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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo VIII

Capitulo VIII



Mathew carregava em seu cavalo um Gabe totalmente exausto e dormindo profundamente. Paul ia com o tenente Capela um soldado alto e forte que viera do reino de Irany, uma ilha no mar de Aral. Ele tinha a pele morena como se tivesse tomado muito sol e olhos de um verde intenso. As lendas diziam que boa parte do sangue daquele povo vinha dos elfos, mas como isso era apenas especulação ninguém podia dizer ao certo.

Gwen e Phillip iam no mesmo cavalo carregando o bebê. Paul ficara muito surpreso quando de repente eles haviam pedido para ficar com o garotinho e também feliz por perceber que eles iam amá-lo e cuidar dele.

Eles já haviam deixado as terras de Gorlan e rumaram para a estrada para a vila de Haven.

— Minha mãe é um duo – disse de repente o tenente Capela para ele.

— É muito raro duos terem filhos – ele olhou para o rosto dele percebendo a sua beleza morena.

— Na minha ilha eles são muito comuns e meus pais tiveram cinco filhos.

— Seus pais ainda estão vivos?

— Estão sim – ele sorriu e mesmo na obscuridade da noite ele notou os dentes faiscarem de tão brancos – Meu pai é dono de barcos e os aluga para pescadores, meus irmãos estão casados e vivem da pesca.

— Por que deixou a sua família?

— Acho que por que eu não me encaixava, não era pescador ou mercador. Estive na escola de guerra da Academia de Gaulesh e vim para Haven há cerca de cinco anos a convite do príncipe Phillip.

— Não sente saudades de casa?

— Sinto sim – ele deu uma risada baixa – mas eu não acho que queira outra vida.

Paul ia responder quando notou o olhar de Mathew para ele. O príncipe havia se aproximado e observava os dois com os olhos cheios de ciúmes. Ele teve vontade de rir, Capela podia ser lindo, mas Mathew era o único homem que queria não só olhar como também tocar. Sorriu para o príncipe que estreitou os olhos fazendo um bico amuado que Paul teve que morder os lábios para não rir.

Eles chegaram ao entroncamento de estradas e pararam.

— Paul estou preocupada com ele – Gwen e Phil haviam se aproximado dele – Ele esta muito quieto e pálido – ela apontava com a cabeça para o vulto dentro do bebê dentro da capa para proteger do frio e da chuva.

— Ele precisa de leite, minha senhora, com urgência. Não sei nem mesmo se ele foi alimentado. Estamos perto da minha casa, talvez possam ir até lá para dar leite a ele.

— Imagino que isso seja o melhor no momento – Phillip dispensou boa parte da tropa só ficando a sua guarda pessoal que era formada por oito guerreiros e comandada pelo tenente Capela e seguiram para a casa de Paul.

As fadinhas que estavam empoleiradas em cima dos soldados levantaram vôo dizendo que iam avisar a família de Paul que deveriam estar preocupados.

Finalmente Paul avistou sua casa que ele tivera tanto medo de nunca ver. A porta da sala se abriu e uma grande quantidade de fadas saiu junto com as crianças. Ele pulou do cavalo sem ajuda e correu para os seus pequenos que o agarraram, Sara tinha os olhos vermelhos e coçava o nariz também vermelho.

Ela nunca mais queria sentir o medo que sentira naquela noite em perder Paul e Gabe.

— Sara – Paul a abraçou com força e a menina recomeçou a chorar.

— Não vai mais mãe. E se você não voltasse pra gente? O que ia acontecer? Eu estava com muito medo – ela fungava.

— Tenha calma, ta tudo bem.

Todos haviam descido dos cavalos e Mathew, Phillip e Gwendelyn haviam se aproximado. Gabe ainda dormia nos braços do príncipe.

— Por favor, vamos entrar – convidou Paul, mas os soldados disseram que ficariam na varanda deixando Paul contrariado, mas sem ter o que fazer.

Capela lhe sorriu e Mathew rangeu os dentes de raiva.

