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domingo, 8 de julho de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo XXVIII


Capitulo XXVIII




Era tão estranho, mas ele não conseguia vê-lo chorar, isso doía em seu coração de um modo que ele não conseguiu se conter. Tocou no roto do outro homem. Ele parecia mais velho, mas ele tinha aqueles rostos de que a gente nunca consegue saber a idade, ele podia ter vinte ou quarenta; era um rosto atemporal.

— Você está bem? – Mat se sentia tonto e muito estranho sem saber onde estava e onde estava Capela.

— Mathew – o homem murmurou segurando sua mão e esse gesto aqueceu o coração do príncipe de um modo como ninguém tinha feito – Meu filho.

— Filho? – Mat puxou a mão e olhou mais detidamente – Quem é você?

— Waldrich de Lakina – disse o outro olhando-o com aqueles olhos negros profundos.

— Você é o mago de Lakina? – Mat deu um pulo e tentou ficar em pé, mas caiu de joelhos e procurou a espada – O que você fez com Capela? Onde estamos? – havia raiva na voz do príncipe.

Mat queria muito achar a sua espada e dar um fim ao inimigo do Gaulesh. Desde criança aprendera que não havia ser mais pífio que Waldrich. Seus poderes possuíam mentes e destruíam povos.

— Estamos no deserto de Altair e seu amigo Capela está por perto.

— O que diabos você quer? – Mathew rosnou para ele.

— Contar umas verdades Mat. Contar sobre você, seus irmãos, eu e seus pais. Falar aquilo que Alberta escondeu de vocês toda a vida.

— Hum! Verdade? Não me faça rir! Você não passa de um mago poderoso e manipulador!

— Mas você também é um mago Mat.

— Esta doido? Eu não tenho nada de mago em mim!

— Tem sim e vem de família. Se eu não tivesse impedido todos os seus irmãos eram magos, mas com você eu não pude, eu não tinha mais forças.

— Olha eu não sei do que você está falando e não me interessa. O que eu quero é sair daqui e procurar Capela, tenho que encontrar...

— Está atrás de Sara, filha de Paul, seu noivo.

— Foi você! – Mat avançou para Waldrich, mas o mago ergueu a mão e uma parede de energia empurrou Mat para trás – Foi você que as levou seu maldito!

— Não Mat. Sara partiu porque quis e Paul está vindo para cá assim como todos os outros. Eu não fiz nada a seus entes queridos.

— Acha mesmo que vou acreditar em você?

— Não, eu não acho. Alberta fez um bom serviço em treinar vocês para me odiar, mas acredito que elam também não fez um bom trabalho cuidando de vocês.

— A minha vida pessoal não lhe diz respeito!

— Diz do momento em que você é filho meu.

— Você é louco?! – Mat riu de escárnio – Acha mesmo que a minha mãe se envolveria com alguém como você?

— Alberta? Felizmente eu nunca toquei naquele monstro. Eu sou seu pai gerador Mat, eu sou um duo.

— Eu não tenho que ouvir isso – Mat tentava se levantar e se afastar, mas suas pernas estavam fracas demais.

— Tem! Tem que ouvir sobre o monstro que é Alberta e Mader! Tem que ouvir o que eles fizeram comigo e com vocês!

— Cale a boca!

— Não! Seu pai me prendeu, me estuprou...

— Pare! – Mat tapou os ouvidos, mas agora ele podia ouvir a voz do mago na sua cabeça.

— Durante doze anos fui mantido em uma torre servindo de aos gostos malditos de Mader e ao sadismo de Alberta. Por doze anos eles tiraram cada filho que gerei para dar a uma louca!

Mat gritou e deixou sua cabeça cair até o chão de areia tentando tirar a voz e as imagens que via tão cheias de dor e medo e aquilo doía nele também.

Algo dentro de si quebrava em muitos cacos e uma coisa estava se agitando dentro dele como uma grande onda que parecia que ia sufocá-lo. O calor em seu corpo e em sua mente o estava queimando e ele gritava mais e mais em agonia até que ele libertou algo que não conseguiu mais conter.

As pedras onde eles estavam voaram a quilômetros de distancia e quando Mat abriu seus olhos eles estavam tão negros quanto os de Waldrich. Mathew estava tomado por seu poder e o mago estremeceu ao ver o quanto seu filho caçulo tinha poder dentro dele.

O mago ergueu a mão criando um escudo em frente a ele, mas quando Mat ergueu a própria mão e o golpeou com sua energia foi jogado longe na areia quente.

