Capitulo 15 – Intermezzo1
Depois de estar algumas horas
trancado Ian foi me ver. Ficara chorando como um idiota e meus olhos estavam
vermelhos e inchados, me sentia um caco.
— Andrew se quiser conversar... –
Ian disse naquela sua voz mansa que de algum modo conseguia acalmar um pouco os
meus nervos.
— Não agora, Ian.
— Tudo bem – ele acariciou os meus
cabelos – Mestre Yaci conclamou a população contra o atual Imperador.
— O que? – sentei-me na cama de
supetão – Como foi isso.
Ian começou a sua história e eu usei
a minha imaginação novamente...
~~***~~
Yaci depois que deixou Ian no
alojamento foi procurar Erim Gnare que estava em uma parte do complexo onde
ficava o centro de comando.
Era uma imensa sala circular cheia
de telas e computadores, pessoas iam e vinham, mas quando o príncipe entrou
pararam para inclinar a cabeça para ele em sinal de respeito. Yaci não esperava
isso vindo dos revolucionários, mas gostou da demonstração de respeito deles,
mostrando que podia ser mais fácil lidar com a situação se eles não
desconfiassem dele a cada segundo.
Foi até Erim que estava em uma mesa
em um canto com um homem alto e vestido de negro que observava um mapa em 3D
holográfico na mesa. Era a representação da capital econômica e arredores até o
castelo do Imperador.
— Ola Yaci – disse o ex-jardineiro
sorrindo – Este é Uliam Soltec, meu segundo em comando.
Uliam inclinou a cabeça para ele e
Yaci fez o mesmo em sinal de respeito deixando o revoltoso pasmo. A nobreza não
costumava mostrar respeito por pessoas do povo.
— É um prazer Uliam – disse ele e
voltou seus olhos para o mapa – O que estão procurando?
— Na verdade estamos olhando a
movimentação do seu pai – respondeu Erim – Desde que vocês sumiram ele não
lançou uma ordem de busca, mas suas tropas estão se deslocando para as capitais
do império. Ele fechou Tvs e rádios por todo o planeta e começou a controlar as
mensagens via satélite. A lua Aurilien está praticamente isolada com proibição
da saída de qualquer nave de lá. Há naves em prontidão fora do mundo e as principais
cidades estão com lei marcial.
— O que ele está fazendo? – Yaci
resmungou debruçando-se sobre o mapa.
— Imaginamos que ele esteja se
preparando para a guerra – disse Uliam olhando o príncipe que franziu o cenho
contrariado.
— Eu não esperava por uma reação tão
rápida dele – disse Yaci.
— Temos que contratacar logo – disse
Erim – Seu pai controla os satélites, mas conseguimos invadir a rede de
computadores a assim ter uma brecha. Vai durar poucos minutos, mas podemos usar
de tudo desde as redes domesticas de TV até mesmo as comunicações do exército –
colocou a mão no ombro de Yaci – Para isso Yaci eu preciso de você. Preciso que
seja você a se comunicar com os aurifenses, a conclamá-los e se revoltarem
contra o Imperador.
— Isso não vai ser tão fácil, mas eu
tenho certeza que uma parte dos militares vai estar do meu lado.
— Você tem alguem lá dentro? –
perguntou Uliam.
— Sim tenho e acho que podemos
usá-lo bem. Ele pode começar a mostrar o caminho da revolução para aqueles que
querem e tentar tirar da linha de fogo a população de inocentes.
— Você sabe que isso não vai impedir
que a guerra mate, Yaci – disse Erim serio – Infelizmente vamos ter que
enfrentar a morte muitas vezes enquanto procuramos derrubar o imperador.
— Isso não vai me impedir de tentar
Erim. Eu não seria melhor que o meu pai se não procurasse salvar o máximo
possível de vidas.
— Acho que escolhi certo – disse
Erim sorrindo colocando a mão no ombro dele – A transmissão está pronta para
você. Assim que se preparar podemos iniciar.
— Eu estou pronto!
