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sábado, 7 de abril de 2012

Rumo ao Paraiso - Capitulo Cinco

Capitulo Cinco


Durante a tarde o sol esquentou e Fabian resolveu sair para dar um passeio, mas resolveu ficar por perto para não se perder. Em São Paulo ele conhecia as ruas, mas ali estava diante de terreno totalmente desconhecido.

Ele saiu para a alameda de casas com seus jardins e gramados bem cuidados mesmo na seca. Andou até perto da casa principal e durante o dia a casa parecia ainda mais bela, algo que se via em filmes europeus.

As falsas vinhas se entrelaçavam até o teto cobrindo quase toda cor original da casa. Havia uma varanda que cobria dois lados da casa com cadeiras, mesas e redes. Haviam vasos de flores nas mesas de cana da índia dando um toque colorido a tudo. As janelas dos andares superiores eram em estilo francês tendo cada um uma sacada. Mais para cima as pequenas janelas do que deveria ser o sótão. À frente havia um gramado com arbustos e roseiras. Atrás da casa haviam muitas arvores de todos os tipos.

— Lindo – olhou o filho nos braços que mastigava o punho direito – O que acha Gabriel? Não parece casa de novela?

O menino deu um gritinho percebendo que o pai falava com ele e Fabian sorriu.

— É uma casa bonita – disse uma voz atrás dele e o rapaz se virou para ver uma moça parada do lado dele carregando uma sacola – As pessoas mais velhas acham que o seu Antonio era muito estranho por ter construído algo assim – ela sorriu para ele – Ola! Meu nome é Isabella – ela estendeu a mão.

Fabian também sorriu para a moça. Ela era baixa, deveriam ter a mesma altura, olhos castanhos, rosto sardento e um tanto cheio com duas lindas covinhas. Seu cabelo negro e encaracolado caiam pelas costas quase até o quadril. Ela não era magra, mas Fabian não a classificaria como gorda. Ela tinha belas curvas e lindos seios. Seu sorriso era muito doce e o rapaz não teve como não contribuir.

— Oi, meu nome é Fabian – respondeu apertando a mão dela.

— Irmão do Márcio, não é?

— É sim.

— Lugar pequeno, a fofoca corre rápida – olhou Gabriel – Ele é uma gracinha!

— Esse é o Gabriel, meu filho.

— Oi Gabriel – ela voltou a sorrir – Eu vim entregar manteiga para o seu Laércio – disse ela erguendo a sacola onde haviam potes de plástico – Eu faço no sitio onde moro.

— Você não mora aqui?

— Moro descendo o morro, em um pequeno sítio onde minha família cria gado leiteiro. Faço alguns produtos de leite para melhorar a renda. Quer me acompanhar até a casa? Vou entregar a manteiga pra Aninha?

— Claro – ele havia gostado da empregada do dono da fazenda.

Eles deram a volta na casa e Fabian percebeu que do outro lado havia uma grande piscina, com uma varanda onde havia uma grande churrasqueira. Para alem da área de lazer haviam altos muros de murta não deixando ver o que havia à frente.

Eles entraram pela porta da cozinha e deram com Aninha na cozinha em meio a grandes panelas no fogão a lenha. A senhora sorriu para os dois.

— Que visita mais agradável crianças – ela deu um beijo na testa de Isabella e tocou na cabeça de Gabriel que riu – Seu menino é uma coisa linda, Fabian.

— Obrigado senhor.

— Aninha, pelo amor de Deus – disse ela colocando as mãos na cintura, mas sem estar brava de verdade – Não quero ficar mais velha ainda.

— Aninha – completou o rapaz sorrindo.

— A manteiga – disse a moça colocando a sacola na mesa.

— Obrigada Isa – respondeu a mulher voltando para suas panelas – A minha já tinha acabado e Laércio adora manteiga apesar deu ter falado pra ele maneirar.

— Tá cheirando bem – Isa olhou para dentro da grande panela – o que é?

— Doce de abóbora. Quer um pouco?

— Sim! Sim! Sim!

A menina pulava de contentamento e Fabian riu.

— Pega dois pratos Isa e ponha um pouco pro ce e para o rapaz.