Gemendo sentou olhando para o rapaz envolto em vento de fogo que estava criando um tornado à sua volta, fundindo a areia ao ponto de transformá-la em vidro. Mat criou arestas afiadas de vidro e as dirigiu para o mago que no ultimo segundo conseguiu desviá-las com um golpe de energia. Cacos de vidro voaram por todo o lado.

Mais arestas afiadas voaram para ele, mas agora eram tantas que Waldrich não conseguiu desviar todas e teve o braço e a perna rasgados pelos pedaços de vidro. Seu sangue manchou a areia e ele gritou em agonia.

Ele nunca pode imaginar que havia tanto poder dentro de Mat, que ele fosse ficar tão descontrolado assim.

— Mathew! – gemeu ele para o filho que chegava cada vez mais perto todo cercado de artefatos afiados de vidro que brilhavam à luz do sol no deserto – Por favor maus filho.

— Eu não sou seu filho!

— É tão meu filho que pode fazer o que poucos magos no mundo fazem. Sem nem mesmo dizer formulas mágicas você manipula as forças da natureza. Mat você não herdou isso de Alberta, mas de sua verdadeira mãe, eu!   

— Porque, porque você nos deixou com ela? – Mat parecia ter entendido a verdade mesmo sob a incrível pressão da magia em torno dele.

— Durante doze anos fui estuprado e maltratado, me desculpe meu filho, mas a única coisa que eu pensei em minha vida depois de ser solto foi em vingança – lagrimas começaram a cair nos olhos do mago – Sei que nunca vai poder me dar qualquer amor, mas saiba que eu os amei a cada segundo de minha vida.

Mat tremeu e baixou as mãos. O tornado de poder em torno dele se dispersou e as arestas de vidro caíram à volta deles enterrando na areia fofa. Os olhos do príncipe voltaram ao normal e ele andou rígido até o mago que sangrava e se ajoelhou perante ele.

— Eu sei que não sou filho de Alberta agora. Posso sentir a sua mente, posso ver o seu sofrimento. Sou tão ligado a você que sinto até mesmo a sua dor.

— Deixe seu poder se dispersar filho, a sua conexão comigo vai desaparecer e você não precisa sentir essa dor e essa amargura.

— Alberta nunca faria isso por mim, nunca se preocuparia com o que sinto. Eu não sei o que é amor de mãe, mas talvez você possa me ensinar algum dia.

Waldrich abraçou Mat com o braço bom agradecendo a Deus por ter tido a possibilidade de ter abraçado seu filho antes de morrer.

— Mathew! – Capela e Ekbert estavam chegando perto deles preocupados.

— Waldrich! – Ekbert correu para perto do seu amado vendo os ferimentos – Você precisava fazer isso com ele? – disse colérico para Mat que o olhou com dor nos olhos.

— Ekbert – Waldrich tocou em seu braço – Isso é um preço pequeno por ter meu filho comigo por alguns segundos.

— Deixa eu cuidar disso – resmungou o guerreiro abrando a mochila.

— Me desculpe – murmurou Mat.

— Shiii – Waldrich colocou os dedos em seus lábios – Esta tudo bem meu menino.

Capela colocou a mão no ombro do príncipe agora convencido do que o mago dissera. Era inacreditável o que Alberta era capaz de fazer e isso incluía Mader.

— Você esta bem? – perguntou para o amigo.

— Não Capela e acho que muito tempo vai se passar antes que eu me sinta bem.






Maleah sorriu ao ver o pequeno tornado na palma da mão de Gabe que tinha os olhos brilhando de prazer.

— Mas ele não dura muito – disse o menino com um bico nos lábios – Não sei como, mas isso me cansa de verdade.

— A magia usa sua força de vida filhote de elfo – riu Maleah bagunçando os cabelos do menino.

— Sabe o quanto isso é estranho? – Gabe sentou perto de Maleah na cama feita de palha na caverna que estava ficando escura com o final do dia chegando – Eu sou filho de um elfo.

— Logo vai ser um belo elfo adolescente destruindo corações por ai! – riu o outro deixando o menino vermelho.

— Nada ver! – disse o outro fugindo rapidinho de perto do elfo.

— Assim você assusta o menino Maleah! – Arkan riu sentando perto do sobrinho com um pedaço de raiz assada e uma cumbuca com sopa de uma erva amarga muito saborosa que crescia aos montes nas encostas dos morros de Kotem – Trate de comer!

