Capitulo XXV
A História de Waldrich
Castelo de Veldorah, Lakina,
vinte e sete anos atrás...
Waldrich pulou o muro do castelo
fugindo mais uma vez dos instrutores que seus pais haviam lhe arranjado. Sabia
que tinha o dom da magia e que deveria estudar, mas achava tão chato ficar
horas e horas repetindo formulas, que sempre dava um jeito de enlouquecer seus
preceptores. Sentiu uma dor no coração ao lembrar que Ekbert ia ficar
preocupado.
Ekbert era seu guarda pessoal
desde que completara quinze anos e havia entrado na fase de gerador, como era
chamada a puberdade dos duos. Com a capacidade de gerar filhos seus pais tinham
medo de que ele desonrasse a sua família. Eles sempre haviam mostrado vergonha
por ter um duo como filho caçula e faziam o possível e o impossível para
afastá-lo das pessoas da corte de Lakina.
Entrou na mata próxima sentindo o
mundo de sensações que chegaram até ele. O cheiro das arvores e das flores dos
cipós, o calor úmido tocando a sua pele vindo do fundo da mata onde corria uma
riacho, o som dos animais correndo, voando e rastejando e a beleza que era cada
recanto da mata particular do castelo de Veldorah.
A floresta ia até a fronteira com
Gaulesh, o reino que vivia em constante guerra com Lakina e ele nunca havia
entendido o porque. Naquele época os dois reinos haviam preferido se ignorar,
Waldrich sabia que o Grande Rei de Gaulesh era um homem muito dado com o
dinheiro, sabendo administrar um reino como ninguém.
O povo o adorava, mas as fofocas
na corte de Lakina diziam que Máder não passava de um promíscuo em sua vida
privada, mantendo escravos nos porões do castelo mesmo sabendo que era proibido
ter escravos em Gaulesh há varias gerações. As más línguas diziam que até mesmo
sua esposa Alberta gostava das senas de sadismo de Máder, mas Waldrich não
acreditava em nada do que diziam.
Ele tinha esperança que quando
seu irmão fosse o rei finalmente eles podiam assinar uma tratado de paz e
acabar de uma vez com aquela guerra sem sentido.
Deixando de lado esses
pensamentos e estirou os músculos e lançou um feitiço em si mesmo:
— Conversus mea ordinem!
Imediatamente parecia que uma
névoa encobria o menino e de repente quando ela se foi ali estava um belo lobo
branco. O animal balançou seu corpo e deu um pulo para frente como se estivesse
alegre por estar vivo.
Ninguém sabia que ele havia
dominado a magia da transmutação. Havia roubado um velho livro da biblioteca
que continha antigas ordens e fórmulas em uma língua há muito morta, a língua
era latim.
Assim que conseguira decifrar a escrita
entendera que ali estavam livros mais antigos que a grande catástrofe, livro da
aurora dos tempos de uma humanidade da qual pouco se sabia.
Procurou por mais achando muitos
livros velhos que haviam sido acumulados ali por gerações e gerações sem que
ninguém se desse o quanto eram preciosos e cheios de poder.
Na sua forma animalis, como o
livro chamava, ele começou a correr pela mata sem se importar onde ia, apenas
gostando de ser livre e de não ser ele por algum tempo.
A sensação de liberdade era
maravilhosa e ele teria sorrido se pudesse, mas parou de repente percebendo que
havia extrapolado a fronteira entre os reinos sem querer. Preocupado olhou em
volta, mas a curiosidade venceu. Que tal se ele fosse dar uma olhada no castelo
do rei de Gaulesh?
Latiu alegre, mas em sua alegria
não viu a rede que foi jogada nele. Ganindo tentou se desvencilhar o que só fez
ele ficar ainda mais enrolado. O rosto de um homem alto e desconhecido entrou
em seu campo de visão.
— Muito bom – resmungou ele
embrulhando o lobo sem dar a menor chance de fuga e o jogou no ombro.
Waldrich choramingou de medo e
desespero. Ia ter que voltar a forma humana na frente deles e explicar porque
um habitante e Lakina estava rodando pelas terras de Gaulesh.
