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domingo, 17 de junho de 2012

Capitulo 8 - O Escravo - Escapadas na Madrugada


Capitulo 8 – Escapas na madrugada


A única coisa que passava pela minha mente era um modo de torturar Tiol até ele implorar por clemência, mas eu não acreditei foi o que ouvi de Valdi.

— Tiol será que me empresta seu escravo essa noite?

Tiol me olhou com frieza, mas algo mais parecia brilhar ali. Mais torturas? Não dava para identificar aquela centelha que logo desapareceu.

— É todo seu irmão – entregou a correia para o outro – Faça bom proveito.

Rosnei para Tiol que levantou uma sobrancelha para mim, mas voltou a olhar as torturas que o mestre dos jogos aplicava nos escravos.

Acompanhei Valdi para uma sala que ficava nos fundos da sala dos jogos depois de subir um lance de escadas. Ia encolhido com aquele maldito negocio dentro de mim se esfregando em minha próstata e me deixando excitado.

Assim que entramos no quarto que não tinha mais que uma cama, Valdi tirou a coleira de mim, juntou com todos os outros aparatos, principalmente ao pênis no meu ânus o que me fez dar um suspiro de alivio.

— Tem um banheiro ali – apontou para uma porta – Por favor retire todo esse óleo do corpo.

O que quiser! Só esperava que ele fosse mais gentil que seu irmão mais novo.

Tomei um longo banho, principalmente por que minha ereção não ia embora e eu tive que me masturbar. Enrolei uma toalha na cintura e sai para o quarto onde Valdi estava sentado no beiral da janela que dava para os jardins.

— Vista-se – ele apontou para roupas em cima da cama e eu olhei para ele sem entender.

— Pra que que você quer que eu me vista? Não vai me usar?

— Fica calma – ele sorriu mostrando os dentes brancos – Tirei você de lá antes que fizesse algo que se arrependesse. Meu irmão quando está naquela sala se transforma e vi a raiva em você.

— Eu queria matá-lo!

— Não, não queria. Queria que ele pagasse pela humilhação, mas não queria matar. Matar destrói algo dentro de nós e para sempre.

— Obrigado – sentei na cama ainda de toalha – Eu realmente ia dar um jeito de pegar Tiol, não sei como ou de que forma, mas acho que ia fazer besteira.

— Concordo que meu irmão está precisando de uma lição e posso ajudá-lo nisso – ele me olhou – Queria tanto que ele voltasse a ser a pessoa que era.

— Ele já foi diferente disso?

— Ele era um bom garoto Andrew. Claro que sempre praticou os nossos costumes que você acha tão bárbaro, mas era a luz desse castelo. Todos os amavam e o povo o adorava, mas houve algo, há anos atrás. Mudou ele, destruiu aos poucos o que ele era e ai ficou esse homem sarcástico que desdenha das pessoas. Lamento não poder contar, mas isso é algo pessoal de Tiol.

— Difícil imaginá-lo assim.

— É, quem o vê hoje nunca vai imaginar – ele deu um suspiro triste e por um momento ele me lembrou Abrahan – Minha família esta se desmanchando Andrew e eu não posso fazer nada. Me desculpe por estar desabafando com você, mas eu sei que não contara nada a ninguém. Todos nós, até mesmo Tiol sabemos disso. Você é um homem honrado.

— Homem?! – quase ri daquilo – Eu sou um moleque, um escravo.

— Quem é você Andrew? Já pensou nisso? Esqueça sobre a escravidão e olhe para você.

— Quer a verdade Valdi? Eu não sei muito sobre mim. Sei que vivi uma vida vazia em meio a uma família que não ligava para mim. Sem amigos, sem qualquer ligação com nada! – olhei atormentado para o outro – Eu não sei quem eu sou!

— Está na hora de começar a se encontrar então – ele sorriu doce para mim – Vou ti ajudar no que puder, talvez consiga ti dar a liberdade, mas enquanto isso poderia me ajudar?

— O que eu poderia fazer? – claro que eu ia ajudar aquela coisinha doce.

— Me ajude a mudar Tiol e cuidar de Abrahan.

— Mudar Tiol? Isso não é meio... impossível?

— Acho que não, mas vai ser um desafio e vai deixar ele muito puto.

— A é? – aquilo já estava começando a ficar bom – O que eu tenho a perder? Ajudo você e quanto a Abrahan eu faria qualquer coisa por ele. Não sabe a inveja que tive de vocês por ter um pai assim.