Entraram na sala aquecida por causa da lareira.

— Eu vou pegar o leite e aquecer – Paul foi para a cozinha – Ainda guardo as mamadeiras antigas dos meninos – olhou Mathew – Será que você pode colocá-lo na cama?

— Não se preocupe – ele subiu as escadas acompanhado de Shon que parecia preocupado com o irmão.

— Ele ta doente? – perguntava entrando no quarto com o outro.

— Ele só esta cansado Shon.

Retirou a capa que o cobria e finalmente Gabe abriu os olhos para ver que estava no seu quarto e tinha Mat e Shon olhando-o preocupado.

— Eu dormi? – ele parecia pasmo com isso.

— Você estava bem cansado de toda aquela corrida – Mat sentou do lado dele afastando alguns fios de sua testa – Que tal retirar essa roupa e por seu pijama?

O menino acenou molemente e Shon pegou a roupa enquanto Mathew retirava a outra rasgada e suja do corpo dele. Antes mesmo que terminasse de deitar ele estava dormindo. Sorrindo com carinho Mat cobriu o garoto e descobriu um Shon com olhos pidões a sua frente. Ele nem precisava perguntar para saber que o menino queria que ele o pegasse no colo. Levantou o garoto nos braços sentindo seu coração se aquecer de carinho e amor, de alguma forma parecia tão certo Shon estar ali entre os seus braços.

— Você não ta com sono companheiro?

— Eu queria dormir com você Mat? Posso?

— Vamos fazer assim – ele baixou ele até a sua cama – Eu fico com você até dormir e outro dia a gente dorme junto.

— Tá certo – mesmo contrariado o menino deitou e aceitou um beijo no rosto do príncipe.

Mat ficou ali olhando para o garoto pensando pela primeira vez que seus olhos azuis lembravam os olhos de seu próprio pai que havia transmitido aquele tom violeta apenas a ele e a Dylan. Sentiu saudades dele e de sua esposa Mirian.

Mirian era filha de um duque poderoso do reino de Gaulesh e o casamento dos dois havia sido arranjado por sua mãe. Quando os dois haviam se encontrado na festa de apresentação fora complicado, na verdade fora a maior briga que Mat já tinha visto na vida. Mirian era geniosa e Dylan cabeça dura e os dois havia, depois de jogar bolo e vinho um no outro, partido para um duelo para o horror se sua mãe e o divertimento do pai de Mirian que havia criado a filha como um menino.

Mirian apostara que se ela o vencesse ia desfazer o bendito acordo e Dylan que se ele ganhasse ela teria que casar com ele naquele momento.

Apesar dos gritos histéricos de sua mãe, as apostas haviam sido feitas e o duelo começara. Para o espanto de Dylan, a moça sabia manejar a espada até melhor que ele e o duelo se estendeu por três horas, já amanhecendo quando finalmente exausto Dylan conseguira pegá-la desprevenida e desarmá-la e no fim os dois estavam abraçados e se beijando sob uma onda de aplausos.

Um padre foi chamado e seu irmão conseguira ter o casamento mais rápido do século.

Três anos depois eles eram atormentados pela sua mãe por que Mirian não engravidava. Para sua mãe se uma mulher não podia produzir um herdeiro ela era inútil!

Cansado das lembranças. Mat olhou para Shon que dormia. Deu um beijo em sua testa assim como em Gabe e desceu para a sala onde Gwen dava de mamar para o bebê.

— Ei Mathew – seu irmão acenou sorridente – Venha conhecer seu sobrinho, Killian McGives.

— Esse é o nome do seu pai, não Gwen?

— É um nome lindo que quer dizer lutador em gaélico – a princesa olhou com carinho para o menino que mamava avidamente – É isso que ele é, um lutador.

Paul estava sentado em uma poltrona com Sara deitada em seu colo e dormindo. Os outros garotos deveriam ter sido despachados para seus respectivos quartos.