— Quem vem lá! – um grupo de
soldados a cavalo entrou na frente do caçador que aos resmungos respondeu, mas
levou uma reprimenda.
— Fale direito na frente do rei!
Waldrich não podia ver, mas o
homem caiu de joelhos apavorado e começou a murmurar desculpas e pedidos de
piedade.
— O que você tem ai? – perguntou
alguém com uma voz forte.
— É um belo lobo branco meu rei.
Eles são muito raros e se quiser ele lhe pertence.
— Agradeço bom homem.
Waldrich foi novamente levantado
e ele viu o grupo de soldados, mas não consegui ver muito mais alem do
emaranhado da rede.
Foi levado por um soldado que
galopou veloz junto com o grupo para um belo castelo que ficava perto de uma
vila.
Eles entraram e o homem de voz
potente mandou que ele fosse levado para dentro. O chefe da guarda falou algo,
mas o outro retrucou contrariado.
— Faça o que estou mandando!
Ele foi novamente carregado para
dentro de uma castelo luxuoso até um quarto muito belo apesar dele não poder
ver cores nessa forma ele admirou o luxo e requinte. Foi deixado no chão em
cima de um tapete e o soldado saiu deixando ele só com o homem que inda se
mantinha oculto.
— Por que não volta a sua forma
humana para que possamos conversar? Conversar unilaterais só são bem o meu
estilo.
Waldrich estremeceu em sai pele
de lobo. O outro sabia que ele não era um lobo, mas como? Não sabendo mais o
que fazer, começou a se transformar enrolado na rede.
Voltando a sua forma humana a
tela a sua volta foi cortada e ele pode olhar para o seu captor e ficou
vermelho ao se ver diante de um belo homem. Ele era alto, de ombros largos,
cabelos castanhos curtos, rosto magro e de incríveis olhos violeta. Uma cor tão
inusitada quanto o homem perto dele.
— Não é melhor assim? – ele
sorriu estendendo a mão para o menino que levantou tremendo – Sou Máder
McGives.
— Como você sabia?
— Sobre seu animalis? Eu sei
reconhecer uma aura de magia à volta das pessoas.
— Pensei que ninguém conhecia
essa magia.
— Alguns – ele voltou a sorrir
ficando ainda mais belo – Que tal beber algo e você me conta um pouco de você?
— Eu preciso voltar para casa!
— Vai ser rápido – ele foi até
uma mesinha colocando um liquido rosa em um copo – Você é um duo, não?
— Sou – ele achava que era melhor
ser honesto com aquele homem diante dele.
— Isso é muito interessante – ele
lhe deu o cálice de licor de cerejas – Waldrich de Lakina!
— Você sabe que sou eu? – ele
estava ficando com medo.
— Eu o vi quando fui uma única
vez em seu reino. É verdade que foi ao longe e que seu irmão foi quem me disse
quem era você.
— Eu me lembro – ele bebeu o
licor – Foi em uma festa há dois anos e eu dei uma chegada no corredor para ver
para o horror de minha mãe.
— Você já era um menino lindo,
assim como está virando um belo homem – disse Máder deixando o rapaz vermelho
de embaraço.
— Hã, brigado – ele se sentia
estranho, aquecido e sonolento – Eu preciso ir senhor Máder...
— Só Máder, meu lindo duo – disse
o rei se aproximando.
Waldrich tentou se afastar, mas
suas pernas falharam e sua mente parecia cheia de algodão. Ele não conseguia pensar
e logo desmaiou.
Máder colocou o príncipe do reino
de Lakina da sua cama olhando o belo corpo magro e sem pelos do duo. Seus
cabelos eram dourados e olhos de um negro maravilhoso.
— O que é isso? – Alberta entrou
no quarto e olhou para p menino ali deitado.
— Acho que a sua barriga de
aluguel minha querida.
— Um duo! Máder era mais fácil
uma mulher!
— Você sabe que eu não gosto de
mulheres. Com ele posso ter momentos de prazer e ainda filhos.
— Muitos duos são estéreis!
