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sexta-feira, 16 de março de 2012

Caminhos do Destino

Capitulo I



Paul retirou os cabelos dos olhos com impaciência. Eles precisavam de um corte, mas ele gostava deles daquela forma, praticamente abaixo da cintura; talvez isso fosse uma maneira de compensar o seu corpo sem pelos. As únicas exceções eram as sobrancelhas bem desenhadas, os cílios longos que emolduravam olhos cor de mel e os cabelos levemente crespos e castanhos.
Paul era o que se chamava de duo, dualidade, na verdade ele era um hermafrodita, possuía os dois sexos. Os do tipo dele era um resquício de uma época em que o homem brincava de Deus e criava seres ao seu bel prazer, pelo menos era isso que se lia em antigos livros que contavam a história da humanidade antes da grande tragédia, quando quase toda civilização havia sido extinta e sua tecnologia destruída. Ninguém sabia ao certo quanto tempo fora isso, mas muitos sábios diziam que havia sido a muitos milhares de anos.
O mundo desde então havia se reconstruído e a humanidade também, mas de outra forma. Já não havia a tecnologia ou grandes paises. Agora reinos se espalhavam pelas terras e a tecnologia não tinha vez em um mundo onde a magia perpetuava. Os humanos agora eram dotados de grandes poderes tanto para o bem quanto para o mau.
— Hei! – o grito de Mara chamou a sua atenção e ele acenou para a moça que vinha ao seu encontro nas terras onde ele colhia morangos e amoras.
Mara era uma mulher alta e forte que manejava uma espada como um guerreiro e mesmo se vestia como um preferindo manter os cabelos curtos. Ela era amiga de Paul há sete anos.
— Como vai Mara?
— Estou bem – ela parou a carroça longe dos morangos para não estraga-los – Vim atrás de mais geléia Paul. As que eu tinha vendi todas.
— Todas! – admirou-se o rapaz.
— O povo do castelo comprou tudo para a chegada dos parentes para a festa da colheita. Eles me disseram que se eu tivesse mais eles ficariam com elas.
— Que maravilha Mara! – ele sorriu aliviado – Estava começando a me preocupar com as contas esse mês.
— Rapaz – ela deu um tapa nas suas costas que quase o jogou longe – Se eles provarem da sua geléia nunca mais vão querer outra!
— Por Deus Mara – gemeu ele massageando as costas – Sua mão pesada um dia vai quebrar algum osso meu.
— Deixa de frescura e vamos logo!
Ambos subiram na carroça e pegaram a estrada que cortava os bosques Celta indo rumo à casa de Paul que não ficava muito longe.
Era uma casa de pedra antigamente usada como casa do guarda caças do príncipe Phillip, mas fora doada a vila assim como o bosque e os moradores haviam deixado Paul e seus filhos morarem ali.
A casa era antiga e coberta de hera em seus dois andares, mas havia sido bem construída com banheiros de água encanada e torneiras na cozinhas. Era cercada de arbustos floridos aonde as fadinhas do bosque vinham sentar nas noites de lua cheia e um gramado aparado a muito custo por Paul que era apaixonado por gramados.
Assim que pararam na frente à casa cinco crianças saíram correndo de lá.
Gabe era o mais velho de treze anos. Era um garoto magro de olhos verdes e cabelos negros tão cumpridos quanto os do pai. Suas expressão era séria e melancólica.
Sara era uma moça linda de treze anos. Os cabelos eram curtos e loiros e os olhos azuis eram opacos. Sara era cega.
Depois vinha Shon, um menino de sete anos de cabelos dourados e olhos de um azul violeta que não se via igual em local algum. Era um garoto risonho e se parecia muito com Paul menos nos olhos.
