Capitulo 11 – Viva a Revolução!
Aquele estava sendo um dia calmo. Alem
de Ian ninguém mais foi ao meu quarto e eu agradecia por isso. Queria muito
saber se Abrahan estava bem, Ian não sabia me dizer, mas o que mais queria era
ficar longe daquela família.
Você esta generalizando, vocês devem
estar pensando, mas a experiência que tive, olhar para qualquer um deles, ia me
lembrar do imperador e eu não queria isso de jeito nem um. Aquele homem era um
monstro e eu me perguntava como ele como ele podia cuidar de um mundo todo.
Com essa curiosidade levantei
encolhido e fui á estante procurando algo sobre o Imperador. Com um livro de
história moderna de Aurifen deitei novamente gemendo de dor.
O Imperador de Aurifen chamava-se
Adamas, o que Ra muito engraçado pelo fato de pensar nele apenas como o
imperador. Ele havia subido ao poder há cerca de trinta anos quando da morte de
seu pai.
De acordo com o livro, Adamas se
recusou a levar sua eleição ao voto do povo para que fosse legitimado no seu
posto de Imperador. Pelo que entendi ser imperador passa de geração para
geração, mas se o povo não aceitar o imperador ele é destituído por lei e um
novo imperador será eleito.
Adamas, ao não fazer isso, não
legitimou seu cargo. Ele dizia que não o fizera por interesse do povo.
Sob o governo do Imperador Aurifen
passou a ter uma ditadura, com o conselho do rei, eleito pelo voto popular,
havia sido dissolvido e leis mudadas sem a aprovação da população.
Ter escravos sexuais foi liberado e
quem falasse mau do governo podia ser preso e deportado para uma prisão em uma
lua ressequida do sistema e nunca mais voltar.
A economia havia progredido muito com
a abertura para mercados consumidores das pedras preciosas de Aurifen.
Suas pedras eram outro caso. Os
humanos, tanto interiores quanto exteriores, usavam ouro, prata, diamantes e
outras como pedras preciosas para jóias, mas o restante da galáxia gostava de
pedras ictsis, uma pedra negra, que se lapidada do modo certo podia ser muito
útil em armas muito potentes. Lasers é como os humanos chamam, mas tão fortes
que podem desencadear a destruição de mundos.
Fechei o livro frustrado. Eu havia
descoberto o nome do maldito e que ele enriquecera seu planeta, alem de que ele
não era o legítimo imperador de acordo com as leis de Aurifen.
Alguém bateu na porta e acreditei que
era Ian.
— Entra! – gritei colocando o livro na
minha mesinha de cabeceira.
Mas não era Ian, mas Valdi com um
sorriso triste.
— Ola! Como você está?
— Dolorido – eu podia acrescentar
humilhado, triste, cansado, mas eu gostava de Valdi, ele não merecia que eu
descarregasse nele o que seu pai fizera comigo.
— Eu lamento – disse ele sentando na
cadeira perto de mim.
— Esqueci – fiz um gesto como se
estivesse afastando uma mosca – Você não tem do que se desculpar Valdi, quem
fez isso comigo foi o Imperador.
— Meu pai está virando um monstro
Andrew. Eu e meus irmãos estivemos conversando e apesar de tudo ser do maior
sigilo eu confio em você.
Valdi começou a me contar o que
acontecera depois que o Imperador saiu e eu pude formar um quadro na minha
mente.
Tiol estava com tanta raiva que estava a ponto
de sair e brigar com o seu pai, mas Erant o impediu.
— Vocês não queriam dar um jeito nele?
– gritava Tiol tentando se livrar do irmão – Eu vou resolver isso hoje!
— Não vai não! – Abrahan havia saído da
enfermaria encolhido e a ponto de desmaiar.
— Papa! – Tiol se desvencilhou de
Erant para correr para ele antes que caísse no chão – O senhor deveria ficar
descansando!
— Tiol, Erant – ele se apoiou no filho
caçula – Me ajudem a chegar no quarto de um de vocês, eu não quero ir para
perto do pai de vocês por hora e chamem Valdi e Yaci eu quero conversar com
eles.
Tiol ia protestar, mas Abrahan fez um
carinho nos cabelos do filho.
— Por favor meu querido. Isso é muito
importante.
Mesmo contrariado, Tiol o levou até
seu quarto enquanto Erant procurava os outros dois irmãos.
Quando estavam todos reunidos e em
volta de Abrahan que deitara na cama de Tiol ele começou a conversar com seus
filhos.
— Eu quero que cada um de vocês me
prometa que não vão procurar vingança contra o pai de vocês.
— Não pode pedir isso a nós, pai! - Valdi levantou contrariado – Ele tem que
parar!
— Meus filhos eu não me importo o que acontece
comigo, mas se ele fizer qualquer coisa contra vocês eu não sei se vou aguentar.
— Pai – Yaci ajoelhou-se perto da cama
e olhou Abrahan nos olhos – Sei que ama a gente e que faria qualquer coisa para
que fiquemos seguros, mas isso foi a gora d’água. Fechei os meus olhos por
muito tempo e o que consegui foi a sua dor e a dor do nosso povo.
