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sábado, 9 de junho de 2012

O Escravo - Capitulo Seis Estranhos Sentimentos


Capitulo Seis – Sentimentos Confusos



Depois de um banho eu me sentia bem melhor, mas estava fazendo o possível para não prestar atenção a Tiol que fora me buscar para ver Abrahan. Ele estava com os cabelos prateados úmidos e um sorriso idiota no rosto.

O quarto do pai dele ficava em uma ala do castelo cheia de tapetes e quadros. Não eram aqueles quadros virtuais que se vêem hoje em dia, mas feito com tinta e pano como os que achamos em museus ou que os humanos da Terra ainda faziam.

Eram tão bonitos. Com os contornos suaves e as pinceladas davam aquela sensação de movimento que nem uma tecnologia podia dar.

— Nunca viu quadros? – Tiol conseguia destruir o meu momento como nem um outro.

— Tem algum problema se olhar? Vai cobrar pedágio? – responde contrariado para o príncipe que estreitou os olhos.

— Se continuar assim ti jogo novamente na sala de jogos!

— Está me ameaçando? O que mais você pode fazer contra mim seu príncipe de merda? Você já me comprou e me torturou!

— Você não sabe do que eu sou capaz seu escrevo ingrato! – ele estava quase rosnando no meu rosto.

— Eu deveria ser grato por que você me fez seu escrevo sexual?! Vai sonhando!

— Vocês dois estão me irritando – disse Erant abrindo uma porta – Parem de discutir e entrem!

Tiol estreitou os olhos para mim e eu mostrei a língua para ele de um modo bem infantil. O príncipe revirou os olhos e me empurrou pelo corredor até a porta.

— Seu grosso! – resmunguei para ele.

— Você me paga! – disse Tiol no meu ouvido e meu pênis deu sinal de vida ao sentir aquele hálito quente na minha orelha.

Que merda estava acontecendo comigo? O cara me ameaça torturar e eu fico excitado? Aquele planeta deveria estar me fazendo mais mau do que eu imaginava.

Uma risada baixa me chamou a atenção e eu olhei em volta para um quarto tão simples quanto o meu com um Abrahan pálido deitado em uma cama de solteiro cercado pelos filhos. O homem me olhou e sorriu iluminando seus tristes olhos vermelhos.

Eu não conhecia ninguém que se sacrificava tanto assim pelos filhos. Meu pai havia me vendido sem um pingo de remorso, mas Abrahan aceitava ser humilhado por causa dos seus filhos. Daria tudo para ter um pai como aquele.

— Papa! – Tiol foi abraçar o outro enquanto fiquei ali olhando para a família deles me perguntando porque um príncipe vivia em um quarto que se parecia com o quarto de um escravo.

— Andrew? – a voz suave de Abrahan me chamou e eu olhei para cima para ver que ele sorria para mim – Obrigado por ter me ajudado.

— Eu não fiz nada – disse constrangido – Nem mesmo pude ajudá-lo!

— Agradeço porque você não tentou. Se ele tivesse ti visto teria ti matado.

Tiol olhou para seu papa com o rosto atormentado e eu me perguntava se ele não sabia mesmo de todo aquele sadismo do imperador.

— Nosso povo não é assim Andrew. É um povo – Abrahan parecia preocupado que eu estava tendo uma visão errada dos aurifenses.

Olhei para Tiol.

— Espero que não sejam parecidos com ele! – respondi apontando para o príncipe.

O mais velho começou a rir junto com os outros três irmãos, mas Tiol parecia a ponto de me bater. Estava brincando com fogo, mas estava tão legal atazanar a vida daquele príncipe sádico e mimado que não me importava com o depois.

— Você acertou a mão dessa vez Tiol – disse Yaci parando de rir e me olhando – Gosto de homens com sangue nas veias.

— O que você gosta não conta aqui Yaci – resmungou Tiol para ele – O escravo é meu!

— Posso comprá-lo de você. Assim você pode sempre encontrar algum dócil para o seu prazer.

— Ele não está a venda e fim de papo!

— Meninos sem brigar – disse Abrahan segurando a mão de um silencioso Valdi – Tudo bem filho?

— Não pai! – sua voz era mais séria e dura – Isso tem que acabar! Da próxima vez ele pode ti matar!

— Valdi... – Yaci chamou a atenção do outro, mas o irmão mais novo reagiu.

— Não! Chega disso! Se o Andrew não tivesse nos chamado ele teria morrido, você ouviu o médico Yaci! Nosso pai não pode continuar a governar Au...

Ofeguei ao ver Yaci dar um soco no irmão que caiu no chão.

— Cale a boca Valdi! Sabe o que pode acontecer se alguém ti ouve! Você vai ser morto da forma mais cruel possível por traição e ele nem mesmo vai mover uma palha para ajudar!

— Ele vai acabar nos matando Yaci – disse o outro se levantando a enxugando o sangue do lado da boca – A nós e ao papa e um dia sua loucura vai levar o nosso mundo!

Ele saiu do quarto e devo dizer que pensava do mesmo modo que ele. Aquele homem não podia cuidar de um mundo! Ele deveria era estar preso!  

— Valdi sempre foi temperamental – disse Erant, mas seu sorriso parecia mais uma máscara – Vou falar com ele.

— Preciso falar com vocês todos em meu escritório – disse Yaci sério – Acho que o Andrew pode ficar um pouco com o papa – ele me olhou com seu olhos calmos – Não pode Andrew?

— Claro – eu faria qualquer coisa por ele.

