Capítulo XIV
Maleah como todo elfo não costumava andar a cavalo. Ele preferia correr pelas estradas com suas próprias pernas sentindo a energia fluir por seu corpo. Seus pés quase não tocavam o chão. Ele parecia flutuar pela estrada que ia rumo ao reino de Haven.
Durante muito tempo a sua vida sempre fora a estrada. Ele não conseguia ficar muito tempo em seu reino onde o pai estava pronto para manipular toda a sua vida e viver apontando os seus erros. Sabia que todos queriam que ele fosse o próximo herdeiro, mas ele tinha uma ideia melhor. Seu primo era a pessoa ideal para o cargo.
Flyn era centrado e diplomático, sempre tinha uma boa resposta para tudo, mas sabia ser sério quando a ocasião pedia. Era o melhor espadachim que Maleah conhecia e amava o povo elfo com todas as suas forças.
O elfo sabia que se abdicasse seu pai nunca o perdoaria, principalmente pelo que Kamm havia feito.
Meleah parou sua corrida contrariado em pensar no irmão caçula. Sabia que não era culpado de nada que acontecera, mas seu pai tinha outro pensamento. Ele acreditava que Maleah fora incompetente ao cuidar do irmão e assim ele virara um déspota sedento de poder a ponto de tentar matar o pai.
Ele amara Kamm desde que o menino nascera e a sua mãe partira para os reinos do sul achando que já cumprira o seu papel. Ela dera dois herdeiros ao rei que a escolhera como apenas a procriadora dos seus filhos, jamais como sua rainha.
Sua mãe não tivera nem um escrúpulo em ir embora deixando ele o irmão recém nascido. Seu pai também não se importara, afinal ela havia deixado os herdeiros e era isso apenas que ele esperava dela.
Maleah sabia que a relação entre os elfos do norte eram frias, visando apenas algum objetivo. Ele gostava muito dos elfos das pradarias, muito parecidos com os humanos, viviam a sua vida simples e não negavam os seus sentimentos assim como os seres humanos. Os elfos mais antigos como o seu povo achava que se abstrair de ter relações era algum tipo de evolução. Eles sempre estavam estudando o mundo a sua volta a procura da perfeição. Alguns mais velhos e sábios diziam que a perfeição não existia e a sua procura era uma ilusão perigosa.
Reiniciou a sua corrida com a cabeça tão longe que na curva da estrada foi de encontro a um cavalo que corria. Graças a sua agilidade ele conseguiu pular para longe do cavalo rolando pelo chão, mas dando de encontro a uma pedra no acostamento da estrada. O golpe retirou o ar de seus pulmões ou ele teria gritado.
Droga! Ele era um elfo. Como pudera sofrer um acidenta na estrada?
— Ei você está bem? – o cavaleiro pulou para ajudá-lo.
— Claro eu to ótimo – respondeu ele sarcástico se virando em meio a sua dor e olhando para um rapaz de pele morena, praticamente dourada, os olhos castanhos e cabelos negros encaracolados.
Lindo, mas ele o atropelara. Deveria era dando uma surra no humano, mas estava com dor demais para isso.
— Acho que quebrei algo – gemeu Maleah apertando a lateral do corpo.
— Deixe-me dar uma olhada – o rapaz ia apertar a lateral do seu corpo quando o elfo deu um tapa em sua mão.
— Vai pra lá! Você já fez um belo trabalho me atropelando.
— Como é que eu ia saber que um elfo idiota estava correndo pela estrada? Caso não tenha notado ali é uma curva!
— Você não presta atenção a nada e depois diz que o problema é meu?! – ele tentou sentar – Argh! Humanos são todos iguais!
— É mesmo! Esqueci que você é um grande elfo. Senhor da magia e da natureza. Por que não faz a sua magia agora e se cura?
— Por que eu não sou um curandeiro idiota! Cada elfo tem um poder destinado! Eu não sou um bruxo humano que mexe com as leis naturais.
— Caso não tenha notado elfo, eu sou humano. Agradeceria se você parasse de ofender a minha espécie.
— Impossível não notar que você é humano – o olhou de cima a baixo, mas o outro apenas levantou uma sobrancelha enfadado.
A maioria dos humanos tinha medo dos elfos, mas aquele ali o olhava como se fosse apenas um problema chato do qual não conseguia se livrar.
— Eu deveria te deixar aqui e acabar sendo comida de lobo, mas eu sou um humano como disse e vou ti levar até um curandeiro aqui perto.
— Muito obrigado, mas eu não preciso de sua ajuda!
— Mesmo? – ele deu alguns passos para trás e o olhou – Então o que ainda esta fazendo deitado ai, no meio da terra?
