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domingo, 3 de junho de 2012

Capitulo XXV - Caminhos do Destino


Capitulo XXV

A História de Waldrich


Castelo de Veldorah, Lakina, vinte e sete anos atrás...

Waldrich pulou o muro do castelo fugindo mais uma vez dos instrutores que seus pais haviam lhe arranjado. Sabia que tinha o dom da magia e que deveria estudar, mas achava tão chato ficar horas e horas repetindo formulas, que sempre dava um jeito de enlouquecer seus preceptores. Sentiu uma dor no coração ao lembrar que Ekbert ia ficar preocupado.

Ekbert era seu guarda pessoal desde que completara quinze anos e havia entrado na fase de gerador, como era chamada a puberdade dos duos. Com a capacidade de gerar filhos seus pais tinham medo de que ele desonrasse a sua família. Eles sempre haviam mostrado vergonha por ter um duo como filho caçula e faziam o possível e o impossível para afastá-lo das pessoas da corte de Lakina.

Entrou na mata próxima sentindo o mundo de sensações que chegaram até ele. O cheiro das arvores e das flores dos cipós, o calor úmido tocando a sua pele vindo do fundo da mata onde corria uma riacho, o som dos animais correndo, voando e rastejando e a beleza que era cada recanto da mata particular do castelo de Veldorah.

A floresta ia até a fronteira com Gaulesh, o reino que vivia em constante guerra com Lakina e ele nunca havia entendido o porque. Naquele época os dois reinos haviam preferido se ignorar, Waldrich sabia que o Grande Rei de Gaulesh era um homem muito dado com o dinheiro, sabendo administrar um reino como ninguém.

O povo o adorava, mas as fofocas na corte de Lakina diziam que Máder não passava de um promíscuo em sua vida privada, mantendo escravos nos porões do castelo mesmo sabendo que era proibido ter escravos em Gaulesh há varias gerações. As más línguas diziam que até mesmo sua esposa Alberta gostava das senas de sadismo de Máder, mas Waldrich não acreditava em nada do que diziam.

Ele tinha esperança que quando seu irmão fosse o rei finalmente eles podiam assinar uma tratado de paz e acabar de uma vez com aquela guerra sem sentido.

Deixando de lado esses pensamentos e estirou os músculos e lançou um feitiço em si mesmo:

— Conversus mea ordinem!

Imediatamente parecia que uma névoa encobria o menino e de repente quando ela se foi ali estava um belo lobo branco. O animal balançou seu corpo e deu um pulo para frente como se estivesse alegre por estar vivo.

Ninguém sabia que ele havia dominado a magia da transmutação. Havia roubado um velho livro da biblioteca que continha antigas ordens e fórmulas em uma língua há muito morta, a língua era latim.

Assim que conseguira decifrar a escrita entendera que ali estavam livros mais antigos que a grande catástrofe, livro da aurora dos tempos de uma humanidade da qual pouco se sabia.

Procurou por mais achando muitos livros velhos que haviam sido acumulados ali por gerações e gerações sem que ninguém se desse o quanto eram preciosos e cheios de poder.

Na sua forma animalis, como o livro chamava, ele começou a correr pela mata sem se importar onde ia, apenas gostando de ser livre e de não ser ele por algum tempo.

A sensação de liberdade era maravilhosa e ele teria sorrido se pudesse, mas parou de repente percebendo que havia extrapolado a fronteira entre os reinos sem querer. Preocupado olhou em volta, mas a curiosidade venceu. Que tal se ele fosse dar uma olhada no castelo do rei de Gaulesh?

Latiu alegre, mas em sua alegria não viu a rede que foi jogada nele. Ganindo tentou se desvencilhar o que só fez ele ficar ainda mais enrolado. O rosto de um homem alto e desconhecido entrou em seu campo de visão. 

— Muito bom – resmungou ele embrulhando o lobo sem dar a menor chance de fuga e o jogou no ombro.