Por que ele não podia ser o meu dono? Eu ia adorar ser escravo de um homem lindo, educado, forte...

— Mais tarde a gente se entende – resmungou Tiol passando por mim.

— Tá ficando repetitivo – resmunguei para ele.

Fui me sentar perto de Abrahan que sorriu para mim. Podia dizer que ainda parecia jovem, mas seus olhos tão cheios de tristeza me faziam ter vontade de abraçar ele.

Abrahan me contou um pouco do seu mundo, me falando com amor de seus habitantes e de seus costumes.

Aprendi que era muito comum o casamento entre pessoas do mesmo sexo e que há muito mais homens que mulheres em seu mundo. O sexo era algo a ser compartilhado sem medo ou constrangimento e o ter fora de um relacionamento não era problemas desde de que os parceiros assim o aceitem, mas na maioria das vezes os casais eram fieis, deixando as orgias para pessoas solteiras.

Constrangido falei do modo como seus filhos me agradeceram e ele apenas perguntou se eu gostei, se tinha sido um bom sexo.

Sorria amarelo dizendo que não estava acostumado com isso, mas gostara, o que era a amarga verdade.

Logo ele começou a ficar cansado e me convidou para dormir perto dele o que agradeci, porque também não havia me recuperado.

Dormimos até quando Yaci apareceu com o jantar de Abrahan e me deu a direção da cozinha para o jantar.

Confesso que estava com medo de enfrentar o idiota do mordomo, mas na cozinha havia apenas as cozinheiras. Velhas senhoras que me deram uma pilha de comida e ficaram me enchendo de perguntas sobre mim.

Longe de seus chefes violentos elas se mostravam pessoas até mesmo faladoras, contando sobre suas vidas e seus sonhos. Do medo do rei e do mordomo, ma agradecidas por Yaci ter mandado dar uma surra nele e o rebaixar de posto. Agora ele limpava os estábulos e que me rendeu muitas risadas.

No fim ajudei elas com a louça e fui até o jardim olhar a lua que agora estava alta no céu e era tão linda de se ver que deitei na grama e não me cansei de ficar olhando para as nuvens e oceanos.

— Você gosta mesmo dessa lua – Tiol apareceu para estragar o meu momento.

— Algum problema? – resmunguei.

— Nem um – nem um ele disse sorrindo e esse sorriso não era coisa boa.

— O que você tem?

— Nada! Que tal irmos até a cidade? Estou precisando de uma bebida.

— O castelo ta cheio delas.

— Vamos lá Andrew! Pare de reclamar um pouco!

— E porque será que eu reclamo heim?

— Por que você é um mau agradecido!

— Eu mau agradecido?! – dei um pulo ficando em pé – Você me comprou! Que agradecimento eu posso ter?

— Se você não vier comigo por bem eu ti arrasto. A decisão é sua.

Rosnando um monte de palavrões fui atrás dele para a saída do castelo onde um carro vermelho estava estacionado. Entramos e ele saiu cantando pneus.

Chegamos logo até a pequena vila com suas casas coloridas e jardineiras nas janelas com flores brancas e vermelhas, as cores das bandeiras de Aurifen. Mas algo mais me chamou a atenção. Dava para ver nos becos figuras maltrapilhas encolhidas.

— Mendigos? – perguntei mais para mim mesmo.

— Esquecidos – disse Tiol – Humanos como você, sem emprego ou um lar.

— Morrendo de fome em um dos mundos mais ricos da galáxia.

— Aurifen não é o que é fazendo caridade.

— Sabe eu pensava assim no meu mundo, mas depois de tudo eu acho que ajudar a pessoa a se reerguer não é caridade. Acha mesmo que essas pessoas não merecem uma chance?

— São perdedores.

— São estrangeiros em um mundo que os usou como escravos. Um dia vai acabar sendo eu – disse com raiva.

— Por que diz isso? Falei que você vai fazer uma universidade!

— E ai? Quando eu deixar de ser seu escravo? O que eu vou ser? Um ex-escravo? Sem família? Sozinho? – olhei para a lua azul – Acho que prefiro morrer.

— Que ideia idiota é essa Andrew?

— Esqueci – resmunguei – É saudades de casa.

As vezes isso acontecia naqueles dias. Uma vontade tão grande de ir para a minha casa, de deitar na minha cama e de olhar para a minha família que me deixava sem fôlego, quase em pânico e o pensamento de morta havia chegado vagarosamente.

— Você quer voltar para lá? – perguntou Tiol parando o carro em um parque cheio de árvores e flores iluminado por lanternas.

— Não. No final você está certo. Eles voltariam a me vender – olhei para o príncipe – Não sabe a inveja que tenho de vocês, do pai que tem. Um pai que suporta tido que Abrahan suportou por cada um de vocês.

— Vamos caminhar.

— Você não ia para um bar?

— Outro dia. Vamos!

Saímos do carro e andamos pelos caminhos de pedras irregulares por entre canteiros de flores coloridas e perfumadas. Não falamos nada durante aquelas horas, nem quando voltamos para o castelo de Tiol me deixou na frente do meu quarto.

Ele estava estranho e devo me confessar que eu mesmo estava me sentindo muito esquisito. Deitei na cama olhando para os raios azuis da lua que entravam em meu quarto e fiquei pensando naquela família.

Será que realmente eu tivera sorte em ter sido comprado por Tiol?

 

Um comentário:

  1. antes eu n ao gosteu deste nova estoria porque eu nao aceito a escravidao mas agora acho que tem algo acontecendo entre tiol e andrew.
    to gostando de ler.
    bjs lu

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