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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo XXIX


 Capela



Capitulo XXIX



Sanet pousou com Arkan e Sara em cima do morro onde ficava a sua caverna. O elfo ajudou a menina e de dentro da caverna Flyn e Gabe vieram correndo, o menino tinha o dragão vermelho saltitando atrás e parou bruscamente ao ver Sara.

— Sara? – ele não podia acreditar que sua irmã estava ali – o que você está fazendo aqui? Veio sozinha? Sabe algo do pai?

— Ola Gabe – resmungou ela e foi até o menino devagar, sentindo o terreno e parou a poucos centímetros do irmã e lhe lascou um belo tapa – Isso é por você ter levado a mãe embora, ter vindo para esse fim de mundo sozinho e por ter me obrigado a vir atrás de você!

— Por algum acaso eu pedi para você vir atrás de mim? Veio porque não passa de uma enxerida!

— Esse é o pagamento por dias cavalgando atrás de um irmão ingrato?

— Eu deveria pagar você ou algo assim Sara? Você é uma menina e deveria estar em casa cuidando dos meninos.

— Por que eu sou mulher deveria ficar em casa?! Vê se ti enxerga Gabriel! Um moleque magricela que acha que é algum guerreiro! Não sabe nem mesmo empunhar uma espada ao contrario da sua linda e corajosa irmã!

— Cada essa irmã? – Gabe olhou em volta fingindo não ver ela.

Sara não viu o movimento, mas conhecia demais o irmão mais velho para saber o que ele estava fazendo. Ela chutou a sua canela fazendo ele cair no chão com um grito de dor.

— Sua criança com complexo de homem. EU cheguei até aqui onde nem mesmo um dos guardas do reino veio e por isso você não tem o direito de me menosprezar!

—Você é uma moleca que acha que é mulher e fica ai com ares de grande dama dando chutes nos outros!

— Tadinho do Gabe!

— Calem-se! – Sanet passou por eles em seu passo bamboleante – Ou eu mesmo juro que mastigo um de você e depois cuspo! Com tanta teimosia a carne deve ser mais do que dura!

Sara mostrou a língua para Gabe que chutou terra em suas botas.

— Crianças por favor – Arkan se aproximou – Sei que estão felizes por terem se encontrado, mas por favor dêem um tempo.

— Vamos lá grande dama! – Gabe fez um gesto para a caverna e segurou o ombro dela a empurrando para aquele lado – Seu castelo a espera.

— Vai se danar!

— Grande Deusa! – Sanet escondeu a cabeça por entre as patas e Tildo rolava de rir ali perto.


~~***~~


Paul estava meio verde cavalgando no deserto que ia ficando escuro. O céu ainda cor de rosa tinha uma única estrela brilhante no lado do poente. O planeta Venus brilhava antes das outras estrelas.

— Como você está? – perguntou Kallil para ele.

— Como você acha que eu estou?

— Ora Paul, até parece que você não gostou da noticia?

— Kallil filho é uma dádiva, mas eu jurei que nunca ia ter um filho fora do casamento novamente. Não sabe o quanto essas crianças enfrentam e eu fui um irresponsável!

— Agora a água já secou, como dizemos no deserto. O que está feito, está feito irmão. Não disse que ia casar com Mathew? Assim que voltarmos para o seu país eu tenho certeza que ele vai adorar a noticia e casar o mais rápido possível!

— Não é isso Kallil, só acho que estou com medo, como estive na minha primeira gravidez. Eu já tenho cinco filhos e agora terei o meu sexto e isso me preocupa. O que Mat vai pensar de mim? De minha irresponsabilidade?

— Pelo que você me conta dele Paul, ele vai é adorar. Você deveria confiar mais nas pessoas!

— Confiar é complicado para mim – ele levantou a cabeça olhando para o céu agora azul marinho – Durante toda a vida as pessoas em que confiei acabaram por me ferir ou ir embora e acho que isso acabou me tirando a fé nelas.

— Eu entendo. Veja o que descobrimos agora. Somos do clã das rosas e nem mesmo sabemos nossos nomes de verdade ou quem era a nossa família. Paul? – Kallil viu o irmão empalidecer ao olhar para o horizonte.

