Capitulo XXII
Seu corpo doía de uma forma que o deixava com náuseas. Gabe se revirou se perguntando o que tinha acontecido para ele ficar assim. Sua mente estava confusa e sua cabeça doía quando ele tentava forçar a mente. Uma fungada perto dele o fez acordar e olhar de lado para um animal do tamanho de um cão labrador e de cor muito vermelha.
O menino olhava assombrado para o dragão que mexia a cabeça de um lado para o outro como se também estivesse com muito curioso com ele.
Quando Gabe se mexeu e sentou, o dragão se afastou rápido sem parar de olhá-lo.
O menino olhou em volta vendo que estava em uma caverna deitado em um amontoado de folhas secas e fofas. A caverna deveria ter mais de vinte metros de altura e havia outros amontoados de folhas por toda parte.
— Pensei que não ia acordar mais – Gabe deu um pulo ao perceber que o dragão estava falando e com ele.
— Você fala?!
— Falo sim. Eu nunca tinha visto um humano antes. Vocês são tão frágeis e sem asas. Não tem escamas e sua pele é branca.
— Onde eu estou?
— Nas terras de Kotem onde os dragões vivem.
— Eu não consigo entender como eu vim parar aqui!
— Um dgim o trouxe.
— Um o que?
— Um espírito dos ventes. Eles vivem por ai e são bastante problemáticos como Sanet fala. Fazem o que querem e quando querem. Ninguém controla um dgim.
— Por que ele me trouxe aqui?
— Isso eu não sei. Mas você é um mestre do ar, um dos poucos.
— Ola humano – um imenso dragão negro entrou na caverna andando nas quatro patas e com o corpo bamboleando.
— Sanet ele não sabe por que foi trazido pelo dgim nem mesmo o que era um dgim...
— Calma filhote – ele se aproximou do menino humano vendo tremer e se encolher no ninho onde o tinha colocado. O filhote humano estava com medo, mas também estava doente – Me diga o seu nome filhote.
— Gabe – ele murmurou com a voz sumida.
— Não precisa ter medo Gabe. Nós dragões respeitamos muitos os mestres do ar. Eles são abençoados pela deusa.
— Eu quero voltar para casa.
— Onde é a sua casa?
— Haven.
— Você está meio longe – disse o dragão vermelho – Estamos entre o as tribos e o reino de Gaulesh.
Gabe conhecia um pouco de mapas para saber o quão longe era aquilo. Seu corpo estava cansado e sua mente confusa demais para ele pensar em como voltar. Ele precisava deitar. Deixou sua cabeça cair no amontoado de folhas e dormiu imediatamente.
— Sanet o que está acontecendo com ele?
— Calma Tildo – o grande dragão empurrou um pouco das folhas com o focinho cobrindo o menino – Ele está doente por causa do dgim. Os espíritos dos ventos por muitas vezes drenam a energia dos seres para se alimentarem, deve ter sido isso que fizeram a ele.
— O que fazemos? – o pequeno dragão praticamente saltitava de preocupação.
— Bem pequeno eu não entendo nada de humanos e por isso preciso pedir ajuda. Conheço um elfo que pode vir até aqui. Vou até a Floresta Velha conversar com ele. Enquanto isso cuide dele Tildo e se precisar de algo fale com Krian, ela é a minha segunda em comando.
— Certo – o dragão vermelho deitou perto do humano e ficou olhando-o fixo.
Sanet riu da atitude dele e saiu da caverna e abriu as grandes asas voando rumo à fronteira onde ficavam os elfos da floresta.
Maleah acordou em meio a uma grande dor de cabeça. Gemendo revirou na cama e uma mão o impediu de se mexer.
— Tenha calma primo.
Isso pareceu ter acordado de vez o elfo que deu um pulo olhando para o rosto de Flyn que estava sentado do lado dele. Percebeu que estava em seu antigo quarto nas dependências do castelo elfo da Floresta Velha.
Era um quarto simples, com apenas uma cama, um baú e uma cadeira onde Flyn estava sentado. Seu pai nunca gosta muito de coisas rebuscadas e normalmente guardava para si a opulência.
— Flyn?!
— Como está se sentindo? – perguntou o primo com aquela gentileza que já lhe havia rendido criticas por parte dos outros elfos.
— Como?... – balançou a cabeça muito perdido – Estamos na Floresta Velha?
— Um dgim o trouxe. Eu vi enquanto patrulhava e o segui. Encontrei você caído na Velha Senhora e um pouco machucado. Dei uma curada nos seus ferimentos, mas os meus poderes não fazem muito efeito agora – olhou detidamente para o primo – Com quem você se casou Maleah?