Waldrich choramingou de medo e desespero. Ia ter que voltar a forma humana na frente deles e explicar porque um habitante e Lakina estava rodando pelas terras de Gaulesh.

— Quem vem lá! – um grupo de soldados a cavalo entrou na frente do caçador que aos resmungos respondeu, mas levou uma reprimenda.

— Fale direito na frente do rei!

Waldrich não podia ver, mas o homem caiu de joelhos apavorado e começou a murmurar desculpas e pedidos de piedade.

— O que você tem ai? – perguntou alguém com uma voz forte.

— É um belo lobo branco meu rei. Eles são muito raros e se quiser ele lhe pertence.

— Agradeço bom homem.

Waldrich foi novamente levantado e ele viu o grupo de soldados, mas não consegui ver muito mais alem do emaranhado da rede.

Foi levado por um soldado que galopou veloz junto com o grupo para um belo castelo que ficava perto de uma vila.

Eles entraram e o homem de voz potente mandou que ele fosse levado para dentro. O chefe da guarda falou algo, mas o outro retrucou contrariado.

— Faça o que estou mandando!

Ele foi novamente carregado para dentro de uma castelo luxuoso até um quarto muito belo apesar dele não poder ver cores nessa forma ele admirou o luxo e requinte. Foi deixado no chão em cima de um tapete e o soldado saiu deixando ele só com o homem que inda se mantinha oculto.

— Por que não volta a sua forma humana para que possamos conversar? Conversar unilaterais só são bem o meu estilo.

Waldrich estremeceu em sai pele de lobo. O outro sabia que ele não era um lobo, mas como? Não sabendo mais o que fazer, começou a se transformar enrolado na rede.

Voltando a sua forma humana a tela a sua volta foi cortada e ele pode olhar para o seu captor e ficou vermelho ao se ver diante de um belo homem. Ele era alto, de ombros largos, cabelos castanhos curtos, rosto magro e de incríveis olhos violeta. Uma cor tão inusitada quanto o homem perto dele.

— Não é melhor assim? – ele sorriu estendendo a mão para o menino que levantou tremendo – Sou Máder McGives.

— Como você sabia?

— Sobre seu animalis? Eu sei reconhecer uma aura de magia à volta das pessoas.

— Pensei que ninguém conhecia essa magia.

— Alguns – ele voltou a sorrir ficando ainda mais belo – Que tal beber algo e você me conta um pouco de você?

— Eu preciso voltar para casa!

— Vai ser rápido – ele foi até uma mesinha colocando um liquido rosa em um copo – Você é um duo, não?

— Sou – ele achava que era melhor ser honesto com aquele homem diante dele.

— Isso é muito interessante – ele lhe deu o cálice de licor de cerejas – Waldrich de Lakina!

— Você sabe que sou eu? – ele estava ficando com medo.

— Eu o vi quando fui uma única vez em seu reino. É verdade que foi ao longe e que seu irmão foi quem me disse quem era você.

— Eu me lembro – ele bebeu o licor – Foi em uma festa há dois anos e eu dei uma chegada no corredor para ver para o horror de minha mãe.

— Você já era um menino lindo, assim como está virando um belo homem – disse Máder deixando o rapaz vermelho de embaraço.

— Hã, brigado – ele se sentia estranho, aquecido e sonolento – Eu preciso ir senhor Máder...

— Só Máder, meu lindo duo – disse o rei se aproximando.

Waldrich tentou se afastar, mas suas pernas falharam e sua mente parecia cheia de algodão. Ele não conseguia pensar e logo desmaiou.

Máder colocou o príncipe do reino de Lakina da sua cama olhando o belo corpo magro e sem pelos do duo. Seus cabelos eram dourados e olhos de um negro maravilhoso.

— O que é isso? – Alberta entrou no quarto e olhou para p menino ali deitado.

— Acho que a sua barriga de aluguel minha querida.

— Um duo! Máder era mais fácil uma mulher!

— Você sabe que eu não gosto de mulheres. Com ele posso ter momentos de prazer e ainda filhos.