— Kallil o que é aquilo?

O rapaz olhou para frente vendo que estavam se aproximando do que pareciam montanhas ao longe ainda distinguíveis na pequena luz. Deveriam ter cerca de cem metros de altura e eram paredões de rocha negra e lisa como paredes.

— Mas não é possível! – Kallil se empertigou em cima do cavalo olhando par atrás como se esperasse ver algo – Isso deveria estar mais ao norte e não para esse lado!

— O que diabos é isso? Parece um muro, mas é impossível!

— É uma formação natural que foi aproveitada por um povo. É ai que o clã das rosas mora.

— Mas não estávamos indo para o leste?

— Eu devo ter errado um pouco os meus cálculos. Se contornarmos vamos conseguir chegar a fronteira de Gaulesh.

Ambos ficaram ilhando para as muralhas de rocha que se aproximavam cada vez mais e antes de ficar completamente escuro eles puderam ver um imenso portão ao longe feito de ferro e entalhado com rosas.

Eles chegaram aos pés do portão já noite fechada. Não haviam guardas ou guaritas por ali. Paul duvidava que um portão como aquele podia ser derrubado e afinal que faria isso no meio do nada. Haviam montes de areia acumulados nele como se não fossem abertos há muito tempo.

— Acha que eles estão ai? – perguntou Paul –Quero dizer os outros desse clã.

— Se ainda existirem – Kallil deu de ombros – Não se vê mais deles em anos.

Os cavalos iam contornando a muralha e virando para o sul quando viram uma reentrância nas paredes, como uma rachadura, uma ferida na pedra lisa da montanha.

Ao longe havia um estranho gemido que arrepiou Paul e fez os cavalos ficarem inquietos sapateando na areia.

— Ai droga! – Kallil parou o cavalo.

— O que há Kallil? Que barulho é esse?

— É uma tempestade de areia. Elas acontecem de dia, mas quando vem de noite são para arrasar. Nada fica em pé no seu caminho.

— Vamos entrar na entrada da rocha que vimos ali atrás.

— Espero que ela seja funda ou podemos ser sugados pelos ventos se eles virem de frente. No escuro não dá para ver nada!

Eles deram meia volta e na luz fraca das estrelas viram a estreita entrada que ia ficando escuro a medida que entreva nas raízes da montanha.

— Acho que podemos ascender uma tocha aqui – Kallil desmontou e pegou em seus alforjes um pedaço de madeira com um pano enrolado com cheiro de azeite. Com uma pederneira ascendeu um pequeno fogo que logo tomou o trapo iluminando em volta deles.

Entraram na caverna puxando os cavalos. Era um corredor longo, com paredes cheias de pequenas reentrâncias e também feita da fosca rocha negra da montanha.

— Parece que é profundo o suficiente – disse Kallil parando em uma parte mais larga do corredor.

— Parece que há uma saída por esse lado – Paul apontou para o vento que fazia a chama da tocha oscilar.

— Acha que o corredor corta a muralha?

— Talvez – Paul deu de ombros – Não vejo de onde pode estar vindo essa corrente de ar.

— Vamos dar uma olhada!

— Kallil não estamos aqui para explorar. A ultima coisa que quero é acabar sendo preso por invasão ou pior, que algum de nós saia ferido.

— Paul é só uma olhadinha. Você mesmo viu que não há guardas nem nada por ai. Vai! – o outro fez um grande bico e cara de cachorrinho perdido.

Paul suspirou fundo e olhou contrariado para o outro.

— Não sei que é mais louco. Você por querer isso ou eu por aceitar.

— Maravilha! – Kallil continuou andando com Paul do seu lado.

Não demorou muito para que saíssem do outro lado dando de cara com o que parecia uma grande planície que a luz das estrelas parecia formada por restos de rochas amontoadas. Não havia luz e nem o menos sinal de movimento. Ao longe se ouvia o gemido mais alto da tempestade.

— É só isso? – Kallil parecia desapontado.