O outro deu um longo suspiro. Sabia que isso ia acontecer, mas não imaginou que fosse tão difícil falar do que havia acontecido com ele para sua família. Agora que estava ligado a Capela os poderes de cura dos elfos não o atingiam como deveriam. O companheiro deveria estar por perto para que a cura se desse a contendo.
— Com um tenente humano.
— Maleah!
Ambos se viraram para a porta onde Raguel de Jaire observava sobrinho e filho com os olhos verdes cheios de raiva que ele tentava esconder com uma grande frieza. Atrás dele estava Arkan, seu irmão e pai de Flyn.
Arkan era desprezado por Raguel por ter se ligado a uma elfa dos bosques, diferentes dos elfos da Floresta Velha. Era um homem gentil, de riso fácil. Seus longos cabelos negros estavam presos em uma trança que caia sobre seu ombro e seus olhos verdes tinham um brilho muito raro de se ver nos elfos da Floresta.
— Saia Flyn – Raguel disse com a sua voz fria – Eu tenho que conversar com meu filho.
— Tio...
— Flyn! – seu pai o chamou sabendo que Raguel podia fazer qualquer coisa em seus estado atual.
O rapaz olhou para o primo, mas esse olhava o pai com a cabeça levantada. Ele foi até a porta e saiu com Arkan.
— Em suas viagens a sua educação se perdeu? – Raguel disse com sarcasmo olhando para o filho com desdém – Não presta o devido respeito ao seu pai?
Maleah rangeu os dentes, mas levantou da cama escondendo um gemido por causa das dores e se postou em um joelho na frente do pai.
— Quem é seu companheiro?
— Seu nome é Capela, tenente do principado de Haven.
— Um homem humano Maleah! – o rapaz continuava ajoelhado ouvindo o pai – Você é uma vergonha para a nossa raça.
— Pai...
— Cale a boca!! Você e Kamm são a desgraça da minha vida e a vergonha para o povo elfo! Maleah como castigo por isso está expulso das terras da Floresta Velha.
— Não! – o rapaz havia se levantado rapidamente e encarava o pai pela primeira vez na vida – Nem eu nem Capela fizemos nada de errado! Ele salvou a minha vida quando o laço terno foi criado!
O soco que Raguel deu no filho o jogou no chão com a boca sangrando.
— Você não é mais meu filho, você não é mais um elfo! – Raguel o olhou com os olhos com um estranho brilho – Seu castigo por macular a raça dos elfos é a expulsão, mas o seu castigo por gritar comigo é a maldição!
Seu pai estendeu a mão e antes que Maleah sequer pudesse pensar uma dor inacreditável correu por seu corpo e ele começou a gritar e se contorcer no chão.
Aparentemente satisfeito Raguel saiu do quarto para o corredor onde Arkan tentava segurar Flyn que queria entrar no quarto do primo ao ouvir os primeiros gritos deste.
— Arkan em doze horas a maldição da dor vai desaparecer e você pode levar esse traidor e jogá-lo nas areias do deserto de Altair.
— Como pode? – Flyn conseguiu se desvencilhar do pai – Ele é seu próprio filho e o senhor jogou nele a pior das maldições!
— Você pode ser meu sobrinho, mas se me falar assim mais uma vez será você a ser jogado nas areias do deserto – olhou Arkan – Fui claro?
— Sim meu rei – respondeu o outro com os dentes apertados de raiva e segurando o braço do filho quase a ponto de doer – Eu ouço e obedeço.
O rei deu um pequeno sorriso de escárnio e saiu pelo corredor onde ressoavam os gritos de Maleah.
— Pai! – Flyn olhava horrorizado para o outro.
De repente a máscara de subserviência de Arkan desapareceu e um olhar duro e determinado apareceu.
— Flyn – ele segurou os braços do filho – Vá até a nossa casa e pegue algumas coisas, o suficiente para sobrevivermos no deserto. Filho pegue algo que queira guardar, uma lembrança. Nós não voltaremos mais para cá.
O rapaz entendeu o que o outro falara e dando um abraço nele correu para fazer o que o outro tinha pedido.
Respirando fundo ele entrou no quarto onde Maleah já estava sem voz e sem forças. Seu corpo era vez por outra sacudido por tremores provocados pela maldição.
