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domingo, 1 de abril de 2012

Caminhos do Destino - Capitulo VI

Capitulo VI

Gwen estava apertando Mathew quase sufocando ele. Haviam chagado ao castelo depois de uma hora e encontrado a princesa roendo unhas de aflição

— Eu fiquei seriamente preocupada Mathew – disse ela olhando-o de alto a baixo – Que roupas são essas?

— Que tal se entrarmos? – Phillip estava cansado e ainda queria falar com o irmão sobre o que vira na casa de Paul.

Eles entraram no castelo e foram direto para a sala particular do príncipe. Phillip sentou em uma poltrona com um gemido de prazer.

— Minhas sinceras desculpas irmão – Mathew estava realmente arrependido de ter causado tanto tumulto e preocupação de sua família.

— Só nos avise onde vai Mathew – Gwen segurou a sua mão – Haven pode ser um reino de paz, mas há sempre criminosos por ai, aliais que roupa é essa?

— Mathew o que você estava fazendo com Paul? – Phillip estava muito serio.

— Eu já ti expliquei Phillip, eu o ajudei e fiquei preso por causa da tempestade. O que você esta querendo insinuar?

— Mathew, Paul é uma boa pessoa e alguém muito solitário e recatado. Devo muito a este rapaz pelo que fez durante a peste negra e ele tem todo o meu respeito por cuidar de todas aquelas crianças sozinho.

— Eu ainda não entendi o seu ponto? – o outro estava começando a ficar nervoso.

— Mathew ele não é alguém para uma aventura de uma noite...

— Ou! Pare! – ele se levantou – Eu não o desrespeitei de modo nem um e nunca pensei nele como uma aventura de uma noite. Penso em Paul como alguém para namorar, para um dia casar.

— Enlouqueceu Mathew! O rapaz é um curandeiro e por mais que eu possa ser liberal isso é algo impossível. Você é um príncipe!

— Eu não sou ninguém Phillip! Naquela casa eu me senti mais em casa do que em Gaulesh. Eu vi e senti todo o amor que todos têm uns pelos outros e isso para mim é muito mais que um titulo que não serva para nada!

— Calma vocês dois – Gwendelyn havia se levantado e tentado se colocar entre os irmãos.

— Depois do que a mãe fez pra mim Phillip você acha que eu ligo para posições sociais e direitos reais? Eu não dou a mínima pra isso!

— Você diz isso agora Mathew, que Paul é uma novidade, mas quando a responsabilidade de criar cinco crianças que nem filhos seus são caírem sobre os seus ombros, vai perceber a loucura que esta fazendo!

— Felizmente – havia uma amargura tão grande na voz do irmão caçula que fez o outro se sentir mal – os criados que me criaram em Gaulesh como se fossem meus pais, não pensavam assim.

— Mathew não f... – Phillip estava tentando se desculpar, mas o irmão saiu correndo da sala.

— Sabia que você agiu como um idiota? – sua esposa estava vermelha de raiva – Seu irmão é um homem Phillip, ele tem o direito de escolher como viver a sua vida.

— Eu só queria que ele fosse feliz, Gwen – o príncipe passava as mãos por entre os cabelos de forma desesperada – Que tipo de felicidade ele pode conseguir indo morar em uma floresta para ser um lavrador?

— Uma coisa que ele nunca teve, caro marido – ela o abraçou carinhosamente – Amor.



Depois de terminar oitenta vidros de geléia e por suas ervas para secar, Paul sabia que naquele dia ele tinha uma tarefa a fazer em uma estrada perto da fronteira do principado.

Atrelou sua velha carroça ao preguiçoso burro e jogou um encerado para cobrir a pá que lavava. Gabe e Sara estavam perto dele.

— Hoje é o dia treze do mês, não é? – Gabe não gostava que o pai saísse para essas estradas, mas sabia que era necessário, ele era o único a fazê-lo.

— Eu tenho que ir meninos – olhou Sara – Sara eu vou deixar o Gabe tomando conta da casa e de vocês. O ajude no que for possível e eu vou procurar estar aqui antes do anoitecer. Não se afastem da casa e se perceberem qualquer coisa estranha sabem o que fazer.

— Tudo bem mãe – Sara abraçou ele – Tenha cuidado.

— Vou ter filha – acariciou os cabelos longos de Gabe – Cuide de tudo filho.