Eles foram até uma parte da sala
onde havia um grande aparato de computadores e onde um rapaz de prateados
cabelos curtos manipulava com os fones de ouvido.
— Tules – Erim colocou a mão no
ombro do outro que olhou para eles com belos olhos castanhos mostrando que era
um mestiço – Esse é o príncipe Yaci e ele vai usar o tempo que você nos
conseguiu com o satélite.
— Principe?! – Tules deu um pulo
derrubando os fones –Meus deuses me desculpe! – ele se inclinou fazendo
exageradamente tropeçando no fio do fone.
— Está tudo bem Tules! – Yaci riu
segurando o ombro do outro.
— Me disseram que você estava aqui,
mas eu achei que era só fofoca. Eu não acredito que o herdeiro do trono está
aqui e vai se juntar a revolução! Isso é tão legal!
— Tules por favor – Erim revirou os
olhos – Assim você sufoca ele e alem do mais não temos muito tempo.
— Está bem, está bem – resmungou o
rapaz puxando o fone do chão e enroscando todo nele fazendo Uliam bufar
irritado e o outra lhe mostrar a língua.
— Nossa como você é maduro Tules –
resmungou Uliam contrariado.
Finalmente o outro conseguiu se
desembaraçar dos fios e sentar começando a manipular os computadores como uma
velocidade que deixou Yaci tonto.
— Pronto príncipe – disse ele se
voltando para Yaci – É só apertar este botão e olhar para a pequena tela à sua
frente que a transmissão vai começar. Vai durar cerca de cinco minutos, mais
que isso pode revelar a nossa localização.
Yaci olhou para a tela onde um
relógio digital no canto superior estava parado. Respirou fundo ciente que
estava dando um passo gigantesco, um o passo que ia levar o seu mundo a uma
guerra generalizada se fosse bem sucedido.
Apertou o botão colocando e ergueu o
queixo para a tela.
— Aurifenses, vocês me conhecem como
o príncipe Yaci, herdeiro do trono de Aurifen. Meu pai, o imperador, está
levando o nosso mundo a ruína e cada um de vocês já percebeu ou sentiu isso. Ele
não aceita ser legitimado pelo povo, pois sabe que ele não é aceito por vocês. Durante
toda a nossa história o povo legitimou seus governantes e estes respeitaram o
povo, mas Adamas não fez isso! Ele desdenha da vontade de vocês, ele desdenha
dos seus direitos! Olhem para o nosso belo mundo e me digam se ele está bem, se
está prosperando. Nossa economia está cada vez mais frágil, nossa política é
está nas mãos de um só homem! Nem mesmo os conselheiros do povo ele admite ter!
Levantem aurifenses contra isso! Eu estou pronto para ir com vocês combater o
meu pai, restabelecer a ordem e aceitar a vontade do povo pelo voto de
legitimação. Para isso me uni a revolução que não quer mais nada que os seus e
os nosso direitos sejam respeitados e o nosso mundo siga em frente na sua
antiga glória. Eu e meus irmãos e mais Abrahan The Araty, consorte do meu pai
estamos unidos para que isso aconteça – ele se aproximou da tela – Vocês tem
direitos que devem ser respeitados. Cada um de vocês é se suma importância para
o nosso mundo e estou falando dos aurifenses, dos humanos e dos mestiços que
devemos parar de tratar como escravos ou simples restos de um povo. Eles também
são aurifenses! Por tudo isso lutem! Lutem pelo nosso mundo! Lutem por seus
direitos! Lutem sua liberdade!
Yaci encerrou a transmissão alguns
segundos antes de o relógio bater cinco minutos. Ele se inclinou para o painel
cansado e sentindo um enorme peso nos ombros. Quantas vidas iam ser perdidas
com isso?
De repente a sala se encheu de
palmas. Cada pessoa que estava ali batia palmas para o príncipe e tinha um sorriso
nos lábios.
— Por Aurifen! – gritou um rapaz e
logo todos gritavam.
— Você fez o certo – Erim colocou a
mão no ombro dele.
