Minha lista de blogs

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo XIX

Capitulo XIX



Maleah estava sentado nos fundos da caverna ouvindo Capela conversar com as fadas. Sabia que havia sido um idiota sem coração ao gritar com o tenente, mas a verdade é que ele nunca se imaginou casado. Gostava de ser livre e viver andando pelo mundo. Achava que quando o momento chegasse ele acharia uma elfo que tivesse influencia e se casaria, mas acabara ligado a um tenente humano. Seu pai ia matá-lo por isso, na verdade ele ia é deserdá-lo por ter se ligado a um ser inferior como um humano. Quanto a isso ele não se preocupava, estava louco para se livrar do trono, mas nunca mais poderia voltar ao seu reino, ele seria um degredado.

— Você está bem? – Capela aproximou-se dele o olhando preocupado.

— Estou vivo e não agradeci por ter me salvado, obrigado.

— Agora que se acalmou será que pode me dizer o que é esse negócio de casamento?

— Não tenho nada para dizer! Nós casamos e fim de papo.

— Olha aqui elfo eu não posso estar casado com você! Para mim casamento é algo que se celebra com um padre e não depois de ter usado uma magia de cura! Eu já vi magos usarem esses poderes e não ficarem presos aos seus pacientes!

— Algum era elfo por acaso? – Maleah se levantou encarando o tenente – Nós elfos não somos católicos! Não nos casamos como vocês! Um casamento elfo acontece quando duas almas se juntam a ponte se não sabermos onde termina uma e começa a outra!

— E você acha que foi isso que eu fiz?

— Eu não acho – o elfo fechou a boca e de repente Capela ouviu uma voz em sua cabeça – “Eu sei!”

Capela deu um pulo se encostando na parede da gruta se dando conta que o elfo havia falado em sua mente. Agora ele podia sentir bem lá no fundo de sua alma uma estranha energia e perceber que ela vinha de Maleah. Ao tocar a energia com sua mente ele percebeu que era ali que sua alma estava ligada ao outro e que através dessa ligação ele podia sentir parte das emoções do elfo.

Com desespero percebeu que as lembranças de Maleah estavam ali também.

— Será que percebeu agora seu humano idiota!

— Deve ter um jeito de romper isso!

— Tem sim – olhou Capela nos olhos – quando um de nós morrer!



Paul tinha que ficar de repouso por uma semana e ele protestou bastante ao ouvir isso.

— Podia ser pior Paul! – retrucou Mat contrariado olhando para o rapaz deitado e de braços cruzados.

— Minha fazenda não pode ficar à toa Mat! Eu tenho coisas demais para fazer do que ficar deitado aqui.

— Eu vou na fazenda dar uma olhada em tudo com Gabe todos os dias, mas você não vai desobedecer as ordens do curandeiro.

— Esqueceu que eu sou um curandeiro? Pois eu digo que esse negócio de ficar de repouso é bobagem.

— Por que você é curandeiro é que deveria ter mais juízo!

— Você está me dizendo que eu não tenho juízo, Mathew MacGives? – Paul estreitou os olhos.

— Não foi isso que eu disse Paul!

— Mas foi isso que eu entendi afinal de contas!

— Não coloque palavras na minha boca!

— Não to colocando nada que você não tenha dito!

— É só ti contrariar um pouquinho que você fica desse jeito.

— Que jeito?!

— Parecendo um porco espinho... – na hora Mat percebeu que tinha falado a coisa errada.

— Porco espinho é você seu moleque com complexo de lord! Eu vou para a casa e fim de papo!

— Você fica aqui e fim de papo Paul!

— Eu sou livre até onde eu sei!

— Você quer que eu ti tranque no quarto?

— Tenta fazer isso para ver o que ti acontece!

— Eu não vou mais discutir com você nesse estado alterado. E não se atreva a sair dessa cama ou vou mandar um guarda ficar de prontidão dentro do quarto! – Mat saiu do quarto ouvindo alguns “elogios” de Paul em relação a sua pessoa.

— Você é um poço de sensibilidade Mathew – Gwen estava no corredor com Killian nos braços – Dava para ouvir a briga de você do outro lado do castelo.

— O que você queria que eu fizesse com esse teimoso? Deixasse ele ir para casa?

— Mat, Paul viveu muito tempo dependendo só dele mesmo. Ninguém estava lá quando ele precisava cuidar das crianças e da fazenda. É natural que ele esteja com medo de perder sua autonomia que ele lutou tanto para construir.

— E o que faço, Gwen? – ele abriu os braços em desespero – Deixo ele ir para aquele lugar afastado e sozinho?

— Não. Mas acho que passou da hora de você levar seu esposo para casa.

— Esposo?

— Peça ele em casamento de uma vez por todas Mathew! – ela retirou do bolso uma caixinha e entregou a ele – Vá lá e faça certo!