— Mas tome muito cuidado com o imperador Andrew, procure não chamar a sua atenção para ele. Se ele quiser fazer algo nem um de nós vai poder impedir.

— Yaci é herdeiro do trono, não é? Ele não pode fazer algo?

— Talvez pudesse se as forças armadas não estivessem parcialmente do lado do imperador. O alto escalão está com meu pai e apenas uma pequena parcela das tropas conosco. Não temos poder suficiente para isso.

— Acha que isso pode mudar?

— Meu irmão respeita muito o meu pai, mas acho que o limite está chegando. Mais cedo ou mais tarde vamos conseguir mudar o rumo das coisas – ele levantou da janela – Que tal um passeio? Posso te mostrar um pouco da vida noturna do nosso povo.

— Devo ter medo?

— Não. Vamos apenas sair desse castelo um pouco. Vista-se!

Vesti a roupa que ele me oferecia. Uma calça de um tecido grosso e preto, que muito me lembrava os jeans da Terra, uma camisa branca com manga três quartos e botas de cano alto, macias e de cor castanha.

Saímos por corredores vazios para a parte externa do castelo até a garagem com seus carros de luxo.

O carro de Valdi era preto e sóbrio, parecido em ele.

Saímos para a noite enluarada. Arilien, a lua azul, estava gloriosa no céu e me perdi olhando para ela e nem vendo a estrada, mas logo percebi que pegamos a via principal para a capital.

— Logo estaremos de Mailt, nossa capital econômica. Gosto de ir lá dançar ou apenas passear.

Mailt era um grande espetáculo de cores naquela hora da noite. As lojas ligavam letreiros em neon coloridos e telões mostravam propagandas e noticias. As ruas estavam lotadas, na sua maioria de pessoas jovens vestindo suas roupas coloridas. Os rapazes com seus coletes e espadas, as mulheres com longos vestidos e seus cabelos prateados balançando a brisa.

— É estranho pensar que vocês têm mais homens que mulheres, nos mundos que ouvi falar sempre foi ao contrario.

— Houve uma doença há cerca de duzentos anos trazida por estrangeiros que atingiu a nossa população feminina. Metade das mulheres morreram e nunca conseguimos aumentar a sua população. Por isso nossa taxa de fertilidade é baixa e a população que aumenta é a humana e a de mestiços.

— Seu povo não deve gostar desses mestiços ou desses humanos – disse pensando no que Tiol me falara dos esquecidos da vila.

— Os mais velhos ainda os vêem como uma praga, um problema, mas os mais jovens estão mudando isso. Acreditamos que eles são parte de Aurifen, são o nosso povo também e que essa segregação tem que acabar.

Entramos em uma rua lateral, escura terminando em um prédio de aspecto sombrio com uma porta e do lado uma entrada de garagem.

Valdi parou ali e fez sinal para descer. Eu confesso que estava com medo. O que era aquele lugar? Mais um salão de jogos para torturas?

Um aurifen saiu pela porta. Ele parecia um aurifen, mas os olhos eram castanhos e percebi que era um dos mestiços.

— Boa noite meu senhor – o homem se inclinou dando um leve sorriso.

— Boa noite Fess. Como estamos?

— Casa cheia.

— Maravilha! – ele jogou a chave para o outro – Guarde o carro pra mim.

— Claro senhor.

— Vamos Andrew! Vou ti mostrar um lugar que apenas as pessoas certas conhecem.

Meu medo eram quais eram essas pessoas.

Entramos em um corredor escuro, mas no fim dele podia ver luz e música. Não a musica eletrônica que se toca hoje no meu mundo, mas de alguém cantando uma balada dançante.

Chegamos em um ambiente cavernoso com terraços circulando nas paredes, luzes dançantes e coloridas indo de uma lado para o outro, um palco onde uma moça cantava vestida com um vestido de couro negro agarrado ao seu corpo e atrás dela uma banda com instrumentos que eu sabia só existiam nos museus: baixo, guitarra, teclado, bateria, saxofone e até mesmo um violino. A pista de dança parecia ter o chão feito de vidro, pois vinha luz debaixo dela. O balcão de um bar corria toda uma parede e apresentava uma grande coleção de garrafas coloridas. Os balcões tinham mesas onde circulavam garçons vestido de preto servindo as pessoas e tudo estava lotado de gente de todo o tipo desde a humanos a aurifenses pulando e se esfregando no ritmo da musica.