Franzindo os lábios de raiva, Maleah fez um esforço grande para se por de pé e ao tentar ficar reto as suas costelas protestaram e ele pensou que ia cair.
— Quer ainda que eu ti deixe aqui? – perguntou o humano rindo.
— Vai se dana! – gritou o elfo totalmente vermelho.
Alem da família de Dylan, ele nunca havia deixado humano nem um tocá-lo. Seu povo era totalmente contra a união entre as espécies, até mesmo o toque era visto como um crime entre eles.
O humano de pele morena riu novamente e o pegou no colo. Ele deveria ser uns cinco centímetros mais baixo que Maleah, mas era muito forte. Eles subiram no cavalo e o outro avisou.
— Lamento elfo, mas cavalgar vai doer.
— Eu posso muito bem sobreviver a um pouco de dor!
Palavras fortes, mas quando o outro iniciou o trote a dor que sentiu em suas costelas fazia ele ofegar. Depois de alguns minutos ele estava quase chorando e quando finalmente pararam ele não via nada a sua volta. A dor quase o fizera desmaiar.
— Tenente Capela o que aconteceu? – perguntou uma voz masculina doce.
Tenente Capela? Deus não podia ser tão cruel assim!
— Ele praticamente se jogou na frente do meu cavalo e bateu a lateral do corpo em uma pedra. Será que você pode dar uma olhada Paul?
— Claro. Traga ele para dentro.
Ele sentiu seu corpo ser carregado. Ao longe ouviu vozes de crianças e de uma mulher. Assim que foi colocado em uma superfície macia gemeu e abriu os olhos para dar de cara com um rapaz jovem e muito bonito. Os cabelos longos estavam presos em uma trança e seus olhos dourados brilhavam de simpatia. Ele podia ver a aura em torno do rapaz, brilhando azul, a cor das pessoas perseverantes. Ele não era entendido de auras, mas poucos humanos tinham as suas visíveis. A energia vital em torno deles deveria ser muito grande para que ela aparecesse. Só de sentir a aura dele, Maleah se sentiu melhor.
— Ola. Meu nome é Paul e preciso tirar a sua blusa para dar uma olhada se você quebrou algo. Vou ti ajudar e tentar que doa o menos possível.
Sua voz era tão doce que o elfo não se opôs. Quando ele retirou a camisa percebeu que o seu lado direito estava ficando roxo em um imenso hematoma. Paul deu um leve aperto fazendo o elfo gemer de dor.
— Desculpe, mas parece que você conseguiu quebrar duas costelas. Vou precisar enfaixar e vai ser um processo doloroso – Paul o olhou detidamente – Você é um elfo? Nunca os vi, mas tem uma constituição física um pouco diferente.
— Sim eu sou um elfo, meu nome é Male...
— Maleah!! – Mat estava entrando na casa pronto para matar o tenente Capela quando viu o amigo de seu irmão mais velho deitado sem camisa no sofá da sala.
— Oi Mathew! Pensei que estava com Phillip?
— O que você estava fazendo por aqui? – Mat não conhecia muito o elfo, mas ele era amigo íntimo de Dylan.
— Apenas dando uma volta. Você sabe que eu gosto de viajar.
— Maleah – Paul chamou a sua atenção – Sera que seu corpo reage a ervas do mesmo modo que os humanos?
— Não Paul. Suas ervas são inúteis pra mim.
— Então infelizmente eu não vou ter nada para tirar a sua dor quando enfaixar.
— Sem problemas – ele tentou rir – Eu agüento!
— Do mesmo modo que agüento o cavalo? – perguntou Capela sarcástico – Quase desmaiou.
— Quem chamou você para a conversa? – o elfo o olhou com os olhos semi cerrados.
— Pelo visto os elfos não são nada daquilo que falam – Capela levantou um sobrancelha – Não passam de chatos resmungões.
— Tenente Capela – Paul o olhou contrariado – O senhor é um homem tão gentil. O que ti deu para falar assim com ele?
— Me desculpe Paul, mas o bendito elfo quase me joga do cavalo e está me dando mais trabalho do que vale.
— O que?! – o elfo havia se levantado rapidamente ignorando a dor pronto para avançar para o tenente.
— Chega os dois! – Paul usou a mesma voz que usava com seus filhos – Eu vou buscar bandagens e não quero ouvir mais nem uma palavra de nem um de vocês!
— Desculpe mais uma vez Paul – Capela sorriu para o rapaz mostrando seus dentes brancos – Mas eu preciso falar com a princesa e com o príncipe Mathew.
