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sábado, 17 de março de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo II

Capitulo 2


Paul estava colhendo amoras naquele dia e isso o levava um pouco longe de casa. Ele podia confiar que Sara e Gabe cuidariam das crianças já que não podia leva-los para aquela parte da mata, tão afastada e perigosa. Infelizmente por isso era o local onde existiam as melhores frutas.
Descansou a sexta no chão limpando o suor da testa com a mão percebendo que com isso só estava deixando o rosto coberto de roxo com o suco das frutas.
— Vou dar uma parada – murmurou ele indo para perto do lago que ficava afastado da trilha.
Passou por fadinhas que, pousadas nas folhas de arbustos floridos, riam para ele.
Paul adorava as fadas da floresta. Eram pequenos seres delicados, com vinte centímetros de altura, asas translúcidas e corpos brilhantes. Elas eram protetoras das matas e quando reunidas podiam fazer muito estrago a uma pessoa.
As fadas também gostavam de Paul que sempre dava geléia quando iam a sua casa.
— Vocês estão muito felizes hoje! – disse Paul passando por outro grupo que soltava risinhos.
— Ola Paul! – diziam elas para saírem voando rindo.
Balançando a cabeça o rapaz foi em direção ao lago, mas parou na sua borda atrás de um arbusto ao ver que o lago já estava ocupado.
“Por isso aquelas fadas safadas estavam rindo”! – pensou ele olhando para o lago.
Era pequeno, com as margens e fundo de pedras. Uma pequena cascata caia de um lado enquanto de outro um córrego se formava indo em direção a mata fechada. Moitas de frisos, um arbusto de flores brancas, que davam em cachos e tinham intenso perfume, cercavam quase toda a borda do lago. O ar estava impregnado de perfume e borboletas azuis voavam por todo o lado.
Banhando-se no lago estava o rapaz do dia anterior que falara com ele na feira. Nu e sem nem um pudor ele estava sentado em uma pedra observando as borboletas e se deliciando com o sol na sua pele molhada.
Paul sentiu a garganta seca ao olhar para a sua pele dourada coberta de respingos, os músculos bem definidos dos braços e coxas, o abdômen liso e marcado pelos músculos coberto de pelos escuros que desciam... Fechou os olhos coberto de vergonha ao perceber o quanto excitado aquele corpo perfeito o deixava. Como que puxado por um imã Paul voltou a observar aquela beleza máscula com vontade de lamber cada gotícula de água que escorria por seu corpo.
Com o rosto vermelho ele resolveu dar um basta nas suas fantasias. Engolindo em seco procurou se afastar silenciosamente da borda do lago, mas atrapalhado do jeito que estava não teve sorte. Um pequeno coelho passou correndo na sua frente, fazendo ele tropeçar e cair para trás... direto no lago!