Raguel era um homem temido por seus poderes. Ele podia infringir dor em seus inimigos e seus poderes agiam por doze horas sobre as pessoas. Um elfo podia sobreviver, mas um ser humano não agüentaria mais que algumas horas, ele morria de choque.
Arkan com o coração doendo olhou para o menino que amava como a um filho e que seu irmão sempre tivera o prazer de torturar.
Maleah estava todo contorcido, da sua boca saia abundante saliva, o suor encharcava a sue corpo e ele havia urinado na roupa por causa da dor. Ele sabia que a mente do elfo estava se afastando do corpo dele para fosse preservada, mas isso era muito perigoso, ele podia nunca mais acordar.
Arkan colocou a mão na testa do sobrinho. Assim com Raguel podia dar dor às pessoas ele podia lhes alivio. Sabia que não ia conseguir acabar com toda a maldição, mas iria mitigar a dor para que pudesse fugir dali.
Maleah ofegou e olhou para o tio ajoelhado do lado dele passando a mão nos seus cabelos.
— T... tio... – sua voz estava tão rouca dos gritos que estava quase inaudível.
— Maleah eu vou tirar você daqui. Sei que ainda está sentindo dor, mas acredito que pode suportá-la por algum tempo.
O sobrinho assentiu agora chorando abertamente.
— Venha meu querido. Vamos ti limpar e sair daqui. Já mandei Flyn preparar tudo para partirmos para as terras humanas.
— Mas tio... ele vai descobrir! Vocês não podem...
— Maleah casa é onde está as pessoas que amamos. Se você e Flyn estiverem comigo nós podemos arranjar um lar onde quer que formos. Alem disso seu marido deve estar esperando você.
Maleah queria impedir seu tio de estragar a sua vida com ele, mas já não tinha forças. Ele ainda não podia acreditar que seu próprio pai havia feito aquilo com ele, jogado sobre ele a mais terrível das maldições e parecer feliz com isso. Será que Kamm estava certo? Seu pai não passava de um monstro?
Kalill ainda não acreditava como aquele estranho se parecia com ele. Ele parecia mais velho, mas tinham os mesmo cabelos castanho dourados com as pontas crespas, a pele muito branca, o formato fino e delicado do rosto, o corpo esguio e sem pelos o que provava que ele era um duo como ele.
Assim como ele, os soldados do oasis haviam visto o dgim e ido até onde ele correra para ajudar a vítima que estava desmaiada na areia.
Seu pai havia dado a ordem para colocá-lo em uma das tendas de prisioneiros e quando Kalill dissera indignado que ele não era um criminoso levara um soco do pai.
Depois disso ele se escondera na sua tenda e agora havia rastejado até a tenda do rapaz adormecido e amarrado.
Os guardas estavam comendo seu jantar e se empanturrando de vinho de tâmara, assim se tornavam descuidados e ele aproveitara essa distração para entrar na tenda para olhar novamente o duo.
De repente do lado da tenda ele ouviu seu pai e Aran, ancião da tribo falando baixo. Deu um pulo e pensou em ir embora quando escutou o que eles diziam.
— Ele é um duo – disse seu pai – Faisal vai adorar mais um para a venda. Não vejo a hora de me livrar desse problema.
— Até hoje eu não entendo o porquê de você ter criado Kalill como seu filho – resmungou o ancião – Deveria ter feito dele escravo.
— Ele não ia valer tanto, oras. Como filho de sheik o que posso pedir por ele é muito mais.
— Você notou o quanto são parecidos?
— Sim – seu pai parecia perturbado – Acha que aquele maldito dgim o trouxe aqui por isso?
— Acha que é o irmão mais velho dele? – perguntou o outro na dúvida.
Kalill tapou a boca para não ofegar com aquelas revelações.
— O menino deve ter morrido no deserto. Afinal ele deveria ter apenas uns quatro anos quando matamos os seus pais perto do clã das Rosas. A nossa sorte é que o menino ainda não apresentou a maldita magia ou seu símbolo ia aparecer e eu não ia conseguir vendê-lo para Faisal, sabe o quanto aquele idiota tem medo das Rosas.
— Acho que você está certo em querer se livrar de Kalill. A magia das Rosas é imprevisível. Ele pode apresentar ela logo.
— Mandei um recado para Faisal que ele deve levar Kalill amanhã e quem sabe esse outro. Levantaremos as tendas em três dias e vamos partir para o norte e deixar o idiota lidar com o problema quando aparecer.
Os dois riram.
— Vamos beber – disse seu pai se afastando – Amanhã teremos bastante dinheiro no bolso.
