Capitulo 9
Márcio coçou a cabeça olhando para a
cerca se perguntando o que diabos andava cortando elas por todo o lado. Olhou em
volta, para o campo da outra fazenda revirando os olhos ao ver alguns garotos
com mochilas nas costas e binóculos a tira colo. Ele podia apostar que eram os
doidos caçadores de OVNIs que acabavam invadindo a região, era só algo
acontecer.
Cerca de uma semana atrás a cana de açúcar
de uma fazenda havia sido abaixada como se um grande rolo passasse por ela e os
donos haviam dito que viram luzes sobre o canavial. Pronto! A cidade ficou
cheia de pessoas tentando ver ETs e pegar uma nave espacial.
De nada adiantou os mais velhos
avisarem que aquilo na cana fora feito por fortes rajadas de vento e Altinópolis
era uma cidade onde o vento era constante e forte. Muita gente já havia visto
aquele padrão e nunca dissera que era coisa de outro mundo, mas agora a
imprensa achava que qualquer luz no céu é um disco voador cheio de ETs mortos
de fome por carne humana. A cidade ia ficando cheia de malucos.
O trote de um cavalo ao longe chamou
a sua atenção e ele gemeu de desgosto ao ver a moça que caíra em cima dele no
pomar.
A loira cavalgava uma égua castanha
com o cabelo ao vento e rosto sorridente. Ela acenou para o casal de garotos e
continuou indo rumo a cerca onde Márcio estava olhando contrariado o arame
cortado.
— Boa tarde – ela tentava ser
educada com aquele ser grosso que ela tivera o desprazer de conhecer.
— Será que você pode me dizer algo
disso? – ele apontou para o arame e a moça o olhou com uma tempestade nos olhos
verdes.
— Você é sempre assim? Um grosso?
— Moça eu não tenho tempo para os
seus ataques de menina mimada da cidade. Caso não perceba EU trabalho...
— E o que você acha que eu estou
fazendo? Turismo?
— Acho.
— Seu... – ela tentou lembrar de
algo bem ofensivo para xingá-lo – Roceiro troglodita idiota! Não tem o direito
de falar assim comigo!
— Tudo para não responder a minha
pergunta? – Márcio levantou uma sobrancelha.
— Tudo isso para mostrar o quanto eu
tenho nojo de gente como você!
— Moça a cerca...
— Por que você não vai se danar? Eu tenho
mais o que fazer do que ficar aqui com um cara fedorento com cara de tonto...
— Quem é fedorento aqui! – agora
Márcio estava ofendido.
— Se a carapuça serve...
— Sua patricinha de cidade! Não tem
o direito de falar comigo desse modo!
— Você também não tem o direito! –
eles estavam em lados opostos da cerca danificada, de frente um para o outro e
com os rostos quase se tocando – Pelo que eu sei essa cerca pertence ao seu
patrão e é problema dele se isso foi cortado.
— Como é que é?
— É bom que de um jeito nisso porque
não quero o meu gado se misturando com o seu, caso não saiba ele é selecionado
com matrizes premiadas.
— Você quer que eu diga o que fazer
com as suas matrizes premiadas?
—Olha lá o que diz roceiro!
— Olha o que diz você patricinha!
— Porque não vão resolver isso em um
motel – um senhor da cabelos brancos apareceu olhando feio para Márcio.
— Seu Quim?! – Márcio ficou vermelho
enquanto o velho homem olhava para os dois.
— Eu vim arrumar a cerca Márcio!
Tentei ti achar para falar e como sempre esse treco de telefone seu não chama! Pra
que ce tem ele? De enfeite? – olhou para a moça que deu um passo para trás – Eu
não mordo menina, passei da idade. Meu nome é Joaquim e pode me chamar de Quim
e o que disse agora pouco está valendo. Sempre achei que as pessoas se entendem
mais em uma cama.
Lara nunca ficara tão embaraçada na
sua vida como naquele momento. Márcio olhava com desgosto para Quim e sem olhar
para ela montou seu cavalo partindo.
Quim piscou para a moça rindo logo
depois e Lara, mesmo envergonhada, riu com ele.
— Não ligue para mim menina, eu falo
demais.
— Meu nome é Lara eu comprei a Santa
Rita.
— Eu ouvi falar. É bom ter sangue
novo aqui, pessoas com novas ideias.