Por fim vinham dois garotinhos de quatro anos Jason e Jared. Ambos tinham os cabelos loiros e olhos castanhos e se pareciam um pouco, mas não eram irmão de verdade, alias não nem um deles eram irmãos de sangue e apenas Shon era filho legitimo de Paul.
— Papai!
— Mãe!
— Eles ainda não sabem pelo que ti chamar? – riu Mara pegando a cesta de frutas do rapaz ajudando ele a descer.
— Bem Gabe é o único que me chama de pai, para o resto eu sou a mãe.
— Ola Mara! – gritou Sara toda feliz indo à direção e eles era incrível o seu senso de direção.
— Oi Sara, oi meninos.
— Gabe você me ajuda a pegar os vidros de geléia?
— Conseguiu vende-los pai?
— Graças a Mara conseguimos – Paul se virou para a filha – Meu anjo será que pode ir limpando os morangos? Faremos mais geléia.
— Podemos ajudar mãe? – perguntou Shon sorrindo o seu sorriso mais inocente.
— Sei o seu tipo de ajuda Shon – resmungou Paul – Logo a cozinha vai estar coberta de morangos e mel. Deixa a Sara em paz e vão os três brincar.
— Vamo Shon – Jared o puxou pela mão – Ainda não terminamos o nosso forte!
O garoto lançou um olhar contrariado par à mãe/pai e acompanhou os menores.
— Ele esta crescendo – comentou Mara olhando com carinho para o garoto – Parece que foi ontem que eu achei você caído debaixo daquela rocha dando a luz. Quantos anos você tinha?
— Quinze anos. Eu nem sabia que estava grávido até algumas mulheres comentarem que meus enjôos pareciam de gravidez – Paul abraçou-se triste – Você não sabe da vergonha que senti Mara. É tão raro um hermafrodita ter filhos, na maioria somos estéris e de repente estava eu ali com apenas quinze anos e esperando um filho sem nem mesmo saber onde o pai estava. Quando meu pai descobriu espancou-me tanto com a esperança que eu abortasse que senti medo que algo tivesse acontecido a criança que eu carregava, mas ela era forte e continuou viva e crescendo. Naquela noite fugi do chiqueiro onde era obrigado a viver e comecei a vagar pela estrada – ele sorriu para Mara – Agradeço a Deus todos os dias por ele ter colocado você no meu caminho, minha amiga.
— Pois eu que agradeço Paul. Se não fossem suas ervas boa parte da vila teria morrido na época da peste negra.
— Aqui – Gabe vinha chegando com uma sexta cheia de potes de geléia de morango e amora – Estamos praticamente a zero agora pai.
— Tudo bem – Paul bagunçou os cabelos do filho enquanto Mara pegava a sexta – A gente produz mais.
— Vou até o bosque colher frutas. Ajudo o senhor a fazer mais.
— Gabe – Paul seguro o braço do garoto – Vá descansar, você esteve trabalhando o dia todo.
— Colher frutas não é trabalho – resmungou ele correndo de volta a casa para buscar uma sexta.
— Continua superprotetor – comentou Mara depois de colocar a sexta na parte de trás da carroça.
— As marcas que deixaram nele não vão desaparecer tão fácil e o medo que ele tem de perder sua família é grande. Ele ainda acorda aos gritos no meio da noite e chora por horas antes de dormir.
— Tenho certeza que você pode ajudá-lo a superar isso meu amigo – disse Mara subindo na carroça – Você vem para a feira amanhã?
— Claro e levarei as minhas ervas para seu pai vende-las na sua barraca.
— Então até amanhã Paul! – ela acenou e começou seu caminho de volta para a vila.
Paul entrou na casa onde Sara já tinha lavado os morangos a agora procurava nos armários o mel.
— Mãe! – ela retrucou indignada – O mel acabou! Tenho certeza que foi uma daquelas pestes. Posso sentir o cheiro de lama no armário.
— Tudo bem Sara – riu Paul abraçando a menina – Tenho uma reserva guardada.
— Você mima demais eles, mãe.
— Gosto de mimar todos os meus filhos.
Feliz ela se aconchegou mais ao rapaz.

