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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A Busca da Felicidade - Capitulo I

Ola pessoas! Nova história e espero que gostem. Todo começo é meio lento, mas prometo grandes emoções. Beijos!

Resumo


Mauro foi expulso de casa por um pai homofóbico e perigoso. Em meio a sua fuga ele vai parar dentro do caminhão de Dalton, um artista que mora no Paraná e qual não é sua surpresa ao descobrir que ele é enteado de sua mãe que o abandonou quando era criança. Agora cheio de mágoa ele precisa aprender a conviver com a sua nova família, mas Valentim não está disposto a deixar isso acontecer. Ele não gosta do rapaz e vai fazer de tudo para que ele vá embora e em meio a tudo isso uma ameaça chega a cidade e esta disposta a caçar Mauro.


Vamos ao capitulo I



Capitulo I



Era duro ficar ouvindo a ladainha do seu pai sobre o quanto a homossexualidade era um câncer que devia ser extirpado, que tudo isso não passava de um punhado de gente sem vergonha e por ai ia. Ele estava cansado de esconder do pai o que ele realmente era por medo, pois sabia que seu pai era líder da Frente Conservadora, um nome idiota para algo mais idiota ainda. Seu pai e os partidários dele procuravam um modo de livrar a cidade de gays, lésbicas, travestis e recentemente alguns estrangeiros que estavam chegando, os novos ricos que compravam terras na pacata cidade de Aurora no norte do estado de São Paulo.

— Deus estou ficando cansado de mostrar para o povo o quanto isso esta comprometendo o bom nome da nossa cidade por causa desses anormais...

Mauro olhou pela janela para o jardim lá fora onde uma suava brisa trazia o cheiro das roseiras. Sempre que se cansava de ouvir o pai ele deixava sua mente vagar.

— Você está me ouvindo Mauro? – gritou Luiz Gustavo com o rosto vermelho.

— Estou pai e estou cheio disso.

— O que? – seu pai parecia não acreditar no que seu submisso filho estava falando.

— Você ouviu – disse ele com a frieza que conseguia – Cansei de você falar bobagens o tempo todo. Fica ai acusando as pessoas diferentes, mas no fim você queria ser como elas, livre das amarras dessa sua vida pobre.

— Você está drogado ou o que? Quem pensa que é para me falar assim?

— Meu nome é Mauro caso tenha esquecido no meio do seu discurso preconceituoso e tacanho.

— Acho bom você calar a boca e ir para o seu quarto – Luiz parecia que ia ter uma AVC ali mesmo tal a vermelhidão do seu rosto.

— Não – durante dez anos Mauro ficou calado aceitando tudo o que seu pai fazia com ele e com as pessoas, mas foi como se uma represa muito cheia rompesse dentro dele; havia chegado ao ponto da saturação.

— Suma daqui Mauro! – Luis Gustavo rosnou com os dentes cerrados.

— Pai olhe pra mim e tire a cabeça da areia finalmente! Seu único filho é gay e você fica ai fingindo ser o cara mais puro do mundo.

Luiz Gustavo engasgou, seu olhos cresceram e ele levantou do sofá apontando o dedo tremulo para o rapaz de dezenove anos. Sua boca estava aberta e nem um som saia dela.

Mauro quase riu ao ver a cena, mas sabia que seu pai podia ser violento quando queria. Ex soldado, servira à ONU no Iraque com as forças de paz por muito tempo antes de voltar ao Brasil e assumir a fortuna do falecido pai. Ele era alto, mais que um metro de noventa, cem quilos de músculos, cabelos loiros cortados rentes e violentos olhos azuis claros.

Todavia a explosão que se seguiu pegou Mauro de surpresa. O soco voara em direção ao seu queixo com velocidade e força o jogando para trás e de encontro ao chão. Ele ficou tonto e sentiu o gosto de sangue.

— Maldito filho de uma cadela! Sua mãe é a culpada de tudo isso! Aquela vagabunda transformou você em uma maldita bicha!

— Cala a boca! – Mauro gritou de volta – Não ouse falar da minha mãe!

Luiz avançou para ele o levantando do chão pelo colarinho da camiseta, mas o rapaz se contorceu e deu um soco no pai, mas não fez muito efeito. Mauro não era tão forte apesar de ter um bom gancho de direita.

O pai o jogou de encontro à parede e socou a lateral de sua cabeça. Ele voltou ao chão atordoado e viu quando o pai avançou para o escritório e ele soube o que ia acontecer, seu pai ia buscar a Glock que tinha guardada, ele era louco o suficiente para matá-lo.

Levantou aos tropeços e saiu pelo jardim pela porta aberta. Era noite e ele tropeçou antes de se embrenhar na mata de eucaliptos que ficava atrás de sua cada e era da sua família.

