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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Rumo ao Paraido - Capitulo Nove


Capitulo Nove



A manhã chegou com o sol despontando no horizonte iluminando umas poucas nuvens de cor de rosa e esquentando o frio da manhã. Os sons da fazenda também estavam pelo ar como o mugido das vacas, o canto dos galos e o sussurro do vento nas árvores.

Fabian havia acordado cedo para fazer o café. Tentara levantar sem acordar Kauan que dormia com ele, mas uns minutos depois o menino entrou na cozinha e sentou em uma cadeira encarando a mesa da cozinha. Tinha um ar abatido e cansado.

— Kauan ainda está cedo, pode dormir um pouco mais.

— Eu não quero dormir. Eu sonhei que a Mara morria e o pai brigava comigo.

Decididamente Fabian ia ter uma conversa com aquele fazendeiro! Sua atitude quanto ao filho não devia ser muito boa para deixá-lo assim.

Ele procurou distrair o menino fazendo panquecas e conversando sobre a cidade de São Paulo e sobre os desenhos que assistia quando criança.

Regina desceu bocejando.

— Bom dia – disse ela desarrumando os cabelos de Kauan e beijando Gabriel que estava em sua cesta – Panquecas! Ai eu tom morrendo de fome.

— Você sempre ta morrendo de fome – resmungou Kauan arrumando o cabelo.

— Eu estou em fase de crescimento!

Fabian riu dos irmãos e continuou a fazer o café até que Jon desceu com a cara amassada e resmungando de ser muito cedo.

Começaram a tomar o seu café e logo Márcio apareceu esfregando as mãos e tremendo.

— Gente ta um frio danado lá fora – disse ele sentando e pegando uma xícara para tomar café quente – Esse ano teremos geada.

Uma batida na porta interrompeu a conversa dele e Fabian se levantou para atender dando de cara com Laércio que carregava uma Samara sorridente.

— Pai! – Regina e Jon pularam da mesa e foram para o pai e a irmão.

— Por favor, entrem está frio ai fora para a menina – disse Fabian abrindo mais a porta.

Laércio sorriu para ele, mas Fabian lançou um olhar duro para o fazendeiro.

— Tudo certo Samara? – perguntou Márcio empurrando uma cadeira para Laércio colocar a menina.

— Ainda dói um pouco, mas ta tudo certo. Era uma baita cascavel!

— Era mais perto de um filhote, filha – Samara logo ia começar a contar que era a anaconda – Cadê o Kauan? Dormindo?

Olharam em volta dando finalmente falta do caçula.

— Ele deve ter subido para o quarto – olhou para Laércio – Gostaria de vir comigo?

Laércio franziu as sobrancelhas, mas acompanhou o rapaz escada acima, mas assim que chegaram no corredor Fabian parou na frente dele com o olhar frio.

— Seu Laércio, seu filho está muito assustado achando que tudo isso é culpa dele, até mesmo para dormir ele teve dificuldades.

— Mas porque ele está pensando essas besteiras? – Laércio assustou-se com a declaração do outro.

— Parece que foi o modo como você o tratou na mata. Ele é um garoto muito sensível Laércio.

— Eu estava apavorado naquela hora e acho que fui grosso com ele – passou as mãos pelos cachos loiros mostrando certo desespero – Eu jamais culparia meu filho por algo assim Fabian. Sei que eles gostam da liberdade e vivem explorando a fazenda. Ninguém nunca conseguiu impedir eles disso. Tenho certeza que foi Samara que o empurrou para a mata, Kauan odeia ficar andando pelo mato.

— Não é a mim que você deve dizer isso, mas ao Kauan – apontou a porta do seu quarto – Ele dormiu comigo, vamos dar uma olhada se ele voltou para o meu quarto.

Fabian abriu a porta e deu com o menino deitado na cama escondendo o rosto do travesseiro com o corpo sacudido por soluços.

O rapaz teve vontade de pegá-lo no colo e o abraçar até poder amenizar a sua dor, mas sabia que isso devia ser feito pelo pai dele.

Laércio deu um sorriso para ele e entrou no quarto. Fabian fechou a porta e desceu.