— É noite Kallil, não dá para ver nada e mesmo assim esse lugar parece ser imenso.

— Acho que não ninguém aqui mesmo.

— Nisso você se engana forasteiro – ambos deram um pulo e se viram cercados por guerreiros de longos cabelos negros e corpos esguios empunhando arcos e flechas apontados diretamente para eles.

Nem um dos dois havia ouvido nada!

— Olha só estamos de passagem – Paul tentou apaziguá-los tremulo – Estamos apenas fugindo da tempestade.

— Já ouvimos muito dessa conversa – disse o mais alto deles dando um passo a frente e olhando-os à luz da tocha de Kallil – Vocês tem a marca das rosas em vocês! Quem são?

— Meu nome é Kallil e esse é Paul. Descobrimos há pouco tempo que somos filhos das rosas e irmãos. Fomos seqüestrados dos nossos pais há mais de vinte anos aqui perto do seu portão.

O homem chegou perto deles olhando de forma curiosa para Kallil e parou em Paul e ficou tão pálido que parecia que ia desmaiar.

— Kiamyen – murmurou ele – Como?

— Do que você me chamou? – Paul estremeceu com aquela palavra que de repente lhe parecia conhecida – Eu já ouvi ela antes...

— Kia filho prometido, Myen esperança – ele respondeu –É comum o nosso povo dar dois nomes aos filhos fusionando-os. Esse era o seu nome.

— Você sabe quem somos?! – Kallil estava tremulo.

— Você eu não estava tão certo, mas ele... – olhou para Paul – Ele é a cópia do meu irmão, Krinieh.

— Isso é impossível – Paul balançava a cabeça. Ele ainda não consegui acreditar que a sua vida era um mentira, que ele não era Paul, que tinha outro nome e outra família.

—Não, não é. São os caminhos do destino que o trouxe a nós – disse o outro – Meu nome é Atrenhre, seu tio.

— Eu não acredito! – Kallil estava tão feliz que a tocha tremia – Eu achava que você já não existiam mais!

— Estamos reclusos aqui desde que meu irmão foi morto. Nosso povo estava sendo massacrado pelos nômades atrás de dinheiro e escravos. Não somos um povo numeroso e nosso maior tesouro são as pessoas. Decidimos que era melhor ficarmos em nosso pequeno vale esperando que dias mais felizes chegassem – ele sorriu para Paul – E eles enfim podem estar chegando.

— Como eram os nomes dos nossos pais? – perguntou Kallil.

— Krinieh era meu irmão e seu pai gerador e Balnuem era seu outro pai. Procuramos vocês por semanas até que desistimos. Onde foram parar todo esse tempo?

— Isso é uma longa história – Kallil deu um grande sorriso para ele.

— Você não parece feliz – Atrenhere disse olhando para Paul que não conseguia esconder seu medo.

— Eu só não consigo entender isso. É demais para mim. Um dia eu sou um fazendeiro sem descendência, sem irmãos e com um pai que eu nem me queria mais lembrar e no outro descubro que não sou nada do que acreditava ser e do nada a minha nova família aparece! Desculpe se não levo muita fé no destino e tenho um pé atrás com essas coincidências.

— Entendo o seu medo, somos desconhecidos, mas eu gostaria que nos acompanhasse até a nossa vila. Lamento não lhes dar opção quanto a isso, perdi vocês um dia e não vou deixar isso acontecer novamente. Vamos uma tempestade está chegando.

Kallil estava feliz em acompanhá-lo, mas Paul queria mesmo era continuar a sua estrada e ir para casa, para seus filhos e para Mat. Olhou para o céu com lagrimas nos olhos se perguntando como estavam todos.


~~***~~

Ekbert havia cuidado de Waldrich e eles rumaram para um cânion de rochas não muito longe dali, de acordo com o mago o a estrada estreita que cortava as rochas dava perto de uma região entre Kotem, Gaulesh e os desertos de Altair, era ali que Paul, Gabe e Maleah iam encontrá-los. Como seu novo pai sabia disso, Mathew não tinha ideia, mas esperava que ele tivesse razão.