— O senhor to ficando um baita carcereiro! – resmungou o outro, mas bebeu a sopa e comeu a raiz que era de polpa roxa e muito doce.

— Amanhã partiremos – disse Arkan – Sanet disse que vai nos deixar em uma parte do deserto de Altair perto de Gaulesh. Ele não entra nas terras humanas sem a devida autorização para evitar problemas futuros.

— Ele já fez muito por nós tio – Maleah olhou em volta – Onde está Flyn?

— Conversando com os dragões – o homem riu – Acho que ele vai escrever um livro quando sairmos daqui.

— Tio... quais são os seus planos agora? Sei que Dylan ia adorar que vocês fossem morar em Gaulesh.

— Não sei ainda filho. Estive conversando com Flyn e ele sempre foi um soldado, mas isso foi imposição do seu pai. Flyn gosta da terra e sei que Haven tem terras muito boas para o cultivo. Trouxe algumas pedras preciosas comigo que podem nos render algum dinheiro por hora.

— Não se preocupe com isso tio, eu tenho dinheiro guardado em Gaulesh. Dylan guardou para mim muito do que consegui durante a minha vida.

— Isso lhe pertence filho, agora você está casado, vai ter uma família.

Maleah ficou vermelho e cutucou uma palha.

— Seu companheiro sabe que você é um duo?

— Não tivemos tempo para isso. Tudo foi tão rápido, alem do mais eu acho que Capela me odeia, nunca vai querer ter uma família comigo.

— O destino é sábio, diz o ditado e eu concordo com ele – Arkan se levantou – Ele não teria juntado vocês dois se algo não os unisse.

Maleah não tinha a mesma convicção do tio.

Nesse momento Sanet entrou na caverna com seu andar bamboleante.

— Ola Maleah, Arkan – disse ele – Um dos meus guardas de fronteira disse que uma amazona e uma criança humana estão se aproximando do nosso território. Gostaria de saber se você poderia vir comigo e ver o que eles querem. Normalmente eu os expulsaria, mas dada as circunstancias acho bom ouvir o que elas tem a dizer.

— Claro Sanet – olhou para Maleah – Você vai ficar bem?

— Claro tio, pode ir.

Sanet e Arkan saíram da caverna para um céu vermelho. O sol estava se pondo em meio a muitas nuvens denunciando que o inverno estava chegando a Kotem.

O elfo subiu no dorso do dragão enquanto este alçava vôo. Não voaram muito tempo e logo estavam deixando para trás as serras e colinas de Kotem para chegar a uma região de matas cortadas por uma velha estrada quase perdida no mato.

Lá em baixou ele viu duas figuras pequenas a cavalo que pararam imediatamente olhando para eles, mesmo que o dragão estivesse alto e não fizesse barulho com as suas asas.

Sanet pousou perto deles amassando algumas árvores jovens no processo.

Arkan viu que se tratavam de duas mulheres, uma negra e alta, com longos cabelos caindo em cachos pelas costas e uma menina loira, corpo magro e cabelos até os ombros que inclinava a cabeça em direção a eles sem olhá-los.

A moça negra não parecia ter medo algum do dragão. Encarava ele e Arkan com uma altiva dignidade que o elfo não deixou de admirar.

Ele desceu do dorso do dragão indo em direção a elas, mas antes que chegasse a menina disse:

— Você cheira igual a Maleah!

— Você conhece meu sobrinho criança humana?

— É Sara para você senhor elfo – resmungou ela e cheirou o ar – O dragão cheira a um dia de sol e... mato... outra coisa não muito boa – ela franziu o nariz e Sanet revirou os olhos.

— Ela se parece com Tildo.

— Boa tarde dragão, senhor elfo – a moça negra respondeu com dignidade – Meu nome é Mimir Greal e sou uma amazona e essa é minha amiga Sara. Estamos em uma busca por um garoto, ele se chama...

— Gabe – completou o Sanet – Eu imagino.

— Imaginou bem.

— Sabe dele então? – perguntou a garota esperançosa.

— Ele está com o meu bando – respondeu o dragão – Você deve ser a irmã irritante dele, certo?

— Irmã irritante? Quando eu encontrar aquela coisa do meu irmão foi fazer picadinho dele, pode ter certeza! – mas a menina não podia esconder a felicidade de achar o irmão – Mas apenas Gabe está com vocês? Um homem chamado Paul não?

