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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Rumo ao Paraiso - Capitulo 9


Capitulo 9



Márcio coçou a cabeça olhando para a cerca se perguntando o que diabos andava cortando elas por todo o lado. Olhou em volta, para o campo da outra fazenda revirando os olhos ao ver alguns garotos com mochilas nas costas e binóculos a tira colo. Ele podia apostar que eram os doidos caçadores de OVNIs que acabavam invadindo a região, era só algo acontecer.

Cerca de uma semana atrás a cana de açúcar de uma fazenda havia sido abaixada como se um grande rolo passasse por ela e os donos haviam dito que viram luzes sobre o canavial. Pronto! A cidade ficou cheia de pessoas tentando ver ETs e pegar uma nave espacial.

De nada adiantou os mais velhos avisarem que aquilo na cana fora feito por fortes rajadas de vento e Altinópolis era uma cidade onde o vento era constante e forte. Muita gente já havia visto aquele padrão e nunca dissera que era coisa de outro mundo, mas agora a imprensa achava que qualquer luz no céu é um disco voador cheio de ETs mortos de fome por carne humana. A cidade ia ficando cheia de malucos.

O trote de um cavalo ao longe chamou a sua atenção e ele gemeu de desgosto ao ver a moça que caíra em cima dele no pomar.

A loira cavalgava uma égua castanha com o cabelo ao vento e rosto sorridente. Ela acenou para o casal de garotos e continuou indo rumo a cerca onde Márcio estava olhando contrariado o arame cortado.

— Boa tarde – ela tentava ser educada com aquele ser grosso que ela tivera o desprazer de conhecer.

— Será que você pode me dizer algo disso? – ele apontou para o arame e a moça o olhou com uma tempestade nos olhos verdes.

— Você é sempre assim? Um grosso?

— Moça eu não tenho tempo para os seus ataques de menina mimada da cidade. Caso não perceba EU trabalho...

— E o que você acha que eu estou fazendo? Turismo?

— Acho.

— Seu... – ela tentou lembrar de algo bem ofensivo para xingá-lo – Roceiro troglodita idiota! Não tem o direito de falar assim comigo!

— Tudo para não responder a minha pergunta? – Márcio levantou uma sobrancelha.

— Tudo isso para mostrar o quanto eu tenho nojo de gente como você!

— Moça a cerca...

— Por que você não vai se danar? Eu tenho mais o que fazer do que ficar aqui com um cara fedorento com cara de tonto...

— Quem é fedorento aqui! – agora Márcio estava ofendido.

— Se a carapuça serve...

— Sua patricinha de cidade! Não tem o direito de falar comigo desse modo!

— Você também não tem o direito! – eles estavam em lados opostos da cerca danificada, de frente um para o outro e com os rostos quase se tocando – Pelo que eu sei essa cerca pertence ao seu patrão e é problema dele se isso foi cortado.

— Como é que é?

— É bom que de um jeito nisso porque não quero o meu gado se misturando com o seu, caso não saiba ele é selecionado com matrizes premiadas.

— Você quer que eu diga o que fazer com as suas matrizes premiadas?

—Olha lá o que diz roceiro!

— Olha o que diz você patricinha!

— Porque não vão resolver isso em um motel – um senhor da cabelos brancos apareceu olhando feio para Márcio.

— Seu Quim?! – Márcio ficou vermelho enquanto o velho homem olhava para os dois.

— Eu vim arrumar a cerca Márcio! Tentei ti achar para falar e como sempre esse treco de telefone seu não chama! Pra que ce tem ele? De enfeite? – olhou para a moça que deu um passo para trás – Eu não mordo menina, passei da idade. Meu nome é Joaquim e pode me chamar de Quim e o que disse agora pouco está valendo. Sempre achei que as pessoas se entendem mais em uma cama.

Lara nunca ficara tão embaraçada na sua vida como naquele momento. Márcio olhava com desgosto para Quim e sem olhar para ela montou seu cavalo partindo.

Quim piscou para a moça rindo logo depois e Lara, mesmo envergonhada, riu com ele.

— Não ligue para mim menina, eu falo demais.

— Meu nome é Lara eu comprei a Santa Rita.