— Muitos duos são estéreis!

— Se ele o for só o mantenho para meu prazer até que me canse dele e o mate.

— Bem se isso vai dar o herdeiro que quero não ligo – a bela mulher sentou em frente a uma penteadeira arrumando seus cachos – Mande ele para a torre e saiba que quero ver.

— Você sempre vê, porque não participa?

— Não gosto de sexo Máder, mas eu gosto de ver o sofrimento quer você deixa neles, isso me excita.

— Tudo bem, quem perde é você! – Máder deu de ombros.

Ele gostara de Alberta, sabia que a mulher só estava interessada em poder e riqueza, alem de status social. Eles haviam feito um acordo antes do casamento, que Máder podia continuar suas orgias e ela podia ter o poder que queria.

Durante aqueles dois anos eles haviam tido uma vida perfeita até que a corte começou com as fofocas sobre eles não terem filhos e ai começou o problema.

Alberta não aceitava ser penetrada nem para procriar e Máder se enojava em pensar fazer sexo com uma mulher. Haviam procurado duos, mas não haviam encontrado ninguém que fosse do agrado de Máder... até agora.



Havia um corpo em cima de Waldrich, um corpo quente e suado que ofegava e a dor, também havia uma dor que rasgava seu corpo e ele percebeu que estava sendo penetrado de forma dura. Queria gritar por socorro, queria brigar, mas seu corpo não se mexia. Apenas suas pálpebras podiam piscar.

A pessoa em cima dele grunhiu e gozou enchendo ele com seu esperma quente e caiu de lado na cama ofegante. Pasmo          o rapaz viu que era Máder que estava ali deitado com cara de satisfeito e cor suor escorrendo pelo rosto bonito.

— Ele acordou Alberta – disse ele rindo para uma pessoa que estava alem do campo de visão de Waldrich.

— Você está ficando velho ou o que? – havia riso na voz feminina – Acabou tão depressa como um adolescente.

— Ora, mas eu já estou pronto para outra!

— Vá logo! Eu quero ver e estou ficando cansada de segurar esse moleque com meu feitiço.

— O seu dispor minha rainha!

Máder foi para cima dele novamente e o tormento recomeçou, mas dessa vez pareceu durar mais com um rei mais agressivo empurrando seu falo dentro dele sem piedade. Quando tudo acabou Máder caiu de lado novamente e começou a cochilar, mas Waldrich ainda não se mexia.

Alguém caminhava até ele e de repente sentiu seus cabelos serem puxados e o belo rosto de uma moça entrou em seu campo de visão.

— Acho que você vai me dar um belo herdeiro! – sua risada maníaca ecoou no quarto de pedra.



Waldrich estava em uma alta torre guardada por criados mudos. As janelas eram gradeadas e a porta aberta apenas por Máder ou Alberta. A comida vinha por uma pequena abertura e ninguém nunca atendeu as suas súplicas.

Ele tinha um bom quarto com lareira e banheiro e logo aprendeu que o rei gostava dele bem limpo na hora do sexo ou ele apanhava muito.

Havia descoberto que ali a sua magia não funcionava. Nada do que ele tentava dava certo até que Alberta dissera rindo que ela era uma grande maga e colocara um bloqueio em torno de toda a torre, ele nunca ia poder fazer magia ali dentro.

Gritou e chorou semanas até perceber que não ia ser salvo, que era um cativo e três meses depois começou a se sentir mal, enjoado e cansado e um dia Máder veio acompanhado de um homem desconhecido que fez perguntas estranhas e logo se virou para o rei dizendo que ele estava grávido.

Waldrich não podia acreditar que já estava esperando um filho daquele maldito homem.

Durante oito meses Máder não chegou perto ele sexualmente, apenas ficava ali acariciando a sua barriga e num dia de tempestade ele entrou em trabalho de parto dando a luz a um lindo menino que na mesma hora foi entregue a Alberta que ria de felicidade.