— Eu vou cuidar pai, juro.

— É melhor eu ir antes que o trio apareça e faça birra para ir comigo – ele subiu na carroça e acenou para os filhos.

Ele foi para a estrada que cortava a floresta e tomou a esquerda no entroncamento para a cidade indo sentido oeste para a estrada que ia rumo a Gorlan, o reino vizinho de Haven o qual não mantinha nem um tipo de relações com este. O povo de Gorlan estava interessado em ouro e prata, em brigas e acima de tudo eles queriam ficar longe dos amigos dos elfos. Desde que foram derrotados em uma luta por aqueles seres magros eles tinham verdadeiro ódio daquela raça.

Assim como desprezavam os elfos eles também não aceitavam a fraqueza. Quando uma criança nascia com alguma deficiência e se mostrava inútil ela logo era descartada, assim como bebes prematuros que podiam a vir ser seres fracos. Eles também tinham verdadeiro desprezo por duos e as relações de mesmo sexo que a maioria dos reinos proferia.

Quando chegara ao principado, Paul havia descoberto que os habitantes da vila de Hemalk em Gorlan e perto da fronteira descartava suas crianças em uma encruzilhada pouco usada entre as fronteiras. Ele havia ido até lá tentando resgatar as crianças e só achara cadáveres dos bebês. Havia ficado enojado e com muita raiva, mas ele não podia fazer nada. A encruzilhada pertencia ao reino de Gorlan e essa era a lei deles.

Depois de algum tempo ele percebera que as crianças eram levadas para lá todo dia treze e fora assim que ela encontrara Sara, Jared, Jason e Gabe, este ultimo tão ferido que parecia impossível ele sobreviver. Ele voltava lá todos os dias treze de cada mês, mas desde Jared e Jason há quatro anos, ele não vira mais crianças achando que quem sabe eles houvessem deixado de praticar coisa tão hedionda.

Sara havia tentado matar um dos amigos do pai que tentara abusar dela e por isso o pai havia mandado um homem matá-la e descartá-la ali, mas o homem era um preguiçoso e achando que ela ia morrer perdida havia simplesmente deixado ela ali no meio do nada, mas Paul chegara logo depois. Jared e Jason eram dois bebês frágeis e desidratados quando os encontrara, mas Paul cuidara deles dia e noite até estarem fora de perigo. Gabe havia sido um caso muito mais difícil... Uma trovoada distante chamou sua atenção para o céu anteriormente azul. Na linha do horizonte nuvens imensas se levantava escuras anunciando mais uma tempestade.

— Droga – resmungou ele – Vamos Hugo! – gritou para o burro que parecia ter toda a paciência do mundo.

Mas Paul não teve sorte. Quando chegou à encruzilhada, já chovia torrencialmente e ele, apesar de estar com uma capa, estava todo molhado.

Ele não conseguia distinguir as coisas a sua volta por causa da Corina de chuva, mas ao se aproximar ele notou algo que o fez vomitar de horror.

As crianças estavam enforcadas nas arvores como se fossem frutos macabros. Balançavam ao sabor do vento e não passavam de bebês de alguns dias.

Paul começou a chorar ao ver aquilo. Eles não haviam nem dado a chance deles sobreviverem. Talvez tivessem descoberto o que ele fazia.

— Malditos! Malditos! – Paul gritou até ficar rouco, mas seus gritos se perdiam na tempestade.

Sabendo que não adiantava se lamentar ele retirou a pá da carroça e foi até debaixo de uma arvore e começou a cavar. Ele já havia enterrado outras seis crianças ali perto e agora ia fazer mesmo com aqueles três anjinhos.

Cavar no meio da toda aquela água não era coisa fácil, o buraco logo parecia uma piscina, mas ele não podia esperar, ele tinha que voltar para casa e para os seus filhos.

Finalmente ele conseguiu um buraco fundo o suficiente foi cortar as cordas dos pescoços de cada um dos três meninos. Olhou cada um com pena e dor fazendo uma oração a Deus e a Deusa da Vida pedindo que eles tenham uma boa reencarnação nessa ou em outra existência.

Arrancou sua longa túnica enrolando eles nela e depositando no buraco que cobriu com um pouco de barro e pedras que ele havia encontrado.

Deu um ultimo adeus e já ia subir em sua carroça quando foi surpreendido por um grupo de pequenas fadinhas.