Lá fora o dia assumia um tom mais claro e um galo cantou saudando o dia. A chuva havia parado, mas ainda haviam nuvens escuras e pesadas no céu.

— É melhor aproveitar que a chuva parou e irmos – disse Phillip – Preciso reunir maus conselheiros e ver o que pode ser feito quanto as estradas e ao que esta acontecendo em Gorlan.

— Princesa eu não tenho vestidos, mas posso lhe emprestar algumas roupas e também tenho algumas roupinhas de bebê que guardei.

— Isso ia ser ótimo Paul – Killian já havia acabado de mamar e agora ela colocava ele no ombro para arrotar como já vira algumas mães fazerem.

Paul acordou Sara que resmungou e coçou os olhos.

— Eu vou fazer panquecas e café – ela bocejou – O que acham?

— Não queremos incomodar ainda mais Sara – disse Phillip se perguntando como aquela menina sega ia cozinhar.

— Não se preocupe com isso, eu também estou com uma baita fome e minha mãe é um ogro cedo quando não bebe café.

Antes que Paul pudesse responder ela saltitou até a cozinha gritando que a vaca maldita precisava ser ordenhada.

— Olha a boca suja Sara! – Paul pediu paciência aos céus, mas sorriu logo depois – Vamos alteza? – olhou para a princesa – A vaca é sua – piscou para Mathew que gemeu, mas lançou um olhar avaliador para o irmão.

— Nananinanão! Eu não vou ordenhar uma vaca!

— Deixa de frescura! A Sindy é uma vaca muito educada.




Gwen vestiu uma das roupas de Paul achando estranho vestir calças compridas e camisa.

— É estranho, mas ao mesmo tempo eu sinto que me movo com mais facilidade.

— Ouvi dizer que as mulheres elfos usam tanto calças quanto vestido – respondeu Paul abrindo um velho baú que ficava quase escondido em um canto e retirando fraldas e roupinhas.

Com destreza ele pôs a frauda e as roupas em Killian que dormia sossegado.

— Pelo visto você tem alguma experiência com a coisa – ela ria olhando com carinho para o menino.

— Depois de ter trocado as fraudas de Shon, Jared e Jason acho que estou acostumado.

— Eu não sei nada sobre crianças Paul – ela estava preocupada com isso.

— Ser mãe de primeira viagem é complicado, mas eu aprendi que algo acontece dentro de nós e de alguma forma sempre sabemos o que fazer – ele colocou a criança dentro de um cesto forrado com uma cobertura fofa e o cobriu com a manta – Quando Shon era pequeno e eu ia ajudar Hugh na feira ele me comprou esse cesto para que pudesse carregá-lo para a feira.

— Acho que ainda não agradeci você como se deve – ela segurou as suas mãos apesar dele balançar a cabeça – Claro que eu devo agradecer e muito. Você se ofereceu para poder me livrar daqueles bandidos e me deu um filho. Nunca vou poder agradecer o suficiente.

— Minha senhora sou eu quem agradeço por cuidar do pequeno Killian.

— Então que tal você me chamar de Gwen? Afinal todos os meus amigos me chamam assim.

— Obrigado e me sinto honrado, mas para evitar gerar confusão o farei quando estivermos sozinhos.

— Apesar de não gostar eu entendo. Agora é melhor descermos e ajudar a sua menina com o café.

Gwen pegou o cesto e ela e Paul desceram para a cozinha onde Sara fazia a massa das panquecas e fritava ovos e bacon. Sua voz clara chegava até a sala e ao chegar à cozinha ela percebeu que a guarda pessoal do príncipe estava em peso na janela conversando com a menina que lhes lançava sorrisos.

— Claro que sei que vocês são nove. Um de vocês é muito alto e tem uma barba cerrada que vive coçando e está a minha direita perto do canto da janela. O homem ao seu alto é um pouco mais baixo e arrasta os pés ao andar. Seu amigo atrás é de sua altura, mas manca levemente e vive mexendo no punho da espada. Há mais três homens altos e eles estão mais atrás e dois de vocês são baixos, mas robustos. Um deles tem um andar leve e sorrateiro, como se quisesse sempre passar despercebido, mas eu sei que você esta no canto esquerdo da minha janela atrás de um homem mais alto.