Saltitando a moça foi até os armários pegando os pratos e logo os dois estavam sentados a mesa comendo o melhor doce que Fabian já tinha comido na vida. Ele segurava Gabriel com um braço que olhava em volta curioso e com o outro levava aquela delicia à boca.

— Maravilhoso Aninha – elogiou ele.

— Ola! – Laércio entrou na cozinha sorrindo para Isa e Fabian – O cheiro me guiou.

— Oi seu Laércio! – disse Isabella toda eufórica – Como é qui vai?

— Tudo bem. E sua família?

— O mesmo – ela deu de ombros – O meu pai não muda, o senhor sabe.

— Sei – ele olhou Fabian – Parece que você também foi guiado pelo cheiro – ele riu – A comida da Aninha pode colocar um pouco de carne nos seus ossos.

— Eu estou bem assim – resmungou Fabian que não havia dado liberdades para aquele homem falar assim com ele.

— Ora, não precisa espinhar. Você ta meio magro, só isso.

— Eu gosto de estar assim – ele ergueu o queixo e Laércio viu o desafio nos olhos do menino.

Ele não estava acostumado a ter as pessoas o desafiando. Mesmo aqueles que não gostavam dele preferiam ficarem quietos.

— Acho que ter umas partes mais cheias vai melhorar a sua aparência...

Fabian levantou torcendo os lábios.

— Obrigado Ana – ele saiu de cabeça erguida levando o menino que balbuciava no ombro dele.

— Dá para explicar o que foi isso? – a empregada olhava dura para o patrão.

— Qui qui eu falei?!

— Chamou ele de magrelo – respondeu Isa ainda comendo calmamente o seu doce.

Aninha revirou os olhos e voltou para suas panelas.

— Pode ir saindo da minha cozinha – disse ela azeda.

— Mas eu vim pelo doce!

— Sabe – ela se virou com as mãos na cintura e o olhou de alto a baixo – Você ta precisando de um regime.

— Tá bom assim – respondeu Isa por ele ainda preso no doce e olhando sem constrangimento para o fazendeiro que riu.

Aninha apontou a porta com a colher de pau e Laércio saiu resmungando sobre mulheres mandonas.



Fabian voltou para casa bufando contrariado. Ele não estava magro! Tinha um bom corpo, sem músculos em excesso ou gorduras.

Subiu para o quarto onde deu banho em Gabriel que já coçava os olhos de sono e o deixou dormindo no berço depois de lhe dar um beijo na testa. Ficou ali olhando o filho e agradecendo a Deus por ter tido uma nova chance de recomeçar depois de tudo.

Ele não sabia como ia ser a sua vida dali em diante, mas ia fazer de tudo para dar uma vida melhor para o seu menino. Tinha que conseguir um emprego e uma casa. Não podia ficar com seu irmão a vida toda atrapalhando a vida toda dele.

Antes de sair do quarto deu com o espelho de corpo inteiro que ficava na porta o guarda roupa e ficou se olhando. Levantou a camiseta para olhar o abdômen definido e se perguntou de estava muito magro.

Contrariado baixou a roupa e desceu para a cozinha. O que ele precisava era esquecer aquele fazendeiro idiota. Havia prometido para Márcio que ia fazer o jantar naquela noite e ele parecia muito feliz em comer a sua comida novamente, alem de que ele tinha brigado com a Aninha de novo e duvidava que ela ia lhe dar jantar.

Rindo do irmão ele colocou a carne em cima da tábua de cortar para começar a picar e fazer um belo cozido com legumes como sabia que Márcio gostava.

Distraído olhou pela janela vendo um garotinho ajoelhado perto da cerca de murtas. Ele estava encolhido em um canto conversando baixinho com um rato branco que estava calmo em suas mãos.

Curioso saiu para fora e disse olá para o menino para não assustá-lo, mas ele deu um pulo colocando o rato no peito o olhando assustado. Era Kauan, filho de Laércio. Sua expressão triste doeu em Fabian.

— Kauan, não é?

— Sim senhor – disse ele olhando para o chão – Desculpa, eu só estava passando.

