás nuvens que acumulavam mostrando mais chuva mais tarde.

Arrumaram as coisas e voltaram para a estrada rindo e conversando sobre o domingo. Mauro não se sentia bem assim há muito tempo, seu corpo estava leve e sua cabeça desanuviada e ele sentia que a vida ainda podia lhe reservar bons momentos. Conhecer Heitor fora o seu momento mais maravilhoso.

Ele estacionou perto da casa da fazendo e colocou o braço no banco olhando para ele sorrindo.

— Adorei passar o dia com você mesmo que não tenhamos terminado o que começamos mais cedo.

— Eu também gostei Heitor e espero que possamos fazer isso mais vezes.

— Quantas você quiser amor – ele deu um rápido beijo nele ao ver a cara gaiata de Godofredo chegando na casa – Boa tarde Godo – gritou Heitor.

— Ola meninos – ele deu um aceno e entrou.

— É melhor eu entrar – disse Mauro sorrindo para Heitor – mas esta tão bom ficar aqui.

— Por mim você não sairia daqui nunca mais.

— É uma promessa?

— Pode apostar – ele ia chagando mais perto quando ouviram alguém pigarrear e era Wagner olhando para eles da varanda.

— Boa tarde Wagner – ele sorriu para o homem que acenou sério para ele.

— Melhor eu ir e enfrentar o interrogatório – disse Mauro sorrindo para Heitor.

— Quer que eu fique e converse com eles?

— Não, está tudo bem. Eu quero falar.

Eles deram um breve beijo e Heitor se foi.

Mauro entrou na casa onde encontrou Wagner sentado no sofá, mas todo o resto parecia vazio.

— Acho que tenho que explicar Wagner...

— Senta aqui Mauro – disse o outro sorrindo para ele de forma tranqüilizadora apontando para uma poltrona.

Mesmo percebendo que Wagner não perecia que ia brigar com ele o rapaz se sentia intimidado. Sentou-se vermelho e constrangido.

— Sabe eu falaria isso para os meus filhos e não sei se você vai ou não gostar dos conselhos de alguém que nem mesmo é seu parente. Conheço Heitor há muito tempo e sei que ele é um bom rapaz, mas vocês não estão indo rápido demais? Ainda são jovens e tem todo o tempo do mundo para isso e... – ele ficou vermelho – Espero que você tenham usado camisinha, a segurança em primeiro lugar e...

— Wagner – Mauro colocou a mão no joelho dele – Nós não fizemos nada, foi só uns beijos – nunca na sua vida ia falar que Heitor lhe dera uma mamada – Ele pediu para namorarmos.

— Você está bem com isso?

— Eu nunca namorei ninguém e ele é tão maravilhoso – agora foi a vez dele ficar vermelho.

— Vão com calma sim? Eu não quero que nem um dos dois se machuque – ele segurou a mão de Mauro – Mesmo que não seja seu pai biológico eu me preocupo com você Mauro.

— Acredito que não é o sangue que liga as pessoas Wagner, mas o amor. Obrigado por se preocupar comigo – ele não queria chorar – Hum, cadê todo mundo?

— Bruno foi para a casa da namorada, minha mãe só Deus sabe e o restante dos meninos estão por ai e a Sacha foi descansar.

— Bem acho que vou fazer o mesmo.

Mauro subiu para o quarto feliz nem mesmo a dor no braço nem o incomodava, era tão bom saber que Wagner não estava com raiva dele e que aceitara bem ele namorar outro homem que sentia mais leve.

Estava tão imerso em seus pensamentos que ao virar o corredor deu de encontro em alguém e foi ao chão gemendo pela dor no ombro.

— Será que não olha por onde anda? – resmungou Valentim mau humorado no chão.

— Eu? – Mauro segurava ombro dolorido – Você que vinha sem prestar atenção em nada.

— Você bate em mim e eu sou culpado?!

Mauro teve vontade de matar Valentim por esbarrado em seu ombro ferido fazendo uma explosão de dor subir por sua garganta o deixando nauseado. Talvez Valentim percebera que o tenha ferido, pois levantou e estendeu a mão para ele com o rosto sem expressão.   