Mat abriu a caixa de madeira revelando um colar de anéis de prata onde pendia uma aliança de ouro branco. A corrente com a aliança era um símbolo dado a pessoa no dia do noivado. Ao se casar a aliança era retirada da corrente e posta no dedo da mão direita simbolizando assim sua união.

— Eu falei com padre Timótio – a princesa deu um sorriso safado – Ele odiou a ideia de casar um duo, mas a minha ameaça de retirar as minhas doações da igreja foi o suficiente. Dentro de uma semana celebraremos o seu casamento

Mat olhava do colar para a cunhada e vice-versa até que seu conta do que ela havia falado. Rindo ele beijou Gwen e correu de volta ao quarto.

Ao entrar no quarto ainda encontrou Paul emburrado e com os lábios torcidos em um bico que Mat ia adorar beijar.

— Pra que voltou agora? Não trouxe um soldado com você? Pois se quer saber... – fosse lá o que fosse que Paul ia dizer se perdeu.

Mat sentou na cama e puxou Paul para um beijo quente e exigente, só parando quando faltou ar para os dois.

— Paul – ele abriu a caixa mostrando a corrente – Você que ser casar comigo?

Paul olhava incrédulo para o símbolo de noivado na mão do príncipe. Era mesmo verdade? Aquele homem lindo e poderoso, um príncipe do reino de Gaulesh queria casar com ele?

— Mat... Eu não sei o que dizer...

— Sim?

— Mathew – ele segurou a mão do outro onde ele mantinha a corrente estendida para ele – Você pensou bem no que está fazendo? Você não estará se casando só comigo, mas eu tenho cinco filhos. Você já se imaginou dia a dia tendo que trabalhar em uma fazenda e cuidar de cinco crianças? Eu não ia conseguir viver em seu mundo, Mat. Ele não é gentil com pessoas como eu e nem com as minhas crianças.

— Paul quando eu ti pedi em casamento eu não fiz isso sem considerar as coisas. Eu amo você e amo cada um de seus filhos como se fossem meus. Eu quero ir para a casa da floresta com você, quero acordar ao seu lado, trabalhar com você, estar lá quando as crianças brigarem ou quando as coisas não forem fáceis – ele voltou a erguer a corrente – Meu amor eu não quero pensar em mais nada, agora eu quero você para sempre ao meu lado, basta que você diga uma simples palavra.

— É uma palavra simples, mas que vai mudar a nossa vida e a de muita gente – ele segurou a corrente e deu um beijo no anel e olhou para os violetas de Mathew – Mathew McGives eu amo você e quero me casar.

Feliz demais para dizer em palavras, Mat deu um pulo e deu um beijo nos lábios e Paul encostando a sua testa na dele.

— Gwen já falou com o padre.

— Mesmo?! – Paul caiu na risada – Imagino o que o padre disse. Eu nunca pude entrar na Igreja.

— Então imagine o que a minha cunhada disse. Em uma semana estaremos casados e finalmente indo para a casa.

— Casa – Paul passou os braços pelo pescoço de Mat – Sera que existe palavra mais doce?

— Amor – murmurou ele beijando os lábios do rapaz de uma forma tão doce que vieram lágrimas aos olhos de Paul.

— Você não vai chorar, não é? – Mat começou a enxugar as lágrimas que escorriam dos olhos do outro – Esse é para ser um momento feliz.

— Eu estou feliz seu bobo – ele riu em meio as lágrimas e voltaram a se beijar não percebendo que o quarto de Sara não era muito longe do deles.

A menina começou a rir de forma descontrolada assustando os Shon e Gabe que estavam lá, este ultimo ainda com raiva da moça loira.

— O que há com você, heim? – perguntou ele contrariado.

— Eu sou demais!

— Demais chata, você quer dizer.

— Cale a boca Gabe! Eu não mando você ter o ouvido entupido de cera!

— Você é que ouve demais, é enxerida demais!

— Você fala assim por que os seus sentidos são uma porcaria. Uma manada de cavalos ia passar no corredor e você não ia ouvir!

— Vocês querem parar! – Shon havia tapado os ouvidos – Fala o que você ouviu de uma vez por todas Sara!

— Teremos um casamento para ir.

— É alguém que conhecemos? Não conhecemos ninguém nesse lugar, não é mesmo? – Shon mordeu a parte interna da bochecha pensando.

— Pode apostar que nós conhecemos e bem.

Gabe revirou os olhos com vontade de esganar a irmã. Ela tinha por esporte torturar a todos eles por causa da curiosidade.

— Fala logo sua chata!

— Agora eu não falo mais! – ela cruzou os braços contrariada.

— Eu prefiro ficar olhando os cavalos no pátio do que ficar com vocês dois! – Shon levantou contrariado – Vocês são piores que Jared e Jason!

— Tá bom! – a menina projetou o lábio inferior em um bico contrariado, mas logo seus olhos brilharam com o que ia contar – O Mat pediu a mãe em casamento!

— O Mat vai ser o nosso pai?! – cheio de alegria Shon pulou da cama.