Mathew sempre gostara dos bosques e matas do principado do irmão. Era uma região linda e fértil, mas sem riquezas com ouro e prata. A maioria dos nobres eram fazendeiros que cultivavam uma terra fértil onde quase não se tinha problemas como secas e pragas. Muitos dos alimentos do reino de Gaulesh, onde o irmão de Mathew e Phillip era rei vinha de Haven.
A proteção de um dos reinos mais poderosos do leste fazia com que a maioria dos invasores pensasse duas vezes antes de chagar perto de Haven, alem do fato de que o rei Dylan tinha como aliados os reinos mágicos do norte como os reinos elficos e dos anões.
Aquela era uma região de abençoada paz que Mathew pedia a Deus para que continuasse assim.
Com esses pensamentos ele se embrenhou nos bosques celtas encantado com suas velhas arvores, cipós floridos e perfumados e os arbustos de amoras, ameixas, framboesas e groselhas. Ele se fartou com as frutas adorando estar um pouco só, já que o irmão insistira que ele tinha que andar com um guarda-costas.
Pelo amor de Deus! Mathew havia viajado por todo o reino enfrentando bandidos por todo o caminho e sempre soubera se defender. Phillip deveria achar que ele ainda era uma criança! Suado e com calor não pensou duas vezes em se deliciar com um banho no lago que ficava no centro da floresta. Retirou as roupas e deu umas braçadas, mas o lago era pequeno e raso, em pé não batia nos seus quadris. Sentou em uma rocha para apreciar o sol e as borboletas quando sentiu que estava sendo observado. Sabia que a mata era cheia de seres mágicos, mas quem os estava olhando era um ser humano e pelo barulho dos passos alguém leve e de baixa estatura. Qual não foi a sua surpresa ao perceber pelo canto dos olhos Paul meio escondido pelos frisos olhando-o de olhos arregalados e rosto muito vermelho. Com certeza ele não esperava encontrar alguém naquele lugar afastado. O rapaz parecia hipnotizado por ele, mas logo balançou a cabeça e se afastou.
Mathew teve vontade de chama-lo de volta, mas alem de constranger Paul isso só ia deixar ele assustado.
Qual não foi a surpresa dele quando Paul caiu na água como uma pedra.
— Parece que esse lago não é tão solitário assim – comentou ele com uma nota de sarcasmo ao ver Paul se levantar cuspindo água e afastando os cabelos do rosto.
Paul voltou a cair sentado olhando assustado para Mathew que continuava sentado olhando ele com ar divertido.
Naquele momento tudo que Paul mais queria era que o chão, nesse caso o lago, se abrisse e engolisse ele. Ofegante ficou em pé totalmente molhado, as roupas e o cabelo pesando uma tonelada.
— Que coisa feia ficar espionando uma pessoa tomar banho – continuou a cutucar Mathew.
— Eu não estava ti espionando – respondeu Paul contrariado e com o rosto pegando fogo.
— Então o que você estava fazendo?
— Isso não ti interessa! – respondeu ele partindo para o ataque como sua melhor defesa indo para a margem mancando depois do escorregão no lodo do lago e quase caiu novamente, mas foi seguro por trás.
— Cuidado – disse uma voz rouca em seu pescoço fazendo ele dar um pulo de susto.
Mathew havia se aproximado e segura seu ombro para que ele se equilibrasse.
— Estou bem, obrigado – respondeu Paul tentando se afastar, mas antes que pudesse reagir foi pego no colo por Mathew – O que esta fazendo? – perguntou vermelho e ofegante ao ser apertado contra um peito nu.
— Ti ajudando a sair de uma situação complicada e para de se debater!
O príncipe saiu do lago com desenvoltura deixando Paul em pé na margem, que muito vermelho ao vê-lo sem roupa baixou a cabeça e deu-lhe as costas.
— Quanto pudor! – ironizou ele pegando a calça que deixara ali perto vestindo-a – Pronto, já estou apresentável – disse ele com ironia vestindo a túnica pela cabeça.
— Agradeço a ajuda – resmungou Paul ainda sem olha-lo fazendo menção de pegar a cesta, mas a torção no seu pé o fez parar e gemer.
— Todo bem? – perguntou o outro preocupado.
— É só uma torção – disse ele respirando fundo e tentando andar, mas antes que desse o primeiro passo Mathew havia se ajoelhado para dar uma olhada.
— Se apóie em mim para dar uma olhada.
— Não precisa! – resmungou o outro novamente vermelho.
