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quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Escravo - Capitulo 16 Sabendo Certas Verdades

                                                                             VALDI

Gostaria de agradecer a todos que visitam o blog por sua visita e por seus comentarios. Cada um de voces faz esse bolg e gostaria de dar um agradecimento especial a Sonhador que me deu uma ótima ideia sobre Valdi e pode apostar que vou arranjar para ele alguem maravilhoso. Beijos!



Capitulo 16 – Sabendo Certas Verdades



— Há! Há! – disse sentando na maca e olhando para Yaci e depois Abrahan – Muito engraçado vocês dois. Eu aqui achando que estou com uma doença terminal e vêem gozar com a minha cara.

— Mas é verdade – Yaci estava fazendo força para não rir.

— Palhaços! – resmunguei pronto para ir embora quando uma mulher saiu com meu médico.

Mulheres são raras em Aurifen e por isso mesmo muito valorizadas. Normalmente elas tinham mais de um marido por seu poder de procriação. Ela estava vestida com um jaleco azul, símbolo dos médicos do planeta e podia considerar ela uma mulher muito bonita com cabelos prateados curtos, olhos vermelhos sérios e corpo bem formado.

— Andrew não é? – disse ela olhando para alguns papéis – O médico que te atendeu me chamou.

— E a senhora é...? – sei que podia estar parecendo grosseiro, mas a brincadeira daqueles dois estava entalada na minha garganta.

— Geneticista e obstetra Dra Nateren Imere.

— Obstetra? – voltei para Yaci – A brincadeira de vocês não está indo longe demais?

— Não há brincadeira aqui senhor Andrew – disse a médica em tom cortante – Por favor, venham a minha sala.

— Eu não vou a sua sala enquanto não souber o que está acontecendo!  - emburrado cruzei os braços.

— Você vai para a minha sala agora ou eu vou chamar um guarda e mandar carregá-lo até lá! Certo!

— Certo – que mais eu podia dizer diante daquela mulher que parecia mais ameaçadora que o imperador?

A sala dela ficava ali perto e entramos os quatro. Era uma sala simples, com duas poltronas, a mesa dela e uma porta que dava para uma sala de exames.

— Muito bem – ela se sentou e pediu para que eu e Abrahan sentássemos – Eu vi o escâner do seu corpo senhor Andrew e o que ele me mostrou é deveras curioso. O senhor nasceu de uma manipulação genética, não é?

— É – disse de má vontade, ela não precisava me perguntar isso! Estava na cara em qualquer exame genético.

— Bem o senhor desenvolveu um ovário inativo, seria apenas um apêndice se alguém não o estimulasse a produzir um óvulo – ela ergueu a mão quando eu tentei falar – Deixe terminar! Seu corpo produziu um óvulo que foi fecundado e introduzido em um útero artificial em uma cavidade em seu abdômen.

— A... – foi um comentário brilhante da minha parte, mas me dêem um desconto! Como você estaria se recebesse a noticia que ia ter um filho.

— O feto tem cerca de quatro semanas. É ainda um amontoado de células, mas que logo vai se transformar em um embrião.

— Isso é um pesadelo, só pode ser – eu não estava pensando coisa com coisa.

— A senhora está me dizendo que isso foi provocado – Abrahan olhou para a moça que assentiu.

— Em teoria esta é uma técnica que pode ser usada em qualquer homem, mas as evoluções hormonais iriam impedir isso de acontecer, mas humanos manipulados podem ter o óvulo implantado em seu corpo sem que este o rejeite. Pelo que vi do escâner, o corpo dele está produzindo hormônios que ajudam seu organismo a não expulsar o feto.

— A senhora conseguiu a assinatura genética do feto? – Yaci parecia se divertir com aquilo.

— Sim, pertence ao príncipe Tiol.

— Não é possível! – eu gritei – Eu não sou uma mulher! Olha pra mim! Sou um homem! Eu não posso engravidar!

— Não sozinho Andrew – disse a médica com toda a sua paciência – Mas tudo foi fabricado para você ter este filho e seu corpo o reconhece, ele é parte de você agora. Isso não o torna menos homem.

— Tira de mim! Se for verdade tira de mim!

— Andrew! – Abrahan gritou para mim – Gerar a vida é um dom! nós não praticamos abortos em nossa cultura.

