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domingo, 27 de maio de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo Sete

Capitulo Sete

O coração de Laércio parecia que ia sair pela boca enquanto ele corria pelo pequeno pasto que separava as casas da mata. Pulou a cerca e correu por entre as arvores tentando pensar de que lado viera o grito da filho quando ouviu o seu choro não muito longe.

Finalmente chegou em uma clareira da mata onde cresciam pequenos arbustos por entre as árvores e o sol batia em pedras chatas que desciam até um pequeno córrego e a cena que viu fez seus joelhos tremerem.

Kauan segurava um galho que batera na cabeça da cobra. Ele não sabia de onde tirara força e coragem para pegar um galho grosso e esmagá-la e agora a cobra se contorcia no chão perto do seu pé.

Samara estava deitada no chão chorando e segurando a perna onde fora mordida.

— Meu Deus! – seu pai apareceu segurando a filha no colo e lançando um olhar duro para o menino como se tudo fosse culpa dele – Kauan vamos!

Laércio olhou para a pequena cascavel morta no chão e saiu correndo. O quanto mais rápido a sua filha tomasse o soro menos danos o veneno ia fazer em seu sistema.

Sua menina estava gemendo e chorando em seus braços.

— Calma meu bem. Já vai passar.

No meio do caminho encontrou Márcio que também ouvira os gritos, mas ele não parou para falar com o amigo.

Márcio olhou para trás para ver Kauan chorando e tremendo andando aos tropeções pela estrada.

— Kauan o que acontece? – perguntou ele se ajoelhando perto do menino que tremia.

— Uma cobra tio. Ela morde a Mara e eu matei ela, mas o pai ta bravo comigo! Eu não sei o que fazer.

— Calma – Márcio pegou o menino no colo – O que seu pai deve estar é nervoso e quando tudo isso passar eu tenho certeza que ele vai ver que você não teve culpa de nada.

Kauan começou a chorar em seu ombro e ele achou que era melhor levá-lo para sua casa e depois ir falar com os outros meninos.

Fabian viu de longe Laércio passar correndo com Samara nos braços e logo depois seu irmão aparecia com um Kauan que chorava tanto que estava soluçando.

— O que aconteceu Márcio? – perguntou ele acariciando a cabeça do menino.

— Parece que a Samara foi mordida por uma cobra e que o nosso herói aqui matou ela.

— Eu não sou herói! – o menino murmurava – Eu devia ter cuidado da minha irmã! Se ele morrer a culpa é minha! Eu não quero perder ela!

Havia tanta dor na voz do garoto que Fabian o pegou dos braços de Márcio e o abraçou apertando tentando transmitir consolo e calor para ele.

— Kauan coisas ruins as vezes acontecem sem que a gente possa impedir. Isso não quer dizer que seja culpa sua.

— Fique com ele Fabian que vou ver os outros. A Aninha foi visitar parentes em Ribeirão e eles estão sozinhos.

— Peça eles para eles virem aqui e ficarem comigo.

Márcio acenou e foi para a casa de Laércio, enquanto Fabian levou Kauan para dentro e o sentou no sofá depois buscou Gabriel que estava acordado e o estava olhando com seus grandes olhos azuis para o pai que o levava sorrindo.

Kauan estava sentado encolhido olhando para o nada. Havia parado de chorar e isso era quase tão problemático quanto seu choro desenfreado.

— Kauan está tudo bem? – perguntou Fabian passando a mão pelos cabelos do garotinho que estremeceu, mas não respondeu.

Nesse momento Márcio entrou com Regina e Jon que pareciam pálidos e tinham um olhar assustado.

— Kauan? – Regina foi até o irmão mais novo se ajoelhando perto dele.

— É culpa minha Gina – resmungava ele – Minha culpa como foi da mãe ter morrido.

— Não diga bobagens! – Jon olhou para o menino com cenho franzido – Você não tem culpa da mãe ter morrido e nem de uma cobra ter mordido a Samara! Lembra ano passado? O Luis Ricardo foi mordido por uma cascavel na entrada de carros da casa deles. Muitas pessoas são mordidas por ai e a culpa não é de ninguém.

Kauan olhou para o irmão mais velho e balançou a cabeça concordando, mas ainda com os olhos cobertos de tristeza.

— Calma todo mundo – disse Márcio que havia saído para falar no celular – O pai de vocês já chegou ao hospital e a Samara está recebendo soro. A mordida foi pequena assim como a quantidade de veneno. Amanhã ela já volta para casa.

Todo mundo respirou fundo com a noticia.

— O Laércio vai ter que ficar lá e eu disse que vocês vão ficar por aqui.

Os meninos balançaram a cabeça concordando e olhando para Fabian que sorriu para eles.

— Que tal se faço almoço pra gente? – perguntou ele sorrindo.

— Quer ajuda? – perguntou Jon tímido.

— Claro.

Eles foram para a cozinha enquanto Regina se fazia em casa e ligava a TV no desenho favorito de Kauan e pegava o pequeno irmão no colo.

— Gina – o menino deitou a cabeça no peito da irmã – Você acha que Fabian é legal?

— Eu vi pouco ele Kauan, mas acho que ele não é ruim.

— Ele gosta do Quico.

— E isso é uma boa coisa.

— Ele e o pai brigam como o Anúbis e a Sekmet.

— Mesmo?