O príncipe Mathew chegou com sua comitiva na tarde daquele dia. Era um rapaz alto e imponente, com os cabelos negros presos num elegante rabo de cavalo, corpo forte e musculoso, hábil como ninguém no manejo da espada e do arco, mas o que mais chamava a atenção em seu rosto bonito eram os olhos de um incrível tom violeta.
— Mathew! – Phillip acenou de longe para o irmão descendo correndo as escadas do castelo para abraçar o irmão que quase não teve tempo e descer do cavalo – Irmãozinho!
— Por Deus Phillip – reclamou o outro apertando o irmão nos braços – Não da mais para você usar o diminutivo comigo.
Apesar de Mathew ser o irmão caçula era cerca de vinte centímetros mais alto que Phillip.
— Não importa, mesmo que esteja tão alto que eu precise erguer a cabeça para olhá-lo eu ainda vou ti ver como o meu irmão caçula.
— Deixe ele em paz, Phillip! – Gwendelyn desceu as escadas com as mãos na cintura fina.
Gwen, como gostava de ser chamada, era sua mais adorada nora. Era a filha única do príncipe Sergi do principado de Haven onde agora eu irmão reinava por causa do testamento do antigo príncipe que o nomeava herdeiro do reino. Gwen era uma mulher de rara beleza com longos cabelos loiros presos por presilhas e tranças, olhos verdes escuros sempre risonhos, a pele era muito branca, mas o nariz bem feito era cheio de sardas dando a ela um ar jovial. Seu temperamento era intempestivo e quando queria algo ia até o fim para consegui-lo.
— Como vai Mathew? – perguntou ela sorrindo ao ser beijada no rosto pelo rapaz.
— Bem cara Gwen e vejo que vocês também estão bem.
— Como foi a viagem? – perguntou Phillip pegando no braço do irmão e o conduzindo para as escadas.
— Tivemos apenas um enfrentamento, foi uma viagem chata caro irmão. Suas estradas são seguras até demais.
— Desculpe por isso Mathew – disse o príncipe com sarcasmo – De próxima vez eu solto alguns para o seu divertimento.
— Eu ia agradecer.
— Mathew!
Rindo eles entraram no castelo indo para a sala particular do príncipe. Era uma sala pequena com uma lareira onde o fogo crepitava alegremente, tapetes grossos no chão, móveis de madeira escura e uma janela que dava para o jardim coberto de rosas azuis que sempre floresciam no outono.
Mathew se jogou em um sofá confortável olhando os quadros que mostravam as batalhas que o principado já vencera.
— Como estão todos em casa, Mathew? – perguntou Phillip curioso.
— Bem nosso pai abdicou, mas ainda continua atazanando Dylan a ponto de enfurecê-lo e nossa honorável mãe só faz apontar o fato de Mirian não ter ficado grávida ainda, aliais coisa que ela ainda acusa a nossa irmã.
— Nossos pais... – Phillip nunca se dera bem com nem um deles e só suportara tudo que suportara pelos irmãos que amava muito – Tenho pena de Dylan.
— Sua mãe falou de mim? – perguntou Gwen com a expressão dura.
— Lamento Gwen...
— Ela não tem direito nem um de falar da minha vida ou da minha esposa! – Phillip quase gritou – Depois de ter tratado o restante de nós como lixo ela não pode se meter em nossa vida!
— Phillip... – sua mulher colocou a mão em seu braço percebendo que o marido tremia.
— Não me peça calma Gwen! Para nossos pais apenas Dylan importava. Éramos a piada dos reinos do norte pelo que aquela megera da nossa mãe fazia com o restante de seus filhos. Até mesmo entrar no castelo era proibido! Não sei como você pode suportar ficar lá Mathew!
— Parece que chegamos ao porque da minha visita – disse o irmão caçula um tanto constrangido – Fui sagrado cavaleiro do reino por Dylan, mas não posso mais ficar lá Phillip. “Ela” me fez ter vontade de morrer no dia da minha sagração!
— Está falando de sua mãe? – Gwen já havia escutado muitos relatos do marido sobre a mãe, mas sempre havia achado que havia algum exagero ali.
— Ela disse a todos os nobres que haviam ali que eu era seu maior erro, um maldito filho temporão que não deveria ter nascido.
— Mathew! – Phillip segurou o ombro do outro com lágrimas de raiva nos olhos – Você não volta mais para lá, entendeu? Considere minha casa sua casa também irmão.
— Obrigado – o outro sorriu não querendo mostrar o quanto aquela situação o abalava – Vim pedir abrigo aqui irmão. Sou bom guerreiro, talvez possa me usar na guarda.
— Meu cunhado na guarda?! – Gwen franziu as sobrancelhas fazendo Phillip estremecer – Você faz parte da realeza Mathew e será tratado como o príncipe que é! Podemos arranjar um bom casamento para você!
— Gwen pelo amor de Deus! Deixe ele achar sua própria mulher!
— Eu só quero ajudar, marido ingrato! – ele fez bico e chutou a perna dele.
— Você quer me aleijar mulher selvagem!
— O que?
— Devo deixar os dois a sós? – perguntou Mathew divertido.
Nesse momento os três caíram na gargalhada aliviando o ambiente pesado.