— Se ele o for só o mantenho para
meu prazer até que me canse dele e o mate.
— Bem se isso vai dar o herdeiro
que quero não ligo – a bela mulher sentou em frente a uma penteadeira arrumando
seus cachos – Mande ele para a torre e saiba que quero ver.
— Você sempre vê, porque não
participa?
— Não gosto de sexo Máder, mas eu
gosto de ver o sofrimento quer você deixa neles, isso me excita.
— Tudo bem, quem perde é você! –
Máder deu de ombros.
Ele gostara de Alberta, sabia que
a mulher só estava interessada em poder e riqueza, alem de status social. Eles
haviam feito um acordo antes do casamento, que Máder podia continuar suas
orgias e ela podia ter o poder que queria.
Durante aqueles dois anos eles
haviam tido uma vida perfeita até que a corte começou com as fofocas sobre eles
não terem filhos e ai começou o problema.
Alberta não aceitava ser
penetrada nem para procriar e Máder se enojava em pensar fazer sexo com uma
mulher. Haviam procurado duos, mas não haviam encontrado ninguém que fosse do
agrado de Máder... até agora.
Havia um corpo em cima de
Waldrich, um corpo quente e suado que ofegava e a dor, também havia uma dor que
rasgava seu corpo e ele percebeu que estava sendo penetrado de forma dura.
Queria gritar por socorro, queria brigar, mas seu corpo não se mexia. Apenas
suas pálpebras podiam piscar.
A pessoa em cima dele grunhiu e
gozou enchendo ele com seu esperma quente e caiu de lado na cama ofegante.
Pasmo o rapaz viu que era Máder
que estava ali deitado com cara de satisfeito e cor suor escorrendo pelo rosto
bonito.
— Ele acordou Alberta – disse ele
rindo para uma pessoa que estava alem do campo de visão de Waldrich.
— Você está ficando velho ou o
que? – havia riso na voz feminina – Acabou tão depressa como um adolescente.
— Ora, mas eu já estou pronto
para outra!
— Vá logo! Eu quero ver e estou
ficando cansada de segurar esse moleque com meu feitiço.
— O seu dispor minha rainha!
Máder foi para cima dele
novamente e o tormento recomeçou, mas dessa vez pareceu durar mais com um rei
mais agressivo empurrando seu falo dentro dele sem piedade. Quando tudo acabou
Máder caiu de lado novamente e começou a cochilar, mas Waldrich ainda não se
mexia.
Alguém caminhava até ele e de
repente sentiu seus cabelos serem puxados e o belo rosto de uma moça entrou em
seu campo de visão.
— Acho que você vai me dar um
belo herdeiro! – sua risada maníaca ecoou no quarto de pedra.
Waldrich estava em uma alta torre
guardada por criados mudos. As janelas eram gradeadas e a porta aberta apenas
por Máder ou Alberta. A comida vinha por uma pequena abertura e ninguém nunca
atendeu as suas súplicas.
Ele tinha um bom quarto com
lareira e banheiro e logo aprendeu que o rei gostava dele bem limpo na hora do
sexo ou ele apanhava muito.
Havia descoberto que ali a sua
magia não funcionava. Nada do que ele tentava dava certo até que Alberta
dissera rindo que ela era uma grande maga e colocara um bloqueio em torno de
toda a torre, ele nunca ia poder fazer magia ali dentro.
Gritou e chorou semanas até
perceber que não ia ser salvo, que era um cativo e três meses depois começou a
se sentir mal, enjoado e cansado e um dia Máder veio acompanhado de um homem
desconhecido que fez perguntas estranhas e logo se virou para o rei dizendo que
ele estava grávido.
Waldrich não podia acreditar que
já estava esperando um filho daquele maldito homem.
Durante oito meses Máder não
chegou perto ele sexualmente, apenas ficava ali acariciando a sua barriga e num
dia de tempestade ele entrou em trabalho de parto dando a luz a um lindo menino
que na mesma hora foi entregue a Alberta que ria de felicidade.