— Mat leve ele até a varanda dos fundos. A princesa está lá.
Enquanto Mat guiava o tenente para a varanda, Paul pegou uma grande tira de tecido branco e foi até o elfo. Tentando ser o mais delicado possível ele foi enfaixando o elfo que fazia de tudo para não gemer de dor.
— Sei que está doendo. Não tenha vergonha de demonstrar isso – Paul aconselhou para o elfo ao vê-lo morder os lábios a ponto de tirar sangue.
— Meu povo não é muito dado a demonstrações de sentimentos – ele retrucou.
— Mas eu não sou do seu povo e não vou pensar menos de você ao ver sua dor. Já vi homens grandes e fortes chorarem como crianças ao ter suas costelas quebradas enfaixadas.
Ele decidiu que o humano estava certo e começou a gemer no processo que felizmente foi rápido. Paul estendeu a camisa para ele pedindo que deitasse no sofá.
— Sei que as ervas não funcionam com você, mas um chá quente pode ajudá-lo. Você já comeu hoje?
— Não. Se tivesse algo no estômago teria vomitado quando bati na pedra.
— Então fique descansando enquanto trago algo para você comer.
O elfo sorriu e deitou fechando os olhos.
Paul foi para a cozinha ouvindo as vozes lá fora. Enquanto ele preparava o chá e alguns pães, Mat entrou com a cara preocupada.
— Esta tudo bem Mat? – perguntou Paul preocupado.
— Parece que maus pais foram embora, mas o Phillip esta trancado no quarto bebendo, de acordo com Capela. Ele ficou preocupado e veio até aqui me buscar e levar Gwen.
— Deve estar sendo muito duro para ele – Paul disse com doçura – A mãe tentou matar o seu próprio neto. É muito difícil de aceitar isso.
— Não sei o que pensar Paul – Mat o abraçou e cheirou seu pescoço – Adoro o seu cheiro, meu amor. Senti falta dele essa noite.
— Se comporte – riu Paul dando um leve beijo nos lábios do príncipe que não se deu por satisfeito, segurou o rapaz e apertou ele de encontro ao corpo rígido e aprofundou o beijo deixando com que as línguas duelassem. De imediato seus corpos começaram a reagir a proximidade e o beijo.
— Sexo na cozinha não – era Gwen entrando com o tenente Capela e rindo do rosto vermelho de Paul e a contorção contrariada dos lábios de Mat.
O tenente Capela olhava os dois com uma expressão indecifrável no rosto.
— Paul eu gostaria de agradecer tudo que fez pela minha família – disse a princesa embalando o filho nos braços – Saiba que pode contar conosco para o que precisar, mas agora eu acho que é hora de voltarmos para casa – olhou Mat – Você também Mathew.
— Gwen... – ele queria ficar, mas a cunhada balançou a cabeça.
— Sei que gostaria de ficar e ajudar Paul, mas realmente temos que voltar – ela foi dura dessa vez.
Dentro do castelo já haviam começado as fofocas sobre o que estava acontecendo ali. Sabia que Paul podia enfrentar muita dificuldade se os padres começassem a persegui-lo ainda mais do que faziam. A igreja tinha muito poder e nem ela nem Phil podiam enfrentar os padres sem ter dificuldades com o Império de Roma, reino sede da igreja e o maior império do alem mar.
Mat pareceu ver algo dentro dos olhos da cunhada e a contra gosto aceitou.
— Vou me despedir das crianças – disse ele cabisbaixo – Eles estão nas estrebarias.
O príncipe parecia tão arrasado que o coração de Paul doeu, mas ele sabia que algo estava acontecendo para Gwen querer que ele vá embora.
— Desculpe Paul – disse ela com um sorriso triste.
— Eu entendo Gwen.
Despedir-se das crianças foi mais doloroso que Mat imaginava. Gabe havia endurecido o maxilar, mas tentara se portar como homem. Jared e Jason lamentaram e fizeram um grande bico de desgosto, Sara lhe abraçou e sussurrou ao seu ouvido.
— Você vai voltar logo.
Já Shon fora o pior. Seu queixo tremeu e ele se recusou a se despedir fugindo para a mata depois de lançar um olhar acusatório para ele.
— Deixa ele – resmungou Sara – É ainda um bebezão.
Mat sabia que estava fazendo estrago naquela família. Tinha que tomar uma decisão, não podia simplesmente ir e vir e fazer a cabeça das crianças uma bagunça. Eles achavam que ele parte da família e ele não podia decepcioná-los.
Voltou para a casa com o seu cavalo já encilhado. Depois de pegar as suas coisas deu um longo beijo em Paul murmurando no seu ouvido.