— Vamos Paul! – disse o príncipe quase perdendo a paciência – Coopere.
O outro segurou no ombro dele, enquanto Mathew erguia a barra da longa túnica e da calça olhando para as sandálias do rapaz.
— Usar sandálias na mata é perigoso – ele começou a desafivelar a sandália de couro – Mas eu esqueci que é parte do seu uniforme imposto pela igreja. Como você aceita isso! – apertou o tornozelo fazendo ele gemer – Só esta torcido.
— Isso eu já notei – respondeu ele contrariado por Mathew ter implicado com roupa que usava.
— É melhor tirar essa roupa e por para secar – disse Mathew vendo ele tremer no vento que soprava na mata.
— Ti... tirar minha roupa!?
— Tire e vista isso, senhor pudico – disse o outro jogando uma longa capa para ele e ficando de costas – É melhor tirar ou eu faço isso!
Paul ofegou contrariado e constrangido, mas começou a tirar a túnica que ia até os tornozelos, a camisa que usava por baixo, a calça e a roupa intima se enrolando na capa que tinha o cheiro dele, maçã e cedro, como Sara havia dito. O outro pegou as roupas do outro e jogou nas moitas de frisos espantando uma nuvem de borboletas e espalhando o perfume pelo ar.
— Logo vai estar seca – disse ele dando um assovio longo e de repente um cavalo negro como a noite apareceu trotando.
Paul sentou encostado em uma arvore enrolando o manto em volta do corpo, sentindo o cabelo molhado escorrendo pelo rosto.
— Como sabe meu nome? – perguntou ele para Mathew que acariciava o pescoço do cavalo.
— Eu perguntei para o prefeito quando ti vi na feira. Pensei que você era uma moça, mas ele me disse que você é um garoto...
— Garoto?! – já fazia muito tempo que não era chamado assim – Já tenho vinte e dois anos senhor...
— Príncipe Mathew de Haven – ele fez uma mesura para Paul – Ao seu dispor.
— Príncipe?! Irmão do príncipe Phillip?
— Exato. Resolvi passar uns tempos nas terras do meu irmão e acho que não vou me arrepender – ele o olhou de modo malicioso.
O outro estava novamente vermelho e agora muito embaraçado. Estava diante do príncipe do reino de Haven, o reino mais poderoso do leste e isso deixava Paul um pouco temeroso.
— Não precisa fazer essa cara – disse o rapaz – Eu não mordo.
Paul não soube o que responder, mas aquele olhar felino dizia que ele mordia sim e bem fundo.
— Você é casado? – Mathew queria saber mais da vida daquele ser tão lindo.
— Não – a resposta foi seca.
— O prefeito me disse que você tem cinco filhos, quatro são adota...
— São meus filhos – disse ele com os olhos cor de mel lançando chispas – e você não tem nada a ver com isso!
— Você ergue as penas quando fala dos seus filhos, heim galinha choca?
— Galinha! – Paul ficou de pé vermelho de raiva – Quem você esta chamando da galinha choca, grande príncipe?
Mathew estreitou os olhos mordido e foi até o rapaz inclinado a cabeça para falar com o outro que era trinta centímetros mais baixo.
— Tenha um pouco de respeito, moleque!
— Então meta-se com a sua vida! – ele, quase sem perceber, espetou o dedo no peito do príncipe que o olhou com os olhos brilhando.
Antes que Paul pudesse fazer algo Mathew segurou seu queixo e o beijou. Foi um beijo quente e sedento que nublou a mente de Paul na hora e fez seu corpo despertar para o prazer, para algo que ele se privara por tantos anos. Mathew tinha gosto de uma tarde quente de primavera e de doces frutas dos bosques, era embriagador como o mais fino vinho.
Para o outro o sentimento também não era diferente. Mathew apertou a fina cintura de Paul apertando o seu corpo de encontro ao dele como se quisesse fundi-los. A boca do outro era quente e doce, seu sabor era de geléia de amoras, forte e encorpada e ele percebeu que ia se viciar nesse sabor. Ele podia sentir que o outro estava ficando tão excitado quando ele.
De repente algo aconteceu, Paul o empurrou e se encolheu na sua capa com um olhar assustado nos olhos dourados.
— Pare com isso! – ele gritou tremulo. Seu rosto estava vermelho.
— Não seja hipócrita em dizer que você não gostou! – ele ainda estava ofegante pelo beijo.
— Hipócrita é você, seu projeto de príncipe!