Durante o dia quente eles conversaram e o rapaz pode ver muito de Phil, Dylan a Katrina nele. O modo como ele franzia o cenho contrariado quando Ekbert o tratava como uma criança, seu trejeito de revirar os olhos quando tropeçava, seu tic de mexer as mãos o tempo todo como se não pudesse parar quieto, tudo isso lembrava um pouquinho cada irmão dele.

Waldrich contou sua vida, falando de sua solidão e de sua sede de vingança, de como tudo isso arruinou a sua vida e de como ele lamentava não ter ido atrás de casa um dos seus filhos há muito tempo.

Quando a noite chegou eles montaram acampamento e o mago criou um estranho fogo que queimava sem lenha e que Ekbert usou para fazer uma sopa com grãos secos e carne seca que ele trazia na mochila.

Mat foi até Capela que estava quieto em um canto e que não dissera uma palavra em todo o caminho.

— Tudo bem Capela?

— Só estou tentando entender tudo isso Mathew, parece loucura demais.

— Eu sei, imagina para mim.

— Alem disso eu estou me sentindo muito estranho. É como se algo faltasse dentro de mim, como se eu tivesse um buraco em minhas entranhas... – ele esfregou a testa em desespero – Deus eu não sei como explicar.

— Você é casado a um elfo – Ekbert falava enquanto cozinhava sem se preocupar com a cara feia de Waldrich por ele estar se metendo – Vocês são um agora. Enquanto não estiverem perto suas almas vão estar aos pedaços. Elos entre elfos são muito fortes, principalmente se você está lutando contra ele.

— Eu não estou lutando, só estou com medo de tudo isso – ele deu um suspiro raivoso – As nossas vidas viraram de cabeça para baixo em poucos dias não é?

— É – Mat riu – Mas acho que tudo fica mais fácil se aceitarmos o que está acontecendo. Maleah é uma boa pessoa e acho que você tem muito a ganhar com ele, mesmo que estejam sempre as brigas.

— Talvez seja hora de fazer isso. Eu só não sei como é que Maleah vai reagir, afinal ele ficou muito contrariado quando salvei a vida dele, o que é uma injustiça!

— Espero que não briguem todo o caminho para Haven.

— Eu não posso prometer, mas vou procurar não matar ele.

— Eu não vejo a hora de ver Paul, estou morrendo de saudades e afinal o nosso casamento está em andamento – olhou Waldrich que estava sentado perto de Ekbert – Você vai conosco não é pai? Tenho que ti apresentar a seus outros filhos.

— Mathew eu esperei tanto tempo para ser chamado de pai – ele deixou que duas lagrimas escorressem por seu rosto e ele as enxugou com a mão tremula – Mas receio que seus irmãos vão ter muita dificuldade de aceitar isso.

— Não se preocupe, vou conversar com eles.

— Mas há uma coisa que me preocupa – Ekbert correu os dedos entro os cabelos do mago fazendo Mat fechar a cara para ele – Onda anda aquela brucha da Alberta?

Waldrich estremeceu de raiva ao ouvir esse nome.

— Eu não consegui encontrá-la em lugar algum e isso está me preocupando – o mago segurou a mão do guerreiro com carinho – Mas acredito que mais cedo ou mais tarde ela vai fazer a sua aparição e quando isso acontecer estarei preparado.

Os olhos negros de Waldrich brilharam como a explosão de uma supernova.  

3 comentários:

  1. vc continua a me surpreender, amei.bjs lu

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  2. Dalla, descobri o teu blog neste momento e gostei imensamente. Parabéns. Dei uma lida neste capítulo e apreciei o post acima (claro, rsrs) e gostaria de saber como faço para ler - ter acesso - ao publicado anteriormente deste livro que aí está. Abraços e fico e volto aqui também para ver tua resposta.

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    1. Oi Ma Cristina. Que bom que gostou da minha história! Tenho outras. Para ver os capitulos anteriores basta ir até os arquivos do blog que ficam bem em cima à direita ou então clicar em Postagens mais antigas no final da página que você vai voltando pouco a pouco. Espero que se divirta batante! Beijos!

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