— Eu não sou assassina senhor Andrew! – a voz dela cortava como uma navalha bem afiada – E se tentar fazer algo com a criança vai ser julgado como assassino aqui em Aurifen.

— Eu não posso ter essa coisa comigo! – eu estava descontrolado e ia gritar novamente com ela quando Ian deu um tapa em meu rosto.

É isso mesmo, o pequeno Ian me deu um doloroso tapa para que eu voltasse ao mundo do bom senso.

— Você me bateu?! – eu estava pasmo.

— Olha o que você está falando Andrew! – disse ele em um só fôlego – Está tentando praticar um assassinato contra uma pessoa que nem mesmo pode se defender! Contra o seu próprio filho!

Eu podia ser muita coisa nessa vida, mas nunca matara ninguém e não sabia mesmo se teria coragem algum dia disso. O que Ian estava falando era certo, mas eu estava assustado e isso eles não pareciam notar.

— Eu não sei o que fazer! – gritei puxando os meus cabelos em total desespero.

— Ele consegue levar a gravidez até o fim? – agora Yaci parecia serio.

— Pode – respondeu a doutora – Devemos tomar cuidado e fazer consultas diárias, mas ele pode – ela me olhou com seus olhos frios vermelhos – Andrew você sabe como isso aconteceu? Quem fez essa cirurgia em você?

— Não, eu tenho idei... – de repente algo veio em minha cabeça – Mas eu tive um sonho esquisito, sonhei que estava em uma sala de cirurgias com um homem desconhecido e com o imperador e que eles faziam algo comigo e com outra pessoa.

— Devem ter usado algum calmante – disse ela balançando a cabeça – Eu ouvira rumores de uma pesquisa assim, algo que podia aumentar o numero da nossa população, afinal nunca conseguimos fazer clones ou mesmo manipular geneticamente os fatos para nasceram mais fêmeas. De acordo com os estudos isso acabara dando em nada, mas parece que o imperador continuou com a pesquisa e conseguiu seu especimen ideal para os testes.

— Eu não sou um rato de testes de laboratório! – disse indignado.

— Espere Andrew – Abrahan se virou para mim – Você disse que havia dois de vocês lá?

— Bem foi isso que ouvi do imperador.

Abrahan olhou automaticamente para Ian que arregalou os olhos.

— Eu não tive nem um sonho – disse ele vermelho.

— Vamos ver isso menino – disse Nateren se levantando e indo para a sala de exames.

— Tudo bem pequeno – disse Yaci se levantando e segurando a mão do outro – Eu vou com você.

Eles entraram na sala me deixando perdido ali.

— Andrew? – Abrahan fez um carinho nos meus cabelos e sorriu de um modo que iluminou seu rosto cansado – Eu estou muito feliz em ser avô, saiba disso.

— Porque ele usaria o esperma de Tiol em mim?

— Adamas acredita na supremacia de sua família. Ele nunca ia correr o risco de produzir uma criança deste modo que não fosse de sua família. Imagina o tipo de propaganda que ele podia fazer com o seu neto? Seria encarado como um deus e ele ia adorar. Ele sempre gostou muito de Yaci, seu herdeiro e de Tiol, seu filho mais parecido com ele. Valdi e Erant sempre foram deixados de lado e eu agradecia por isso, mesmo que preferisse que ele deixasse todos eles.

— Você os ama como seus filhos, não é?

— Quando eu fui obrigado a casar com Adamas, sua esposa morrera há apenas uma semana e Tiol tinha apenas um mês. Todos eles eram meninos assustados com um pai que parecia estar enlouquecendo e culpando a todos pela morte dela. Ele se transformou no monstro que é hoje, mas já foi um bom imperador.

Havia uma tristeza tão grande em seu rosto que o abracei e ficamos assim até a médica voltar com Ian e Yaci que tinham um sorriso bobo nos rosto.

— Não me diga... – olhei de Ian para Yaci.

— Vou ser pai! – o homem quase dava pulinhos de alegria e Ian parecia iluminado.

— Então Yaci é o pai de seu filho? – perguntei para Ian.

— É.