— É complicado começar em um lugar
novo e sozinha – ela não sabia porque, mas parecia tão fácil falar com o
senhor.
— Nem um de nós esta só menina. Deus
está conosco para as boas e más horas.
— Desculpe se não acredito mais nele
– ela montou.
— Não se preocupe menina, Deus não
desampara nem os descrente.
~~***~~
Lucas ria enquanto brincava com seu
filho mais novo de oito anos na sala de casa. Ambos estavam no chão desenhando
e pintando com tinta guache. Luan adorava pintar e desenhar e Lucas havia
pintado uma parede de branco na sala onde ele e os meninos podiam desenhar e
pintar a vontade. O efeito era um tanto desconcertante, mas não deixava de ser
um charme.
— Olha papa! – ele ergueu a pintura
onde se via toda a sua família desenhada.
— Tá lindo meu fofo.
— Como estão os meus amores? –
Alberto entrou e Luan pulou alegre para o outro pai que o segurou e jogou no ar
em uma brincadeira que deixava Lucas doente.
— Você ainda derruba o menino Beto!
— Papai é forte! – o garoto gritava deliciado.
O outro balançou a cabeça e levantou
do chão indo para a cozinha depois de dar um tapa da bunda de Alberto.
Beto deixou o filho desenhando e
correu para a cozinha onde o marido temperava as coisas para o jantar.
— Amo o seu cheiro – disse o outro o
abraçando por trás e cheirando o seu pescoço.
— Só o meu cheiro? – disse o outro
em tom dengoso esfregando a bunda na ereção do esposo.
— Seu cheiro, seu sabor, seu corpo. Cada
parte de você!
— Sabe as vezes eu me pergunto o que
fiz para ter você comigo iluminando a minha vida.
— O que quer dizer com isso? – Beto virou
o outro de frente para ele.
— Beto eu era um striper, sem
qualquer esperança de ter uma família, de ter um amor. Ai você aparece – ele colocou
os braços em torno do pescoço do outro – Meu herói de armadura brilhante, me
salvando dos monstros e se declarando para mim. Você, um homem lindo e
inteligente e eu... – Beto colocou os dedos nos lábios do outro.
— Meu amor a gente já teve essa
conversa. Não se desmereça! Você é a pessoa mais sincera e determinada que eu
conheço. É engraçado e doce, mas pode ser uma fera quando quer. É uma pessoa
inteligente que quando não soube como ajudar os filhos na lição de casa entrou
para a escola novamente. Você cria muito bem os nossos filhos fazendo deles
garotos maravilhosos! Eu é que me pergunto o que você viu em mim!
— Seu bobo! – ele deu um tapa leve
no peito de Beto e um beijo delicado nos lábios dele.
Durante toda a sua vida de pais eles
procuravam serem discretos com as caricias, deixando as mais ousadas para a
privacidade do quarto.
— Amo você Lucas, nunca divide
disso.
— Tambem te amo, meu príncipe.
~~***~~
Fabian conheceu a casa com Laércio
que mostrou cada cômodo menos o sótão e porão que estavam uma bagunça
inacreditável.
Aninha ligou que estava voltando e
ele ia ter ajuda.
Ficou acertado que Fabian ia cuidar
das crianças e fazer as refeições no sábado quando era folga da empregada.
O rapaz adorou a casa. Ampla tinha a
dose certa de passado e futuro nela, com móveis antigos de madeira de lei e
aparelhos modernos como as grande Tvs de LED que Laércio parecia colecionar,
tinha uma em cada cômodo, mesmo na cozinha.
A garagem deixou ele pasmo. Laércio mostrou
sorrindo seus carros: uma Mercedes conversível vermelha, uma SUV, um porche
branco, uma Ferrari amarela, uma silverado, uma moto Harley Davidson reluzente,
uma moto mais moderna verde que ele não sabia a marca. Ali deviam estar alguns
milhões de reais em veículos.
Laércio era apaixonado por carros e
pôs-se a falar de como havia adquirido cada uma de suas belezas, como ele
chamava os carros, caminhonetas e motos.
Voltaram para dentro da casa e
Regina entrava com Jon.
— Oi Fabian! – disse a menina feliz.
— Ola Fabian – disse Jon em sua voz
doce e calma.