— Eu ti amo.
— Tambem ti amo, meu príncipe.
Ele ajudou Gwen a subir e montou atrás dela. Todos acenaram e partiram deixando Paul olhando-os com o coração doendo. Algo dentro dele dizia que demoraria um longo tempo antes que ele tivesse Mat de volta a sua casa. Procurando espantar o estranho sentimento que não tinha por que, entrou na sala para encontrar Gabe e Maleah se encarando. Os dois se olhavam sem nem mesmo mover um músculo.
— Tá tudo bem? – perguntou ele colocando a mão no ombro de Gabe e dando um pulo para trás ao receber um choque – O que esta acontecendo Maleah? – ele gritou para o elfo que pareceu sair do seu transe e o olhou.
— Você não me disse que seu filho era um semi elfo!
Gwen respirou aliviada ao chegar no castelo, mas sabia que agora era hora de acalmar um pouco seu marido.
— Quer que eu vá com você? – perguntou Mat para a cunhada com medo de se meter entre o casal.
— Essa é uma conversa entre eu e Phil, Mat.
Ela subiu para o seu quarto deixando o pequeno Killian com a babá que lhe sorriu feliz ao ter o pequeno de volta. Tentou entrar no quarto que dividia com o marido, mas a porta estava trancada.
Contrariada com a atitude de Phillip chamou um guarda e mandou.
— Arrombe!
— Mas princesa... – o rapaz tinha medo do que podia acontecer com ele.
— Agora!
Sem ter como se recusar, o guarda deu um violento ponta pé na porta dupla que rangeu a abriu mostrando o quarto um caos só. No chão havia garrafas de vinho e whisky espelhadas por toso o lado e na poltrona perto da lareira apagada, estava seu marido esparramado ainda com uma garrafa segura na mão.
— Soldado chame o tenente Capela, por favor – disse a princesa arregaçando as mangas da camisa que vestia.
O guarda bateu continência e saiu. Gwen foi até o banheiro onde encheu a banheira de água gelada, gritou para uma empregada trazer um chá amargo e umas ervas calmantes.
Capela chegou parando na porta do quarto.
— Pois não minha princesa.
— Capela, por favor, pegue meu marido e o jogue dentro da banheira.
O tenente escondeu um sorriso. Levantou o príncipe sobre um ombro e o levou para o banheiro onde a banheira estava cheia. Sem nem uma delicadeza jogou o príncipe que afundou como uma pedra, mas logo subiu a superfície tossindo a cuspindo água.
— O que diabos... – ela afastou o cabelo molhado olhando para a esposa parada ali em frente a banheira de braços cruzados e cara de poucos amigos. Capela já havia deixado o quarto.
— Você ta tentando me matar Gwendelyn?
— Se eu estivesse tentado ti matar você já estaria morto, pode apostar. Bêbado como um gambá duvido que você pudesse segurar a espada.
— Precisava tentar me afogar e ainda por cima em água gelada! – ele começou a tremer, mas a esposa nem se mexeu.
— Eu vou ti curar dessa bebedeira e aí vamos conversar!
— Gwendelyn me deixa em paz – resmungou ele tentando se levantar da banheira.
Obviamente foi a coisa errada a dizer. O rosto da moça se contorceu de raiva e Phil conhecia aquela expressão.
— Pode apostar que eu vou te deixar em paz caro príncipe McGives. Depois que a sua cabeça estiver clara eu dou um jeito em você!
Phillip gemeu e voltou a afundar na banheira talvez achando que o afogamento era menos perigoso que a sua esposa com raiva. Mas ele não teve sorte, não se afogou e ainda teve que beber aquele maldito chá amargo que o fez vomitar durante quase meia hora. Depois ela lhe deu umas plantas para mastigar de sabor picante que teria feito ele vomitar novamente se tivesse algo no estomago. Quando tudo se acalmou e ele deitou na cama, encontrou o quarto limpo e as janelas abertas o que era uma tortura para sua ressaca, mas Gwen não se compadeceu.
Ela fechou a porta que mau se encaixou por estar torta por ter sido arrombada. Seu olhar era perigoso e apesar da situação, Phil sentiu que estava ficando excitado ao ver ela com aquela postura de mulher dominante.
— Agora meu marido, ninguém vai nos interromper por algum tempo.
— Gwen eu sei que você quer conversar, mas...
— Quem disse que eu quero conversar? – ela sentou em uma poltrona perto da cama e cruzou os braços – Pode ir tirando a roupa!
matt está morrendo de ciúmes ne? coitado ele tem medo que paul diexe ele pelo tenente capela. bjs lulu
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