Os homens deram exclamações de espanto e Capela, que era o homem de andar furtivo, sorriu.

— Menina, que ouvidos!

— Hum hum! – Paul limpou a garganta para mostrar que estava ali e quando os guardas viram a princesa fizeram posição de sentido esbarrando uns nos outros na pressa.

— Ah! Oi mãe – Sara sorriu teatralmente para ele – Não vi que o senhor estava ai.

— Com licença senhora, senhor – os homens debandaram rápido ante o olhar frio de Gwen.

— Sara... – Paul ia começar a passar um sermão na filha quando a porta da cozinha abriu e Phillip e Mathew entraram com o balde de leite.

Mat tinha um olhar satisfeito e seu irmão parecia que queria matá-lo.

— Meu amor você ta com palha nos cabelos! – Gwen retirou os pedaços de feno – Até parece que você caiu no chão.

Mathew não agüentou e começou a rir de forma descontrolada enquanto Paul já imaginava o que tinha acontecido e ficava vermelho de embaraço. A Sindy deveria ter jogado o príncipe do reino no chão.

— Você aprendeu isso com o Gabe – resmungava Sara – Afinal os homens são todos iguais, só muda a idade.

Sem conseguir se conter Paul começou a rir acompanhado de Gwen. Sara balançou a cabeça para eles e continuou calmamente a fazer suas panquecas enquanto Phillip franzia os lábios e cruzava os braços amuado, mas no fim acabou rindo também.



Depois do café que foi servido para os guardas também, eles partiram para o castelo.

Mathew prometeu no ouvido de Paul voltar mais tarde, assim que se livrasse de Phillip.

A ida ao castelo foi calma e logo a fofoca de que o príncipe e a princesa tinham adotado uma criança correu o castelo como fogo em mato seco.

Ao meio dia uma carruagem seguida por um grupo de guardas vestidos de vermelho e com o brasão do reino de Gaulesh entrou na vila e foi até o castelo onde os donos dormiam cansados das aventuras da noite.

O chefe da segurança do castelo, um antigo soldado de Gaulesh e mestre de Phillip logo reconheceu a carruagem a guarda de honra e mandou que o príncipe fosse acordado.

A carruagem parou à porta do castelo e a portinhola se abriu. Uma moça vestida com um vestido rosa e cheio de laços e babados desceu se abanando com um leque.

— Por que tem que ser tão quente? – ela bateu o pé como se a culpa dela sentir calor fosse do mundo todo.

— Isso se chama outono minha querida – disse um senhor alto, de cabelos curtos com alguns fios grisalhos e com maravilhosos olhos violetas.

Ele estendeu a mão para a carruagem ajudando uma mulher a descer. Ela era baixa, não tendo mais que um metro e sessenta cabelos castanhos dourados que caiam em cachos pelas costas e olhos castanhos frios. Seu porte era altivo e seu olhar de desdém ao observar em volta tão nítido que poderia fazer uma planta murchar.

— Yeda tem razão, esse lugar sempre foi muito quente e vulgar.

Nesse momento a porta do castelo abriu e Phillip parou estático olhando-os.

— Mamãe?!

2 comentários:

  1. ei amo esta historia, espero que vc continue a escrever muito mais historias alem desta, de principes, amores mais que diferentes e principalmente de fadas, elfos, e de seres magicos,de novo obrigada por alegrar o meu dia. bjs lu

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    1. Adoro quando recebo mensagens suas! Me faz sentir que estou fazendo algum bem a alguem. Quando comecei a escrever na net fiquei com tanto medo de ninguem gostar... mas percebo que as pessoas estão gostando. Agradeço a suas mensagens e tambem espero continuar escrevendo para voce e todos que me leem. Beijos e obrigada!

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