Um estrondo atrás dele dizia que seu pai havia atirado e ele correu com mais velocidade não sabendo para onde estava indo.

O que havia dado na sua cabeça? Desde quando ele fazia essas bobagens impulsivamente? Podia ter simplesmente sumido, ido para algum lugar e recomeçado e não acabar sendo perseguido pelo doido do pai.

Tropeçando e escorregando ele corria ouvindo sons atrás dele.

De repente a floresta acabava e ele saiu para uma estrada asfaltada, era uma vicinal que cortava o município. Havia um pequeno caminhão para no acostamento e com o motor ligado com o motorista falando ao telefone. Sem saber o que fazer, Mauro subiu na carroceria quando o caminhão estava começando a entrar em movimento e se escondeu por cima de um encerado que escondiam algumas caixas.

Tremendo seu coração aos poucos foi se acalmando e ele finalmente percebeu o que estava acontecendo. Ele estava perdido, sem dinheiro e sem casa. Sozinho no mundo e não pode impedir que lágrimas viessem aos seu olhos enquanto sacolejava pela estrada.

A família do seu pai não gostava dele e mantinha distancia, ele não tinha amigos íntimos e a sua mãe... bem ele podia ter defendido ela, mas a verdade era que Sacha fora embora há mais de dez anos sem olhar para trás, deixando o filho com um homem amargurado a abusivo.

Sabia que eles viviam em uma região ao norte do Paraná, um lugar de serras e matas de araucárias, todavia ele nem mesmo tinha o nome da cidade e se perguntava se teria mesmo coragem de procurar eles se soubesse onde viviam, não queria ser escorraçado mais uma vez.

Sentiu-se tonto e nauseado e antes que desse conta desmaiou escondido pela lona.

~~***~~

Dalton resmungava enquanto dirigia pelas estradas. Sua mãe acabara de ligar com uma série de recomendações.

“Juízo Dalton! Não beba! Dirija com cuidado, cuidado com as curvas...”

A lista era longa e era isso sempre que ele ia viajar para entregar as esculturas que fazia na cidade de Belo Horizonte onde tinha compradores fieis. Sabia que podia contratar uma transportadora, mas suas esculturas eram seus bebês e ele se recusava e colocá-las nas mãos de qualquer um.

Com o radio tocando Adele ele corria os quilômetros louco para chagar em casa e comer o pão quente da vovó Lucia e implicar com Igor um dos seus irmãos mais novos que agora estava de namorada nova e isso era o suficiente para toda a família estar em cima.

Pobre menino.

Ele deu uma risada e acelerou mais cortando a noite.

Depois de algumas horas o dia amanhecia e ele finalmente viu a placa mostrando que o município de Mendes ficava a dois quilômetros apenas.

Um pouco antes de chegar a cidade ele entrou em uma estrada de chão observando o neblina noturna se levantas por entra as matas de araucárias que apareciam em pequenos espaços. O cheiro de mato e pinho invadiu suas narinas e ele se sentiu em casa.

A fazenda 3M ficava no pé de uma serra coberta de matas. As casas em estilo europeu apareceram assim que ele dobrou uma esquina. Os armazéns e a estrebaria também apareceram e ele podia ver os cavalos da sua irmã correndo pelos campos. À sua direita campos e mais campos de soja e milho formavam ondas ao sabor do vento matutino.

O caminhão atravessou uma pequena ponte que passava por cima de um pequeno rio que cortava a propriedade e formava uma represa mais abaixo. O rio descia da serra em uma cachoeira que ele e os irmãos usavam para se divertir nos fins de semana.

— Finalmente em casa – suspirou Dalton desligando o motor.

Kaila saiu correndo da casa e mau ele tinha saído do veiculo pulou nos braços dele.

— Irmão mal! – resmungou ele batendo no braço dele – Você podia ter me levado!

— E ser morto pela mãe? Nunquinha!

— Dalton!

Seu irmão mais velho desceu as escadas sorrindo para ele. Valentim era um homem de trinta e dois anos, alto e moreno do sol da lida. Seus cabelos eram castanhos e seus olhos dourados sérios. Ele era alguém que você podia contar por toda a vida, mas era muito reservado e sério ao contrario da família bagunçada que tinha.

— Ei Valentim! Trouxe os seus livros.

Valentim era apaixonado por livros, novos, velhos, romances, ficção, fosse o que fosse ele lia e depois guardava na biblioteca que formara.

— Obrigado Dalton.

— E pra mim o que você trouxe? – Kaila fez um bico para ele e fincou as mãos nos quadris.

— Isso! – ele deu um aperto no nariz dela o que lhe rendeu um tapa na mão – Ai!

— Se você não me trouxe algo eu coloco minha tarântula na sua cama!

Se havia uma coisa que Dalton odiava era a bendita aranha da irmã. Onde Kaila estava com a cabeça para ter um mascote desses só Deus sabia.