— Eu ouvi falar. É bom ter sangue novo aqui, pessoas com novas ideias.

— É complicado começar em um lugar novo e sozinha – ela não sabia porque, mas parecia tão fácil falar com o senhor.

— Nem um de nós esta só menina. Deus está conosco para as boas e más horas.

— Desculpe se não acredito mais nele – ela montou.

— Não se preocupe menina, Deus não desampara nem os descrente.


~~***~~


Lucas ria enquanto brincava com seu filho mais novo de oito anos na sala de casa. Ambos estavam no chão desenhando e pintando com tinta guache. Luan adorava pintar e desenhar e Lucas havia pintado uma parede de branco na sala onde ele e os meninos podiam desenhar e pintar a vontade. O efeito era um tanto desconcertante, mas não deixava de ser um charme.

— Olha papa! – ele ergueu a pintura onde se via toda a sua família desenhada.

— Tá lindo meu fofo.

— Como estão os meus amores? – Alberto entrou e Luan pulou alegre para o outro pai que o segurou e jogou no ar em uma brincadeira que deixava Lucas doente.

— Você ainda derruba o menino Beto!

— Papai é forte! – o garoto gritava deliciado.

O outro balançou a cabeça e levantou do chão indo para a cozinha depois de dar um tapa da bunda de Alberto.

Beto deixou o filho desenhando e correu para a cozinha onde o marido temperava as coisas para o jantar.

— Amo o seu cheiro – disse o outro o abraçando por trás e cheirando o seu pescoço.

— Só o meu cheiro? – disse o outro em tom dengoso esfregando a bunda na ereção do esposo.

— Seu cheiro, seu sabor, seu corpo. Cada parte de você!

— Sabe as vezes eu me pergunto o que fiz para ter você comigo iluminando a minha vida.

— O que quer dizer com isso? – Beto virou o outro de frente para ele.

— Beto eu era um striper, sem qualquer esperança de ter uma família, de ter um amor. Ai você aparece – ele colocou os braços em torno do pescoço do outro – Meu herói de armadura brilhante, me salvando dos monstros e se declarando para mim. Você, um homem lindo e inteligente e eu... – Beto colocou os dedos nos lábios do outro.

— Meu amor a gente já teve essa conversa. Não se desmereça! Você é a pessoa mais sincera e determinada que eu conheço. É engraçado e doce, mas pode ser uma fera quando quer. É uma pessoa inteligente que quando não soube como ajudar os filhos na lição de casa entrou para a escola novamente. Você cria muito bem os nossos filhos fazendo deles garotos maravilhosos! Eu é que me pergunto o que você viu em mim!

— Seu bobo! – ele deu um tapa leve no peito de Beto e um beijo delicado nos lábios dele.

Durante toda a sua vida de pais eles procuravam serem discretos com as caricias, deixando as mais ousadas para a privacidade do quarto.

— Amo você Lucas, nunca divide disso.

— Tambem te amo, meu príncipe.


~~***~~

Fabian conheceu a casa com Laércio que mostrou cada cômodo menos o sótão e porão que estavam uma bagunça inacreditável.

Aninha ligou que estava voltando e ele ia ter ajuda.

Ficou acertado que Fabian ia cuidar das crianças e fazer as refeições no sábado quando era folga da empregada.

O rapaz adorou a casa. Ampla tinha a dose certa de passado e futuro nela, com móveis antigos de madeira de lei e aparelhos modernos como as grande Tvs de LED que Laércio parecia colecionar, tinha uma em cada cômodo, mesmo na cozinha.

A garagem deixou ele pasmo. Laércio mostrou sorrindo seus carros: uma Mercedes conversível vermelha, uma SUV, um porche branco, uma Ferrari amarela, uma silverado, uma moto Harley Davidson reluzente, uma moto mais moderna verde que ele não sabia a marca. Ali deviam estar alguns milhões de reais em veículos.

Laércio era apaixonado por carros e pôs-se a falar de como havia adquirido cada uma de suas belezas, como ele chamava os carros, caminhonetas e motos.

Voltaram para dentro da casa e Regina entrava com Jon.

— Oi Fabian! – disse a menina feliz.

— Ola Fabian – disse Jon em sua voz doce e calma.