— Acho que devo agradecer ao meu pai por ter usado esperma da família para isso – disse Yaci sentando e colocando Ian no seu colo que passou o olhar com adoração.

— Bem eu quero ver os dois todos os dias e vou dar uma lista do que devem e do que não devem fazer e vão seguir a risca – disse a doutora digitando no computador.

— Precisa avisar Tiol Andrew – disse Yaci fazendo carinhos do companheiro que só faltava ronronar.

— Sabe o que ele vai fazer? Mandar eu me virar. Duvido que ele goste da noticia – responde com amargura.

— Dê uma chance a ele – disse Abrahan para mim.

O que mais eu podia dar?


~~***~~~


Devo dizer que a reação dele foi bem engraçada.

Quando voltamos para o apartamento Valdi, Erant e Tiol estavam ali fazendo planos para a viagem suicida de Valdi.

Tentei fugir rapidinho para o meu quarto, mas Yaci me segurou e contou tudo com aquele seu jeito direto que me dava vontade de bater nele.

Erant e Valdi adoraram a noticia que seriam tios, abraçando a mim e a Ian, mas Tiol ficou vermelho, verde e por fim um branco doentio. Olhava estático para nós e eu quase perguntei se ele era algum zumbi agora.

— Como ele pode me usar para uma experiência?

Ótimo! Ele estava indignado por que ELE fora usado por seu pai? E eu? Eu carregava o filho dele dentro da minha barriga e ele fazia de conta que nada estava acontecendo.

— Você? – gritei com ele – Seu saco egoísta de merda!

— Do que você me chamou? – ele havia se levantado possesso.

— Está com os ouvidos sujos Tiol? – reclinei-me no sofá olhando para ele – VOCÊ só pensa em VOCÊ! Nem passou pela sua cabeça que eu estou grávido, um homem numa situação das mais estranhas e com um filho SEU e você fica gritando que foi usado pelo seu pai? Eu preferia ter tido um filho de Valdi que é um homem de verdade e não de algo como você!

— Olha só como fala comigo escravo!

— Escravo a tua avó! – gritei no mesmo tom – Eu não sou mais escravo seu, sou um homem livre e se acabei ficando assim, ótimo! Agora eu tenho uma família e ela não precisa de um idiota insensível e que olha mais para o umbigo que a sua volta!

— Isso não é um filho! Não passa de uma experiência genética!

— Chega Tiol! – Abrahan havia se levantado muito contrariado – Você está falando do seu filho e por mais medo que tenha disso, agora ele é sua responsabilidade! Não adiante se esconderem atrás de gritos e acusações que isso não vai dar em nada. Cuide de Andrew e da criança que ele carrega com o amor que sei que você tem filho – Abrahan tocou no rosto do filho caçula com um carinho que ele não merecia – Pare de agir assim, por favor! Eu quero meu filho de volta Tiol. Aquele garoto alegre, que sempre estava pronto para iluminar o meu dia. Sei que ele não morreu que está dentro de você. Se continuar assim, só vai conseguir ficar só e amargurado e eu não quero isso para um filho meu.

Tiol olhou para o pai com lagrimas nos olhos e para mim com absoluto pânico. Tudo bem! Eu vivi sozinho a minha vida toda, não ia precisa r de alguém agora!


~~***~~~


Valdi ia partir naquele dia. Foram um mês de preparações nos mais ínfimos detalhes e um mês que eu queria esquecer.

Passei cada dia vomitando ou ficando tonto até que percebi que o lugar mais seguro para mim era a minha cama.

Tiol ainda me olhava como se eu fosse uma estrela super-nova pronta para explodir, mas ele começara há passar algum tempo comigo, acredito que por mais imposição da médica que de qualquer coisa.

Descobri que fetos aurifenses necessitam ter os dois pais junto dele. Ouvindo suas vozes e sentindo o calor deles. Assim Tiol massageava a minha barriga, primeiro automaticamente e depois de um tempo ele a olhava com carinho quando achava que eu não o via.

Eu não havia engordado nada que fosse significativo, mas isso ia começar depois do quarto mês, todavia no escâner ele aparecia se desenvolvendo.

Ver na tela era estranho e mais estranho ainda era saber que estava dentro de mim.