— Pare de me ameaçar. Eu comprei as benditas maquiagens importadas.

Kaila deu um grito e pulou abraçando o irmão.

— Você é o melhor irmão do mundo!

— Interesseira.

— Agora onde está?

— Na carroceria debaixo da lona.

A moça correu lá e puxou a lona dando um grito que deve ter assustado a fazenda toda.

— Dalton você sequestrou alguém? Eu não quero ser presa diabos!

O rapaz e Valentim correram para lá e deram com Mauro desacordado em maio as lona e as caixas.

— Ele deve ter entrado em seu caminhão em algum ponto – disse Valentim olhando para o rosto ferido do menino, os cabelos loiros e compridos escondiam parte da face.

— Onde?! Eu conferi as caixas em uma parada no meio do nada e depois só parei na estrada para conversar com a mãe!

— O que está acontecendo?

Era seu pai. Wagner era um homem muito parecido com Valentim, com cinquenta e sete anos não mostrava a idade que tinha no rosto com algumas rugas. Era calmo e fechado, mas um pai amoroso para os filhos.

— Pai o Dalton sequestrou alguém! Temos que chamar a policia!

— Cala a boca peste! – Dalton rosnou para a irmã que lhe mostrou a língua.

Revirando os olhos castanhos, Wagner olhou para a carroceria observando os hematomas e que o menino não havia acordado com toda a gritaria dos seus filhos.

— Kaila que escândalo é esse? – tio Godofredo resmungou carregando um latão de leite – Até parece que a sua aranha mordeu você!

A moça contorceu o rosto para o velho senhor. Godofredo era irmão de Wagner e não podia ser mais diferente do outro. Três anos mais velho tinha parte dos cabelos grisalhos, era mais baixo e gostava de um bom vinho e uma boa fofoca. Solteiro convicto vivia para namorar e se divertir, mas era um trabalhador sério da fazenda e amava os sobrinhos com loucura mesmo que atormentasse eles de vez em quando.

— É melhor levá-lo para dentro – disse Wagner subindo na carroceria – Ele parece machucado.

— Mas a gente não sabe quem é ele – Valentim olhou com desagrado o menino sujo – Acho melhor descer para a cidade e deixar ele com a policia.

— Até onde eu sei eu não vou deixar alguém precisando de ajuda na porta da minha casa Valentim!

Wagner e Valentim por serem parecidos viviam tendo seus conflitos.

O pai pulou do caminhão com o menino nos braços e foi para a casa.

Era uma casa de dois andares feita de pedras claras, muitas janelas francesas e uma varanda na frente. O telhado era pontudo e de cor cinza e alguém conseguira que uma primavera branca crescesse e seus galhos foram sendo prendidos nas paredes. O efeito era de tirar o fôlego por sua beleza.

A sala tinha dois ambientes com sofás e poltronas em torno de um rack com uma teve de LED cinquenta polegadas e uma grande mesa de madeira parecendo muito antiga com dez lugares. Um escada de madeira subia para o piso acima e haviam mais duas portas, uma para o lavabo e outra para a cozinha de onde vinham cheiros de pão e café.

Wagner colocou delicadamente o menino no sofá afastando os longos cabelos loiros olhando o rosto contundido com um roxo no queixo e outro quase preto na testa.

Ele gemeu e abriu os olhos de um azul cobalto lindo.

— Você está bem? – Wagner tentou colocar a mão no ombro dele, mas Mauro pulou.

Onde diabos ele estava? Quem era aquele homem?

— Calma – ele se afastou e ergueu as mãos.

— Ei meu irmão sequestrou você? – Kaila apareceu atrás de Wagner.

— Kaila! – disse o pai contrariado para a menina.

Dalton tambem estava ali olhando para ele, mas Valentim estava na porta de casa com os braços cruzado olhando para o desconhecido com os olhos frios.

— Está tudo bem menino – disse Wagner – Meu nome é Wagner e esses são meus filhos.

— Gente eu nem fui olhar qual era o escândalo da Kaila – uma bela mulher entrou na sala carregando uma tigela com pães para por a mesa – Tudo bem? – ele olhou para o marido que estava inclinado em alguém deitado no sofá.

— Parece que achamos um intruso – disse Valentim para a mãe.

Wagner levantou o corpo para ralhar com o filho mais velho quando a tigela que a mulher segurava veio ao chão.

— Sacha?! – Wagner olhou assustado para a esposa, mas foi o que o menino disse que o deixou ainda mais pasmo:

— Mãe! – Mauro tremeu ao olhar para a mulher que lhe dera a vida e depois desaparecera.  








Um comentário:

  1. ADOREI... esse capítulo, curiosíssima para o próximo. Parabéns você esta ótima...

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