Mauro tentou levantar ignorando a mão de Valentim, mas não conseguiu fazendo o outro bufar de raiva e o segurar pelo braço bom puxando-o para cima dos seus pés. O rapaz puxou seu braço das mãos do outro e foi para o quarto à procura dos seus analgésicos.

— Você está bem? – Valentim foi até a porta do quarto de Mauro.

— Será que você não tem alguns bezerros para chutar por ai do que ficar me atormentando?

— Sabia que você é muito ingrato? Estou preocupado com você e ai me vem com dez pedras na mão?

— Sorte sua que não tenho nem uma pedra na mão – respondeu Mauro cheio de mau humor por Valentim ter conseguido ofuscar seu dia que estava tão bem – Se eu tivesse jogaria em você!

Valentim bufou irritado e foi para o corredor jurando que não ia mais se preocupar com aquele idiota ingrato.

Mauro fechou a porta com um estrondo em uma atitude infantil, mas o outro conseguia fazer os seus nervos aflorarem do pior jeito.

Pegou seus analgésicos e os tomou com um pouco de água sabendo que ia ser baqueado pela ação deste. Dormiria como uma pedra até o outro dia.

Deitou olhando para o teto branco e deixando que a sua mente vagasse para longe de Valentim, mas para gentis olhos azuis que o olhavam como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo. Mauro fechou os olhos sorrindo, pela primeira vez na vida não se sentia sozinho.

~~***~~

Dalton parou a caminhoneta diante da grande casa de fazenda de Alonzo. Era um lugar em estilo colonial, com a casa térrea caída de branco com janelas pintadas de azul. A varanda cobri dois lados da casa que era cercada de um grande gramado cheio de arvores e palmeiras imperiais. Na luz do pôr-do-sol parecia pintada de rosa.

Ele foi até a varanda cheia da cadeiras de vime e redes e bateu na porta dupla de jacarandá.

— Oi menino – Alonzo o atendeu sorrindo para ele.

Alonzo nascera e vivera toda a sua vida em Mendes. Depois de cursar a faculdade de direito voltou e não saiu mais. Agora com a idade avançada seus cabelos estavam quase brancos, uma artrose no quadril esquerdo o obrigou a andar com uma bengala de madeira toda esculpida em flores que Dalton fizera para ele.

— Boa noite seu Alonzo.

— Entra, entra. Que tal uma cerveja?

— Eu não bebo senhor Alonzo e nem o senhor pode – ele riu com a cara contrariada do senhor, mas ele piscou para Dalton.

— Sem álcool menino.

— Sem álcool? Aceito.

Eles entraram em uma sala grande onde de um lado havia uma mesa de jantar tão grande que doze pessoas sentavam nela coberta por uma toalha branca de renda, um cristaleira cheia de copos e taças. Do outro lado dois sofás de couro preto perto de uma estante onde uma TV de LED de quarenta polegadas estava ligada em um canal de esportes. As paredes eram cobertas por quadros e retratos, muitos em preto e branco da família de Alonzo e o chão de tabuas largas de madeira envernizada tinha vários tapetes. Um corredor dava para os quartos e uma porta fechada para a cozinha.

Sentaram no sofá e Alonzo puxou um pequeno isopor de bebidas de perto do sofá e abriu mostrando latas de cerveja sem álcool.

Dalton aprendera a beber a cerveja por causa dele e agora gostava do seu sabor amargo desde que ele fosse bem gelada.

Conversaram sobre seus times e Alonzo entregou o cheque para Dalton da escultura.

— Va se divertir com isso menino, arranjar um homens bonitos e honestos para beijar.

Dalton riu. Estava acostumado as brincadeiras do outro sobre sua sexualidade.

— Sinto dizer que não há muitos homens bonitos e honestos.

— Onde é que o mundo vai parar? – ele bufou e os dois começaram a rir, dividindo uma velha piada.

— Tio... – Dayno veio do corredor e parou a ver quem estava com o tio.

— Acho que você já conhece meu sobrinho – Alonzo fez uma cara gaiata – Dante me falou.

— Dante fala demais – rosnou Dayno olhando o rosto vermelho de Dalton.