— Acho que não há certo ou errado
nesse caminho Erim. Todos os caminhos vão para a guerra e a guerra nunca é algo
certo.
~~***~~~
— Foi um belo discurso – disse Ian
com os olhos brilhando.
— Eu nunca vi uma guerra, mas li
sobre elas – sentei abraçando os joelhos – Eles são terríveis.
— Há outro caminho?
— Eu não sei Ian. Não pertenço ao
governo ou algo assim. As vezes eu só queria ficar quieto em um canto e ver se
eu desapareço com o tempo.
— Andrew você está estranho. Sabe,
uma das coisas que me chamou a atenção quando o conheci foi a sua tenacidade,
sua força. Por favor não perca isso.
— A vida, pelo menos a minha, parece
tão vazia Ian. Não há nada no meu futuro pra mim me segurar.
— Então vamos nos segurar no
presente. Viver um momento de cada vez e por mais clichê que isso pareça ajuda
a seguir em frente.
Olhei de lado para ele sorrindo
fracamente.
— Você não vai me deixar desistir
não é?
— Pode apostar que não! – ele deu um
sorriso – Olha temos uma cozinha e eu trabalhei em um restaurante antes de ser
vendido como escravo. Que tal fazermos o jantar?
— Eu na cozinha? – balancei a cabeça
– Sou o maior desastre natural perto de uma panela Ian.
— Então está na hora de resolvermos
esse problema! Lave o rosto e me encontre na cozinha, vou chamar o Abrahan para
ele não ficar sozinho no quarto.
Deu um pequeno sorriso quando ele
saiu pensando no que teria acontecido se não estivesse ali. Levantei logo não
querendo pensar nisso.
~~***~~
Não vi os príncipes por dias e
estava ficando sufocado de ficar ali trancado. Ian não parecia ter esse mesmo
problema, sempre alegre cuidava para que nada faltasse a mim ou a Abrahan, mas
eu percebia a sua tristeza, ele sentia falta de Yaci.
Depois do que acontecera eu
simplesmente procurava não ficar pensando em Tiol, mas eu não podia impedir
Abrahan de falar dele. De acordo com o antigo consorte real, Tiol havia se
juntado aos irmãos na luta contra o pai e pelas noticias que víamos na TV,
mesmo censuradas pelo governo a coisa não estava boa.
Uma parte da população havia ouvido
Yaci e exigido as eleições, mas o Imperador havia mandado demolir a Assembléia
do Povo, uma prédio antigo onde os representantes do povo promoviam discussões
sobre Aurifen e sua política. Fora a gota d’água para o povo, mas os militares
ainda estavam do lado de Adamas e isso enfraquecia muito o povo.
Os revolucionários haviam conseguido
mais adeptos e Yaci junto com Erant haviam lhes fornecido armas das próprias
forças armadas. Yaci tinha os códigos dos arsenais e o Imperador havia
esquecido este detalhe e antes que os códigos mudassem três arsenais haviam
sido saqueados.
Valdi tentava conseguir ajuda da
Federação da Terra, mas com as comunicações cortadas eles tinham que usar satélites
locais para a transmissão o que restringia o seu alcance.
— Vou tentar sair do planeta – disse
Valdi em um dia que estava comendo conosco.
— Seu pai não está bloqueando todo
espaço aéreo? – perguntei preocupado.
— Há uma pequena brecha que os técnicos
da revolução conseguiram, uma janela por assim dizer, que vai me manter invisível
por alguns minutos.
— Meu filho – Abrahan andava pálido
e abatido – Isso não vai impedir eles de localizarem a nave assim que sair do
solo.
— Vamos criar alguma distração –
disse Yaci entrando na cozinha e sorrindo para eles.
— Mestre! – Ian parecia que ia
derreter na cadeira.
— Mas isso é um tiro no escuro como
fala em meu mundo – voltei-me novamente para Valdi – A Federação não se envolve
com problemas internos dos mundos.
— Mas vai me ouvir quando souber
como os humanos são tratados aqui em Aurifen.