O dia seguinte amanheceu claro, com o céu azul reluzindo e o sol aquecendo o dia de outono. A rua principal estava tomada pelas barracas da feira semanal intermunicipal, onde os espaços eram abertos para que vendedores de outras cidades expusessem ali.
 — Que movimento! – Mathew olhou admirado a quantidade de pessoas circulando na rua pela janela da Casa da Administração onde estava com o irmão conversando com o prefeito.
— Toda semana é isso aos domingos – disse o prefeito, um senhor baixo de fartos bigodes e cabeleira grisalha com uma grande barriga de nome Yves Sant Loren – Nosso príncipe abre o espaço municipal para que vendedores de outros municípios venham fazer negócio aqui.
Mathew ficou olhando curioso uma figura que passeava em meio a um monte de crianças. Era uma bela moça com longos cabelos castanhos com reflexos acobreados, pele braça vestindo-se de modo estranho.
— Quem é aquela? – perguntou para o prefeito que ficou do seu lado na vidraça.
— Fala do Paul?
— É um homem?!
— Na verdade é um duo.
— Um hermafrodita... mas, eles não se parecem com uma moça como esse. A maioria é bem másculo.
— Paul é uma pessoa delicada que só quer viver em paz com sua família. Ele é muito discreto e um grande curandeiro, só costuma sofrer muito nas mãos do padre e de fanáticos religiosos. O jovem mestre sabe que para a igreja os duos são a encarnação do demônio, não é? O por que de ele se vestir daquela forma, é imposição da igreja para marca-los como rejeitados.
— E ele aceita! – Mathew perguntou intempestivamente.
— É isso ou ter o padre incitando as pessoas a ofende-lo ou aos filhos.
— Aquela criança tem filhos?
— Todas as crianças em volta dele são seus filhos, mas a maioria é adotivo, só aquele – apontou para Shon - é seu filho verdadeiro, mas se quer vê-lo nervoso é dizer que eles não são seus filhos.
— Onde esta seu companheiro ou companheira que não o esta ajudando com aquela tropa de crianças?
— Paul vive só no bosque. Não sei quem é pai de menino e acho que ele nunca contou para ninguém.
— Conhece bem esse Paul.
— Ele praticamente salvou a vila quando a peste negra passou por aqui. Suas ervas são ótimas.
— Finalmente – Phillip saiu da sala de conferências onde conversava com um prefeito de uma vila vizinha – Que tal voltarmos Mathew?
— Vou até a feira Phillip, lá em casa não há uma tão grande.
— Gostaria de ti acompanhar irmão, mas tenho trabalho no castelo.
— Tudo bem, vou só dar uma andada e volto para lá.