— Lamento Sara – o grande dragão balançou a cabeça de réptil de um modo muito humano – Gabe e o elfo Maleah.

— Senhora – o elfo cumprimentou a amazona – Meu nome é Arkan.

— Um elfo da Floresta Velha – observou a amazona – Vive entro os dragões?

— Apenas por um curto período – disse ele.

— É muito longe? – Mimir perguntou para Sanet.

— Com esses animais sim, mas eu posso levá-los voando.

— Não podemos deixar os cavalos – respondeu Mimir voltando-se para Sara – Sara gostaria de ir com Sanet até onde estão os outros enquanto eu levo as nossas montarias para lá?

— Gostaria muito Mimir – respondeu a menina feliz em finalmente algo estar dando certo.

— Eu cuido dela – disse o elfo com aquela sua voz calma.

Mimir o olhou de forma altiva e desconfiada.

— Vou confiar em você elfo, cuide bem dela.

— Não se preocupe amazona e cuido bem de crianças.

— Ei! – gritou Sara – Quem é criança aqui?

— Até onde eu sei Sara – respondeu a amazona de mau humor – É você!

A menina bufou para ela, mas desceu do cavalo e foi para onde ouvira a voz do elfo carregando a sua bolsa.

— Vou mandar um dos meus guardas guiá-la – disse Sanet para a amazona – Creio que você conhece bem os dragões verdes?

— Sim. Eles imigram para a Amazônia todos os anos.

— Vou pedir para um deles vir até aqui.

— Obrigada.

— Tchau Mimir – Sara acenou para ela e depois se voltou para Arkan que sorriu para a criança – Será que pode me mostrar onde está o dragão? Eu posso até saber onde que ele está pelo cheiro, mas não vou conseguir montar nele.

— Ei! – resmungou o dragão cheirando as escamas – Meu cheiro não é tão ruim!

— Talvez o que lhe falte seja um bom banho. Existem muitas arvores com as folhas perfumadas por aqui, podia se esfregar nelas e quem sabe eu acredito em você depois.

— E quem sabe eu devesse jogá-la lá de cima! – Sanet ficou frente a frente com o rosto da menina que contorceu o nariz com desgosto.

— Você não faria isso com uma doce humana, não é?

— Não me tente filhote!

— Chega! – Arkan segurou na mão de Sara.

Finalmente ele havia olhado nos olhos opacos dela e percebido que a menina era cega. Ajudou ela a subir em Sanet que estava com as escamas eriçadas de raiva.

— Acho que não deveria brigar com alguém que vai voar com você – disse o elfo segurando a menina na sua frente.

— Ele não vai fazer isso – ela riu – Ele pode até ter se irritado, mas ele gostou de mim, não é Sanet? – ele deu umas palmadinhas na lateral do pescoço do outro.

— Do mesmo jeito que eu gosto de um osso entalado na garganta – respondeu o dragão alçando voo.




A tarde estava chegando, Kalil podia ver pela luz que entrava pela caverna. Era hora de continuar a estrada, mas um estranho som chamou a sua atenção e ele levantou correndo para a entrada da caverna onde Paul estava vomitando pálido.

— Paul! – Kalil colocou a mão no ombro dele sentindo os músculos trêmulos sob os dedos – Você está bem?

— Eu não sei Kalil – gemeu ele olhando para o mais novo com uma mão no estômago – Eu não consegui dormir. Eu tenho vomitado o dia todo mesmo não tendo mais nada no estômago. Me sinto muito cansando e tonto. Será que peguei alguma doença?

— Venha aqui – Kalil foi para o fundo da caverna e fez ele sentar lhe dando água para beber – Paul sei que a gente tem pouca intimidade ainda, mas você teve relações sexuais nos últimos dias?

Paul engasgou com a água e olhou contrariado para o rapaz.

— Kalil o que isso tem a ver...

— Olha – o outro segurou a sua mão sorrindo – Eu nunca tive relações, mas desde pequenos as mulheres da tribo nos instruem e pelo que eu estou vendo Paul, você está grávido!

Paul empalideceu ainda mais e ficou com o corpo mole caindo desmaiado sobre o manto onde deitara.

Sorrindo Kalil arrumou o outro de forma a ficar mais confortável e começou a sorrir como bobo:

— Eu vou ser tio! 







2 comentários:

  1. ei menina tava com saudades, adoro esta estoria,
    e quando vc não posta ela eu sinto falta.
    bjs lu

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