— Yaci...
— Não, pai, deixa eu terminar! Eu não
sou muito melhor que ele. sabia o que ele fazia com você e o que ele faz com
crianças no porão. Ele as mata e estupra sem a menor piedade. Acha mesmo que
podemos deixar um homem assim governar o nosso mundo?
— E o que vocês vão fazer meu filho?
Yaci levantou e olhou os irmãos.
— A revolução.
— Revolução? – Tiol olhou perdido para
o irmão – O que diabos é isso?
— Há um grupo de pessoas que se opõe
ao governo do nosso pai. Ele os vem combatendo por muito tempo sem sucesso nem
um. Ele me deixou na investigação desse grupo. Ele queria que fossem
descobertos e eliminados. Com o passar do tempo eu descobri que não era um
amontoado de pessoas desordenado, mas uma resistência bem formada que esta
disposta de depor o Imperador e levar o próximo candidato à votação popular.
— E você acha que eles podem ou mesmo
vão nos ajudar? – Erant cruzou os braços céptico.
— Eles querem o mesmo que nós, a
destituição do Imperador.
— Isso é loucura Yaci! Se ele descobre
mata cada um de vocês sem dó nem piedade – Abraham tremia só de pensar nisso.
— Mas ele vai descobrir pai! Vamos nos
juntar a revolução e não ficar nas sombras, vamos conclamar o povo, incitá-lo! Temos
dinheiro e armas e tenho certeza que a população humana e mestiça pode ser
persuadida a nos ajudar.
— Você percebeu o que está falando
Yaci? Você vai declarar uma guerra civil!
— Sei disso pai, mas se houver outra
forma eu adoraria ouvir. O que não podemos é deixar as coisas como estão! Devo pensar
no meu povo também.
— Eu estou com você! – Valdi levantou
decido – Sou um príncipe aurifense e está na hora de começar a agir como tal.
— Acho isso uma loucura, mas vocês sabem
o quanto eu gosto de uma boa loucura! – riu Erant para eles.
Todos olharam para Tiol que tinha
ficado quieto.
— Algum de nós participou de uma
guerra? Não! Se iniciarmos uma teremos que arcar com as conseqüências de levar
milhares de vidas conosco.
— E o que estamos fazendo Tiol – Yaci foi
para a janela olhar os jardins – Quando fechamos nossos olhos para nosso pai
matando crianças, o dando ordens de segregação dos humanos e mestiços ou quando
aceitamos como se fosse a coisa mais normal desse mundo que um escravocrata
mate seu escravo com requintes de crueldade nós estamos levando vidas conosco. Deveríamos
estar cuidando do povo e não aceitando que ele seja torturado e morto.
— Você vai se tornar defensor de
escravos e mestiços agora Yaci?
— Estou cansado do seu preconceito! –
Valdi levantou encarando o irmão – Chega dessa sua atitude Tiol! Vai destruir você
e as pessoas a sua volta!
— O que faço da minha vida é problemas
meu!
— Chega vocês dois – interveio Abrahan
e se voltou para Yaci – Você quer mesmo fazer isso Yaci?
— Sim pai. Por Aurifen e por minha
família. Eu não estou sedento de poder e vou aceitar a decisão do povo, mas o
que não posso continuar a ser conivente com o Imperador.
— Tiol? – olhou o filho caçula que
balançou a cabeça.
— Eu não aceito entrar em uma guerra
por essas pessoas! Se querem se sacrificar muito bem, mas não contem comigo! Não
precisam se preocupar tão pouco, eu jamais contaria a nosso pai isso.
— Ele vai colocá-lo contra nós Tiol –
disse Yaci – Mais cedo ou mais tarde vai ter que tomar partido nessa situação.
Tiol balançou a cabeça ainda em
negação e saiu do quarto.
— Ele vai pensar – disse Erant –
Confio nele.
— O que temos que ver agora são os
detalhes. Preciso conversar com o líder da revolução.
— Acha que ele vai aceitar a sua
ajuda? – Abrahan estava céptico.
— Claro que sim, afinal conheço bem
ele e vocês também!
— Ele pertence ao nosso círculo? –
perguntou Valdi curioso.
— Não exatamente, mas se olhar pela
janela vai ver ele.
Valdi e Erant correram para olhar os
jardins iluminado pelas lanternas, mas a única coisa que viram foi Erim
resmungando contra ajudantes imprestáveis.
— Não tem ninguém lá fora Yaci – disse
Erant contrariado.
— Mas é claro que tem.
— Erim?! – Valdi ficou boquiaberto –
Isso é brincadeira!
— Não. Ele é o líder e descobri há duas
semanas.
— Por que você já não o entregou para
o nosso pai?
— Por que eu queria saber mais sobre
essa revolução e sobre Erim.
— Ele suspeita de alguma coisa?
— Erim não é tolo Valdi, ele sabe que
eu descobri a sua identidade, mas mesmo assim continua aqui como se nada
estivesse acontecendo, como se ele quisesse nos sondar também para ver qual era
o nosso próximo passo.