Kalill tremia. Não podia ser verdade o que ele ouvira. Ele não era filho do sheik? Ele era do clã das Rosas?
Conhecia pouco do povo que vivia nas montanhas a leste. Seu clã habitava um vale que ficava cercado por vastas montanhas por todos os lados e a única entrada era um portão de cinqüenta metros de altura e de ferro fundido. Mas já há vários anos ninguém mais tinha noticias do clã e corria o boato que seu povo já não existia mais e agora ele descobria que pertencia a eles.
Olhou para o desconhecido pensando nas palavras do seu pai sobre ele ter um irmão. Era loucura, mas a semelhança entre eles era tão grande que a desconfiança estava virando certeza.
Tocou no rosto do outro e quase gritou quando algo parecido com um ferro em brasa parecia tocar a sua testa do lado esquerdo. Gemendo apertou o local e olhou para o rapaz que havia acordado ofegante e gemendo.
Pasmo Kalill percebeu que do lado esquerdo da testa do outro havia formado uma tatuagem, uma pequena rosa entrelaçada em um ramo de espinhos. Tinha certeza que na própria testa dele havia surgido um símbolo igual.
— Onde? – rapaz ofegou e tentou levantar percebendo apavorado que estava amarrado.
— Shiii! – Kalill colocou o dedos nos lábios – Sei que está confuso, mas eu sou seu amigo e vou ti ajudar.
— Meu filho! Sabe do meu filho?
— Você chegou aqui sozinho. Meu nome é Kalill e você está no deserto de Altair. Um dgim, um espírito do vento o trouxe aqui.
— Eu preciso achar o meu filho – gemeu o outro.
— Olha eu não sei se posso ser ajuda em encontrar o seu filho, mas primeiro vamos escapar daqui e ai vamos procurá-lo eu prometo.
— Meu nome é Paul – murmurou o outro ainda aparentemente apavorado com a situação.
— Certo Paul. Está todo mundo bebendo e eu vou dar um jeito de colocar calmante na bebida dos soldados de vigia. Eu vou arranjar dois cavalos e partimos logo, eu venho ti buscar.
— Por que esta me ajudando?
— Por muitos motivos, mas vamos discutir eles quando estivermos longe daqui.
Kalill rastejou para fora d atenda com sua decisão tomada.
Mimir não podia deixar de admirar Sara. A menina podia ser cega, mas conseguia se localizar na estrada e no local onde estava.
Fora da vila, com os cheiros da natureza, ela podia seguir o caminho com facilidade.
Como adulta ela deveria ter levado a menina de volta, mas estava seguindo o seu instinto. Algo a empurrava para essa aventura rumo ao norte, rumo à terra dos dragões.
Ela conhecia os verdes que imigravam no inverno para a Amazônia atrás de frutas e passavam a habitar as florestas perto das cidades. Aceitavam bem as amazonas e eram até mesmo dóceis com elas. Mas ela não conhecia as outras espécies de dragões e alem do mais aquela região era o caminho para o reino dos elfos e o deserto de Altair.
— Mimir você acha que acharemos a minha mãe e o meu irmão? – a voz de Sara parecia chorosa.
— Acho que sim Sara. Pode ser uma jornada em noite de lua nova, mas depois de pensar um pouco eu acho que tem uma grande chance de ser verdade que o dgim iria para lá. As terras dos dragões são cheias de magia e o habitat de muitos espíritos elementares.
— Queria que Mat tivesse me escutado. Ele está indo para o litoral.
— Espero que ele saiba o que está fazendo. Os caminhos para o oceano é cheio de perigos, principalmente de traficantes de escravos para os portos e para serem exportados para o alem mar. O reino da Irlanda ainda é um dos poucos das terras antigas a ter escravos.
— Eu nunca ouvi falar desse reino.
— É uma ilha ao norte do continente antigo. Dizem que quem vive lá é um povo bárbaro e sanguinário. Eles costumam avançar para o oriente com medo de Roma. Muitos vêem até aqui a procura de escravos para contrabandear para o seu país. Sei que Roma tem uma força militar marítima a caça deles, mas é complicado proteger a imensa massa de terras do nosso continente e ainda o continente antigo. Gorlan não faz nada para ajudar e por muito tempo o Império cogitou em invadir aquele reino, mas ia ser uma matança inútil. Eles por fim deixaram os problemas para os reinos daqui.
— Nossa! Você é mesmo uma professora como disse!
— Eu dou aula de história nas universidades do meu país. Gosto de escrever livros sobre isso e ir de terra em terra aprendendo seus costumes e lendas.