— Ola meninos – disse ele – Seu pai estava me mostrando a casa.

— Então vai ser a nossa babá? – perguntou Jon olhando a irmã que abriu um largo sorriso.

— Isso mesmo Jon.

— Deixa que eu fica com o Gabriel enquanto isso – disse a menina pagando o carregador do bebê que riu quando viu ela – O Kauan e a Mara estão lá em cima e vão adorar ver ele. Assim pode discutir sossegado com o pai.

— Mas acho que acaba...

Regina e Jon não deram chance para ele terminar a frase e eles já subiam as escadas. Fabian sabia que Regina cuidava bem das crianças, mas mesmo assim ele se sentia temeroso.

— Não se preocupe – disse o fazendeiro – Regina é muito cuidadosa com bebês, ela cuidava bem de Kauan.

— Eu sei é que...

— Que tal uma bebida para comemorar seu emprego?

— Desculpe seu Laércio eu não bebo.

— Só um gole de licor, vai gostar – disse o fazendeiro sorrindo e mostrando os dentes brancos para ele.

Vermelho de vergonha ele acompanhou Laércio até seu escritório e sentou aceitando o doce licor de cereja enquanto o outro tomava um longo gole de wisk.

— Sua casa é muito bonita – disse Fabian tentando sair do seu embaraço.

— Ainda tem os jardins – disse Laércio sorrindo – Jon cuida bem deles e vivem cheio de flores. Eu sou uma negação nesse quesito, costumo matar até as flores de plástico.

Fabian não pode deixar de rir do outro.

Laércio olhava para o rapaz que ficara ainda mais bonito com os olhos castanhos brilhando por trás dos óculos, o rosto delicado iluminado por um sorriso com as escoriações que recebera do pai já desaparecendo.

Ele nunca ia entender como um pai podia bater em um filho como o pai de Fabian fizera com ele.

— É melhor eu ir buscar o Gabriel e ir embora – Fabian se levantou ainda mais vermelho.

— Ainda está cedo – ronronou Laércio perto dele.

— Ahn! Eu... – conforme o fazendeiro se aproximava Fabian foi ficando sem ar e seu corpo esquentando a ponto dele sentir que ia se afogar no calor.

Infelizmente, ou felizmente, os meninos desceram a escada com um estrondo de um avião a jato e tremulo Fabian saiu de perto do outro para a sala onde estava Regina e Kauan que abraçou Fabian sorridente.

— Oi Fabian – disse ele o olhando com aqueles olhinhos meigos.

— Oi meu anjo, como você está?

— Você vai vir cuidar da gente? Eu to feliz sabe. Gosto de você.

— Eu também gosto de você Kauan e vou adorar trabalhar aqui.

— O Gabriel – Regina mostrou a sesta onde o bebê já dormia.

— Eu vou fazer o jantar e hum... – olhou constrangido para Laércio – Gostaria que você fossem jantar lá.

— Vamos pai! – Regina pulou no pescoço do fazendeiro beijando o seu rosto.

— É claro que vamos Fabian – respondeu o outro sorrindo – Eu levo o vinho, tenho um ótimo para a ocasião.

— Eu preciso ir. Tchau!

— Tchau! Tchau! – disse Kauan e Regina.

— Eu acompanho você – Laércio foi até a porta para ele e a abriu – Então até a noite – seu sorriso deixou Fabian ainda mais tonto.

— Sim, claro, até – ele saiu dali como se tivesse bebido um litro de licor.

Olhou para o filho que dormia seu sono inocente e gemeu.

— Gabriel de onde eu tirei a ideia de uma jantar! Devo ta ficando louco!

O bebê apenas respirou fundo em seu sono e Fabian foi para casa preparar o jantar que havia prometido.      






  

2 comentários:

  1. Olá! Tudo bem?!
    Passando só pra agradecer mais um capítulo do "Rumo ao Paraíso". Como já disse, adoro essa história. Obrigado por postar, então...
    Tá simplesmente ótimo, por favor, continue!
    Aguardo...

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  2. ok, você conseguiu!!!
    viciei em suas histórias, são todas super bem boladas, que nos prende a atenção do começo ao termino.
    parabéns!

    aguardando o próximo capítulo anciosa.

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