— Ola meninos – disse ele – Seu pai
estava me mostrando a casa.
— Então vai ser a nossa babá? –
perguntou Jon olhando a irmã que abriu um largo sorriso.
— Isso mesmo Jon.
— Deixa que eu fica com o Gabriel
enquanto isso – disse a menina pagando o carregador do bebê que riu quando viu
ela – O Kauan e a Mara estão lá em cima e vão adorar ver ele. Assim pode
discutir sossegado com o pai.
— Mas acho que acaba...
Regina e Jon não deram chance para
ele terminar a frase e eles já subiam as escadas. Fabian sabia que Regina
cuidava bem das crianças, mas mesmo assim ele se sentia temeroso.
— Não se preocupe – disse o
fazendeiro – Regina é muito cuidadosa com bebês, ela cuidava bem de Kauan.
— Eu sei é que...
— Que tal uma bebida para comemorar
seu emprego?
— Desculpe seu Laércio eu não bebo.
— Só um gole de licor, vai gostar –
disse o fazendeiro sorrindo e mostrando os dentes brancos para ele.
Vermelho de vergonha ele acompanhou
Laércio até seu escritório e sentou aceitando o doce licor de cereja enquanto o
outro tomava um longo gole de wisk.
— Sua casa é muito bonita – disse Fabian
tentando sair do seu embaraço.
— Ainda tem os jardins – disse Laércio
sorrindo – Jon cuida bem deles e vivem cheio de flores. Eu sou uma negação
nesse quesito, costumo matar até as flores de plástico.
Fabian não pode deixar de rir do
outro.
Laércio olhava para o rapaz que
ficara ainda mais bonito com os olhos castanhos brilhando por trás dos óculos,
o rosto delicado iluminado por um sorriso com as escoriações que recebera do
pai já desaparecendo.
Ele nunca ia entender como um pai
podia bater em um filho como o pai de Fabian fizera com ele.
— É melhor eu ir buscar o Gabriel e
ir embora – Fabian se levantou ainda mais vermelho.
— Ainda está cedo – ronronou Laércio
perto dele.
— Ahn! Eu... – conforme o fazendeiro
se aproximava Fabian foi ficando sem ar e seu corpo esquentando a ponto dele
sentir que ia se afogar no calor.
Infelizmente, ou felizmente, os
meninos desceram a escada com um estrondo de um avião a jato e tremulo Fabian
saiu de perto do outro para a sala onde estava Regina e Kauan que abraçou
Fabian sorridente.
— Oi Fabian – disse ele o olhando
com aqueles olhinhos meigos.
— Oi meu anjo, como você está?
— Você vai vir cuidar da gente? Eu to
feliz sabe. Gosto de você.
— Eu também gosto de você Kauan e
vou adorar trabalhar aqui.
— O Gabriel – Regina mostrou a sesta
onde o bebê já dormia.
— Eu vou fazer o jantar e hum... –
olhou constrangido para Laércio – Gostaria que você fossem jantar lá.
— Vamos pai! – Regina pulou no
pescoço do fazendeiro beijando o seu rosto.
— É claro que vamos Fabian –
respondeu o outro sorrindo – Eu levo o vinho, tenho um ótimo para a ocasião.
— Eu preciso ir. Tchau!
— Tchau! Tchau! – disse Kauan e
Regina.
— Eu acompanho você – Laércio foi
até a porta para ele e a abriu – Então até a noite – seu sorriso deixou Fabian
ainda mais tonto.
— Sim, claro, até – ele saiu dali
como se tivesse bebido um litro de licor.
Olhou para o filho que dormia seu
sono inocente e gemeu.
— Gabriel de onde eu tirei a ideia
de uma jantar! Devo ta ficando louco!
O bebê apenas respirou fundo em seu
sono e Fabian foi para casa preparar o jantar que havia prometido.
Olá! Tudo bem?!
ResponderExcluirPassando só pra agradecer mais um capítulo do "Rumo ao Paraíso". Como já disse, adoro essa história. Obrigado por postar, então...
Tá simplesmente ótimo, por favor, continue!
Aguardo...
ok, você conseguiu!!!
ResponderExcluirviciei em suas histórias, são todas super bem boladas, que nos prende a atenção do começo ao termino.
parabéns!
aguardando o próximo capítulo anciosa.