— É seu rato? – apontou para o bichinho branco que cheirava o ar.

— É – ele levantou o rosto desconfiado – É o Quico.

— Oi Quico – sorriu para os dois – Não querem entrar?

— O Quico não pode entrar – ele parecia assustado – Meu pai disse para eu não entrar na casa dos outros com um rato.

— Tenho certeza que o Quico é um bom menino – apontou a porta da cozinha – Vamos?

O menino ainda parecia desconfiado, mas entrou na cozinha com o rato apertado com as duas mãos. Kauan se sentou em uma cadeira olhando tudo com curiosidade.

— Gosta de bolo? – perguntou Fabian descobrindo uma bandeja onde pedaços de bolo verde estavam empilhados – É de limão.

— Verde? – o menino pegou uma fatia olhando por todos os lados e olhou o rapaz dando um grande sorriso – Nunca vi bolo verde!

— Experimente.

O menino deu uma mordida e logo ele havia comido três pedaços e dado migalhas ao rato que ele colocara no ombro onde estava farejando o ar curioso.

Kauan perdendo a timidez se mostrou um grande falador, contando sobre todo mundo da fazenda.

Fabian descobriu que a fazenda tinha um casal de pessoas gays vivendo ali com cinco filhos adotivos e ele os considerava seus tios. Chamava um senhor Joaquim de vô Quim e se perguntava por que a família do pai era tão má.

Não tocou no nome da mãe ou se referiu a sua morte em momento nem um. Tagarelou dos irmãos que viviam atormentando ele por causa do seu rato.

— Tem aquela gata chata – dizia ele dando um pedaço de bolo para Quico – Ela vive atrás do Quico e aquele cachorro doido segura ele e joga no ar. Um dia eles machucam ele, mas qui adiante eu fala? Eles não me ouvem!

— Imagino que uma casa com um rato, uma gata e um cachorro deva ser complicada segurar algum deles.

— Meu pai diz que é a natureza dos gatos caçar os ratos, mas a Sekmet não caça para comer. Ela brinca com eles e depois leva a carcaça para Regina.

Fabian fez cara de nojo e o menino riu.

— Eu também não gosto disso, mas minha irmã chama aquela gata de minha doçura. Eca!

Foi a vez de Fabian rir do jeito do menino. Uma batida na porta interrompeu a conversa deles e o rapaz foi abrir a porta da cozinha dando com Laércio parado no batente.

— Será que você viu meu filho mais novo? – Kauan levantou depressa indo para o lado de Fabian.

— Desculpa pai, eu perdi a hora. Seu Fabian me deu bolo verde, pra mim e pro Quico.

— Kauan qui que eu falei sobre entrar nas casas das pessoas com o rato? – o homem parecia contrariado.

— Foi eu quem deu a permissão seu Laércio – respondeu Fabian com a voz dura – Kauan e o Quico são bem vindos sempre que quiserem.

— Desculpa – o menino parecia que ia chorar a qualquer momento.

Ele saiu correndo passando por entre Laércio e Fabian e correu para casa.

— Sei que não tenho nada com isso, mas precisava falar assim com o menino?

— Você tem razão – o fazendeiro lhe lançou um olhar frio antes de ir embora – Você não tem nada com isso.

Fabian se conteu para não bater a porta. Como alguém podia ser tão bonito e tão grosso?

— Idiota! – resmungou ele descontando sua raiva nas cenouras.





Márcio estava na parte leste da fazenda onde as matas terminavam. Fora até lá com o seu cavalo favorito, Rio. Rio era um cavalo marrom, dócil que fora presente de aniversario de Laércio há dois anos. O cavalo ganhara esse nome por ter escapado do cercado pulando a cerca para ir para o rio onde ficara se esfregando na lama e até hoje ele tinha essa mania.

Olhou para as cercas para ver se tudo estava bem. Aquela parte da fazenda fazia fronteira com a fazenda Santa Rita. O antigo dono havia morrido a cerca de um ano e a fazenda ficara abandonada até que os herdeiros decidiram vender. Ele não sabia quem havia comprado, mas havia reformado todas as cercas e ele agradecia por isso.