— Que lugar incrível! – não pude deixar de exclamar.

— Vamos nos divertir!

E ele sabia como. As pessoas o tratavam como uma delas conversando animados e contando piadas. Ele me apresentou para todos os seus conhecidos e depois bebemos uma coquitel doce e o dele era sem álcool.

— Já vi acidentes demais para brincar com as nossas vidas – ele me respondeu quando perguntei para ele se não bebia.

Dançamos, isso depois dele me arrastar. Eu nunca havia dançado e tinha medo de dar vexame, mas não só ele me ensinou como cada uma daquelas pessoas estava ali me mostrando os passos das danças.

Comemos e bebemos a noite toda e quando estava amanhecendo saímos rindo pela estrada eu meio bêbado e ele sóbrio, mas com o semblante desanuviado.

Paramos em um parque e fomos ver o sol nascer perto de um lago em meio a neblina matutina. Deixei Valdi me abraçar. Era como o abraço de um irmão, quente e caloroso.

 — Obrigado – disse para ele deitando a minha cabeça em seu ombro.

— Obrigado à moda aurifense?

— Não, estou tonto demais para sexo.

— Não se preocupe, não penso em sexo agora. Estou me sentindo melhor do que muito sexo que fiz na vida – ele olhou para o lago cercado de matas de pinheiro e flores – Meus irmão nunca me acompanham e esses lugares, estão preocupados demais em manter as aparências em não se divertirem, mas eu não vou morrer naquele castelo. Não sou herdeiro de nada e logo pretendo ter a minha vida.

— E como seria essa vida? – perguntei curioso.

— Sou formado em diplomacia espacial e quero abrir um escritório em uma das colônias espaciais da Terra. Os humanos exteriores estão criando um império e a diplomacia para resolver pequenos conflitos está em alta.

— Estamos perto da Terra, não?

— Há duzentos anos luz, pouco mais de seis horas de viagem. Eles têm colônias em sistemas vizinhos e apenas uma hora daqui. Comerciamos com elas, mas o relacionamento diplomático é falho, sempre falo isso.

— Eu não entendo nada de diplomacia.

— Nunca pensou em uma profissão?

— Não, acho que eu nunca pensei em nada. Meu mundo é quase tudo feito por maquinas e computadores, os humanos vivem para se divertir e fazer intrigas. Sei que vocês não tem relações com o meu mundo a não ser o mercado de escravos.

— As colônias interiores não são muito sociáveis Mathew. Seu povo sempre quis ser a raça perfeita, tanto que vocês não têm deficientes ou negros entre vocês. Sua manipulação genética chegou a isso, mas isso tem um preço. Sua raça esta deprimida, morrendo aos poucos tão modificados que nem mesmo são mais humanos.

Sai dos braços de Valdi e o olhei.

— Acha que eu não sou humano?

— Você se considera humano ou humano interior Mathew?

— Eu sou um humano interior!

— Ai está a sua resposta. Os humanos da Terra se consideram apenas humanos e abandonaram a manipulação genética há muito tempo. Eles não têm mais robôs e seus computadores não tem autonomia.

— Eu queria dizer que você esta errado, mas não está. Sei que sou fruto de uma manipulação genética, que era para eu ser uma mulher, mas meu pai nunca quis mulheres como filhos. Fui manipulado para ser homem. Acha que eu tenho algo de mulher?

— Não, você é bem homem – ele riu olhando para o meio das minhas pernas.

— Pervertido!

— É melhor voltarmos ou Tio vai acabar procurando por você e não queremos mais problemas.

— Você disse que ia me ajudar a dar uma lição no seu irmão!

— E não esqueci. Hoje a noite ele vai experimentar um pouco do próprio veneno.

— Sei que isso vai me colocar em encrencas, mas dar um jeito no Tiol vai compensar tudo.

Valdi riu e me puxou pela mão para irmos para o carro. Tanto ele como eu estávamos com um sorriso matreiro nos lábios.

Tiol! Nos espere!

Um comentário:

  1. ta começando aficar interessante,mas não gostaria que andrew pagasse a tiol na mesma moeda, senão seria igual a eles e então andrew ão poderia mais reclamar, das condições que tiol usa ele.

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