Minha lista de blogs

sábado, 14 de abril de 2012

A Estrada de Aurora


Eu conheço uma fada


Minha mãe sempre me dizia que a vida é uma grande mágica, mas quando ela morreu eu comecei a achar que era na verdade um grande inferno. Sozinho com a família do meu padrasto que fazia questão de dizer para todo mundo que tinha um enteado “florzinha”, esse era seu modo de me chamar por ser gay.

Nunca escondi isso de ninguém e descobri quando tinha doze anos e passei a gostar de um colega de classe que no final me deu uma surra por ficar olhando para ele.

Hoje estou com quase quinze anos, na verdade faltam... deixa eu olhar o relógio... quinze minutos para meus quinze anos.

Essa era uma data para se comemorar, mas estou eu aqui, no meu pobre quarto olhando pela janela para o céu escuro e sem estrelas da cidade de Campinas. As luzes da cidade impediam as estrelas de aparecerem.

Minha mãe gostava de ler sobre as estrelas e falar delas. Estava sempre com um nome de uma estrela ou nebulosa na ponta da língua.

Sua morte havia sido bastante dolorosa. Ela sofreu muito com o câncer que se espalhou por seus ossos e no final haviam metástases por todo o seu corpo. Meu padrasto não quis ficar com ela no hospital e no final, contra todas as regras, fui autorizado a ficar cuidando dela. Ela morreu três meses após a doença ser diagnosticada.

Sinto a sua falta mãe, onde quer que esteja.

Vocês devem estar perguntando do meu pai biológico. Bem... minha mãe era muito parecida comigo, cabeça dura. Ela e meu pai brigaram um dia e ela fugiu para longe me levando, quando se arrependeu já era tarde. Meu pai havia se mudado e nunca mais soubemos dele.

Não sei o que sinto por ele. Ele não tem real culpa das coisas terem acontecido do modo que aconteceram, afinal a minha mãe só o procurou quatro anos depois.

Voltei a olhar o céu tentando ignorar os gritos ao longe de alguma briga de bar. Passei a mão no rosto me perguntando quando ia ter barba, não que eu gostasse dos caras barbados, mas quem sabe assim eu não fosse mais considerado criança e pudesse dar o fora desse lugar.

O meu relógio de pulso apitou e eu soube que estava fazendo quinze anos naquele momento e sorri feliz apesar de tudo.

Lembrei-me de algo que tinha esquecido, algo que eu escondi bem fundo na minha mente, uma coisa que a minha mãe me disse antes de morrer:

— Caio você vai ficar acordado para fazer quinze anos, não é? E quando der meia noite você vai fazer algo pra mim. Bata na madeira três vezes, ta? Não se esqueça disso.

Bater na madeira? Será que a minha mãe estava delirando no hospital? Mas o que custa fazer isso? Quem sabe com isso eu pelo menos espanto o azar.

Dei três batidinhas na cômoda velha e comecei a fechar a janela quando quase cai duro ao ouvir uma voz atrás de mim:

— Porcaria de compensado. Sempre deixa as coisas pela metade!

Dei um pulo e ao olhar vi que era uma mulher meio presa no... nada! Ela parecia ter surgido em meio a uma névoa e se vestia com um vestido de gaze esvoaçante e para o meu horror ela tinha orelhas pontudas como os elfos dos desenhos.

— E ai! – ela gritou me olhando indignada – Vai me ajudar ou vai ficar só olhando? Afinal a culpa é sua por ter batido em algo que nem é de madeira de verdade!

— O que... quem... – eu deveria estar parecendo bem idiota gaguejando, mas me diz se você não faria a mesma coisa se uma pessoa ou seja lá o que for aparecer no seu quarto.

— Merda! Ai garoto, eu sou uma fada e meu nome é Luani. Apresentados? Agora me ajuda!

Sem saber o que fazer eu puxei ela do meio da névoa e a moça, ou fada, me olhou com cara de poucos amigos.

Ela era realmente bonita, com longos cabelos loiros e olhos azuis. O corpo era magro e flexível e ela parecia toda delicada, mas havia uma estranha ferocidade no olhar.

— Vamos lá.

— Lá?

— O alem – respondeu ela com sarcasmo – Para que você acha que eu tive todo o trabalho de chegar aqui?

Meu rosto deveria estar parecendo um ponto de interrogação.

— Deus! – ela revirou os olhos – Caio Marcos de Abreu, na verdade Caio Marcos Blanc, filho de Marcos Blanc, você foi escolhido para ir para a minha terra estudar em uma ótima escola – ela torceu os lábios – Há controvércias é claro. Eu prefiro as escolas no norte, mas...

— Eu não estou entendendo nada!

— Vamos ser curtos e grossos então! Meu mundo, que fica a um piscar de olhos do seu, é onde pessoas como você vão para aprender a controlar a maior dádiva que um humano pode ter recebido, a magia.

— Magia? – comecei a rir quase de forma histérica das palavras dela – Magica não existe!

— A com certeza! Eu cheguei por aqui por um buraco de minhoca.

— Você ta tentando me dizer que eu sou algum tipo de mago?

— Não. Vocês são chamados de os escolhidos.

— Eu devo estar tendo um pesadelo – fechei os olhos e comecei a bater na minha testa.
— Eu ainda estou aqui – disse o meu pesadelo de braços cruzados – Facilita a minha vida e a sua garoto e deseje.

— Desejar?

— Você parece um papagaio! É desejar! Diga que deseja ir para alem do arco-iris, chegar ao fim do mundo, ir para alem de onde se pode ver.

— Desejo...

— Ótimo! Expresso para Aurora partindo a meia noite e quinze.

E foi assim que eu iniciei essa aventura com uma fada mau humorada indo rumo a um lugar chamado Aurora e onde se aprendia magia.

PS: fala sério!!

O que coloquei aqui é um pequeno pedaço de uma história que escrevi quando lia livros sobre magos e bruxos. Não sei se vão gostar, mas quando os meus dedos coçam eu sei que tenho que escrever!
Ps: Lulu eu não sei como é sua personalidade, mas quando escrevi a Luani pensei em você. Espero que você se divirta bastante com essa fada mau humorada, mas que tem um grande coração! Beijos para todos!!!

Um comentário:

  1. eu não sou muito mau humorada so um pouco quando estou com fome e cansada, minha irmâ diz que eu sou uma criança grande, adorei esta peq.estoria, esperi que vc continue assim tão inteligente e maravilhosa, vc não é comum, é ima fada cintadora de estoria que fa gente como eu feliz so por estar neste mundo . bjs lulu

    ResponderExcluir