O rapaz nunca havia sentido uma
dor maior em sua vida. Seu filho, seu menino que ele havia carregado por nove
meses na verdade não lhe pertencia.
— Chegou a hora de matar ele –
disse Alberta fria para Máder que embalava o bebê.
— Não Alberta – Máder olhou para
o rosto banhado de lagrimas de Waldrich enquanto era limpo pelos criados mudos
– Eu gosto de transar com ele e alem do mais assim não vou atrás de outros
garotos. Eles não duram muito e estão ficando escassos.
— Faça o que quiser Máder –
Alberta deu de ombros – Já tenho o meu filho o resto não me interessa.
Depois disso Waldrich começou a
se tornar extremamente selvagem, arranjando e esmurrando Máder, que contrariado
começou a usar afrodisíacos nele e quando estes perderam o efeito ele tinha que
ser acorrentado para que o rei desfrutasse dele.
Três anos depois ele estava
grávido de novo e Waldrich não conseguiu tirar a vida daquele pobre feto como
quisera no inicio.
Ele nunca soube como ele fez
Alberta aceitar a outra criança, um menino novamente, mas ela não só ficou com
ele como com a menina que teve no outro ano. Ele não vira mais Alberta depois
de ela ter roubado seu filho.
Os anos continuaram a passar e
ele olhar o mundo pelas grades de sua prisão. A única coisa que o mantinha vivo
era sua vontade de matar Máder e Alberta e ele tinha esperança de que isso um
dia acontecesse.
Muitos anos depois, ele não sabia
quanto, ficou grávido para o seu desespero. Achava que tinha secado, mas pelo
visto ainda não.
Naquele dia Alberta invadiu sua
prisão durante a sessão de sexo de Máder.
— Eu não quero outra criança
Máder!
— Não dá para esperar eu gozar
mulher – gemeu o rei metendo ainda mais fundo seu pênis no homem em que
Waldrich havia se transformado e logo enchendo seu canal com o seu maldito
sêmen – Pronto – ele se virou para ela saindo de dentro do outro que encarava
tudo de modo apático – O que você quer?
— Ele está grávido e eu não vou
aceitar cuidar de mais nem uma de suas crias!
— Sabe que eu não vou mandar
matar meu filho Alberta! Se você não vai cuidar vou dar ele para os criados,
mas eu não vou matar ele.
— Você está com peso na
consciência Máder? Polpe-me vai! Você é tão ou mais inescrupuloso que eu, alem
do mais esse ai precisa ir para Lakina! Com a morte do irmão dele quem vai
acabar governando é aquele primo dele sedento de poder! Não para esperar a
gestação!
— Pois vamos esperar a gestação e
fim de papo! Depois disso você pode jogar sua magia em cima dele e o mandar
governar Lakina do jeito que você quiser!
— Você é um idiota!
A rainha saiu gritando e Máder
foi atrás dela sem se preocupar com sua nudez.
Seu irmão estava morto? E seus
pais? Mas Waldrich estava cansado demais para pensar em qualquer outra coisa,
virou-se e dormiu.
Máder cumpriu o que disse e
esperou seu filho nascer para apagar suas memórias e o deixar na estrada para
Lakina, o que a maldita rainha não sabia era que o feitiço da memória não
funcionava em outros magos.
Cambaleando ele andou pela
estrada olhando tudo com um imenso desinteresse quase que com vontade de voltar
para a sua torre.
— Parado ai! – uma voz forte e
rouca gritou atrás dele e virou-se olhando para um homem lindo, com lindos
músculos salientes, o corpo raspado de pelos e algo como óleo tinha sido
passado em sua pele bronzeada – Wal...
— Ekbert – disse ele com a voz
rouca que era pouco usada.
— Waldrich! – o guerreiro caiu de
joelhos perto dele com lágrimas escorrendo por seu rosto – Meu Deus onde você
esteve?
— No inferno! – disse
simplesmente o mago e voltou a andar apático pela estrada.
Ia subir ao trono e um dia Máder
e Alberta McGives iam pagar por tudo que haviam feito a ele.
tava com saudades,de vc e de suas estorias. bjs lu
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