— Tava conversando aqui com o Dalton dizendo que ele precisa de um homem bonito e descente e ele me disse que não muitos homens assim, mas acho que os meus sobrinhos podem ser classificados nessa categoria. Você ta solteiro, não é Dayno?

— Tio!

— Acho que constrangemos o Dr. Dayno – disse Dalton com sarcasmo.

— Bobagem – Alonzo fez um gesto de desdém com a mão – Sou um casamenteiro de mão cheia e acho que vocês dois fazem uma casal bem apessoado, não falo lindo que ia ficar estranho em mim, claro, ainda prefiro os peitos, mas tem muito homem por ai que não é de se jogar fora.

Dalton riu ao ver a cara de Dayno, totalmente vermelha, embaraçada, perdida ante as palavras do tio.

Uma coisa chamou a atenção dele foi que não dera por si que Dayno fosse gay, mas ele era todo homem, grosso e resmungão, no fim ele parecia apenas um chato.

— Acho tio que a minha sexualidade não é coisa para ficar discutindo com estranhos!

— Desde quando ele é estranho? Dalton Dayno, Dayno Dalton. Muito bem. Agora deixaram de serem estranhos. Não vai me dizer que é tímido Dayno depois de viver em São Paulo? Acho que aquela cidade acaba com a timidez de todo mundo!

— Eu preciso ir seu Alonzo – disse Dalton sorrindo para ele e olhando de esguelha para Dayno que parecia a ponto de ferver de raiva – Acho que o seu sobrinho pode ser gentil e me acompanhar até o carro.

— Anda Dayno! – resmungou o velho voltando a atenção para a TV onde seu time tomava uma lavada do outro.

O rapaz pensou que o outro ia lhe dar um soco, mas ele abriu a porta com um cavalheiro e Dalton se segurou para não rir do olhar assassino de Dayno.

— Muito engraçado, não é roceiro? – resmungou ele chegando perto de Dalton.

— Acho que você mereceu pelo que me disse, garoto da cidade grande. Não precisa fazer essa cara de mártir, seu tio esta acostumado com a homossexualidade e brinca sempre com isso. Não é ofensivo, é apenas o jeito dele.

— Não se preocupe – ele se aproximou cada vez mais – Eu não estou com raiva dele, mas de você.

— Você não me preocupa nada.

— Nem você!

Ambos estavam muito perto, perto o suficiente para cada um sentir o perfume do outro e ter a sensação do calor de suas peles, mas Dalton se afastou quebrando o contato deles e entrou no carro com pressa enquanto Dayno ficava olhando para ele com sua expressão dura, mas com algo mais ali que ele não entendeu.

Ligou o carro e se foi pensando no que acontecera.

Mesmo que tenha saído do armário ele ainda ficava constrangido de ter namorados, constrangido dos pais, assim ele preferia paqueras de fim de semana em Londrina ou outra cidade qualquer.

Seus pais eram boas pessoas, aceitaram ele e o amavam e respeitavam, mas ele nunca levara nem ninguém para casa e decididamente ele não sabia se ia conseguir fazer isso.  

~~***~~

Mauro acordou assustado. Seu peito doía como se ele tivesse corrido uma maratona e ele suava. Com a mão tremula enxugou o rosto olhando em volta para o sol que entreva pela fresta na cortina.

Tivera um sonho estranho, não eram os pesadelos com seu pai, era diferente.

Estava escuro e ele não podia se mexer, mas alguém segurou a sua mão com carinho e disse obrigado e adeus, ele achava que fora isso, mas agora que acordara o sonho ia esmaecendo e ele se sentia melhor

Foi até o banheiro lavar o rosto e pentear os cabelos para descer para o café, estava morto de fome por não ter jantado e logo pensou que devia ligar para Heitor, mas ele devia estar trabalhando e muitos dos lugares nas fazendas não tinha sinal de celular; ia ligar a noite e pensamento o fez sorrir enquanto descia as escadas.

Ele parou de repente ao ver a cena na mesa da sala.

Todos choravam. Sua mãe estava nos braços e Wagner e soluçava, Valentim branco olhava para o tempo da mesa. Haviam outros, borrões na sua visão ao ouvir um nome sussurrado...