— Erim Gnare – Abrahan quase não
acreditava – Um jardineiro e mestre dos jogos.
— Quer disfarce melhor? Assim ele sabe
de muita coisa e principalmente dentro da sala de jogos onde as pessoas
costumam soltar a língua.
— Tem certeza que o pai de vocês não
sabe dele?
— Eu consegui despistá-lo até agora,
mas creio que ele vai ficar cada vez mais desconfiado. Temos que agir logo –
Yaci olhou para o pai – Temos que conseguir tirar você daqui pai.
— Não posso deixar Tiol para trás Yaci.
— Ele vai conosco por bem ou por mal! Ele
não é mais um adolescente para ficar tendo essas atitudes. Vou conversar com
Erim essa noite e se as coisas deram certo, amanhã vamos partir.
— Para onde? – perguntou Valdi.
— Por hora isso só Erim sabe, mas
quero todos prontos. Tenham em mão aquilo que não pode ser deixado para trás em
hipótese nem uma.
— Mas e Andrew? Se ele ficar... –
Valda balançou a cabeça.
— Ele vir conosco assim como Ian. Não quero
que fiquem para morrer nas mãos dele.
— ...e foi isso – terminou Valdi de
contar a sua história me deixando pasmo.
— Vocês vão fazer isso mesmo?
— Gostaria que houvesse outro modo,
mas não há.
— Obrigado por ter se lembrado de mim
Valdi, eu não sei o que ia fazer se descobrisse que vocês tinham partido e me
deixado nas mãos desse doido!
A porta foi aberta e um carrancudo
Tiol entrou olhando feio para Valdi.
— O que você está fazendo aqui?
— Boa noite para você também Tiol e o
que eu saiba aqui é a minha casa ainda.
— Eu quero conversar com meu escravo! Saia!
— Como você é educado – resmungou Valdi
me abraçando e sussurrando no meu ouvido – O que Tiol mais teme nessa vida é o
amor – ele se afastou sorrindo para mim – Descanse bem Andrew.
Por um momento olhei em confusão para
o rosto safado de Valdi até que se fez luz em meu espírito e eu entendi o comentário
dele.
Tiol olhou com cara feia o irmão sair
e ele se sentou perto de mim.
— Como você está?
— Depois de uma sessão de tortura? Ótimo.
— Meu pai as vezes exagera...
— Seu pai é doido Tiol e não pelo que
ele fez a mim, mas pelo que ele fez a Abrahan.
Tiol passou os dedos pelo cabelo
prateado com um estranho desespero.
— Ele é o imperador Andrew, devemos
respeito a ele.
— Acredita mesmo no que está falando
Tiol? Mesmo ele machucando Abrahan, a pessoa que ele supostamente deveria amar?
— Essa bobagem de amor não existe! –
agora ele parecia alterado.
— Então você não ama seu pai Abrahan?
— Falo de outro tipo de amor.
— Mesmo? – sentei na beirada da cama
chegando perto dele – Você fala daquele amor que as pessoas ficam suspirando
por ai? Ou aquele em que você não para de pensar na pessoa amada? Talvez aquele
onde você quer fazer de tudo, até trazer as estrelas – fui chegando mais perto –
Ou daquele amor ardente, sem limites ou regras que nos queima por dentro a
ponto de achar que o nosso coração vai explodir!?
Foi ai que fiz o que eu não deveria
ter feito. Durante muito tempo depois eu ia me arrepender do meu gesto, mas eu
só pensava em punir Tiol.
Eu me joguei em seus braços e comecei
a beijá-lo. Ele me abraçou e retribuiu o beijo com um ardor que me fez gemer em
sua boca quente úmida.
Ele sabia beijar! Eu nunca havia
beijado ninguém em minha vida e o meu primeiro beijo era uma tentativa de
vingança? Em que eu estava me tornando? Mas eu não consegui parar de beijá-lo e
acabava me lembrando daqueles romances mornos que havia na escola onde
descrevia os beijos como inebriantes e com sabor. Achava aquilo uma baita
bobagem, mas o beijo de Tiol tinha gosto de morangos com chocolate e eu estava
ficando viciado nele.
Quando nos separamos Tiol me olhou
apavorado.
Como lembrete recebi um belo de um
tapa e ele saiu correndo do meu quarto me deixando caído ali no chão nem
sentindo o ardor no meu rosto, mas ainda com o gosto dele na minha boca.
Rá! Agora sim a coisa fica boa!
ResponderExcluirSempre pensei que o Erim era mais do que mostrava! E até que enfim os príncipes tomaram atitude!
Quanto ao Tiol, que vontade de mandar ele ir pro inferno! É óbvio que ele gosta do Andrew..
Se ele fosse menos preocupado em manter as aparências e se dedicasse mais aos outros, provavelmente ele ganharia o amor e a submissão do Andrew, porque esse, só vai se submeter por amor, pela força já mostrou que não vai!
Obrigado pelo capítulo! Aguardo os demais! =)
Esta que queima.... que ira fazer Tiol!
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