Paul chegou até a barraca do pai de Mara. Hugh era um homem alto, de cabelos curtos, pele morena do sol e muito musculoso. Havia trabalhado na guarda do castelo, mas ao matar pela primeira vez se sentiu tão mau que se recusou a faze-lo novamente e deixou de ser soldado para ser um simples verdureiro. Simples não era a expressão que Paul usaria, pois Hugh era muito bonito e os cabelos grisalhos só aumentava seu charme, ele mesmo gostava de olhar para o pai de sua melhor amiga.
— Oi Paul, crianças – disse ele alegre em ver o rapaz.
— Oi Hugh. Como esta hoje?
— O movimento está começando a aumentar – respondeu ele colocando as verduras que colhera mais cedo na horta que tinha na sua propriedade.
— As ervas – Gabe colocou a sexta na mão do grande homem que sorriu para ele.
— Que tal me ajudar hoje Gabe?
— Sim senhor – respondeu o garoto todo alegre. Gabe tinha verdadeira adoração por Hugh que personificava uma figura paterna.
— Não tem problema Hugh? – perguntou Paul preocupado vendo o garoto ajudar a arrumar as verduras.
— Sabe que eu adoro quando seus filhos me ajudam Paul. Gabe é um bom vendedor.
Gabe ficou muito vermelho, mas Paul percebeu que ele tinha ficado feliz com o elogio de Hugh.
— Quero ajudar! – Shon fez bico e olhou para a mãe com os grandes olhos violetas suplicantes.
— Você não ajuda nada, baixinho – resmungou Gabe contrariado.
— Nós também! – gritaram juntos Jared e Jason.
— Vocês só fazem bagunça! – disse Sara que segurava na mão de Paul para andar – Hugh não vai vender se um bando de crianças ficar atrapalhando ele – Virou-se para a mãe – Mãe!
— Não se preocupe Sara – Mara chegava carregada de sextos – Eu olho os dois e tenho certeza de que Shon vai ser de grande ajuda, não é? – ela sorriu para o garoto de olhos violetas que retribuiu – Porque vocês dois não vão fazer compras?
— Mara... – Paul ia protestar sabendo de ante mão que, apesar de seus filhos serem boas crianças, ainda eram isso, crianças.
— Você sabe que eu gosto de tomar conta deles. Vá Paul!
O rapaz deu um longo suspiro olhando para os quatro filhos metidos na barraca de Hugh.
— Sejam obedientes com Hugh e Mara – disse ele – ou não o ajudaram nunca mais.
— Você vai se arrepender Mara – disse Sara levantando uma sobrancelha – Cuidar de quatro bárbaros não é fácil.
— Você é uma santinha por acaso, Sara? – retrucou Gabe que não gostou de ser chamado de bárbaro.
— Pois eu sou melhor vendedora que um moleque magricela como você – coquete ele passou a mão pelos cabelos loiros – Ninguém resiste a uma mulher bonita.
— Mulher bonita? – Gabe fez de conta que olhava o horizonte – Onde?
— Chega os dois – disse Paul com a voz dura – Vamos Sara!
— Eu também quero ficar – ela cruzou os braços olhando raivosa para onde Gabe estava. Ela sempre conseguia saber onde estava cada irmão pelo cheiro que cada um deles tinha – Vou mostrar para esse idiota sarcástico como se vende!
— De jeito nem um! – Paul segurou a mão dela – Vocês dois no mesmo espaço seria com a grande catástrofe acontecendo novamente!
A menina fez um grande bico, mas acompanhou Paul que olhava as barras atrás das coisas que estava procurando.
— Mãe estamos perto da barrada da tia Anna – ela voltou a cheirar o ar – Tem torta de nozes! Posso comprar uma?
— Barraca da Anna? – Paul olhou em volta – Onde?
— Acredito que uns trinta metros a frente, do lado direito da rua.
— Vamos lá então e comprar alguns doces.
— Mãe – Sara segurou a manga da longa túnica que usava – Tem alguém nos observando.
— Tem muita gente nos observando Sara.
— Ele esta perto da gente a nossa esquerda uns dois metros e cheira a cedro e maçã. É um homem alto, com botas e usa uma espada.
Paul não resistiu e olhou para a sua esquerda procurando o homem descrito por sua filha e quase engasgou ao vê-lo. Era um belo homem de cabelos negros amarrados e corpo forte, mas o que mais chamou a sua atenção foram os olhos de um incrível tom violeta fixos nele.
— Gosto do seu cheiro! – disse Sara em voz alta voltando o rosto para o estranho.
— Sara! – repreendeu Paul apertando o ombro da menina que nem fez caso, continuou sorrindo para o estranho.
— Meu cheiro? – surpreendeu-se Mathew se aproximando das pessoas que vinha observando a vários minutos.
— Seu cheiro – respondeu Sara com desenvoltura – Como eu não posso ver eu ligo as pessoas a um cheiro. Você cheira a maçãs e cedro.
— Você é cega?! – Mathew não pode deixar de exclamar pasmo.
— Desculpe a insolência da minha filha, senhor – Paul inclinou-se rígido – Nos dê licença.
— Porque esta se desculpando? A menina não fez nada de errado, aliais ela é admirável.
Parece que aquela não foi a coisa certa a ser dita. O rapaz apertou os olhos cor e mel olhando-o com frieza e puxou a filha pela mão. A menina sorriu para ele e se foi com o belo rapaz.
Mathew havia seguido Paul por toda a feira sem saber por quê. Algo naquele hermafrodita havia chamado a sua atenção a ponto de segui-lo por todo o lado, mas aquilo estava passando dos limites! Com raiva se virou e tomou o caminho do castelo.
Enquanto isso Paul repreendia Sara.
— Sara será que eu não ti ensinei que não se deve conversar com estranhos! É muito perigoso!
— Ele não era perigoso, mãe – a menina sorriu para ele – Pelo menos não para mim. Ele estava interessado em você!
— Larga de dizer bobagens Sara! Ele era um nobre, jamais estaria interessado em alguem como eu.
— Eu errei alguma vez?
Paul balançou a cabeça, mas teve que concordar. Sara conseguia perceber as intenções das pessoas melhor d que as pessoas que podiam ver.
— Mesmo assim Sara – Paul abraçou os ombros da filha – Ele só deveria estar curioso em relação a gente e não interessado particularmente em mim.

2 comentários:

  1. Dalla,

    Adorei!!! Quando sai a continuação?
    Tô ansiosa para ver o resto, kkk
    bjk
    Nix.

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    1. Nix que bom que gostou! Logo eu posto mais. Obrigada pelo comentario! Beijos!

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