Dentro do quarto Laércio colocou a mão na cabeça castanha do filho bagunçando os cabelos cheio de cachos. Kauan se virou assustado olhando com os olhos azuis vermelhos do choro para o pai. Ele nem deixou Laércio falar algo, jogou-se nos braços dele e começou a falar aos tropeços.

— Desculpa pai! Eu devia ter cuidado da Mara! Eu devia ter matado a cobra mais cedo, antes dela...

— Kauan – Laércio disse com gentileza – Você não tem culpa nem uma, entende. Há cobras por todo o lado aqui na fazenda – abraçou ele apertado – Samara foi quem ti carregou para a mata, não é? Por favor filho não vá mais lá. Eu já falei com a sua irmã e ela disse que não vai fazer isso mais – afastou um pouco o menino – Filho obrigado por ter cuidado da Mara. Se você não fosse uma garoto tão corajoso sua irmã podia ter sido picada com mais profundidade.

Kauan voltou a abraçá-lo.

— Vamos ver a sua irmã – disse ele pegando o filho no colo.

Eles desceram e encontraram Samara contando a sua aventura pela décima vez. A menina se agarrou em Kauan beijando ele no rosto várias vezes até que ele mandou ela parar porque aquilo era nojento!

Todos riram e voltaram para o seu café com os corações mais leves.



A fazenda Santa Cruz era vizinha da fazenda paraíso ao sul, mas nem Laércio e nem Celso Ciro de Albuquerque, dono da Santa Cruz, mantinham contato. Celso fora amigo intimo do avô de Laércio, mas quando descobrira que p sobrinho do homem era bissexual cortara relações com aquela família.

— Essa cidade não é mais a mesma – resmungou Tiago Mourão, advogado de renome na cidade – Essas bichas estão infestando o nosso lar e corrompendo os nossos filhos.

— Eu conversei com o delegado, mas você sabe como aquele idiota é!

— Ele não vai fazer nada! Eu sabia disso há muito tempo.

— O que temos que fazer é juntar as pessoas de bem dessa cidade e dar um jeito nisso Tiago. Não posso continuar com medo de que meus netos peguem essa doença de homossexualidade.

— Pra mim isso é pura falta de vergonha na cara. Por mim já tínhamos dado um fim a essas porcarias!

— Você sabe que Laércio não é alguém para se brincar. Dinheiro é poder meu caro e Laércio tem os dois. Por isso temos que agir nas sombras aos poucos e deixá-lo para o final.

— Concordo com você – Tiago deu um sorvo em seu wisk matinal – Vou conversar com os outros e marcar uma reunião.

— Só seja discreto homem, há muito simpatizante dessa gente por ai que pode entrar em nosso caminho.

— Não se preocupe Celso, vou fazer tudo discretamente.

Celso sorriu de forma superior como se fosse rei do mundo. Olhou para a sala de sua mansão na fazenda ricamente decorada com tudo que de melhor que o dinheiro podia conseguir. Ele não acreditava que as pessoas não conseguiam vencer e ficar como ele. As pessoas de classe baixa não passavam de instrumentos para ele, um mercado consumidor para os seus produtos que não deveria pensar, apenas consumir.

Laércio sempre fora uma pedra em seu caminho. Rico, mas mesmo assim se rebaixava alardeando que era bissexual e repartindo lucros com seus empregados. Onde já se viu isso? Ele cortaria um braço fora antes de dar algo aos seus empregados. Para ele trabalhou e fez bem o seu serviço, recebe, mas não deveria esperar nada mais que isso. Ele não era o governo que ficava fazendo caridade, ele trabalhava muito por tudo que tinha.

Estava disposto a se livrar dessa pedra o mais rápido possível!



Laércio havia pedido para Fabian ir conversar com ele em sua casa após o almoço. Sem entender o que o fazendeiro queria com ele, pegou o cesto de Gabriel que ria para ele e saiu de casa para um dia que começara a esquentar. A previsão do tempo na internet havia alertado para chuvas fortes que podiam chegar a qualquer momento.

Foi até a porta e bateu ouvindo preocupado uma serie de latidos fortes e Laércio gritando:

— Anúbis sai! Para! Anúbis!

A porta abriu a um descabelado e babado Laércio segurava o pastor alemão que queria pular em Fabian que deu um passo para trás colocando a cesta atrás dele.

