Capitulo Seis – Sentimentos
Confusos
Depois de um banho eu me sentia
bem melhor, mas estava fazendo o possível para não prestar atenção a Tiol que
fora me buscar para ver Abrahan. Ele estava com os cabelos prateados úmidos e
um sorriso idiota no rosto.
O quarto do pai dele ficava em
uma ala do castelo cheia de tapetes e quadros. Não eram aqueles quadros
virtuais que se vêem hoje em dia, mas feito com tinta e pano como os que
achamos em museus ou que os humanos da Terra ainda faziam.
Eram tão bonitos. Com os
contornos suaves e as pinceladas davam aquela sensação de movimento que nem uma
tecnologia podia dar.
— Nunca viu quadros? – Tiol
conseguia destruir o meu momento como nem um outro.
— Tem algum problema se olhar?
Vai cobrar pedágio? – responde contrariado para o príncipe que estreitou os
olhos.
— Se continuar assim ti jogo
novamente na sala de jogos!
— Está me ameaçando? O que mais
você pode fazer contra mim seu príncipe de merda? Você já me comprou e me
torturou!
— Você não sabe do que eu sou capaz
seu escrevo ingrato! – ele estava quase rosnando no meu rosto.
— Eu deveria ser grato por que
você me fez seu escrevo sexual?! Vai sonhando!
— Vocês dois estão me irritando –
disse Erant abrindo uma porta – Parem de discutir e entrem!
Tiol estreitou os olhos para mim
e eu mostrei a língua para ele de um modo bem infantil. O príncipe revirou os
olhos e me empurrou pelo corredor até a porta.
— Seu grosso! – resmunguei para
ele.
— Você me paga! – disse Tiol no
meu ouvido e meu pênis deu sinal de vida ao sentir aquele hálito quente na
minha orelha.
Que merda estava acontecendo
comigo? O cara me ameaça torturar e eu fico excitado? Aquele planeta deveria
estar me fazendo mais mau do que eu imaginava.
Uma risada baixa me chamou a
atenção e eu olhei em volta para um quarto tão simples quanto o meu com um
Abrahan pálido deitado em uma cama de solteiro cercado pelos filhos. O homem me
olhou e sorriu iluminando seus tristes olhos vermelhos.
Eu não conhecia ninguém que se
sacrificava tanto assim pelos filhos. Meu pai havia me vendido sem um pingo de
remorso, mas Abrahan aceitava ser humilhado por causa dos seus filhos. Daria
tudo para ter um pai como aquele.
— Papa! – Tiol foi abraçar o
outro enquanto fiquei ali olhando para a família deles me perguntando porque um
príncipe vivia em um quarto que se parecia com o quarto de um escravo.
— Andrew? – a voz suave de
Abrahan me chamou e eu olhei para cima para ver que ele sorria para mim –
Obrigado por ter me ajudado.
— Eu não fiz nada – disse
constrangido – Nem mesmo pude ajudá-lo!
— Agradeço porque você não
tentou. Se ele tivesse ti visto teria ti matado.
Tiol olhou para seu papa com o
rosto atormentado e eu me perguntava se ele não sabia mesmo de todo aquele
sadismo do imperador.
— Nosso povo não é assim Andrew.
É um povo – Abrahan parecia preocupado que eu estava tendo uma visão errada dos
aurifenses.
Olhei para Tiol.
— Espero que não sejam parecidos
com ele! – respondi apontando para o príncipe.
O mais velho começou a rir junto
com os outros três irmãos, mas Tiol parecia a ponto de me bater. Estava
brincando com fogo, mas estava tão legal atazanar a vida daquele príncipe
sádico e mimado que não me importava com o depois.
— Você acertou a mão dessa vez
Tiol – disse Yaci parando de rir e me olhando – Gosto de homens com sangue nas
veias.
— O que você gosta não conta aqui
Yaci – resmungou Tiol para ele – O escravo é meu!
— Posso comprá-lo de você. Assim
você pode sempre encontrar algum dócil para o seu prazer.
— Ele não está a venda e fim de
papo!
— Meninos sem brigar – disse
Abrahan segurando a mão de um silencioso Valdi – Tudo bem filho?
— Não pai! – sua voz era mais
séria e dura – Isso tem que acabar! Da próxima vez ele pode ti matar!
— Valdi... – Yaci chamou a
atenção do outro, mas o irmão mais novo reagiu.
— Não! Chega disso! Se o Andrew
não tivesse nos chamado ele teria morrido, você ouviu o médico Yaci! Nosso pai
não pode continuar a governar Au...
Ofeguei ao ver Yaci dar um soco
no irmão que caiu no chão.
— Cale a boca Valdi! Sabe o que
pode acontecer se alguém ti ouve! Você vai ser morto da forma mais cruel
possível por traição e ele nem mesmo vai mover uma palha para ajudar!
— Ele vai acabar nos matando Yaci
– disse o outro se levantando a enxugando o sangue do lado da boca – A nós e ao
papa e um dia sua loucura vai levar o nosso mundo!
Ele saiu do quarto e devo dizer
que pensava do mesmo modo que ele. Aquele homem não podia cuidar de um mundo!
Ele deveria era estar preso!
— Valdi sempre foi temperamental
– disse Erant, mas seu sorriso parecia mais uma máscara – Vou falar com ele.
— Preciso falar com vocês todos
em meu escritório – disse Yaci sério – Acho que o Andrew pode ficar um pouco
com o papa – ele me olhou com seu olhos calmos – Não pode Andrew?
— Claro – eu faria qualquer coisa
por ele.
Por que ele não podia ser o meu
dono? Eu ia adorar ser escravo de um homem lindo, educado, forte...