O rapaz nunca havia sentido uma dor maior em sua vida. Seu filho, seu menino que ele havia carregado por nove meses na verdade não lhe pertencia.

— Chegou a hora de matar ele – disse Alberta fria para Máder que embalava o bebê.

— Não Alberta – Máder olhou para o rosto banhado de lagrimas de Waldrich enquanto era limpo pelos criados mudos – Eu gosto de transar com ele e alem do mais assim não vou atrás de outros garotos. Eles não duram muito e estão ficando escassos.

— Faça o que quiser Máder – Alberta deu de ombros – Já tenho o meu filho o resto não me interessa.

Depois disso Waldrich começou a se tornar extremamente selvagem, arranjando e esmurrando Máder, que contrariado começou a usar afrodisíacos nele e quando estes perderam o efeito ele tinha que ser acorrentado para que o rei desfrutasse dele.

Três anos depois ele estava grávido de novo e Waldrich não conseguiu tirar a vida daquele pobre feto como quisera no inicio.

Ele nunca soube como ele fez Alberta aceitar a outra criança, um menino novamente, mas ela não só ficou com ele como com a menina que teve no outro ano. Ele não vira mais Alberta depois de ela ter roubado seu filho.

Os anos continuaram a passar e ele olhar o mundo pelas grades de sua prisão. A única coisa que o mantinha vivo era sua vontade de matar Máder e Alberta e ele tinha esperança de que isso um dia acontecesse.

Muitos anos depois, ele não sabia quanto, ficou grávido para o seu desespero. Achava que tinha secado, mas pelo visto ainda não.

Naquele dia Alberta invadiu sua prisão durante a sessão de sexo de Máder.

— Eu não quero outra criança Máder!

— Não dá para esperar eu gozar mulher – gemeu o rei metendo ainda mais fundo seu pênis no homem em que Waldrich havia se transformado e logo enchendo seu canal com o seu maldito sêmen – Pronto – ele se virou para ela saindo de dentro do outro que encarava tudo de modo apático – O que você quer?

— Ele está grávido e eu não vou aceitar cuidar de mais nem uma de suas crias!

— Sabe que eu não vou mandar matar meu filho Alberta! Se você não vai cuidar vou dar ele para os criados, mas eu não vou matar ele.

— Você está com peso na consciência Máder? Polpe-me vai! Você é tão ou mais inescrupuloso que eu, alem do mais esse ai precisa ir para Lakina! Com a morte do irmão dele quem vai acabar governando é aquele primo dele sedento de poder! Não para esperar a gestação!

— Pois vamos esperar a gestação e fim de papo! Depois disso você pode jogar sua magia em cima dele e o mandar governar Lakina do jeito que você quiser!

— Você é um idiota!

A rainha saiu gritando e Máder foi atrás dela sem se preocupar com sua nudez.

Seu irmão estava morto? E seus pais? Mas Waldrich estava cansado demais para pensar em qualquer outra coisa, virou-se e dormiu.

Máder cumpriu o que disse e esperou seu filho nascer para apagar suas memórias e o deixar na estrada para Lakina, o que a maldita rainha não sabia era que o feitiço da memória não funcionava em outros magos.

Cambaleando ele andou pela estrada olhando tudo com um imenso desinteresse quase que com vontade de voltar para a sua torre.

— Parado ai! – uma voz forte e rouca gritou atrás dele e virou-se olhando para um homem lindo, com lindos músculos salientes, o corpo raspado de pelos e algo como óleo tinha sido passado em sua pele bronzeada – Wal...

— Ekbert – disse ele com a voz rouca que era pouco usada.

— Waldrich! – o guerreiro caiu de joelhos perto dele com lágrimas escorrendo por seu rosto – Meu Deus onde você esteve?

— No inferno! – disse simplesmente o mago e voltou a andar apático pela estrada.

Ia subir ao trono e um dia Máder e Alberta McGives iam pagar por tudo que haviam feito a ele.


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