— O que vocês estão fazendo na chuva? – perguntou Paul surpreso. Fadas odiavam quando suas asas molhavam e ficavam pesadas.

Eram as fadinhas das matas célticas que conheciam Paul e pareciam muito agitadas.

— Paul! Paul! – elas gritavam voando a sua volta – Nós o salvamos!

— Salvaram quem?

— O bebê humano!

— Me mostrem! – havia urgência na voz dele.

Elas voaram para umas moitas ali perto e Paul afastou o mato dando com um punhado de fadas esvoaçando perto de um bebê que estava dormindo na grama. Graças aos poderes delas estavam conseguindo afastar a chuva dele. Ao segurar o menino ele se perguntou como elas tinham impedido ele de ser enforcado.

— Nós os afugentamos – disse uma das fadas – Mas quando chegamos os outros já tinham sufocado. Sentimos, Paul. Queríamos dar eles de presente para você.

— Obrigado por terem conseguido ajudá-lo – agora a mágica das fadas haviam sido desfeitas o menininho havia acordado ao sentir a chuva no rosto e o frio por seu corpo nu.

— Calma – Paul apertou ele de encontro ao peito – Querem carona? Podem ficar debaixo do meu encerado.

Agradecidas elas voaram correndo para a carroça e Paul foi até lá arrumando o coberto de modo que pudesse colocar o bebê dentro de um cesto com um pouco de palha e um cobertor e as fadas ficassem confortáveis sentadas em volta.

Baixou o encerado e pulou para a carroça fazendo o velho Hugo reiniciar seu passo calmo mesmo debaixo da chuva. Paul estava tremendo de frio e sentindo o corpo pesado de cansaço e tristeza. Ele queria muito poder impedir que aquilo acontecesse, mas ele era apenas um hermafrodita curandeiro e não o grande rei de Gaulesh. Se ele tivesse o poder que tinha o rei Dylan ele procuraria interceder por essas crianças.

O tempo passou e o céu foi ficando escuro conforme a noite caia, mas a chuva estava diminuindo para um chuvisqueiro moderado e constante. Vento gelado que soprava do sul denunciava que eles teriam uns três dias de chuva antes que o céu se abrisse novamente para alguns dias de sol. A época da colheita estava chegando e com ela a noite das fogueiras.

O barulho em uma curva da estrada chamou a sua atenção, mas como ele não tinha a audição de Sara não pode distinguir o que era até que fosse tarde demais.

Assim que virou a curva da estrada pessoas saíram do mato e seguraram o burro e arrancaram ele de cima da carroça. Tudo havia sido tão rápido que Paul só podia gritar e espernear.

— Ora que bonitinho esse chefe! – um dos bandidos vestidos de preto e cheirando pior que um curral segurava o rapaz.

— Esse a gente vende – disse outro alto e com o rosto marcado por uma cicatriz.

O coração de Paul parecia que ia sair pela boca ao conseguir ver o que estava acontecendo a sua volta. Mais a frente havia uma carruagem real parada com os guardas mortos e uma mulher vestida de azul caída na lama. Ele não sabia se ela também estava morta. Havia pelo menos quinze bandidos.

— Esse deu menos trabalho que aquela cadela – o chefe apontou para a moça – A gente vende eles no mercado de Hemalk, eles dão ótimos escravos.

Nesse momento um dos bandidos havia arrancado o encerado e provocado uma revoada de fadas e mostrando o bebê que recomeçou o choro.

— Vão! Vão! – gritava Paul para as fadas com a esperança que elas avisassem alguém.

As fadas não eram muitas para tantos bandidos e tiveram a presença de espírito de voarem para os céus e se perderem nas nuvens.

— Arch! Bichos nojentos! – exclamou um dos bandidos estremecendo.

— Ei chefe o que qui a gente faz com o moleque?

— Deixa ele em paz! – Paul gritava e lutava com mais raiva ainda.

— Fecha a matraca! – gritou um bandido dando-lhe um soco fazendo ele ver estrelas e cair semiconsciente só seguro por um dos bandidos.

— A gente leva a criança – resmungava o chefe e sua voz vinha de muito longe para Paul – Quem sabe acho alguém querendo ele nas feiras.

Depois disso a escuridão caiu sobre ele e não soube mais nada.

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