— Do que me chamou? – os olhos de Mathew brilhavam de raiva – O único projeto aqui é você! Um projeto de curandeiro!
— Como você se atreve a falar comigo desse jeito! – Paul apontou o dedo para o nariz dele.
— Baixa o seu tom ou da próxima vez ti deixo morrer afogado!
— Pode ter certeza que não haverá uma próxima vez! Agora será que pode me dar licença para que eu possa pegar as minhas roupas e sair de perto de você!
— Com certeza my lord – Mathew se inclinou como se estivesse diante de um grande rei.
Cheio de raiva, Paul jogou a capa na cabeça dele e pegou suas roupas mancando e inda atrás de uma árvore.
Bufando o príncipe retirou a capa e teve ganas de cometer um assassinato. Ele não podia crer que ficara pensando naquele garoto lindo a noite toda, o deixando tão excitado que teve que se satisfazer com sua mão como se fosse um adolescente. Agora descobria que o seu doce e lindo rapaz é um mau humorado, sem educação, desrespeitoso e mais alguns nomes impublicáveis.
Paul saiu atrás da árvore mancando acentuadamente e pegou a cesta sem nem mesmo olhar para o príncipe que rangia os dentes e pedia toda a paciência que Deus pudesse lhe dar e mais um pouco.
Subiu no cavalo e foi até perto do outro.
— Você vai subir por bem ou eu vou ter que ti arrastar para cima do cavalo?
— Não se preocupe majestade. Eu tenho dois pés e posso muito bem chegar até a minha casa.
— Você só pode estar gostando de me enfurecer, não é?
— Eu?! – ele parou olhando vermelho de raiva para o principe que olhava para as unhas em uma atitude infantil – Você acha que eu tenho tempo para ficar perdendo com picuinhas como estas? Ao contrario de você eu trabalho e muito para cuidar da minha família.
No mesmo instante Paul percebeu que tinha falado a coisa errada. Os olhos azuis escuros do outra brilharam de uma forma fria e sua boca se transformou em uma fina linha.
— Ou você sobe neste cavalo ou eu não vou ter escrúpulos nem um de deixar os seus filhos órfãos.
Percebendo que falara demais ele colocou o pé no estribo e Mathew o ajudar a sentar a sua frente no cavalo. Mau ele tinha montado o príncipe incitou a sua montaria para sair a galope e Paul teve que se segurar para não cair.
Ele podia sentir a raiva no outro e isso lhe dava um grande mal estar. Ele havia sido injusto e já fora alvo de muitas injustiças para saber o quanto isso doía.
— Me desculpe príncipe Mathew – ele murmurou – Eu passei dos limites e falei uma bobagem sem pensar.
Ele relaxou visivelmente, mas sua voz era dura ao responder.
— Só uma?
— Eu estou me desculpando e você me goza?
— Você acha mesmo prudente brigar em cima do mesmo cavalo?
— Eu não estou brigando! Só quero me desculpar por uma injustiça minha. Já ouvi muita coisa dita pelas pessoas no calor do momento e que me feriram, para que eu faça a mesma coisa – no final sua voz é um sussurro.
— Você fala dos padres?
— Deles, dos outros. Dói quando escuto que sou um amaldiçoado, mas dói cem vezes mais quando escuto eles falarem assim com meus filhos. São apenas crianças, não tem culpa de nada.
— E você tem?
— O que quer dizer? – Paul olhou para cima encontrando seu olhar em um misto de ferocidade e raiva.
— Você tem culpa de ter nascido hermafrodita? Qual é o pecado disso? Nós somos o que somos e devemos nos orgulhar disso – apontou para a mata onde raios de sol dourado se infiltravam pelas copas das arvores iluminando nuvens de borboletas azuis – Meu irmão mais velho sempre costumava dizer que toda a vida, seja qual for, é um milagre e deve ser saldado como tal.
— Seu irmão é sábio.
— É – ele parecia querer dizer mais alguma coisa, mas resolveu ficar em silencio, assim como Paul que observava a mata como se de repente a visse pela primeira vez.

2 comentários:

  1. tenho gostado muito dos dois livros que vc ta escrevendo estou ansiosa pela continuação dos livros bjs e um fim de semana maravilhoso pra vc

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  2. oi meu nome e luciene e conheci seu blog hoje, e ja li os dois capitulos do caminhos do destino, e adorei gosto de livros com temas misticos , tambem adoro livros homos sou viciada.
    parabens
    bjs lulu

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