Já Yaci e Ian pareciam estar vivendo uma lua de mel eterna que um dia reclamei que ia ter uma over dose de açúcar com os carinhos e palavra melosas que trocavam, mas a verdade era que eu estava morto de inveja. Mesmo com Valdi, Erant e Abrahan ali para mim eu me sentia só, cansado e... (para o meu infinito desespero) carente. Eu botava a culpa nos hormônios, mas a doutora, com aquele seu jeito delicado, havia me dito que os hormônios que meu corpo estava liberando não afetavam o humor.

Estava na sala de comando, que conseguira passe livre depois de prometer a Erim que ia trazer Abrahan comigo. O chefe de revolução só faltava babar no consorte real, que o tratava com fria educação.

As telas estavam focalizando várias partes, mas em uma delas eu via duas naves atacando uma cidade cheia de neve.

— A central de comando aérea – disse Erim chegando perto de mim que estava sentando junto com Abrahan – Estamos atacando ela para criar distração suficiente para Valdi escapar.

— Ele vai ter que acelerar muito na atmosfera – Abrahan estava muito preocupado com o filho – Isso vai criar um rastro de fogo no ar.

— Em trinta segundos ele vai ser localizado mesmo, então privilegiamos a velocidade.

— Ainda acho que isso é uma loucura.

— Se houvesse outro modo Abrahan – Erim tentou colocar a mão no ombro do outro que logo fugiu ao seu toque – Infelizmente nós precisamos de ajuda aqui.

— Valdi está partindo – disse Tules para a sala que olhava para uma pequena nave sair como um raio do hangar que ficava em uma parte distante da cede da revolução.

A nave tinha o formato de um disco achatado de cerca de quinze metros de diâmetro por cinco de altura. Era uma nave de curso médio, para até mil anos-luz, mas era veloz e podia acelerar muita rápido e era com isso que contávamos.

Não tínhamos comunicação com Valdi, pois as ondas de radio podiam ser localizadas.

Vimos ele queimar a atmosfera tal a sua velocidade e também quando um enxame de naves menores a perseguia quando estava saindo da mesosfera do planeta e depois disso nada mais podemos captar.

Deus eu esperava que ele estivesse bem, mas eu tinha as minhas dúvidas com tudo aquilo atrás dele.

— O merda – xingou Tules olhando para a tela onde as naves atacavam o centro de controle aéreo de Aurifen.

Abatidas, eles caíram para o solo como bolas de fogo. Os caças do governo nem mesmo havia esperado eles saírem fora da cidade que cercava o centro, agora as casas em volta ardiam em centenas de pontos onde pedaços e combustível haviam caído. Os pilotos não conseguiram ejetar e deviam ter morrido do um jeito terrível em meio a todo o fogo.

Era a primeira vez que eu via a guerra nua e crua na minha frente e não pelos relatos de outras pessoas e eu juro que não queria ver mais.

Pensar naquelas pessoas queimando vivas e de como o governo nem mesmo se importava com a população lá embaixo havia deixado meu estomago embrulhado e meus olhos ardendo.

Algumas pessoas choravam e um rapaz que manipulava alguns computadores eram amparado por Tules. O rapaz era noivo de um dos pilotos das naves que haviam dado a vida em uma tentativa desesperada de Valdi conseguir ajuda.

— Andrew, vamos – Abrahan me puxou para fora da sala e antes que percebesse eu caíra em seu braços chorando.

— Odeio isso – gemi para ele.

— A guerra é algo terrível Andrew. Os governantes brigam e o povo sofre.

Antes que respondesse algo sacudiu a base até os alicerces e se Abrahan não estivesse me segurando eu tinha ido ao chão como muitas pessoas a minha volta.

Segundos depois sirenes começaram a tocar enlouquecidas e eu participara de treinamentos suficientes para saber ao que aquilo significava: a base estava sendo atacada!


2 comentários:

  1. As emoções estão atingindo níveis máximos agora!
    Está muito boa a história!
    Obrigado por aceitar a ideia sobre o Valdi!!!
    Aguardo ansioso pelos próximos capítulos!
    Até mais!

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  2. Que emocionante!!!!
    Estava que no aguentava mais.
    Adora esta historia estava esperando este cap.
    Te agradeço dallas32 por nos presentiar com esta historia emocionante.
    Muito obrigada.

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