— Mais tarde a gente se entende –
resmungou Tiol passando por mim.
— Tá ficando repetitivo –
resmunguei para ele.
Fui me sentar perto de Abrahan
que sorriu para mim. Podia dizer que ainda parecia jovem, mas seus olhos tão
cheios de tristeza me faziam ter vontade de abraçar ele.
Abrahan me contou um pouco do seu
mundo, me falando com amor de seus habitantes e de seus costumes.
Aprendi que era muito comum o
casamento entre pessoas do mesmo sexo e que há muito mais homens que mulheres
em seu mundo. O sexo era algo a ser compartilhado sem medo ou constrangimento e
o ter fora de um relacionamento não era problemas desde de que os parceiros
assim o aceitem, mas na maioria das vezes os casais eram fieis, deixando as
orgias para pessoas solteiras.
Constrangido falei do modo como
seus filhos me agradeceram e ele apenas perguntou se eu gostei, se tinha sido
um bom sexo.
Sorria amarelo dizendo que não estava
acostumado com isso, mas gostara, o que era a amarga verdade.
Logo ele começou a ficar cansado
e me convidou para dormir perto dele o que agradeci, porque também não havia me
recuperado.
Dormimos até quando Yaci apareceu
com o jantar de Abrahan e me deu a direção da cozinha para o jantar.
Confesso que estava com medo de
enfrentar o idiota do mordomo, mas na cozinha havia apenas as cozinheiras.
Velhas senhoras que me deram uma pilha de comida e ficaram me enchendo de
perguntas sobre mim.
Longe de seus chefes violentos
elas se mostravam pessoas até mesmo faladoras, contando sobre suas vidas e seus
sonhos. Do medo do rei e do mordomo, ma agradecidas por Yaci ter mandado dar
uma surra nele e o rebaixar de posto. Agora ele limpava os estábulos e que me
rendeu muitas risadas.
No fim ajudei elas com a louça e
fui até o jardim olhar a lua que agora estava alta no céu e era tão linda de se
ver que deitei na grama e não me cansei de ficar olhando para as nuvens e
oceanos.
— Você gosta mesmo dessa lua – Tiol
apareceu para estragar o meu momento.
— Algum problema? – resmunguei.
— Nem um – nem um ele disse
sorrindo e esse sorriso não era coisa boa.
— O que você tem?
— Nada! Que tal irmos até a
cidade? Estou precisando de uma bebida.
— O castelo ta cheio delas.
— Vamos lá Andrew! Pare de
reclamar um pouco!
— E porque será que eu reclamo
heim?
— Por que você é um mau
agradecido!
— Eu mau agradecido?! – dei um
pulo ficando em pé – Você me comprou! Que agradecimento eu posso ter?
— Se você não vier comigo por bem
eu ti arrasto. A decisão é sua.
Rosnando um monte de palavrões
fui atrás dele para a saída do castelo onde um carro vermelho estava
estacionado. Entramos e ele saiu cantando pneus.
Chegamos logo até a pequena vila
com suas casas coloridas e jardineiras nas janelas com flores brancas e
vermelhas, as cores das bandeiras de Aurifen. Mas algo mais me chamou a
atenção. Dava para ver nos becos figuras maltrapilhas encolhidas.
— Mendigos? – perguntei mais para
mim mesmo.
— Esquecidos – disse Tiol –
Humanos como você, sem emprego ou um lar.
— Morrendo de fome em um dos
mundos mais ricos da galáxia.
— Aurifen não é o que é fazendo
caridade.
— Sabe eu pensava assim no meu
mundo, mas depois de tudo eu acho que ajudar a pessoa a se reerguer não é caridade.
Acha mesmo que essas pessoas não merecem uma chance?
— São perdedores.
— São estrangeiros em um mundo
que os usou como escravos. Um dia vai acabar sendo eu – disse com raiva.
— Por que diz isso? Falei que
você vai fazer uma universidade!
— E ai? Quando eu deixar de ser
seu escravo? O que eu vou ser? Um ex-escravo? Sem família? Sozinho? – olhei
para a lua azul – Acho que prefiro morrer.
— Que ideia idiota é essa Andrew?
— Esqueci – resmunguei – É
saudades de casa.
As vezes isso acontecia naqueles
dias. Uma vontade tão grande de ir para a minha casa, de deitar na minha cama e
de olhar para a minha família que me deixava sem fôlego, quase em pânico e o
pensamento de morta havia chegado vagarosamente.
— Você quer voltar para lá? –
perguntou Tiol parando o carro em um parque cheio de árvores e flores iluminado
por lanternas.
— Não. No final você está certo.
Eles voltariam a me vender – olhei para o príncipe – Não sabe a inveja que
tenho de vocês, do pai que tem. Um pai que suporta tido que Abrahan suportou
por cada um de vocês.
— Vamos caminhar.
— Você não ia para um bar?
— Outro dia. Vamos!
Saímos do carro e andamos pelos
caminhos de pedras irregulares por entre canteiros de flores coloridas e
perfumadas. Não falamos nada durante aquelas horas, nem quando voltamos para o
castelo de Tiol me deixou na frente do meu quarto.
Ele estava estranho e devo me
confessar que eu mesmo estava me sentindo muito esquisito. Deitei na cama
olhando para os raios azuis da lua que entravam em meu quarto e fiquei pensando
naquela família.
Será que realmente eu tivera
sorte em ter sido comprado por Tiol?
antes eu n ao gosteu deste nova estoria porque eu nao aceito a escravidao mas agora acho que tem algo acontecendo entre tiol e andrew.
ResponderExcluirto gostando de ler.
bjs lu