— Deve ser uma vida incrível!
— Você gostaria de uma vida assim?
— Eu?! – Sara deu uma risada – Não Mimir. Eu não sonho com grandes aventuras, nunca quis isso. Ouvir histórias é legal, mas participar delas... – ela fez um bico – Nos livros os heróis caminham dias nos seus cavalos e depois pulam para a luta como se nada tivesse acontecido, mas eu to morrendo de dor na bunda, não gostei de dormir no chão e minhas pernas estão ficando assadas. Na vida real é dolorosa.
Mimir caiu na risada com aquilo.
— Então que tal se eu cantasse para você dar uma esquecida das suas dores? Sei algumas baladas que aprendi nas estradas.
— Eu ia adorar!
Mimir respirou fundo e olhou para a estrada que cortava as matas e começou:
— Amigo pela estrada eu vou
Sempre em frente, suave trotando, amigo eu vou.
Na estrada da floresta
Onde o sábia está
Eu vou chegando lá.
Amigo a estrada é longa
Estou cansada, mas em gente vou
Não sei o destino
Mas agora feliz estou
Meu amigo pela estrada eu vou
Suave trotando, sempre em frente estou
Vamos cantar
Os espíritos das árvores
Vou acalmar
E pela estrada em frente eu vou
Ela continuou a cantar e logo Sara havia aprendido a letra e começou a cantar com ela. A estrada agora parecia menos cansativa, mas não menos longa. Haviam muitos caminhos a serem percorridos antes de conseguirem chegar às terras dos dragões.
Arkan conhecia o castelo dos elfos como a palma de sua mão. Sabia de suas passagens secretas e usou uma delas para retirar Maleah que andava apoiado em seu ombro tentando não gritar de dor a cada movimento.
Elas saíram para a vila que ficava em uma imensa clareira da Floresta Velha. Antigamente eles moravam em casa no alto das árvores, lindas e elegantes, mas Raguel assinou um decreto que as casas deveriam ficar no chão e foram obrigados a construir suas casas de pedra e madeira. Eram casas pesadas sem a beleza de antigamente.
Os elfos estavam esfacelando diante do seu rei, mas boa parte da população não ligava para isso. Mostrar que estavam desgostosos era o mesmo que mostrar fraqueza e um elfo jamais poderia ser fraco. Aqueles que queriam um modo diferente de vida partiam para os prados onde os elfos verdes eram calorosos e amigos.
A casa de Arkan ficava perto do norte da vila, afastada das outras casas. Assim que chagou lá Maleah estava a ponto de desmaiar e Flyn o segurou antes que caísse.
— Está tudo pronto filho? – perguntou o outro ajudando o rapaz a sentar Maleah em uma poltrona.
— Está tudo pronto. Eu pedi ajuda aos unicórnio para nos movermos com mais rapidez.
— Você é amigo de todos os animais, não é? – seu pai deu um sorriso cálido para ele e olhou em volta.
Era estranho como não sentia nada em deixar a sua casa. Desde que sua esposa morrera ele já não sentia parte de mais nada. Talvez fosse hora mesmo de recomeçar.
— Vamos meninos – ele pegou o sobrinho no colo que estava semi desmaiado e rumou para a parte detrás da casa onde três grandes cavalos negros como a noite esperavam.
Na testa de cada um deles havia um grande chifre espiralado e pontiagudo. Feito de um material mais duro que osso, as pessoas procuravam evitar os selvagens cavalos. Eles não podiam serem domesticados e aceitavam a aproximação de muitos pouco seres, Flyn era um deles.
O maior de todos resfolegou e olhou detidamente para Arkan. Depois de alguns segundos ele baixou a cabeça e os outros o acompanharam.
— Obrigado amigo – disse Flyn fazendo uma reverencia educada – Nunca vamos esquecer esse favor.
O cavalo relinchou balançando a crina como se concordando.
Flyn havia prendido alguns sacos em suas ancas e, como não tinham selas, teriam que montar em pelo.
Arkan foi carregando Maleah a sua frente e Flyn foi com os outros cavalos em frente. Eles entraram pela mata evitando as estradas.
Por um momento Flyn olhou para trás com dor no coração, mas ao lembrar que estava junto de seu pai e seu primo seu coração se acalmou e ele não mais olhou para o que ficara atrás.
a menina vc esta destrinchando a vida de paul,nao e, a estoria esta mudando de caminho, ta ficando interessante, so espero que seja um final feliz, vc escreve com o coraçao.bjs lu
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