— Pelo visto sim – ela olhou para Gabe que estava silencioso – O que há com você Gabe? Até parece que não gostou disso?

— O que um nobre ia querer com a gente Sara? Ele vai casar com o pai e a gente?

— Ele vai casar com todos nós Gabriel – nesse momento Sara se parecia com Paul, com um ar decidido e sério – Ele nos ama, eu ouvi e mesmo se ele não tivesse falado eu sei que ele nos ama a todos nós. Você está com medo.

— Claro que estou! Eu quero, mas não consigo acreditar nas pessoas.

— Então acredite em Paul, Gabe. Ele nunca faria nada para nos machucar.

O menino não respondeu. Ele foi até a janela olhando para o jardim que brilhava na luz da manhã que já ia alta. Um dia, há muito tempo atrás, ele havia jurado que nunca mais ia confiar em ninguém e não estava disposto a por o seu coração a perder novamente.





Capela abaixou-se para beber água do riacho que corria calmamente por entras pedras cheias de limo. Nas margens haviam pequenos arbustos de uma planta verde, de caule suculento que era usado para fazer sopas. Ele quebrou dois e se pôs a mastigar um levando o outro para o elfo que havia sentado debaixo de uma árvore.

— Coma, não tem gosto ruim.

— Eu não quero. Estou enjoado demais para pensar em comer – ele se levantou – Vamos logo embora! Eu preciso avisar o meu pai do que aconteceu, odeio protelar as coisas.

— Ia ajudar se eu me declarasse responsável?

— Não!

— Maleah eu estou tentando ajudar!

— Você já me ajudou bastante! – ele se voltou para o humano aos gritos – Você se ligou a mim pela eternidade, por sua causa eu nunca mais poderei entrar nas terras da minha raça!

— Se a sua raça não é capaz de compreender um erro, então você não deve ter muito orgulho dela!

— Cale a boca! – o elfo deu um empurrão no outro jogando-o dentro do córrego – Não fale da minha raça, você não tem esse direito!

— Seu elfo idiota! – Capela se levantou bufando de raiva e voou para cima do outro dando-lhe um soco.

Os elfos eram por natureza seres extremamente fortes, mas aquele humano tinha uma grande força. Maleah enxugou o sangue que escorria do seu lábio partido e foi para cima do tenente.

Os dois rolaram na terra e na lama deixada pela chuva. Cada um aplicava socos potentes e também recebia até que depois de uma hora pararam ofegantes e contundidos.

— Você já não é mais um humano normal – resmungou o elfo sentando no chão.

— Eu já notei isso – resmungou o outro tocando em um olho roxo – Agora eu estou de igual para igual com você.

— Não se orgulhe disso.

— Mas eu posso dizer que fazia tempo que eu não tinha uma boa luta – ele tentou rir com a boca machucada e acabou gemendo.

— Você gostou disso? Alem de louco você é sádico?

— Só um pouquinho elfo – seu sorriso era engraçado com o lábio e inchado – Maleah eu queria poder concertar as coisas, mas eu na me arrependo por ter salvo a sua vida. Eu faria tudo de novo.

Ao ouvir isso o elfo ficou constrangido e abriu a boca para se desculpar quando o mundo a sua frente sumiu e ele de repente se viu em um campo de batalha.

Olhou em volta assustado ao ver pilhas de cadáveres cobertos de sangue, com os membros mutilados. Olhando em volta percebeu que estava no verão, as folhas das árvores eram verdes e havia uma névoa úmida de onde vinham gritos, gemidos e tinir de metal.

Tentou reconhecer o local onde estava, mas era desconhecido para ele. Ouviu um trote de cavalo e a sua frente apareceu um guerreiro de armadura com o elmo fechado cobrindo o seu rosto. Sua capa voava atrás de si e no seu peitoral havia o emblema de um dragão vermelho. Sua espada era longa e feita de um metal brilhante.

Ele nunca havia visto tanta fúria nos olhos de alguém e ao olhar para o lado percebeu o porquê...

Maleah acordou com um grito.

— Meu Deus elfo assim você me mata de susto – disse Capela segurando seus ombros.

— Eu vi – elfo tremia de forma descontrolada – Guerra, raiva...

— Eu não to entendendo nada Maleah!

— Ei tive uma visão, eu vi a guerra que está para vir. Meu Deus – ele começou a chorar – Meu Deus...

— Calma – Capela o abraçou tentando parar os seus tremores – Me conte que tipo de visão.

— O futuro daqui há alguns meses. Haverá guerra e a morte de uma pessoa vai levar outra a um genocídio.

— Quem vai morrer Maleah, me diga!

O elfo olhou nos olhos do tenente com absoluto terror.

— Paul.

Um comentário:

  1. monica eu sei que quando um escritor ou escritora começa uma estoria as vzs os personagens tomam o controle, mas me faça um favor não mate o paul, sua esto4ia me faz muito feliz nao me faça chorar. bjs lulu

    ResponderExcluir