— Hum, hum – ele olhou os olhos da irmã – O que você acha dele ser a nossa mãe?

— Do que você ta falando?

— A gente não quer outra mulher Gina, mas outro homem não ia ser complicado. O Fabian parece boa pessoa e quem sabe cuide bem da gente.

— Você quer que nosso pai case de novo?

— Quando o Fabian me abraça eu não sinto mais a dor aqui – colocou a mão em cima do coração – Eu sinto um calor gostoso. Você não acha que isso é bom?

— Quem sabe você está certo? Vamos conhecer o Fabian um pouco e se ele suportar a gente depois de uns dias podemos começar a pensar em um plano novo.

— Plano?

— O casamento do papai!



Alberto e Luis Ricardo haviam acompanhado Laércio até o hospital em outro carro preocupados com o patrão, mas felizmente tudo acabara sendo um grande susto e agora Laércio deixara a enfermaria feminina para almoçar, já que o horário do almoço já havia passado.

Uma senhora conhecido de Laércio que estava com a filha internada no mesmo quarto de Samara dissera que olhava e filha por ele e que ele deveria ir comer, ficar doente não ia ajudar em nada.

Samara estava meio sonolenta, mas não parava de falar com a menina internada com uma virose contando as suas aventuras.

Um tanto aliviado ele acompanhou os dois amigos até um restaurante perto do hospital e se deixou cair pálido na mesa.

— Luis pegue algo para ele – disse Alberto para o adolescente que acenou e foi para a pista de comidas.

— Está tudo bem agora meu amigo – disse Beto com carinho para o patrão que esfregava o rosto – Eu sei como é isso, passei pela mesma coisa ano passado, se lembra?

— Difícil esquecer – ele deu um sorriso fraco – Lucas bateu tanto na cobra que se não fosse alguns pedaços dela não saberíamos que era uma cascavel.

— O importante é que Luis e Samara estão conosco agora, o resto a gente dá jeito – segurou a mão do amigo que ficou agradecido pelo consolo.

— Que nojo!

Atrás deles duas senhoras olhavam eles de mãos dados com cara de repulsa.

— Esse mundo ta perdido mesmo – resmungou uma delas erguendo o nariz torto.

Alberto revirou os olhos, mas Laércio já estava estressado e sua vontade era ir até aquelas velhas e fazê-las se meterem com a própria vida, mas nesse momento Luis chegou com um prato de comido para ele e uma coca-cola.

— Isso é inveja – disse o adolescente com seu sorriso mais sedutor – Elas estão com inveja de três lindos e jovens homens.

Alberto não se segurou e começou a rir e Laércio quase engasga com o copo de coca.

Nas outras mesas algumas pessoas deram risos discretos. As duas senhoras voltaram a olhar para eles com raiva, mas nem um dos dois prestou mais atenção. Eles tinham mais o que pensar que duas velhas com cabeça do século retrasado.



Lara estava averiguando o mapa de sua propriedade pela décima vez e não parava de resmungar contra si mesma. Como fora se enganar tanto?

Sua fazenda terminava mesmo no riacho como aquele brutamontes havia dito e agora se sentia envergonhada por ter tratado o homem daquela maneira.

— O que há de tão interessante nesse mapa? – perguntou Maria entrando no escritório dela com uma xícara de café.

— Achei que a fazenda ia até uns pés de jabuticaba perto de um córrego, mas pelo que estou vendo ela termina antes.

— Já ouvi falar daquele pedaço de chão que já rendeu muita briga por aqui. Parece que o antigo dono daqui era mesmo o dono ,o seu Célio, mas ele pegou sua noiva com outro debaixo daqueles pés de jabuticaba e daí em diante não quis mais saber das terras que parece que foi vendida para a fazenda que faz divisa com a nossa indo para o norte, mas o dono da fazenda Paraíso provou que as terras eram deles há muito tempo e ai o Célio se negou a vender ou mesmo ceder as terras.

— Por que?

— Por que o dono da Paraíso era o homem que havia roubado a noiva do Célio!

— Que história de novela das seis!

— Parece que eles brigaram na justiça por quinze anos por cem metros de chão lamacento e no final, Antonio, que era o nome do outro fazendeiro, ganhou.

— Quanta teimosia – resmungou ela dobrando os mapas e deixando o assunto de lado – Obrigada pelo café.

— Vai ser só esse até a noite!

— Que? Você está cortando a minha cota de café na região que produz um dos melhores cafés que já tomei?

— Basicamente? Estou!

— Não faz isso comigo não!

Maria apenas levantou uma sobrancelha e deixou a sala deixando Lara resmungar sozinha.



Não muito longe da cidade de Altinópolis, em uma parada de caminhoneiros suja e cheirando a pinga barata, um homem observava tudo com seus olhos ejetados e um sorriso maldoso nos lábios.

Apertou o copo pensando que ele era o pescoço da pessoa que queria matar, mas não sem antes lhe dar uma lição. Ia quebrar seus ossos um por um e depois cortar as partes do seu corpo com ele ainda vivo.

O pensamento era excitante e ele se perguntou porque nunca tinha pensando nisso antes.

Deixando o copo de lado olhou para um rapaz que estava sentado perto dele. Era um andarilho, com as roupas esfarrapadas e sujas com uma mochila nas costas.

Voltou a sorrir e bebeu a bebida em um só gole.

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