— Epâ! A Terra não vai intervir com
humanos interiores Valdi, vai colocar a sua vida em risco á toa.
— Precisamos tentar – disse ele me
olhando decidido – Eu conheço um pouco sobre os humanos da Terra e sei que são
pessoas prontas para ajudar aqueles que precisam.
— Mas Andrew está certo – disse Abrahan
– A Terra não pode correr o risco de se meter em assuntos internos dos mundos
ou a Federação vai acabar por controlar a vida de todos os mundos.
— Eu tenho que tentar pai.
Abrahan deu um longo suspiro
percebendo que tinha perdido a batalha, mas ele ainda tinha um olhar muito
preocupado e triste.
Olhei para o meu prato com a sopa de
carne e de repente aquilo parecia asqueroso e antes que me desse conta minha
boca se encheu de água e eu corri para o banheiro do meu quarto pondo tudo que
tinha no estômago para fora.
— Andrew? – Ian e Abrahan estavam do
meu lado enquanto eu estava sentado no chão suando frio.
— Acho que não me caiu bem a sopa –
tentei fazer graça, mas a verdade é que eu me sentia mau demais para isso.
— Precisa ver o médico da base –
Yaci se juntou a turba e contrai o rosto com raiva – Sem manha Andrew! Estamos
em um ambiente fechado onde dez mil pessoas moram. Qualquer coisa pode ser
contagiosa e isso pode ser um desastre.
Eu idéio médicos, será que já disse
isso? Eu odeio médicos e fim de papo.
Odeio ser apalpado, picado e todas
as sandices que essas pessoas fazem conosco, por isso não me culpem se depois
de uma hora eu estava deitado na maca de péssimo humor com Ian rindo de mim.
Abrahan apareceu saindo da sala do
médico tão branco que eu quase sai da maca e mandei ele sentar.
— É tão ruim assim o que tenho? – em
um tempo onde quase todas as doenças tem cura fiquei realmente preocupado.
— Depende – Yaci saiu da sala também
pálido, mas havia um ar de riso em seu rosto.
Ei! Eu estou doente! Baixa um pouco
a bola.
— Andrew você está grávido!
~~***~~~
1Intermezzo: Breve espetáculo entre
dois atos de um drama ou de uma ópera.
Pequeno trecho que separa as partes principais de uma composição musical.
Pequeno trecho que separa as partes principais de uma composição musical.
Usei a expressão por achar que cabia
bem no capitulo que pode ser considerado o meio da fic e onde Andrew recebe uma
noticia que vai mudar a sua vida.
Olá! Puxa, essa postagem demorou! Fiquei aguardando, mas valeu a pena! Muito legal...
ResponderExcluirHey, o Valdi vai sair de Aurifen e correr um risco de morte??? C-o-m-o a-s-s-i-m???
Seria pedir demais se vc incluísse um agente da Federação, ou um mercenário inter-galático que se apaixone pelo Valdi quando ele estiver nessa missão-suicida e que ajude ele na guerra terminando feliz para sempre com o mais atraente e gentil dos príncipes aurifenses???
Ok, já deu pra perceber que eu sou fã dele, né! hahahahahahaha
Enfim, brincadeira... Não tenho o direito de interferir na sua história!
Muito obrigado por mais esse post. Andrew gestante foi a melhor parte, mas me resta uma dúvida... Em um dos capítulos Andrew diz que ele geneticamente teria sido uma mulher, mas os avanços científicos permitiram que ele fosse modificado e nascesse homem. Mas se ele está grávido, significa que ele ainda possui útero e produz óvulos? E sendo assim, ele não deveria menstruar?
Bom, desculpe tantas perguntas... Se puder responder, agradeço...
Obrigado por mais um capítulo, aguardo os demais..
Até o próximo post!
Que maravilha!!!essa história tá cada vez mais emocionante!Você vai me deixar louca de curiosidade, só quero ver a reação do Tiol quando souber da novidade!!LOL
ResponderExcluirBEIJOS, APRECIO DEMAIS SEU TRABALHO!