Haviam quilômetros e mais quilômetros de cerca que deveriam ser fiscalizadas para que o gado não estourasse e depois ter a dor de cabeça de juntar tudo de novo.

Ele costumava confiar essa tarefa e um dos peões, mas ele tinha ido para a capital visitar a família e ele preferia fazer pessoalmente.

Olhou para o longe. Estava no alto do morro e lá embaixo haviam mais matas e plantações. A sua direita pastagens iam até a sede da Santa Rita que também podia ser vista. O horizonte era tomado por mais serras e ar estava empoeirado dando uma cor dourada em tudo.

Dirigiu o cavalo para baixo passando por uma porteira. Ali não haviam cercas já que era uma região mais pantanosa e gado nem uma ia ali. Córregos desciam da mata cortando um descampado que pertencia a outra fazenda e Laércio já havia exigido que fosse reflorestado para que não ficasse assoreando o rio onde desaguava e estava na propriedade de Laércio.

Desceu mais um pouco dando com uma área mais arborizada onde a água corria entre muitas pedras. Nas margens haviam alguns pés de jabuticabas que alguem havia plantado ali há muito tempo. Eram cerca de vinte se espalhando por uma grande área e o córrego corria embaixo deles com um doce murmúrio.

Ele gostava de passear por ali e parar para dar de beber para seu cavalo, mas ao chegar embaixo dos pés de jabuticaba percebeu que não estava sozinho. Uma moça loira estava em cima de um dos pés de jabuticaba chupando as frutas.

— Sabia que está invadindo propriedade particular? – disse ele em tom de riso descendo do cavalo e olhando para cima.

Lara estivera tão entretida chupando as frutas que adorava que tomou o maior susto quando ouviu a voz de um homem abaixo dela. Sua mão escapou e seu pé escorregou do apoio onde estava. Com um grito ela caiu da árvore, mas seu corpo bateu em algo mole que disse uma série de palavrões.

Tentou se virar e com isso só conseguiu que seu joelho chutasse entre as pernas do homem fazendo ele gemer e apertar seus testículos.

— Maldição mulher!

Sem se importar onde pisava, Lara se levantou e olhou para o homem se contorcendo no chão.

— O que diabos você está fazendo nas minhas terras! – gritou ela furiosa.

— Sua doida – Márcio estava com a voz rouca – Eu não sei onde diabos são as suas terras, mas enquanto estiver do lado de cá do córrego as terras pertencem a fazenda Paraíso.

Ele se levantou ainda encolhido olhando para a bela loira, mas quem ele já estava com vontade de esganar.

— O mapa que tenho diz que as minhas terras vêem até aqui! – apontou para as árvores frutíferas a sua volta.

— Você por acaso sabe ler um mapa? As terras da outra fazenda terminam no córrego, sempre foi assim e se você quer contestar isso sugiro que vá a justiça.

— Quem diabos é você? – ela colocou as mãos na cintura olhando desafiadoramente para ele – O dono dessa fazenda?

— Não dona – ele pegou as rédeas de Rio – Sou só o empregado.

— Graças a Deus! Pensai que ia ter que lidar com um grosso como você!

— Vê si si olha no espelho e vê quem é a grossa – ele montou fazendo uma careta e foi embora.

Lara torceu o nariz e lhe mostrou a língua. Homens! Eram todos iguais, só mudava o endereço!
 Para quem não conhece jabuticabeiras são essas arvores ai! Quando florecem até parece que alguem envolveu algodão nos seusn galhos e o perfume e sem igual!

2 comentários:

  1. ACHO TAO LEGAL O FABIAN SER ESPINHUO FICO IMAGINANDO QUE TEVE TER MUITAS SITUAÇÕES ENGRAÇADAS ENTRE ELE E O LAERCIO. RRSRSRSRRS
    O LEGAL DESSA HISTORIA É QUE VC PODE ACOMPANHAR AS HISTORIAS INTERMEDIARIAS CONHECER TODO MUNDO VOU FICAR ESPERANDO A CONTINUAÇÃO DESSE CAPITULO

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  2. muito legal mesmo a historia...
    tou ansiosa pela continuacao, só espero que nao demore muito.

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