— Anúbis! – cachorro parou de tentar pular em Fabian para pular em Laércio e o lamber por todo o rosto.

O fazendeiro tentou empurrar o cachorro, mas acabou por tropeçar em Sekmet que estava se enroscando em suas pernas e caiu em meio a cão e gato.

— Laércio você está bem? – Fabian estava preocupado, mas tinha medo de chegar perto daquele cachorro psicótico.

 — Eu estou vivo – resmungou ele segurando o pescoço de Anúbis que todo feliz se livrou dele e deu um pulo para cima da gata que gritou contrariada e correu para aporta com o cachorro atrás dela. Ouviram o barulho de algo caindo ao longe.

— Um dia esses dois me matam – resmungou Laércio do chão com os cabelos em pé e baba no rosto.

Fabian não pode se segurar e começou a rir, Gabriel também deu um gritinho do seu carregador.

— Vocês dois tão adorando – ele começou a rir também e aceitou a mão de Fabian para se levantar – Venha Fabian, fique a vontade. Vou me limpar, estou fedendo a cachorro.

O rapaz entrou na sala olhando os móveis que compunham tudo com leveza e bom gosto.

— Desculpe a bagunça, mas Anúbis é meio enérgico.

— Meio? – o cachorro mais parecia uma máquina de lamber ambulante.

Laércio deu um pequeno sorriso e sentou no sofá convidando Fabian a fazer o mesmo.

— Bem Fabian eu gostaria de ti fazer uma proposta.

— Proposta? – imediatamente ele ficou vermelho ao ser ver pensando em uma cama com lençóis de seda.

— Uma proposta de trabalho.

— Ah! – idiota! Fabian se xingou mentalmente.

— Márcio me disse que você estava procurando algo e eu estou precisando de ajuda desesperadamente.

— Bem eu não sei fazer muita coisa em uma fazenda, mas estou disposto a aprender.

— Bem, eu gostaria de ti oferecer o emprego de beba dos meus filhos! – ele deu um grande sorriso.

— Eu de baba? Acho que não tenho qualificação para isso, seu Laércio.

— Por favor, me chame só de Laércio e foram os meus filhos que me pediram para conversar com você. Parece que eles gostaram muito da sua companhia e acharam que você podia ser um ótimo baba. Você não precisa se preocupar com Gabriel pode trazer ele junto, meus meninos adoram bebês. O que acha?

Fabian não sabia o que responder. Ele pensara em todo tipo de trabalho, mas o de babá de quatro crianças que pareciam atrair problemas como mel atrai abelhas não era um deles.

— Bem o salário que oferece é acima de média... – Laércio disse uma cifra de quatro dígitos que quase fez ele engasgar.

Tudo isso para ser babá? Deus ele precisava do dinheiro e alem do mais podia cuidar do seu filho também.

— Aceito seu Laércio – ele estendeu a mão para o fazendeiro que a segurou olhando em seus olhos.

— Esqueça o “seu” Fabian, é só Laércio.

Laércio apertou a sua mãos mais tempo do que o necessário deixando Fabian ainda mais vermelho e nervoso. Ele precisa muito trabalhar, mas ficar perto daquele homem lindo e másculo ia acabar sendo a sua perdição.



Há cerca de setenta quilômetros de Altinópolis, o dono de um posto de gasolina na beira da estrada quase teve um infarto ao encontrar um corpo atrás do seu estabelecimento. Ali era um matagal e ele fora até ali dar uma mijada quando viu um monte de moscas ao longe e olhando com mais atenção viu as roupas de mendigo que estivera ali no outro dia. Curioso deus alguns passos e ao ver o estado do corpo voltou para trás aos tropeços. Alguém havia cortado a cabeça do pobre rapaz e colocado ela em cima do seu tórax com o rosto voltado para o sul como uma macabra seta apontando uma direção.




2 comentários:

  1. Nossa, dalla32, tava esperando ansioso pela continuação de Rumo ao Paraíso!!! Obrigadoooo!!!
    Adoro essa história!
    Até mais.

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  2. nossa tô mais que ansiosa pela continuação!!eu sei que você tá escrevendo vários na integra, mas por favor posta outro capítulo logo!!rsrs

    Adoro sua histórias!bjus

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